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Instrumentos, materiais e metodologias de exame utilizados

3.3 Procedimento experimental

3.3.1 Instrumentos, materiais e metodologias de exame utilizados

3.3.1.1 Características técnicas das Lentes de Contacto utilizadas

Foram utilizadas duas LC bifocais, com dois diferentes perfis de potências, uma das lentes com um diâmetro de zona central de VL de 2,1 mm (designada no presente estudo de lente A) e

Figura 3.1. Perfis de potência das lentes com zona central de VL de 2,1 mm (designada de lente A), nas respetivas potências utilizadas no estudo. Obtidos na Universidade de Valência (sistema NIMO, LambdaX, Bélgica).

Figura 3.2. Perfis de potência das lentes com zona central de VL de 4,0 mm (designada de lente B), nas respetivas potências utilizadas no estudo. Obtidos na Universidade de Valência (sistema NIMO, LambdaX, Bélgica).

Tabela 3.1. Especificações técnicas das lentes de contacto.

3.3.1.2 Logarithmic Visual Acuity Chart EDTRS

A medida da acuidade visual de alto (100%) e baixo contraste (10%) foi realizada com recurso à escala Logarithmic Visual Acuity Chart EDTRS (Precision Vision. IL). Esta escala foi desenvolvida no âmbito do estudo Early Treatment Diabetic Retinopathy Study, e é atualmente muito utilizada na investigação. A escala é composta por 14 linhas e em cada linha encontramos 5 letras.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

Fabricante Precilens (França)

Material HEMA-GMA

Índice de refração 1,51(seca); 1,49 (hidratada)

Hidratação 49%

Espessura central 125 µm

Diâmetro 14,00mm

3.3.1.3 Auto-refratómetro de campo aberto WAM-5500 (GrandSeiko Co,Ltd.) adaptado com Optómetro de Badal com lente auxiliar móvel.

A medição da resposta acomodativa foi realizada através do auto-refratómetro de campo aberto WAM-5500 (GrandSeiko Co,Ltd.) onde foi adaptado um optómetro de Badal com lente auxiliar móvel (figura 3.4). A lente de Badal, de potência +6,67D, foi colocada a 140 mm do olho e a lente auxiliar, com +5,00 D de potência, foi adaptada numa calha que permitia a sua movimentação, sendo controlada através de um software desenvolvido no Ceorlab, com o nome “DRER – Dynamic Refractive Error Recording”, e ainda por um dispositivo eletrónico com ligação a este software e ao auto-refratómetro.

Figura 3.4. Auto-refratómetro adaptado com sistema de Badal e sistema de aquisição de dados utilizado no estudo.

Na figura 3.5 observa-se um esquema representativo do trajeto dos raios luminosos no optómetro de Badal, para uma melhor compreensão da técnica utilizada. Quando os pontos focais das duas lentes convergentes utilizadas coincidem, a imagem do objeto no infinito é observada pelo olho emetrope de forma nítida (figura 9 A). Isto porque, os raios de luz que provêm do infinito ao travessar a lente L1, convergem em direção ao seu foco, que por sua vez coincide com o ponto focal da L2, e os raios de luz que emergem do ponto focal fL2 atravessam a L2 e saem paralelos

ao eixo principal da lente. Quando a L1 é afastada do olho (B), afastamos o ponto imagem desta lente, do ponto objeto da L2, provocando um desfocado miópico no olho, devido à convergência dos raios à saída da L2. Com a miopização provocada pelo afastamento das lentes obtemos no

olho uma correção da hipermetropia (caso exista), e a nível acomodativo um relaxamento da acomodação. Já quando aproximamos a L1 do olho, e deste modo da L2, o ponto imagem da L1, aproxima-se da L2, e os raios emergentes da L2 divergem, provocando um desfocado hipermetrópico no olho, e deste modo uma correção da miopia, caso exista. Num olho emetrope, este desfocado hipermetrópico estimula a acomodação.

