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Capítulo IV. Método

4.2. Instrumentos de Recolha de Dados

4.2.1. Questionário.

No contexto de mensurabilidade do método quantitativo, o questionário é uma das ferramentas de obtenção de dados que permite recolher dados de um grande grupo de pessoas (amostra), selecionado por representar as características comuns que definem o grupo mais abrangente onde aquele se insere (universo) (Sarmento, 2013). Permite, portanto, não só obter respostas sobre as opiniões, atitudes, perceções e comportamentos da amostra, como generalizá-las para o universo (Crano, Brewer, & Lac, 2015), e verificar hipóteses teóricas (Quivy & Campenhoudt, 2008).

Como a concretização dos objetivos desta dissertação depende da adoção de instrumentos de recolha adequados (Fortin et al., 2009), recorremos ao questionário para aferir se a SInfo configura o modelo adaptado do POI. Face à inovação do tema bem como à escassez de investigações científicas sobre o POI na PSP, foi construído um questionário de raiz com base nos pressupostos do modelo adaptado (Fortin et al., 2009).

A estrutura do instrumento de medida nas diferentes vertentes, medido numa escala tipo Likert de 5 níveis para as dimensões (1: Discordo totalmente; 2: Discordo; 3: Não

concordo nem discordo; 4: Concordo; 5: Concordo totalmente ou, nalguns casos 1: Nada conhecedor; 2: Pouco conhecedor; 3: Moderadamente conhecedor; 4: Muito conhecedor; 5: Extremamente conhecedor), faz-se representar pela Tabela 5 (Anexo 11).

Desse modo, está constituído por três grupos. O primeiro contém 6 questões alusivas aos dados sociodemográficos dos inquiridos (idade, género, habilitações literárias, funções atuais e posto profissional) (Fortin, Côte, & Filion, 2009). O segundo é composto por um grupo de questões elaboradas para avaliar o grau de conhecimento dos inquiridos sobre o POI, por forma a garantir que os inquiridos têm conhecimento sobre o tema (Haro et al, 2016). E o terceiro possui 38 questões que medem o grupo das dimensões dos modelos, visando dar resposta às hipóteses desta dissertação (Quivy & Campenhoudt, 2008).

Podendo ser aplicado através de vários meios como o pessoal ou a via on-line, o inquérito por questionário é um instrumento de autoadministração, e como tal, a dispensa da presença do inquiridor possibilita uma rápida aplicação e, consequentemente, obtenção de resultados (Ghiglione & Matalon, 2001), principalmente quando aplicados eletronicamente (Charles, 1998). Nesse sentido, optamos por aplicar um questionário eletrónico, através da aplicação google.forms, onde foi garantida a obtenção do consentimento do inquirido bem como garantida a confidencialidade das respostas.

O potencial decorrente da utilização dos questionários é elevado, em termos de geração de dados quantitativos e como resultado da sua facilidade de implementação. Todavia, esta premissa alavancadora das suas vantagens pode incorrer num problema de “variância do método comum” (VMC) (Podsakoff, MacKenzie, & Podsakoff, 2012; Podsakoff, MacKenzie, Lee, & Podsakoff, 2003).

Esta diacronia decorre da autoadministração do questionário, pois a opinião dos inquiridos pode não refletir a veracidade em relação ao fenómeno em estudo, devido à influência sobre a forma como as questões são elaboradas, o que potencialmente compromete os dados obtidos (Gorrell, Ford, Madden, Holdridge, & Eaglestone, 2011).

Para obstar alguns dos problemas da VMC, e consequentemente consolidar as estimativas de confiabilidade e validades dos constructos (Podsakoff, MacKenzie, & Podsakoff, 2012) algumas medidas foram estabelecidas: i) quanto ao design do instrumento, optou-se por constituir o questionário por secções; ii) a ambiguidade e formato da escala foi tratada com a manutenção da mesma escala nas diferentes questões; iii) a medição dos construtos foi realizada em locais e momentos diferentes, apesar de o instrumento de medição ser o mesmo.

Acresce a este conjunto de problemas um outro relativo à utilização de uma fonte comum: a mesma pessoa origina dados para as variáveis dependentes e independentes (Eichhorn, 2014; Podsakoff, MacKenzie, & Podsakoff, 2012). Neste caso, uma vez que não

se aplicou nenhum inquérito por questionário, procedeu-se à realização de entrevistas a um conjunto de especialistas na área da SInfo.

Por outro lado, a redação dos itens foi consolidada pela realização de um pré-teste, junto de um pequeno número de indivíduos pertencentes ao universo estudado, com características semelhantes e próximas da realidade dos indivíduos (idade, habilitações literárias, função e posto). Na sua redação evitou-se a adjetivação, a interrogação, palavras formais, e palavras ou expressões homónimas, por forma a garantir a maior compreensibilidade do questionário por todos os elementos.

4.2.2. Entrevistas.

Como a SInfo desenvolve uma atividade muito própria cujo knowhow se encontra desprovido de bibliografia, optamos por complementar o método quantitativo com o qualitativo (Haro et al, 2016). A utilização conjunta destes métodos configura um manancial de vantagens para a criação do conhecimento científico (Santo, 2015), desde logo porque as entrevistas permitem explorar o domínio subjetivo dos inquiridos (Resende, 2016), bem como obter uma maior riqueza de informação através diálogo presencial com os inquiridos, foram selecionados oito elementos policiais com conhecimento especializado (Sarmento, 2013) sobre o tipo de atividade que tem vindo a ser desenvolvida pela SInfo desde a sua criação.

Atendendo ao tipo de relação que detêm com a SInfo, foram selecionados para inquirição:

• Categoria A (Comando atual): atual comandante em suplência (A1), e CAO da DPS (A2);

• Categoria B (Antigo comando): antigo CAO da DPS aquando da criação da SInfo (B1); e antigos comandantes da DPS (B2 e B3);

• Categoria C (Elementos da SInfo): dois analistas (C1 e C2) e chefe da SInfo (C3). Nesse sentido, foram construídos três guiões de entrevista para cada categoria de entrevistados, cujas questões apesar de diferirem na formulação, tiveram o mesmo propósito: a verificação as hipóteses deste estudo.

Para aferir as experiências e conhecimentos dos entrevistados, privilegiamos as entrevistas semiestruturadas que, não obstante partirem de um guião predefinido com perguntas abertas, permitem que o inquirido alargue ainda mais o âmbito das suas respostas (Resende, 2016). Por forma a potenciar essa liberdade de resposta, foram realizadas presencialmente e nos locais de trabalho dos inquiridos (Guerra, 2006). Tal como gravadas em formato áudio, mediante a devida autorização do entrevistado, para posterior tratamento analítico (Flick, 2005).

Feita a transcrição das entrevistas, foram devolvidas aos inquiridos para garantir não só a exatidão das informações prestadas (Coutinho, 2018), como também para elucidar a sensibilidade do seu teor.

Face a essa sensibilidade, foi obtido o consentimento de informado para utilização das entrevistas na presente investigação, com a advertência de que as transcrições integrais das entrevistas não serão publicadas por forma não prejudicar a atividade policial da SInfo, e consequentemente da PSP.