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CAPÍTULO I – METODOLOGIA

3. DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DO ESTUDO QUANTITATIVO

3.5. Instrumentos de recolha de dados

A escolha dos instrumentos de recolha de dados teve em conta determinados fatores, tais como os objetivos, as hipóteses e o tipo de estudo, as características da amostra, o nível de conhecimentos sobre as variáveis, a fidelidade e a validade dos instrumentos de medida.

As participantes deste estudo preencheram um protocolo de recolha de dados que teve como objetivo avaliar as variáveis sociodemográficas, a experiência da maternidade e as atitudes e o ajustamento materno após o nascimento do primeiro filho. De seguida, procede-se a uma breve descrição de cada um desses instrumentos de medida.

Questionário Sociodemográfico

No questionário sociodemográfico (Anexo III) constam várias questões relacionadas com a idade, habilitações literárias, estado civil, duração do relacionamento, atividade profissional, local de residência, e o benefício do curso de preparação para o parto e parentalidade, na transição para a parentalidade no pós-parto.

Escala de autoperceção de Ser Mãe (EapSM) – versão portuguesa da The Being a Mother Scale (BaM-13; Matthey, 2011).

A Escala de autoperceção de Ser Mãe (EapSM) constitui uma versão portuguesa da The Being a Mother Scale (BaM-13), publicado em 2011 por Matthey (Anexo IV). Esta escala tipo Likert de 4 pontos (de 0 = sim, sempre ou na maioria das vezes e 3 = não, raramente ou nunca), é composta por 13 itens e destina-se a avaliar a experiência da maternidade nas últimas 2-3 semanas. As áreas avaliadas pela escala incluem: isolamento social, arrependimento, sentido de confiança, relação com o bebé/criança, satisfação com o apoio social, coping e culpa. É um questionário de auto-resposta válido para mulheres desde as primeiras semanas pós-natal até a 2 a 4 anos pós-parto.

consistência interna adequada. A análise fatorial exploratória desse estudo revelou três fatores: a experiência com o bebé/criança (itens 3, 9, 10, 12 e 13: relacionados com a experiência da mãe com o seu bebé/criança), experiência como adulta (itens 2, 5, 6, 7, 8, e 11: focam-se na própria experiência da mulher enquanto adulta), proximidade emocional (itens 1 e 4: relacionam-se com na ligação emocional da mãe com o seu bebé/criança). A pontuação total da EapSM varia de 0-39. Valores mais elevados indicam menos satisfação com a experiência da maternidade. A escala está construída de forma que a primeira opção de resposta de todos os itens seja cotada com zero e as seguintes pontuadas com 1, 2 ou 3 respetivamente. Esta opção minimiza o erro das pontuações que podem ocorrer em escalas de ordem invertidas.

Questionário Maternal Adjustment and Maternal Attitudes (MAMA; Figueiredo, Mendonça & Sousa, 2004) – versão portuguesa do Maternal Adjustment and Maternal Attitudes (MAMA; Kumar, Robson & Smith, 1984).

O MAMA é um questionário de auto-resposta, construído por Kumar, Robson e Smith em 1984 (Anexo V). É composto por 60 itens que avaliam as atitudes e o ajustamento materno e apresenta duas versões, uma para a gravidez e outra para o pós-parto. A versão utilizada no presente estudo é a pós-natal, traduzida por Figueiredo, Mendonça e Sousa (2004). É uma escala tipo Likert de 4 pontos, com pontuações entre 1 (nunca/de forma alguma) e 4 (muitas vezes/muitíssimo). Quanto mais elevados forem os valores na escala, nos fatores e nos itens, pior é a perceção de ajustamento e mais negativas são as atitudes.

