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Instrumentos Jurídicos e sua Aplicação

No documento S Xavier Final1 (páginas 73-76)

Capítulo 3. As Políticas Públicas e os Direitos das Pessoas com Deficiência

12. Instrumentos Jurídicos e sua Aplicação

Na verdade, o Estado angolano em cumprimento com os tratados e declarações universais, no concernente a elaboração de Leis principalmente para pessoas com deficiência pode-se afirmar como eficiente. Porém, o problema consiste na vontade política dos governantes por em prática a execução de tais Leis:

1. Lei n.º 21/12, de 30 de Julho – Lei da Pessoa com deficiência, assegura a realização de uma política global, integrada e transversal que contemple a prevenção, a habilitação, a reabilitação e a participação da pessoa com deficiência, através da promoção de igualdade, de oportunidades de educação, formação e trabalho, bem como a melhoria de acessos de maneiras a construir uma sociedade para todos através da eliminação de barreiras arquitectónicas adoptando medidas que contribuam para a plena participação da pessoa com deficiência.

2. A Lei n.º 10/16 de 27 de Julho – Lei das Acessibilidades, de forma a garantir um instrumento jurídico, é aprovada para regular a questão da acessibilidade destacada na Lei n.º 21/12 no seu artigo n.º 3, alínea d), estabelecendo as normas gerais, condições e critérios de acessibilidade; 3. Lei n.º 13/02/ de 15 de Outubro de 1992, garante a protecção dos direitos

económicos e sociais dos cidadãos que tenham participado e prestado sua contribuição à luta de libertação nacional contra o colonialismo português e na defesa da pátria, bem como ao familiar do Combatente tombado pela mesma causa ou perecido de formas a garantir-lhes a estabilidade material e moral necessárias ao seu desenvolvimento,

aprovada na Assembleia Nacional de sob o Decreto n.º 28/92, de 26 de Junho;

4. Decreto-Presidencial n.º 12/16, de 15 de Janeiro, que aprova o regulamento sobre reserva de vagas e procedimentos para a contratação da pessoa com deficiência;

5. Decreto-Presidencial n.º 207/14, de 15 de Agosto, sobre a Estratégia de intervenção para Inclusão Social da Criança com deficiência;

6. Decreto-Presidencial n.º 105/12, de 1 de Junho, que cria o conselho Nacional da pessoa com Deficiência e seu regulamento;

7. Decreto-Presidencial n.º 238/11, de 30 de Agosto de 2001, sobre a Estratégia de Protecção à pessoa com Deficiência;

8. Decreto-lei n.º 2/08, de 28 de Fevereiro, sobre Bolsas de estudo ao aluno com Deficiência com bom aproveitamento académico;

9. Lei n.º 6/98, de 7 de Agosto, sobre o subsídio a pessoa com Deficiência; 10. Decreto n.º 6-E/91, de 9 de Março, criação de Instituto Nacional de

Reabilitação.

Depois de ter enumerado diversos documentos que constituem um suporte jurídico para a protecção da pessoa com deficiência, pode-se concluir que, embora tardiamente o Governo Angolano tem cumprido na íntegra com a elaboração de instrumentos legais dentro da política para a protecção a esta franja vulnerável” (Victor & Hostmaelingen, 2017: pp. 46-47).

Ao analisar os princípios constitucionalmente consagrados sobre a igualdade perante a lei e da dignidade da pessoa humana, em meu entender, são postos de parte, porque não têm sido explorados. Neste caso concreto, em relação às pessoas com deficiência, torna-se imperioso fazer uma análise perspicaz, focada na existência de políticas públicas, mas a sua aplicabilidade é quase nula, violando assim os direitos das pessoas com deficiência e os benefícios da sua inclusão na sociedade. A contextualização das políticas públicas, num momento em que mais de quinze anos já terão passado, desde que Angola alcançou a paz, para se averiguar os passos dados na adopção dessas políticas, voltadas para a protecção dos direitos e interesses das pessoas com deficiência, para que a sua inclusão seja efectiva, tendo em atenção as normas internacionalmente estabelecidas torna imperioso.

Embora, haja um amplo crescimento em termos de infra-estruturas e até na própria legislação, quando nos debruçamos sobre a integração socioeconómica dos

grupos mais vulneráveis e vítimas de discriminação, como é o caso das pessoas com deficiência, verifica-se que continua a ser um trabalho que não se esgota com um simples projecto de curta duração ou com uma única acção caridosa. Para Rodrigues, “acção social tem lugar na composição da cidadania para constituir uma política social específica, apesar de que não tem sido essa a contribuição que correctamente lhe é reconhecida nos diversos sistemas de protecção social” (Rodrigues, 2003: p. 17).

Falando sobre política de integração das pessoas com deficiência em Angola, embora esteja consagrada em documentos como o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), são postas à margem da implementação, deixando esses cidadãos à parte de todos os direitos que a Constituição lhes confere. Em Angola, verifica-se a ausência de uma abordagem mais abrangente e constante sobre a questão da deficiência por parte do Governo angolano. Desta forma, as próprias instituições da administração pública e privadas desconhecem as políticas de protecção legal às pessoas com deficiência, “institucionalizando” a exclusão. Para Neves, “é preciso que se possa mobilizar políticas que contribuam no combate à pobreza e à exclusão social e clarificar os conceitos nas elites académicas e políticas” (Neves, 2010: p. 16).

Embora, surjam no país enormes infra-estruturas de ensino, algumas formações de curta duração para os professores e gestores de espaços educacionais, no sentido de as escolas oferecerem condições de acesso, participação e aprendizagem aos alunos com deficiência, nota-se ainda um desenquadramento total até dos próprios gestores das instituições públicas para conferirem a tal dignidade que a lei destaca dentro da política de inclusão social. Para Martins & Fontes, os “discursos em torno da educação inclusiva apontam para a necessidade de que na escola haja oportunidades para que todos sejam aceites com as suas diferenças” (Martins & Fontes, 2016: p. 117). Porém, continuamos a presenciar o desrespeito pelas normas de acessibilidade. Se bem que nessa dinâmica de reconstrução que abrange todas as áreas da vida nacional, as questões da deficiência continuem a merecer tratamento de forma isolada dos grandes programas e projectos. De seguida faremos uma descrição gradual da adopção de políticas públicas que visam garantir a inclusão da pessoa com deficiência e tentaremos perceber os desafios que elas se impõem na implementação das mesmas, para a inclusão plena destas pessoas.

13. MACROESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ANGOLANA

No documento S Xavier Final1 (páginas 73-76)