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Participação em atividades enquadráveis no conceito de envelhecimento ativo e

No documento Ativo e Qualidade de Vida Joana Silva, 2015 (páginas 95-98)

CAPÍTULO V. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS

5.2. Resultados da associação de variáveis ligadas ao EA e QDV dos idosos

5.2.1. Participação em atividades enquadráveis no conceito de envelhecimento ativo e

A associação das categorias participação em atividades enquadráveis no conceito de EA e sentimentos de (in)satisfação em relação à vida, embora não releve qualquer associação estatisticamente significativa, porventura por subrepresentação, deixa no entanto perceber que, em leitura direta, são mais satisfeitos aqueles que se envolvem nas ditas atividades por comparação aos que não o fazem, respetivamente, 52,4 por cento e 25,6 por cento (Anexo D – 4).

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Esta predominância é universal quando vista ao detalhe: é assim em relação à saúde, à ligação com a comunidade, ao apoio familiar e de amigos ou de terceiros, às condições económicas e a uma ideia positiva de futuro.

Tratando-se de um teste de associação de variáveis nominais, que observa a distribuição de valores por cruzamento de categorias, parece evidente que sempre a uma maior propensão para a prática de atividades de EA corresponde uma melhor condição de vida. Estes resultados, expectáveis, assumem, de resto, maior evidência (p < ,05) quando se associam ao apoio de amigos ou de terceiros por este potenciar a dimensão externa das vivências. Assim também em relação ao sentimento positivo de futuro que, tendo que ver com um amplexo de situações, não é certamente alheio às capacidades e às vontades de participação dos sujeitos.

O sentimento de satisfação ou, pelo contrário, de insatisfação, face ao conjunto de dimensões de avaliação da vida dos idosos, apenas apresenta valores invertidos, o que também é compreensível, em relação à segurança. Quer isto dizer: são mais inseguros os que praticam atividades de EA, o que pode decorrer, sem dúvida, da sua maior exposição externa.

5.2.2. Participação em atividades enquadráveis no conceito de envelhecimento ativo e categorias ligadas ao estado de saúde

O conjunto de variáveis associadas ao estado de saúde dos idosos e, bem assim, ao seu grau de autonomia, deixa perceber de forma clara que as dimensões positivas, evidentes nas categorias de resposta correspondentes, alinham sempre com uma maior participação em atividades de EA (Anexo D – 5). Dito de outra forma, sem que aqui se possa estabelecer quaisquer relações de causa-efeito, participa mais quem apresenta melhores condições de saúde e autonomia, veja-se o exemplo do padecimento de doença crónica: participa mais em atividades de EA os que não têm doenças crónicas por comparação aos que têm, respetivamente, 52,4, por cento e 47,8 por cento. Nada de novo. Mas daqui se infere que existem muitas possibilidades em aberto do repensar da situação social e económica dos idosos e, a partir delas, a construção de um novo paradigma sobre a sua condição face à sociedade global. Este estudo não constitui mais

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do que uma bordagem circunscrita a um número de casos de conveniência, mas mesmo assim resulta em dados indicativos.

Estes dados revelam, o que é de esperar, que existe associação entre mobilidade e de autonomia/limitação na realização de atividades diárias e o envolvimento em atividades enquadráveis no EA (p < ,05). De um modo mais detalhado, à capacidade de subir e descer escadas, de se deslocar no exterior e de ir às compras, às limitações para realizar atividades inerentes à vida diária, quer sejam consideradas pesadas ou moderadas, como tratar das compras, subir lanços de escadas, andar a pé distâncias consideráveis e tomar banho ou vestir-se sozinho. Ou seja, a uma maior participação nas atividades de EA corresponde uma maior autonomia ao nível da mobilidade pessoal dos idosos e da capacidade destes realizarem as atividades diárias autonomamente.

A estados de saúde limitativos à autonomia diária corresponde uma menor propensão ou participação em atividades enquadráveis no conceito de EA, talvez por estas condicionarem de um ou outro modo as capacidades, e, não menos importante, as vontades dos idosos para participarem na vida comunitária e familiar.

5.2.3. Participação em atividades enquadráveis no conceito de envelhecimento ativo e histórico de vida

Uma leitura direta dos resultados da associação entre a prática de atividades enquadráveis no conceito de EA e o conjunto de variáveis ligadas ao histórico de vida dos participantes, não sublinha, no geral, uma diferenciação decorrente de diferentes percursos de vida (Anexo D – 6). É assim relativamente ao estado civil, aos graus de escolaridade ou à ocupação profissional: pelos resultados evidenciados, não fica claro que, ser solteiro, casado, ou viúvo, viver em união de facto, estar separado ou divorciado, ter mais ou menos escolaridade, e ter tido uma ocupação profissional mais ou menos diferenciada, interfiram na participação ativa dos participantes. Salvaguarda- se que se reconhece que uma outra análise, passível de realizar com uma amostra substancialmente superior, em número, poderia revelar que, a escolaridade e o passado profissional podem inferir sobre uma prática de atividades ligadas ao EA mais seletiva e porventura com uma maior associação à dimensão cognitiva.

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Estes dados apenas assumem maior evidência quando se associam ao rendimento mensal dos participantes (p < ,05). A prática de atividades enquadráveis no conceito de EA parece ser maior quanto maior o rendimento mensal, de 9,5 por cento para 42,9 por cento, entre os valores mensais 0-249 euros e 500-749 euros, respetivamente. Talvez o maior rendimento interfira, com exceção da última categoria, subdimensionada, no conjunto de situações da vida que podem potenciar as relações sociais, a capacidade monetária e mesmo a vontade para realização de atividades e, bem assim, a participação na comunidade e na família.

5.2.4. Sentimentos de (in)satisfação face à vida, em geral, e sentimentos de

No documento Ativo e Qualidade de Vida Joana Silva, 2015 (páginas 95-98)