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Capítulo 3 Enquadramento Metodológico

3. Metodologia

3.4. Instrumentos metodológicos de recolha de dados

O conceito “dados” compreende o conjunto de materiais descritivos, frequentemente escritos, que são recolhidos durante o trabalho de campo, tais com as transcrições das entrevistas, os artigos de jornal, os documentos oficiais, os memorandos de investigadores ou dos sujeitos que participam na investigação (Bogdan & Biklen, 2010).

Numa investigação, os dados utilizados podem ser obtidos por vários métodos. A opção por qualquer método depende das características da investigação, nomeadamente do tema e dos recursos disponíveis.

3.4.1. Análise documental

Para a elaboração do estudo que nos propomos fazer, utilizámos documentação privada, como o “Manual da Qualidade”, os planos de ação de melhoria, entre outros. Afonso (2005, p. 88) refere que a análise documental se baseia na “utilização de informação existente em documentos anteriormente elaborados, com o objetivo de obter dados relevantes para responder às questões de investigação”.

Numa primeira fase, a análise documental foi utilizada com o objetivo de caracterizar a instituição em estudo. Posteriormente, foi utilizada para validar os dados recolhidos nas entrevistas efetuadas. Pretendemos, através desta análise documental, obter registos descritivos e narrativos relevantes para colher informação aprofundada e pormenorizada sobre procedimentos, comportamentos e acontecimentos.

3.4.2. Inquérito por Entrevista

Em ciências sociais e humanas a entrevista é um instrumento básico para a recolha de dados, sobretudo se entrevistador e entrevistado interagem diretamente.

Ketele e Roegiers (1999, p.22) consideram a entrevista como um método de recolha de informação, através de conversas orais com um indivíduo ou com um grupo, tendo como propósito “obter informações sobre factos ou representações, cujo grau de pertinência, validade e habilidade é analisado na perspetiva dos objetivos da recolha de informações.” Deste modo, esta expressa contradições, tensões e conflitos próprios da experiência de cada um. Em suma, possibilita a recolha de "dados descritivos na linguagem do próprio sujeito" (Bogdan & Biklen, 2010, p. 134).

As entrevistas variam quanto ao grau de estruturação, indo da mais estruturada à não estruturada ou livre. Entre estes dois extremos situa-se a entrevista semi-estruturada (Bogdan & Biklen, 2010), onde o entrevistado aborda os temas propostos pelo entrevistador a partir de um esquema prévio. Neste processo interativo, o entrevistador deve encorajar a livre expressão do sujeito através de uma escuta atenta e ativa. "Nas entrevistas semi-estruturadas fica-se com a certeza de se obter dados comparáveis entre os vários sujeitos, embora se perca a oportunidade de compreender como é que os próprios sujeitos estruturam o tópico em questão" (Bogdan & Biklen, 2010, p. 135).

Para o presente estudo optámos pela entrevista semi-estruturada por entendermos também que as informações que se pretendem recolher "refletem melhor as representações do que numa entrevista estruturada" (Ketele & Roegiers, 1999, p. 193).

Morse (1994), referido por Fonte (2006) menciona que a constituição de uma amostra teórica ou intencional incide no critério da oportunidade do conhecimento que cada participante encerra enquanto “perito experiencial”. Estes participantes permitem uma “recolha de informação rica, uma oportunidade de aprendizagem que permite aprofundar a investigação até à saturação teórica (Costa e Silva, 2010, p.165). ”

Para a realização do estudo foram inquiridos o Gestor da Qualidade, a Direção pedagógica através da sua Assessora, os coordenadores de ciclo, um professor/educador de cada ciclo de ensino, um Encarregado de Educação e uma Assistente Operacional.

Para a realização das entrevistas foram elaborados os guiões conforme exemplificado nos anexos I e II. Cada guião foi “construído a partir das questões de pesquisa e [dos] eixos de análise do projeto de investigação” (Afonso 2005, p. 99).

Cada guião está organizado em seis blocos temáticos (A a F), com um conjunto de perguntas semi-abertas, de acordo com as diversas etapas de implementação de um SGQ.

Bloco A - Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado – neste bloco

motiva-se o entrevistado a participar na entrevista, procurando-se:  Enquadrar o entrevistado na pesquisa que está a ser efetuada.

 Agradecer a disponibilidade para efetuar a entrevista, destacando a importância do estudo.

 Realçar a confidencialidade do conteúdo da entrevista, podendo, no final do estudo, ter acesso aos dados.

 Solicitar autorização para a gravação da entrevista em suporte magnético, que será destruído após o tratamento da informação.

Ainda neste bloco procurou-se proceder à caracterização do entrevistado.

Bloco B - Motivações da implementação do SGQ de acordo com a Norma NP EN

ISO 9001:2008 – com base nas perceções dos entrevistados, pretende-se conhecer as razões que levaram a escola a implementar um SGQ baseado na Norma em estudo.

Bloco C - Implementação do SGQ de acordo com a Norma NP EN ISO

9001:2008 – procura-se conhecer o processo de implementação do SGQ tendo como especial enfoque as dificuldades, as resistências e/ou constrangimentos sentidos por parte dos recursos humanos envolvidos.

Bloco D - Impacte causado pela implementação do SGQ segunda a Norma NP

EN ISO 9001:2008 – pretende-se detetar quais as vantagens e desvantagens percecionadas acerca da aplicação da Norma NP EN ISO 9001:2008 a nível interno e a nível externo, no que respeita à atitude dos recursos humanos, à organização interna do estabelecimento de ensino e aos aspetos burocráticos.

Bloco E - Fatores determinantes para o sucesso da Norma NP EN ISO

9001:2008 nas instituições de ensino secundário – procura-se conhecer quais os fatores críticos de sucesso na implementação do SGQ.

Bloco F – Validação da entrevista - procura-se recolher sugestões acerca dos

aspetos a incluir na entrevista e agradecer a participação do entrevistado.

Julgamos assim que a amostra é representativa e que foi obtida informação relevante para o nosso estudo.

Nas citações das entrevistas, os entrevistados são identificados por número e por letras ou letras e número. O número está relacionado com a ordem cronológica com que as entrevistas foram efetuadas. As letras ou letras e número representam a função do entrevistado na comunidade escolar.

As unidades de registo criadas para a análise de conteúdos consubstanciam-se em unidades de registo pré-existentes, resultantes das questões de pesquisa, e em unidades de registo que foram suscitadas pela recolha de dados.

Tendo em conta a metodologia utilizada, espera-se que este estudo permita obter resultados válidos que possam constituir um primeiro passo pertinente para o conhecimento da eventual importância de implementação de SGQ, de acordo com a Norma NP EN ISO 9001:2008 em estabelecimentos de ensino básico.