Ao iniciar o procedimento experimental, a lente auxiliar era afastada o máximo possível da lente de Badal, miopizando desta forma o paciente. Com acesso ao rato, o paciente ajustava a lente auxiliar até à primeira posição em via o otótipo EDTRS nítido (figura 3.6). Nesta primeira posição encontramos o ponto de vergência 0D (infinito), e neste mesmo ponto é medida a refração objetiva e é medida a AV de alto e baixo contraste. É importante salientar que neste ponto se assume que o erro refrativo está compensado pelo optómetro de badal e desta forma a acomodação está relaxada. Em seguida, conhecendo o equivalente esférico, calculamos as distâncias a colocar a lente auxiliar, para que desta forma, se meça a refração para as vergências 1D (1metro), 2D (50cm), 3D (33cm), 4D (25cm) e 5D (20cm). O cálculo destas distâncias era realizado com um ficheiro Excel, elaborado no CEORLab. Estas medidas eram realizadas monocularmente, primeiro ao OD, depois ao OE, sem LC, passados 10 minutos após a colocação das LC, e passados 60 minutos após a colocação das LC. Durante a realização das medidas o olho contralateral encontrava-se ocluído.

Figura 3.6. Imagem exemplificativa da visão do otótipo através do auto-refratómetro adaptado com o sistema de Badal.

Foram realizadas 5 medidas de refração para cada vergência, sendo estes dados exportados diretamente do auto-refratómetro para o software DRER, ou impressos pelo auto- refratómetro. Estas medidas de refração foram exportadas na forma esfera, cilindro e eixo, sendo posteriormente calculadas as componentes vetoriais que representam o erro refrativo. O cálculo destas componentes vetoriais foi proposto por Thibos et al.,112 em 1997, de forma a facilitar os

cálculos matemáticos. Este propôs o erro refrativo expresso em três vetores (M, J0 e J45). O vetor M corresponde ao equivalente esférico, que é calculado através da soma de metade do cilindro à esfera (Equação 1). O J0 representa as diferenças no poder dióptrico entre o meridiano horizontal e vertical, que no caso de um astigmatismo à regra é positivo, e no astigmatismo contra a regra é

negativo (Equação 2). Já o vetor J45 representa o valor do astigmatismo oblíquo, que é negativo quando o eixo do cilindro negativo está a nos 135º, e positivo quando o eixo do cilindro negativo está perto dos 45º (Equação 3).

𝑀 = 𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 + 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 2 (Equação 1) 𝐽0 = −𝒄𝒊𝒍𝒊𝒏𝒅𝒓𝒐 𝟐 × 𝑐𝑜𝑠(2 × 𝑒𝑖𝑥𝑜) (Equação 2) 𝐽45 = −𝒄𝒊𝒍𝒊𝒏𝒅𝒓𝒐 𝟐 × 𝑠𝑒𝑛(2 × 𝑒𝑖𝑥𝑜) (Equação 3)

Depois de recolhidos os dados, estes eram registados numa tabela, conforme exemplificado na tabela 3.1.Para além dos os valores da esfera, cilindro e eixo, eram registadas as posições da lente auxiliar onde estes eram obtidos, a respetiva acomodação teórica, a variação do diâmetro pupilar, e eram calculados os valores dos vetores M, J0, J45. Para cada vergência eram recolhidas 5 medidas de refração, sendo posteriormente foi calculada a média. Para cada paciente eram criadas três tabelas para o olho direito e três tabelas para o olho esquerdo (sem LC, 10 minutos e 60 minutos após a colocação da respetiva LC). Como já referido anteriormente, as medidas eram realizadas monocularmente, com o olho contralateral ocluído, e a atribuição da LC com geometria A (2,1 mm) ou B (4,0 mm) ao olho direito ou esquerdo era feita segundo uma tabela de aleatorização (anexo II).

Tabela 3.2. Tabela exemplificativa da organização dos dados depois de recolhidos. No exemplo mostramos os valores obtidos para a resposta acomodativa de um olho direito sem LC.

