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3 METODOLOGIA

3.3 Instrumentos para a coleta e análise dos dados

A metodologia utilizada neste estudo possibilitou uma análise baseada nas inferências extraídas dos conteúdos das mensagens e buscamos investigar como ocorre a mediação pedagógica realizada pelos tutores no curso Letras Inglês a distância de uma Universidade pública de Minas Gerais. A opção por coletar os dados dos diálogos ocorridos entre os tutores e alunos nos fóruns de discussão e de dúvidas possibilita interpretar a atuação dos tutores e verificar que tipo de mediação pedagógica foi estabelecida entre os tutores e alunos.

Como dito anteriormente, a coleta de dados ocorreu por meio dos diálogos entre os tutores e alunos nos fóruns das disciplinas, o que favoreceu a interpretação dos diálogos, pois foi possível obter a linguagem escrita dos participantes na íntegra, além também de ter permitido recorrer aos dados com frequência, sempre que necessário, a fim de fazer as releituras, pois pesquisa consiste em um processo de idas e vindas.

Foram coletados os dados de todos os fóruns de discussão e de dúvidas das duas disciplinas. Essa coleta e a análise dos dados foram feitas por partes, uma disciplina por vez, sendo que posteriormente foi feita a análise levando em conta o conjunto dos dados. Na disciplina Língua Inglesa V foram coletadas 339 mensagens, enquanto na Metodologia e Prática de Ensino de Língua Inglesa, 471.

Vale destacar que os dados foram coletados depois que as disciplinas ocorreram, assim, os dados são considerados documentos. Trata-se de uma análise documental. Sobre essa análise Lüdke e André (1986, p.39) afirmam que:

Os documentos constituem uma fonte poderosa de onde podem ser retiradas evidências que fundamentem afirmações e declarações do pesquisador. Representam ainda uma fonte “natural” de informação. Não são apenas uma fonte de informação contextualizada, mas surgem num determinado contexto e fornecem informações sobre esse mesmo contexto.

Ressalta-se que como o instrumento para coleta dos dados ocorreu a partir da análise documental, por isso não foi necessário obter a autorização dos alunos para a análise dos diálogos. A autorização recebida para a coleta de dados foi dada apenas pela instituição de ensino, que é a responsável legal pelos documentos, ficando nesse documento estabelecido que, por questões éticas, a identidade dos alunos seria preservada, não sendo possível identificá-los.

A metodologia usada para a análise dos dados nessa pesquisa é a análise de conteúdo. Trata-se de um conjunto de técnicas que requer um trabalho exaustivo com as suas divisões, cálculos e aperfeiçoamentos. De forma geral, ela possui duas funções que podem ou não dissociar-se. A primeira delas consiste na descoberta, ela enriquece a tentativa exploratória; a segunda está na superação da incerteza, nesse caso as hipóteses servem de diretrizes para o uso do método de análise sistemática, que visa verificá-las no sentido da confirmação ou da informação. Na prática, essas duas funções podem coexistir de maneira complementar. Bardin (2010, p.33) caracteriza a análise de conteúdo da seguinte forma:

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações.

Conforme Bardin (2010), a partir das comunicações que se estabelecem entre os sujeitos é possível utilizar técnicas para direcionar o que se encontra em

documentos, não somente com o objetivo da descrição dos conteúdos, mas com a intenção de orientar as interpretações e obter resultados que respondam o problema da pesquisa.

Com o objetivo de compreender os dados obtidos a partir dos excertos dos diálogos dos fóruns, submetemos esses dados às três etapas descritas por Bardin (2010):

1ª) Pré-análise – É a fase em que ocorre a organização e sistematização das ideias. Nesta etapa, buscou-se a exploração sistemática dos documentos e literaturas por meio da leitura flutuante. Trata-se de uma leitura que se inicia a partir das questões norteadoras ou das hipóteses, fundamentadas em fundamentações teóricas conhecidas. Após a leitura flutuante, foram escolhidos os índices que surgiram a partir das hipóteses ou das questões norteadoras, com o objetivo de organizá-los em indicadores. Por meio da leitura atenta das mensagens visando conhecer o texto e conseguir assimilar impressões e orientações essa primeira fase foi iniciada.

Nessa fase os dados foram organizados e iniciou-se o recorte dos textos levando em conta os objetivos da pesquisa. Os dados, antes mais amplos, foram se estreitando e sendo preparados para a categorização da análise temática e a codificação do registro dos dados. Destaca-se que desde o início da coleta dos dados algumas análises já foram sendo realizadas, pois só assim é possível ter uma orientação para iniciar a análise após a obtenção dos dados. A análise foi, então, norteada pelos objetivos da investigação e esse processo estabeleceu-se a partir do quadro teórico e das hipóteses que foram surgindo.

2ª) Exploração do material – Essa segunda etapa refere-se à ordenação das ações para codificar, decompor ou enumerar, em função de regras previamente estabelecidas. A codificação diz respeito ao momento em que os dados brutos se transformam de forma ordenada e são agregadas às unidades de registros, as quais possibilitam descrever características que se relacionam ao conteúdo, a seleção de

regras para contagem e a escolha de categorias que podem ser caracterizadas pelo tema, palavra ou frase.

Essas unidades de registro são as de significação que serão codificadas. Nessa pesquisa os recortes foram feitos a nível semântico, as unidades de registro utilizadas foram o tema foco da pesquisa, ou seja, o comportamento do tutor relacionado às atitudes assumidas por um sujeito que se coloca como um mediador pedagógico, conforme Masetto (2010). Os indicadores utilizados foram os comportamentos que caracterizam um mediador pedagógico.

Foi nessa etapa que as categorias foram criadas, segundo Bardin (2010, pág.145), “a categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos”. O critério para esse estudo foi a frequência de comportamentos do tutor visando compreender que tipo de mediação ele estabelece na interação com os alunos do curso em licenciatura Letras Inglês de uma Universidade pública de Minas Gerais. As categorias são classes que reúnem o grupo das unidades de registro, a cada categoria foi estabelecido um título genérico e esse agrupamento foi feito mediante características comuns dessas unidades de registro.

3ª) Tratamento dos dados – Essa etapa refere-se à fase na qual os dados são tratados, interpretados e analisados. Após a categorização, os dados foram, novamente, analisados e relacionados com o referencial teórico, buscando responder à questão da pesquisa.

Conforme apontado por Bogdan e Biklen (1994), a coleta dos dados assemelha-se a um funil, primeiramente os dados foram escolhidos de uma forma mais ampla, posteriormente, de acordo com os objetivos da pesquisa, esses dados foram se estreitando. O processo da análise e discussão dos dados serão abordados no capítulo seguinte.