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CAPÍTULO 1 – VEREDA METODOLÓGICA

1.6 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

Para responder as questões que norteiam a pesquisa aspectos metodológicos foram priorizados, entre eles, a escolha de instrumentos que pudessem levantar informações sobre o objeto investigado. Devido à opção de organização, análise e interpretação dos dados, detalhamos no capítulo 5, item 5.2, o processo de análise das entrevistas, grupos focais e documentos PDI e PPP.

A escolha e o bom uso dos instrumentos de coleta de dados são absolutamente necessários para um trabalho de qualidade. Obviamente, os instrumentos dissociados das referências teóricas e de uma boa aproximação do real não garantem bom resultado. A analogia feita na citação a seguir explicita bem o uso dos instrumentos em pesquisa:

[...] são como o martelo para o marceneiro, ou a pá para um pedreiro, que podem utilizá-los de diferentes maneiras para propósitos e efeitos diferentes, em função de seus desígnios e na dependência, é claro, de suas habilidades para utilizá-los. Um bom martelo, uma boa pá são absolutamente necessários para um trabalho de qualidade, mas também, necessita-se de um artesão habilidoso e experiente em seu uso para a obtenção de resultados qualitativamente bons. (GATTI, 2007, p. 53).

Os diversos caminhos para a coleta de dados apropriados para a realização do estudo permitiram a escolha e a organização dos instrumentos de pesquisa a partir das entrevistas semiestruturadas, grupo focal e análise documental.

a) Entrevista semiestruturada

Este tipo de entrevista tem atraído o interesse dos pesquisadores, sendo amplamente utilizada em educação. Tal interesse está vinculado à expectativa de que é mais provável que os pontos de vista dos sujeitos entrevistados sejam expressos em uma situação de entrevista, com um planejamento aberto, do que em uma entrevista padronizada ou em um questionário.

Nesse sentido Pádua (2007, p. 70) ressalta que “as entrevistas constituem uma técnica alternativa para se coletar dados não documentados, sobre um determinado tema”. A entrevista semiestruturada é uma das bases metodológicas da pesquisa qualitativa. Uma característica desse tipo de entrevista é que questões mais ou menos abertas sejam levadas na forma de um guia de entrevista.

Entretanto, a entrevista como instrumento para fins da coleta de dados precisa ser bem elaborada, devendo ser ajustada aos objetivos, às especificidades de cada entrevistado para que se colete o máximo de informações, para permitir uma análise mais completa. É importante que o pesquisador conheça o local onde reside ou trabalha o entrevistado e tenha um bom relacionamento com cada pessoa ou grupo a ser entrevistado. Oliveira (2008, p. 86) orienta que, dependendo do nível de receptividade, a “aplicação de um pré-teste é bastante recomendável para observar quais foram às dificuldades encontradas e até solicitar, na aplicação do pré-teste que as pessoas façam comentários e apresentem sugestões”. A aplicação muito burocrática do guia da entrevista restringe os benefícios da abertura e das informações contextuais pelo excesso de rigidez do entrevistador, ao fixar-se no guia.

Na organização das entrevistas semiestruturadas as questões foram distribuídas em blocos: (i) política de avaliação da educação superior; (ii) avaliação de estudantes de graduação, em específico Pedagogia; (iii) qualidade da educação superior; (iv) gestão da educação superior. Todos os entrevistados – gestores, professores e estudantes responderam perguntas comuns e específicas sobre a temática em tela.

b) Grupo focal

A técnica do grupo focal nas últimas décadas passou a ser mais aceita pelos pesquisadores sociais. Uma das principais vantagens do grupo focal é a oportunidade de observar uma grande quantidade de interações com relação ao que está sendo pesquisado.

Segundo Gil (2009, p. 84), grupo focal “é um tipo de entrevista em profundidade realizada em grupo, que privilegia a observação e o registro de experiências e reações dos participantes”. Nesse tipo de entrevista, o assunto é introduzido por um moderador a um grupo de respondentes e direciona sua discussão sobre o tema de maneira não estruturada. O referido autor acrescenta que a técnica é apropriada para a obtenção de dados em pesquisas que tenham por objetivo saber como as pessoas consideram uma experiência, um evento ou um fato.

Quatro critérios foram preenchidos no planejamento do roteiro de entrevista para um grupo focal e na condução da entrevista propriamente dita: “não direcionamento, a especificidade, o espectro, além da profundidade e do contexto pessoal revelado pelo entrevistado” (FLICK, 2004, p. 90).

Convém salientar que no grupo focal não se busca consenso: a ênfase está na interação dentro do grupo, baseada em perguntas feitas pelo entrevistador, que também pode assumir o papel de moderador do grupo. É importante para o grupo que seja permitido a recriação do ambiente social onde os sujeitos podem interagir com os demais, defendendo, revendo, ratificando suas próprias opiniões ou influenciando os demais.

É papel do entrevistador/moderador do grupo focal a preparação dos participantes para a discussão, favorecendo uma conversa espontânea. Ele deve permitir, segundo González Rey (2005, p. 87), “a intimidade entre os sujeitos participantes criando uma atmosfera natural, humanizada, que estimula a participação e eleva a uma teia de relações que se aproxima à trama das relações em que o sujeito se expressa em sua vida cotidiana”.

A essência do grupo focal consiste justamente na interação entre os participantes e o pesquisador, que objetiva colher dados a partir da discussão focada em tópicos específicos. Na pesquisa de campo, os grupos focais foram compostos por 22 estudantes do curso de Pedagogia da Uema dos campi de Caxias e São Luís, que fizeram Enade 2008 como ingressantes e concluintes no Enade 2011.

c) Análise documental

É uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema pesquisado. A pesquisa realizada a partir de documentos tem sido largamente

utilizada nas Ciências Sociais. Além das fontes primárias, utilizam-se as fontes chamadas secundárias, como dados estatísticos, elaborados por institutos especializados e considerados confiáveis para a realização da pesquisa.

Os principais acervos utilizados foram os documentos legais, sobretudo a legislação e os relatórios. Outros documentos também foram utilizados como, projetos, programas e estrutura curricular, documentação que permitiu coletar dados que enriqueceram a pesquisa (Apêndices A e B).

Os documentos nacionais que foram utilizados no estudo:  Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, que instituiu o Sinaes;

 Sinaes: da concepção à regulação (5ª edição revisada e ampliada de 2009);  Planilhas com os resultados do Enade de 2004 a 2012;

 Relatório do Enade do curso de Pedagogia de 2008;  Censo da Educação Superior.

Os documentos da Uema utilizados no estudo:  Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI);

 Projeto político pedagógico dos dois cursos de Pedagogia, Caxias e São Luís. Segundo Oliveira (2008, p. 69), a pesquisa documental “caracteriza-se pela busca de informações em documentos que não receberam nenhum tratamento científico, como relatórios, reportagens de jornais, revistas, cartas, filmes, gravações, fotografias, entre outras matérias de divulgação”. O fundamental, neste caso, é que o pesquisador tenha certeza da autenticidade dos documentos e cite corretamente em sua pesquisa a fonte de coleta dos dados do estudo.