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4.3 PERCEPÇÃO DOS REPRESENTANTES DAS COMISSÕES

4.3.2 Integração da dimensão Operações do campus

Para observar se a dimensão Operações no campus foi integrada ao programa de gestão da sustentabilidade do IFSC, foi perguntado aos entrevistados: Quais são e/ou foram as iniciativas de implementação da sustentabilidade nas operações (atividades) do campus/ instituição? O intuito foi identificar pela percepção dos representantes se as ações chaves estavam em consonância com a literatura, conforme mencionada no item 2.5 do referencial teórico, e, portanto, integradas no programa e consequentemente na instituição.

As ações básicas, com premissas de redução/economia de consumo de energia, água, cópias, reciclagem e a abolição dos copos plásticos, foram citadas com exemplos, entre os entrevistados B-G1; C-G1; D-G1; E-G1; A-G2; B-G2; C-G2; D-G2; EG-2 e F-G2, conforme trechos a seguir:

[...] seguimos as premissas dos programas do IFSC sustentável com as ações para consumo de energia, água, cópias. (Entrevistado B-G1)

[...] diagnóstico de resíduos, existe um corredor, com latões e que são identificados para a coleta seletiva, [...] no programa água na medida, foi colocado temporizador nas torneiras, para economia de água. Diagnostico das fontes de energia, colocaram placas fotovoltaicas, num bloco, são só 6% de energia economizada, mas equivalente a 60 mil por ano, já tem projetos para que sejam instaladas mais placas em outros blocos. (Entrevistado C-G1)

Fizemos discussões sobre o consumo de energia, aí acabamos desligando algumas luminárias em cada sala. (Entrevistado D-G1)

Temos uma parceria com cooperativa de reciclagem, então só sai do campus para o aterro sanitário só o papel higiênico, o resíduo do banheiro, que ainda não pode ser feito nada. (Entrevistado E-G1)

[...] começamos monitorar o consumo mensal de água, acompanhar vazamentos. Depois teve a questão da energia elétrica, com aplicação de software la do campus Florianópolis, nós fomos um campus piloto desse projeto de monitoramento do consumo, dia a dia é identificando os picos no campus. [...] Teve o caso das luzes do estacionamento que descobrimos que uma noite inteira ligado era igual o mesmo consumo do dia do campus em operação. Agora desligamos a luz após as 11 horas e ligamos as 7 horas da manhã [...] bloco agrícola com obras sustentáveis, captação da água da chuva para os banheiros, troca de óleo para equipamentos agrícolas. [...] coleta de óleo, pilha. [...] Troca de lâmpadas por LED. Papeis recicláveis. (Entrevistado A- G2)

Não temos copos plásticos, só bebedouros. (Entrevistado B-G2)

Trocamos todas as lâmpadas por LED , além de ser econômico também evitou a queima, porque aqui tem muita queda de energia e queimava em torno de 300 lâmpadas por ano, e ano passado não queimou 100. Fizemos acordos com cooperativa de reciclagem. Tem a cisterna para coleta de água, tem aviso educativo nos banheiros[...] tem uma lixeira para colocar frutas que vai p minhocário. Compramos papel reciclável, mas o pessoal não gostou porque é muito caro. [...] Não tem copo, cada servidor tem uma caneca. (Entrevistado C-G2)

[...] tem avisos de apagar luz das salas. Todos os laboratórios têm plano de gerenciamento de resíduos. As torneiras têm temporizador, as descargas têm controle de consumo, temos um tonel para colher água de chuva.[..] temos a separação do lixo em três etapas, rejeito, lixo orgânico e reciclável. (Entrevistado D-G2)

Eu acho que uma das ações mais impactantes dos campus é a separação do lixo mesmo, [...] os lixeiros de cores diferentes [...]papel zero, hoje, pelo menos aqui [...], quando alguém traz algum papel para eu assinar, eu pergunto porquê [...] campanhas de sempre apague a luz [...] não desperdice agua.[...] outra coisa é o ar condicionado do IFSC que não tem ar quente, [...] porque o ar quente consome muita energia, muito mais que o ar frio. (Entrevistado E-G2)

[...] Acho que quatro das seis, eram bem operacionais, ligada a redução do consumo de energia elétrica, redução do consumo de água e reaproveitamento de água, compras e construções sustentáveis, e as ações de lixo, reciclagem separação de resíduos e reaproveitamento. [...] Em 2013 nós proibimos o uso dos copos plásticos, a primeira caneca, você deve ter visto pelos câmpus umas canecas de coco, não foi uma grande experiência... assim ...porque depois se chegou à conclusão que não era o melhor, mas na época era a melhor opção para substituir o copo plástico. (Entrevistado F-G2)

Dentre os exemplos que envolvem a dimensão Operações no campus, os entrevistados mencionam as construções sustentáveis, medidas adotadas ao longo da obra que promovem a sustentabilidade iniciando na fase de planejamento da construção, seja pela adesão das compras de materiais e serviços sustentáveis ou elaboração de projetos para captação e aproveitamento da água das chuvas.

