• Nenhum resultado encontrado

Neste estudo, utilizaremos como instrumento metodológico o questionário, de acordo com o modelo Likert, composto em sua maioria por questões fechadas de resposta objetiva e, em menor número, por questões abertas de caráter subjetivo. Esta pesquisa pretende analisar as concepções dos professores de moda sobre o ensino desta área nos dois campi que possuem a graduação de Design de Moda no Instituto Federal do Piauí e suas perspectivas sobre as dimensões cultural e epistemológica da própria moda.

Partimos do pressuposto de que a moda constitui uma importante dimensão da cultura e uma epistemologia, ou seja, pode constituir-se como um campo produtor de conhecimento, com referenciais teóricos próprios, com conceitos e com metodologias de abordagem empírica específicos e que, esta perspectiva cultural e epistemológica da moda deve estar presente em todo o processo formativo, juntamente com a perspectiva técnica, prática e tecnológica, pois a primeira possibilita a reflexão crítica sobre a segunda, no que diz respeito ao planejar, ao fazer, o desenvolver, o modelar, o construir, entre outros, e possibilita um olhar mais abrangente e complexo sobre todo o contexto que nos cerca, capazes de solucionar necessidades e desejos através de produtos que, por sua vez, são também o reflexo e a expressão da dinâmica do nosso espaço e tempo, com suas questões, seus anseios, seus mimetismos e suas insurgências.

Almejamos explorar, a partir deste instrumento metodológico, a percepção destes sujeitos em relação a esta área, identificando se suas visões privilegiam uma abordagem majoritariamente tecnicista e tecnológica ou se compreendem que a abordagem crítica e cultural deve permear todo o ensino, incluindo o prático e tecnológico. Acreditamos que os conhecimentos culturais, sociais, históricos e críticos devem ser transversais em todo o processo formativo, consideramos que a articulação desta abordagem crítica nas disciplinas de face prática e tecnológica é indispensável para preparar um bom profissional e um designer de moda consciente.

Um profissional que acumule em seu currículo uma abordagem essencialmente técnica e tecnológica ao longo de sua experiência formativa apresentará mais limitações em seu campo de visão referentes às demandas, anseios e expressões sociais que são inseparáveis do planejamento de um produto e da renovação e recriação de técnicas, dos métodos, das tecnologias e formas de se comunicar simbolicamente através do vestuário, como linguagem para expressar a si mesmo ou a dinâmica social do presente, ou resgatar do passado ou refletir sobre o futuro, refazendo-se, reinventando-se e não apenas um reprodutor mecanicista das práticas aprendidas em sala de aula.

No quesito da atuação profissional, acrescentamos ao item “tempo de atuação”, o critério relacionado ao tempo de docência na modalidade do ensino técnico na área de vestuário/moda, a fim de verificar se este fator influencia na percepção do docente.

A partir dos resultados obtidos com o questionário, poderemos estabelecer uma noção de como se apresenta criticamente a visão docente que, por sua vez, vai conduzir as abordagens formativas dos discentes de moda no Piauí.

Gil (2008, p.121) classifica o questionário como uma técnica de investigação “composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado, etc”. A escolha deste recurso na metodologia desta pesquisa se deu devido a necessidade de abarcar uma amostra relativamente extensa, compreendendo todos os professores de moda do estado do Piauí, compondo um universo de aproximadamente 40 professores, pertencentes à quatro instituições de ensino superior de Moda neste estado. Todavia, a realidade impediu-nos de fazer o estudo que previamente estava previsto.

Para o autor, elaborar um questionário consiste, em suma, em traduzir objetivos da pesquisa em questões específicas. Gil (2008, p.121) explica que

(...) as respostas a essas questões é que irão proporcionar os dados requeridos para descrever as características da população pesquisada ou testar as hipóteses que foram construídas durante o planejamento da pesquisa. Assim, a construção de um questionário precisa ser reconhecida como um procedimento técnico cuja elaboração requer uma série de cuidados, tais como: constatação de sua eficácia para verificação dos objetivos; determinação da forma e do conteúdo das questões; quantidade e ordenação das questões; construção das alternativas; apresentação do questionário e pré-teste do questionário.