Este questionário é constituído por 5 fatores, cada um composto por 12 itens: imagem corporal (itens 2,12,18,19,21,31,44,47,49,53,55,57 – avalia a perceção das modificações corporais por parte da mãe, tais como, auto-apreciação/auto-depreciação, conforto/desconforto com a sua imagem corporal); sintomas somáticos (itens 1,4,6,9,17,27,32,33,35,38,41,59 – refere-se ao mal-estar da perceção do funcionamento somático da mãe, tais como, manifestações respiratórias, gastrointestinais e cardiovasculares), relação conjugal (itens 3,8,15,26,34,36,37,43,48,50,52,56 – centra-se nos sentimentos de cumplicidade e de entre-ajuda da parte da mãe relativamente ao seu relacionamento conjugal após o parto), atitudes perante o sexo (itens

5,11,13,20,23,25,30,39,42,45,46,58 – refere-se às manifestações de agrado ou desagrado da mãe relativas à atividade sexual após o parto), atitudes perante a gravidez e o bebé (7,10,14,16,22,24,28,29,40,51,54,60 – avalia os sentimentos de auto- apreciação, conforto e da capacidade de cuidar do bebé por parte da mãe).

Na versão pré-natal os itens invertidos são: 2, 5, 11, 12, 13, 15, 19, 21, 22, 24, 25, 26, 28, 32, 35, 37, 40, 44, 45, 46, 47, 48, 50, 52, 55, 56, 58, 59 e 60. Na versão pós-natal, todos estes itens são também invertidos, para além do item 14.

Tal como Graça (2010), optou-se por não recodificar os itens 20, 23 e recodificou-se o item 25, para estarem coerentes com o constructo teórico.

De acordo com o proposto com Kumar, Robson e Smith (1984), na versão pós-natal, os itens 10,14,16,22,23,24,29,30,40,48,54 e 60 foram reescritos de forma a adaptarem-se a este momento.

A versão portuguesa pré-natal do questionário, apresentada por Figueiredo et al. (2004), revelou que os 60 itens se organizam satisfatoriamente pelas mesmas subescalas da versão original. A escala total apresentou boa consistência interna (alfa de Cronbach de 0.85). As subescalas revelaram valores de consistência interna inadmissíveis a bons: Atitudes perante a gravidez e o bebé (α = 0.48), Sintomas somáticos (α = 0.62), Imagem corporal (α = 0.74), Relação conjugal (α = 0.75), Atitudes perante o sexo (α = 0.82).

No estudo realizado por Graça (2010), com a versão pós-natal do questionário, foi obtido um alfa de Cronbach de 0.89, indicativo de boa consistência interna. Relativamente às subescalas obteve valores fracos a bons: Atitudes perante a gravidez e o bebé (α = 0.62), Sintomas somáticos (α = 0.65), Imagem corporal (α = 0.79), Atitudes perante o sexo (α = 0.84), Relação conjugal (α = 0.85).

No presente estudo, obteve-se uma consistência interna boa (α=.89) para a escala total (Quadro 2). Contudo, para as subescalas os valores variam de inadmissíveis para as Atitudes perante a gravidez e o bebé (α = 0.54), a boa para a Imagem corporal (α = 0.82), para a Relação conjugal (α = 0.83) e as Atitudes perante o sexo (α = 0.86).

Quadro 2. Consistência interna do MAMA – versão pós-natal

M DP α

Imagem corporal 25.77 5.30 .82

Sintomas somáticos 23.99 4.71 .67

Relação conjugal 21.02 5.36 .83

Atitudes perante o sexo 22.53 5.51 .86

Atitudes perante a gravidez e o bebé 21.99 3.08 .54

Total 115.30 16.33 .89

Na análise da assimetria e achatamento (Apêndice II), os itens 6, 8, 16, 29, poderão ser problemáticos, com distribuição assimétrica positiva e leptocúrtica, com valores de assimetria (S>3) e curtose (K>7) acima do recomendado.

Na análise das subescalas, a Imagem Corporal foi a que teve média mais elevada (M = 25.77; DP = 5.30) e a Relação Conjugal foi a que teve menor média (M = 21.02; DP = 5.36). A distribuição foi simétrica e mesocúrtica (Apêndice II). Entre todas as subescalas observaram-se correlações estatisticamente significativas (Apêndice II). As correlações mais elevadas de cada subescala com as outras dimensões, verificaram-se entre as subescalas Imagem Corporal e as Atitudes perante o sexo (r = 0.43) e entre Atitudes perante o sexo e Atitudes perante a gravidez e o bebé (r = 0.38). Todas as subescalas apresentaram correlações significativamente elevadas com a escala total, o que demonstrou a consistência dessas subescalas com o construto medido.

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