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Na Idade Média

No documento S Xavier Final1 (páginas 33-37)

Capítulo 1. Fundamentação Teórica do Tema e Abordagem Sobre a Deficiência ao Longo

6. A Deficiência ao Longo do Tempo

6.5. Na Idade Média

O período conhecido como Idade Média, entre os séculos V e XV, remete-nos certos registos sobre pessoas com deficiência. Nesta fase da história, pessoas com deformações eram controladas por senhores feudais, em certos aglomerados onde podiam atender pessoas doentes e deficientes. Tais eram vistas como possessos de espíritos maus ligados a magia e ou a ira dos deuses. Esta fase da história, nos remete informações de que havia muita aglomeração populacional, em sítios muito restritos, sem a manutenção higiénica, o que trouxe muitas doenças à população e com elas a deficiência.

Otto Marques Silva (1987) remete-nos nos remete para um raciocínio mais profundo em relação ao tratamento que se dava a pessoas com deficiência. Afirma ele que “[as] pessoas com deficiência, via de regra, receberam dois tipos de tratamento quando se observa a Historia da Idade Media: a rejeição e eliminação sumária, de um lado, e a protecção assistencialista e piedosa, de outro lado. Na Roma Antiga, tantos os nobres como os plebeus tinham permissão para sacrificar os filhos que nasciam com algum tipo de deficiência. Da mesma forma, em Esparta. Os bebes e as pessoas que adquiriam alguma deficiência eram lançados ao mar ou em precipícios. Já em Atenas, influenciados por Aristóteles - que definiu a premissa jurídica até hoje aceite de que tratar os desiguais de maneira igual constitui-se em injustiça”.

Só foi desta forma, que as pessoas com deformações foram tendo um pequeno amparo, protegidos pela sociedade.

Ainda, o mesmo autor, seguindo o seu percurso de pensamento revela que “anomalias físicas ou mentais, deformações congénitas, amputações traumáticas, doenças graves e de consequências incapacitantes, sejam elas de natureza transitória ou permanente, são tão antigas quanto a própria humanidade” (Silva, 1987, p. 21). Esta afirmação nos remete ao raciocínio de que a deficiência faz parte da espécie humana, pois por qualquer situação de natureza ambiental, ou que afecte o ser humano e que deixe uma disfunção de parte do organismo humano, faz a pessoa viver com deficiência.

O tempo muda e, com ele os contextos, para perceber o presente necessariamente tivemos de reflectir, analisar o que a história diz a respeito, a compaixão para com a pessoa com deficiência foi surgindo até que se processa a abordagem que a CORDE nos remete, fazendo alusão dos acontecimentos mundiais que obrigou as sociedades a fazer um introspecção sobre o estudo das causas da deficiência, cresce o interesse da classe médica em cada vez mais aprofundar a ciência sobretudo na questão da reabilitação física conforme a abordagem que se segue.

“Até a metade do século XIX as pessoas com deficiência eram deixadas à margem da sociedade, pois eram percebidas como objectos de castigo divino não eram dignas de pena ou tratamento especial de qualquer natureza. Eram simplesmente abandonadas à sua sorte, não tidas em conta nos planos de carácter público” (Garcia, 2011).

Na verdade se comparado com o comportamento de certos progenitores em Angola, nota-se que atitudes de que se reporta acima de crianças que nascem com certa deformação física ou mental, sofre a estigma dos seus encarregados, acusando-se mutuamente entre o casal. Há tendência de um dos cônjuges culpar o outro face ao fenómeno, embora vão ultrapassando tal comportamento, perdem paciência em cuidar da criança que nasceu com deformação física e mesmo adulto é abandonado em casa privando-lhe de um direito na sequência do raciocínio do autor, afirma que:

“No final do século XIX, paralelamente ao início do desenvolvimento dos conceitos e das práticas de seguro e protecção social, surgiu um pensamento de compaixão e solidariedade em relação as pessoas com deficiência. Surge então o regime de internato tutelado por instituições caridosas, na sua maioria religiosas.

Com avanço da ciência, no início do século XX, as pessoas com deficiência passaram a ser alvo de estudos que proporcionou uma nova visão e embora sendo pessoas com necessidades especiais, mesmo assim eram separados da sociedade em todas as vertentes da vida.

Quanto no campo da reabilitação física, as duas guerras mundiais contribuíram substancialmente para o seu desenvolvimento. Os efeitos das guerras reduziu fisicamente, grande parte da população em idade activa, foi dessa forma que os Governos criam políticas para a sua recuperação”.

Dando suporte ao exposto no raciocínio do Silva, daí que repetidas vezes nesta dissertação focamos nos instrumentos jurídicos do Antigo Combatente e deficientes de

guerra; o Governo angolano fruto da prolongada guerra que o país atravessou, o balanço apontava para um número elevado de pessoas que ficaram com alguma deficiência por razões da guerra, daí que a primeira Lei a ser produzida é basicamente a Lei 13/92 de 15 de Outubro, do Antigo Combatente e deficiente de guerra que protege os deficientes ex- militares. Daí que os primeiros centros de reabilitação física foram concebidos para o atendimento do deficiente físico ex-militar, só recentemente é que se fala da Lei 21 que dá protecção de outras pessoas com deficiência.

“Se por um lado, os problemas relacionados às pessoas com deficiência ganharam “peso” no âmbito das políticas públicas, por outro lado, aumentou o interesse da classe médica em investigar questões ligadas a reabilitação física.

Foi apenas na segunda metade do século XX que os avanços alcançados pelos movimentos de minorias – negros, populações indígenas, sobretudo pessoas com deficiência, dentre outros – geraram ganhos reais quanto à inserção social e económica desses grupos.

O princípio da normalização, foi nos finais dos anos 50 nos países escandinavos, onde as pessoas com deficiência começaram a exercitar o direito e estilos e padrões de vidas tão normais quanto possível. Por isso, era necessário que as sociedades, contribuíssem no sentido de adaptarem o meio no qual a pessoa vive, também promovesse ajustes para interagir com pessoas com deficiências. Então, dá-se o modelo integracionista. Embora difundido em diversos países, sua apropriação pelos formuladores de políticas públicas nem sempre deram a primazia, houve sim, uma tendência de se enfatizar a melhoria das condições de vida de pessoas com deficiência, em detrimento da promoção de mudanças efectivas na sociedade.

Em Angola ate 1992 só existia um centro de reabilitação física, inicialmente voltada somente para atender questões de reabilitação aos ex-militares que vinham dos palcos de combate, a reabilitação confinava-se apenas na colocação de próteses para mitigar o sofrimento de pessoas vítimas de minas. Actualmente o país já se dispõe centros de reabilitação integrados em quase todas as províncias que atendem pessoas com deficiência de todos os extractos desde crianças aos adultos vítimas de acidentes de viação e em simultâneo são capacitados á aprender uma profissão que os poderá facilitar na integração profissional.

Na busca da superação dessas dificuldades, surgiu nos anos 80, o conceito de inclusão social, o mais breve cronologia. Segundo SASSAKI, a inclusão social e o processo

pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais, e estas, se preparam para assumirem seus papéis na sociedade.

Assim, o paradigma da inclusão focaliza as pessoas com deficiências e enfatiza as formas como a sociedade se organiza para dar conta das diversidades nela presente, resgatando e revalorizando o papel da sociedade na plena integração das pessoas com deficiência.

A concepção dos equipamentos urbanos com base em padrões que atendam à diversidade das pessoas que compõem uma sociedade é um exemplo de acção que se escreve no paradigma da indução” (CORDE, 1998, pp. 16-17).

No documento S Xavier Final1 (páginas 33-37)