Sem LC Olho

Posição da lente

auxiliar Esf Cil Eixo Acomodação (D) teórica D. Pupilar M J0 J45

D 440 -1,25 -0,25 67 0 6,3 -1,375 -0,05798 0,110741 D 440 -1,25 -0,25 66 0 6,3 -1,375 0,124824 0,006635 D 440 -1,12 -0,37 77 0 6,3 -1,305 -0,18465 -0,01146 D 440 -1,25 -0,37 62 0 6,3 -1,435 -0,01716 -0,1842 D 440 -1,12 -0,37 76 0 6,3 -1,305 0,066423 0,172664 D 406 -2 -0,25 96 1 5,3 -2,125 -0,11686 -0,04437 D 406 -2 -0,37 94 1 5,3 -2,185 0,162745 -0,08797 D 406 -2 -0,25 91 1 5,3 -2,125 0,122192 -0,02635 D 406 -1,87 -0,37 91 1 5,3 -2,055 0,180844 -0,03899 D 406 -1,87 -0,12 80 1 5,3 -1,93 -0,05854 0,013166 D 369 -3 -0,37 83 2 5,8 -3,185 -0,16196 0,089409 D 369 -3 -0,5 83 2 5,8 -3,25 -0,21886 0,120823 D 369 -2,87 -0,37 80 2 5,8 -3,055 -0,18049 0,040594 D 369 -3 -0,37 65 2 5,8 -3,185 -0,06795 -0,17207 D 369 -2,87 -0,37 67 2 5,8 -3,055 -0,08581 0,163896 D 334 -4,12 -0,5 67 3 5,4 -4,37 -0,11596 0,221481 D 334 -3,75 -0,37 65 3 5,4 -3,935 -0,06795 -0,17207 D 334 -3,87 -0,5 67 3 5,4 -4,12 -0,11596 0,221481 D 334 -3,75 -0,62 72 3 5,4 -4,06 0,270056 -0,15222 D 334 -4 -0,62 71 3 5,4 -4,31 -0,25079 -0,18222 D 299 -4,25 -1,12 63 4 5,3 -4,81 0,528631 0,184795 D 299 -4,5 -1,12 62 4 5,3 -5,06 -0,05195 -0,55758 D 299 -4,5 -1,25 64 4 5,3 -5,125 -0,43306 0,450649 D 299 -4,37 -1,25 64 4 5,3 -4,995 -0,43306 0,450649 D 299 -4,25 -1,37 66 4 5,3 -4,935 0,684034 0,036362 D 265 -6,25 -1 66 5 4,8 -6,75 0,499295 0,026542 D 265 -5,75 -0,87 65 5 4,8 -6,185 -0,15977 -0,4046 D 265 -6,12 -1 65 5 4,8 -6,62 -0,18365 -0,46505 D 265 -5,87 -0,87 63 5 4,8 -6,305 0,410633 0,143546 D 265 -5,87 -1 67 5 4,8 -6,37 -0,23191 0,442962

3.3.1.4 Aberrómetro

Para avaliação da aberrometria com a utilização dos dois desenhos de lentes de contacto, foi utilizado o aberrómetro IRx3 Hartmann-Shack (ImaginEyes, France), representado na figura 3.7. Este instrumento utiliza uma fonte de luz infravermelha com 780nm, que é projetada na retina, e um sensor com 32x32 microlentes, que captam a frente de onda refletida na retina num período de 33ms. Este equipamento possui ainda, incorporado internamente, um sistema de badal que permite a compensação do erro refrativo.

A medidas foram retiradas monocularmente, com oclusão do olho contralateral, e num ambiente sem qualquer iluminação. Foram retiradas 3 medidas, em ambos os olhos, nas três situações em estudo (sem LC, passados 10 e 60 minutos após a colocação das LC). Antes de retirar a medida era pedido ao paciente que pestanejasse, fixasse o ponto vermelho, e que mantivesse o olho aberto durante a aquisição da medida.

Neste estudo, foram avaliadas as aberrações de baixa ordem (LOA) e aberrações de alta ordem (HOA). Para a obtenção do valor global das aberrações foi calculada a RMS (Root Mean Square), que é obtida pela raiz quadrada da soma dos quadrados de cada um dos coeficientes de Zernike. Foi calculada a RMS para as aberrações de alta e baixa ordem, representada por RMS total (Z2-2 a Z66). Foram também calculadas isoladamente as aberrações de alta ordem

representadas por: aberração esférica RMS (Z40 e Z60), aberração comática RMS (Z3-1, Z3 1, Z5 -1 e Z5 1), RMS HOA total (Z3 -3 a Z6 6), e ainda, os coeficientes de aberração esférica de 4ª ordem (C40) e de

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