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CAPÍTULO III. QUALIDADE DE VIDA

PARTE 2: ESTUDO EMPÍRICO

4.5. Instrumentos

Com vista à concretização da entrevista exploratória semidiretiva realizada neste estudo, construiu-se um guião de entrevista, cujas questões se prendem como: a) EA – procura- se captar as definições subjetivas do conceito de EA, tendo em conta para tal, a descrição da ocupação do tempo e o acompanhamento diário dos participantes; b) QDV – à semelhança do bloco de questões relativas ao EA, procuram-se captar definições de QDV, analisando para tal os domínios de vida que consideram na avaliação da sua QDV, captando para tal as suas maiores preocupações (Anexo B – 1.).

Optou-se por um desenho de questionário misto, Envelhecimento Ativo e Qualidade de

Vida – a realidade dos idosos do Bonfim (Anexo B – 2.), composto por perguntas

fechadas e abertas, que remetem ao passado, presente e futuro da pessoa, deixando pouca margem, por falta de conhecimentos, para as não-respostas. Dominado por perguntas fechadas devido à facilidade de tratamento e de interpretação dos dados obtidos (conforme refere Moreira, 2004), reconhecendo-se a rigidez deste processo, a possibilidade dos participantes não se reverem em nenhuma opção de resposta e ainda a dificuldade de previsão da resposta a algumas questões, decidiu-se incluir perguntas abertas (e dada a importância de uma avaliação subjetiva do EA e da QDV dos idosos, consideram-se as P.13 e P25, a primeira permite identificar os determinantes subjetivos que (in)viabilizam a participação ativa dos idosos e a segundo, aferindo as expectativas futuras, permite, também, conhecer os domínios de vida que mais preocupam e influenciam a vida de alguns dos idosos participantes). Buscando a partir deste tipo de perguntas informações inesperadas mais detalhadas face aos objetivos propostos. Porém, foram utilizadas quando se percebeu necessário para complementar informação à anteriormente recolhida por via de perguntas fechadas, como por exemplo de itens dicotómicos.

No conjunto apresentado de repostas fechadas, existem itens dicotómicos, formulados em “Sim/Não”, pese embora, se reconheça que estes possam dar uma informação diminuta, a própria(s) pergunta(s) impõe este tipo de resposta (Moreira, 2004). Contudo, a questão seguinte, não raras vezes visa obter informações que complementam a anterior recolhida por via de uma pergunta aberta (são exemplo disso as questões 24.5 e 24.5.1. ou ainda 24.6 e 24.6.1); ou com outra que embora fechada apresenta um

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conjunto de alternativas no sentido de se obter informação complementar à anteriormente recolhida (as questões 7.3.1. e 7.3.2. são exemplo disso). São também utilizadas escalas referenciadas (como sugerem Hill e Hill, 2000) com advérbios de frequência e avaliação (neste caso concreto de satisfação, de veracidade e de quantidade).

O questionário subdivide-se em 4 dimensões: (i) Dados Pessoais; (ii) Envelhecimento Ativo; (iii) Qualidade de Vida; (iv) O Futuro, organizadas em 25 questões.

Estas devem ser interpretadas do seguinte modo: (i) Dados Pessoais – corresponde a uma caraterização sociodemográfica dos participantes, permitirá conhecer os idosos, explorando dados pessoais e socioprofissionais (embora pudessem ter sido aqui consideradas as questões económicas, as mesmas encontram-se na dimensão QDV). Por extensão, nesta dimensão são já abordadas questões no âmbito socioprofissional que são também importantes para a compreensão da dimensão ativa da pessoa e da sua QDV face à situação económica (P7.2., P7.3. e P7.3.1). (ii) Envelhecimento ativo – explora a realização e a gestão dos afazeres diários, com o intuito de fornecer informações sobre a realização de atividades ligadas a uma participação efetiva na comunidade e na família, as relações sociais e familiares e a existência de condições no meio que proporcionem a manutenção de uma vida ativa e assim, o aproveitamento do potencial das pessoas idosas para a comunidade24 (captando uma definição subjetiva dos determinantes que

influenciam o EA de acordo com os próprios participantes). (iii) Qualidade de Vida – explora dados subjetivos e objetivos, relativos às dimensões definidas para este estudo25,

ao nível das condições económicas (procura-se uma descrição da situação financeira e avaliação sobre se esta permite fazer face às necessidades diárias), habitacionais (explora as condições das habitações e o agregado familiar) e de saúde (explora o funcionamento sensorial, o grau de autonomia e as limitações diárias, as principais doenças e medicação), tem-se ainda em linha de conta sentimentos subjetivos face à segurança, às relações de apoio de familiares ou outras, à ligação com a comunidade e ao futuro, fatores que podem condicionar a sua vida e a sua participação ativa na

24 Repare-se que aqui no fundo, buscam-se informações, respeitantes às áreas consideradas no Guia das cidades amigas da Pessoas Idosas, nomeadamente: a participação social; o respeito e inclusão social; participação cívica e emprego; comunicação e informação; os espações exteriores e edifícios, bem como a habitação e os transportes, podem ser considerados dependendo das opiniões dos participantes face à descrição do Bonfim (meio urbano visto ser uma freguesia que pertence à cidade do Porto).

25 Pese embora, consideradas nesta dimensão, poderiam ter sido consideradas, não raras vezes, na dimensão anterior, tendo em conta que os dois conceitos EA e QDV estão interligados.

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comunidade (nesta dimensão são explorados dados objetivos, dando-se a possibilidade de cotar domínios que considerem ou não importantes para a sua QDV a partir de domínios considerados importes e definidos por nós à priori com base na literatura e nas entrevistas exploratórias realizadas. No entanto, as respostas à questão “Como se sente, em geral, em relação à sua vida?” fornecem, pela possibilidade (explicada aos participantes) de nesta avaliarem todos os domínios da vida que consideram que podem influenciá-la, uma avaliação, ainda que desta não possamos determinar os constituintes tidos em conta pelos participantes, da sua QDV).26 (iv) O Futuro – procura-se explorar

os objetivos de vida dos participantes, percebendo a forma como se posicionam face a uma possibilidade de futuro e também captar domínios subjetivos que podem influenciar a sua QDV.

No documento Ativo e Qualidade de Vida Joana Silva, 2015 (páginas 68-70)