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Os instrumentos utilizados para obtenção de dados são dois questionários (APÊNDICE 1 e 2), que visam a refletir acerca da realidade em ambos países, pela voz de estudantes e professores. Esses instrumentos, cotejados com a análise documental, à luz da metodologia de educação comparada, permitirão propor uma proposta de interação.

O questionário respondido pelos alunos consta de cinco partes. A primeira é destinada à obtenção de dados de identificação (gênero e idade) que têm por objetivo básico ilustrar o perfil dos participantes da pesquisa quanto à idade e ao gênero.

A segunda trata de dados sobre aspectos relacionados à vida do estudante: com quem mora, escolaridade dos pais e retirada de livros da biblioteca, o que permite esboçar a realidade social das escolas pesquisadas, quanto à formação das famílias. A escolaridade dos pais pode indicar a motivação ou não que os estudantes podem ter com relação à leitura e ao próprio estudo. A assiduidade na ida à biblioteca não necessariamente mostra a quantidade de leitura feita pelo aluno, mas pode sugerir hábito de visita à biblioteca, ou não. Esse último fato pode indicar, também, novas formas de acesso à leitura, que não a biblioteca física e o livro de papel.

A terceira parte traz aspectos relacionados com a experiência literária do aluno. A partir daqui, as perguntas visam, diretamente, a refletir a experiência literária do aluno, com base na memória, na perspectiva daquilo que ficou, aquilo pelo qual o aluno passou e que deixou alguma aprendizagem, na perspectiva de Dewey e Larrosa. Pergunta-se sobre autores e frases dos autores lidos. Ao mesmo

tempo, as respostas permitem corroborar quais foram os autores lidos e se foram lidos e entendidos, se são lembrados. Por meio das respostas, é possível comparar o que é lembrado em ambos países.

Para corroborar a experiência literária, solicita-se, na sequência, a identificação de personagens com substantivos, como coragem, aventura, ódio, felicidade e outros. Além de demonstrar que o estudante conhece algumas personagens, ele tem a possibilidade de associá-las a alguns valores e situações de vida. Novamente, o objetivo é, também, comparar e cotejar respostas.

Quanto ao conteúdo curricular, os alunos são questionados sobre aos autores de origem hispana e lusa lidos, o que possibilita à pesquisadora refletir sobre o fato se realmente eles são estudados ou não. Finalmente, os estudantes são convidados a compartilhar sua experiência com a leitura e, em especial, com as aulas de literatura.

As partes IV e V não só permitem que o aluno fale sobre suas experiências mas que opine sobre o que gostaria ou não de estudar, abrindo a possibilidade dele próprio intervir ou participar em seu processo de formação.

Os professores, também, foram convidados a responder um questionário com oito perguntas, dentre as quais se o programa por ele(a) trabalhado contempla autores hispanos, no Brasil e portugueses e brasileiros, no Uruguai. Em caso de resposta negativa, pede-se que eles se posicionem sobre a relevância e viabilidade de trabalhar com esses autores no ensino médio. Além dos questionários, conta-se com alguns comentários obtidos durante as vistas às escolas, que se configuram como pesquisa oitiva, já que não seguiram o formato de entrevista estruturada ou semiestruturada, foram somente comentários feitos sobre os questionários.

5.2 Apresentação das escolas pesquisadas

As escolas selecionadas para aplicação dos instrumentos (questionários) pertencem às redes pública e privada do Uruguai e do Brasil, nas cidades de Montevidéu e Caxias do Sul. A ideia de trabalhar com escolas públicas e privadas deve-se ao fato de que, eventualmente, em ambos países, as escolas privadas podem contar com uma flexibilidade maior quanto à elaboração dos programas por parte dos professores e coordenação pedagógica, no que se refere aos componentes de literatura. O critério de escolha foi o de abranger o maior espectro possível de alunos de Ensino Médio, em escolas representativas da realidade de uma e outra cidade. Para isso, na cidade de Caxias do Sul, foi escolhida uma escola privada do centro da cidade e outra, localizada em um bairro. O mesmo critério foi aplicado para a definição das escolas públicas (uma próxima ao centro da cidade e outra em um bairro). Em Montevidéu, as escolas foram selecionadas seguindo o mesmo critério: uma escola privada central e outra de um bairro afastado do centro. Quanto às escolas públicas, as duas são centrais, mas afastadas uma da outra e atendendo a públicos diferentes, que provêm de diversos bairros da cidade. A opção foi feita pelo fato da dimensão espacial da cidade. Mediante

consulta prévia ao Conselho de Educação Secundária, sediado em Montevidéu, por sugestão desse órgão, na figura de sua inspetora, foi feita a definição dessas escolas. Elas são de fácil acesso a diferentes bairros e, por esse motivo, concentram alunos de diferentes zonas da cidade.

Foi feito contato prévio com cada uma das escolas, por e-mail e presencialmente, através de seu departamento de Inspeção, em Montevidéu, e da 4a. CRE, em Caxias do Sul, passando pela direção das escolas, professores e alunos. Esse processo consumiu um tempo considerável, haja visto as viagens que foram necessárias, respeito aos calendários de cada escola, épocas de férias e comitê de ética que o antecedeu.

Cabe destacar que, para fins de análise de dados, as escolas foram identificadas da seguinte forma: 1 e 2 para escolas públicas, 3 e 4 para escolas privadas, precedidas pela identificação do país. Assim, temos escolas públicas, no Uruguai: UY1 e UY2 e privadas: UY3 e UY4. No Brasil, as públicas: BR1 e BR2 e as privadas: BR3 e BR4.

A intenção era pesquisar cem (100) alunos de cada país, sendo vinte e cinco (25) de cada turma. Em alguns casos, a turma não tinha vinte e cinco alunos, então, o número ficou reduzido a oitenta e oito (88) estudantes de cada país, algumas turmas têm menos de 25 alunos.