Avaliamos que esta técnica de investigação nos levará a uma melhor obtenção dos resultados, visto que nos possibilita atingir um maior número de pessoas, mesmo que estejam dispersas em áreas geográficas diversas, como é o caso desta pesquisa, que abrange dois municípios: Teresina e Piripiri, com a facilidade de que o questionário pode ser enviado virtualmente ou por correio e “garante o anonimato das respostas [...] permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente; não expõe os pesquisados à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado” (GIL, 2008, p.122)

No que diz respeito às questões, trabalharemos com questões abertas e fechadas. As questões fechadas proporcionam opções de múltipla escolha aos respondentes, são as mais comumente utilizadas neste tipo de instrumento, pois proporcionam maior uniformidade às respostas e podem ser mais facilmente processadas pelo pesquisador, possibilitando aos respondentes que escolham uma alternativa entre as que são apresentadas. Porém, neste tipo de questão, há que ser considerado o risco de não incluírem todas as alternativas relevantes. Por este motivo, com o objetivo de uma melhor obtenção de resultados, foram aplicadas quatro questões abertas no questionário, possibilitando analisar a subjetividade dos sujeitos da pesquisa, pois nas questões abertas “solicita-se aos respondentes para que ofereçam suas próprias respostas [...] oferecendo espaço para escrever a resposta. Este tipo de questão possibilita ampla liberdade de resposta” (GIL, 2008, p. 122).

Para verificar a qualidade e para validar o questionário, no que diz respeito ao atendimento dos objetivos desta pesquisa, aplicamos o questionário como teste piloto a dez professores do universo da pesquisa, todos da graduação em Moda, Design e Estilismo na Universidade Federal do Piauí (UFPI), o questionário piloto encontra-se no apêndice 2 deste texto.

Acrescentamos ao final do instrumento metodológico um item de avaliação do questionário, com quatro questões subjetivas sobre o tempo que demandou para respondê-lo, sobre a clareza das questões, sugestões e considerações sobre o questionário.

Com os resultados obtidos, verificamos que todos levaram entre dez a quinze minutos para responder, 8 (oito) sujeitos relataram que os enunciados estavam claros e de fácil entendimento, 1 (um) achou de fácil compreensão mas que a questão de número 6 (seis) exigiu mais tempo de interpretação e 1 (um) respondeu que não entendeu a questão de número 6 (seis). Diante disto, optamos por reformular o enunciado da questão seis, a fim de torná-lo mais claro, para solucionar esta dificuldade apresentada por 20% dos sujeitos do teste piloto.

Interrogamos os sujeitos se gostariam de sugerir alguma questão que acreditassem ser pertinente ao questionário, 7 (sete) responderam “não”, 1(um) sugeriu que “questões referentes à tecnologias deveriam ser abordadas”, 1 (um) relatou “penso que esta discussão poderia ser mais aprofundada nas questões tecnológicas. Este campo da moda é mais dirigido ao campo profissional das engenharias produtivas” e 1 (um) sujeito reportou que “deveria conter questões sobre as qualificações dos professores que não possuem formação em moda”.

Quando questionados sobre quais suas considerações gerais sobre o questionário, as respostas variaram entre: “fácil de ser respondido, com objetivo claro e de fácil entendimento”, “pertinente para o objetivo da pesquisa”, “importante questionamento sobre o curso de moda e os docentes”, “gostei por deixar claro a moda como área do saber científico”, “bom questionário com questões bem distribuídas”, “satisfatório”, “foi um bom questionamento para repensar o papel e posição da moda na sociedade cultural, além de entender e repensar o currículo na área” e “acredito que as perguntas atenderão o objeto de estudo sobre concepções da moda, porém, teve um maior foco no aspectos culturais, os quais deveriam estar no objeto da pesquisa”.

Analisando estas respostas, consideramos pertinente reformular alguns enunciados do questionário, no intuito de não ficar tendencioso para o aspecto cultural da moda, com o objetivo de não manipular os sujeitos da pesquisa a responder para atender as expectativas da pesquisadora – que percebe a dimensão cultural, crítica e epistemológica como transversal à todo o ensino da moda – e sim a sua própria perspectiva, de forma que encontre espaço para esboçar a sua real visão sobre a moda, seja esta mais técnica ou tecnológica ou não, e nos conceda suas respostas o mais fiel possível sobre a sua concepção sobre a moda, com a finalidade de alcançar resultados satisfatórios nesta pesquisa. Com a aplicação do teste piloto, consideramos validado o questionário de modo a poder ser aplicado a todos os sujeitos. O questionário reformulado está no apêndice 3.

Documentos relacionados