Além disso, reforçaram a importância e a realização das compras compartilhadas, que geram economia dos recursos financeiros e materiais, redução do número de pessoas envolvidas no processo e ganho de valores no momento da compra, com destaque para as licitações verdes, de adesão de produtos e materiais de origem sustentável. Conforme os depoimentos a seguir:

[...] temos as construções e contratação como a compra compartilhada e compras de resíduos únicos (Entrevistado C-G1)

[..] na parte de compras temos as questões dos resíduos únicos, [...] no contrato da cantina nós fizemos umas alterações e recomendações para proibir canudos, para reduzir o lixo. Foi a comissão aqui que fizemos isso, não é algo institucional, e seria fundamental isso entrar em prática para ser Lixo Zero. (Entrevistado B-G2)

[...] tem várias coisas de compra compartilhada, da especificação de alguns componentes, [...] discutiu muito para parar de comprar coisa que precisa usar pilha, vamos ver se não é recarregável, porque pilha é um problema sério, é muito agressivo para o meio ambiente. (Entrevistado E-G2)

[...] adesão das atas de compras sustentáveis, mas tudo depende do orçamento/recurso do campus. (Entrevistado A-G2)

[...] Compra dos Lápis feito de jornal, do pregão. Compramos o que dá e que é viável. [..] não tem mais pregão para copos, foi comprado copos biodegradáveis para usar nos eventos. (Entrevistado A-G1)

Uma ação em rede que a gente faz, para mim, que eu sempre registro como sendo a ação de sustentabilidade mais antiga no IFSC [...] foram as compras conjuntas, nós fazemos compras entre os campus desde 2007, foi o primeiro IF do Brasil a fazer compra conjunta, [...] na época nem pensávamos como sustentabilidade por que tinha muita a visão de sustentabilidade ambiental. [...] isso está nos planos do ministério da economia como umas das ações prioritárias para as instituições fazerem. [...] Depois em 2012 fizemos as primeiras licitações verde, primeira licitação de itens sustentáveis. [...] depois veio o programa IFSC sustentável que levou para água, lixo e tal, mas a

gente começou primeiro começando por compras e construções (Entrevistado F-G2) Ainda com relação as iniciativas de implementação da sustentabilidade nas operações do campus/instituição, eventos aleatórios foram citados pelos representantes, como uma espécie de complementação das ações básicas (coletas de resíduos, reciclagens, redução do consumo e de recursos naturais), exemplos: realização de ações de conscientização sobre consumo, campanha solidarias para ONGs, oficinas de materiais recicláveis, entre outras, conforme os relatos a seguir:

[...] também criaram vídeos para fazer divulgação no IFSCTV para conscientizar as pessoas nos consumos de água. Fizeram um projeto de pesquisa do consumo de água nos banheiros masculinos do IFSC. (Entrevistado C-G1)

[...] teve um projeto para colocar painéis solares no estacionamento e no prédio, mas todas elas dependem de verba. (Entrevistado D-G1)

[...] tem uma empresa que fornece água mineral que eles reciclam o plástico pet e ajudam animais de estimação de uma ONG, foi colocado uma caixa aqui no campus para coletar garrafa pet. [...] Temos o PNAE e tem uma lixeira para colocar frutas que vai para minhocário. (Entrevistado C-G2)

[...] são feitas atividades com esses papeis [...] tem a sala sustentável que foi feito o caderno verde, ele é feito dos rascunhos, e na sala (sala sustentável) é feito a oficina, eles fazem caderno para quem não tem condições, aí eles doam. (Entrevistado C-G1) [...]eu fiz um levantamento de todo nosso passivo, de todos os resíduos, aí elaborei um plano de gerenciamento de resíduos, um PGR.[...] identifiquei as áreas, vi o que poderia reciclar [..] e precisava ser feito alguma coisa, do que só, por exemplo, simplesmente ter um plano, ter o programa de gerenciamento como a gente tem, e aí se você mandar esse papel, ou alumínio, ou garrafa pet para outro lugar sem beneficiar aqui, isso simplesmente é seguir o PLS do instituto, é mandar números para lá [...] nós queríamos ir mais além, [...] começamos a desenvolver máquinas para beneficiar esse material. (Entrevistado D-G1)

[...] faz dois anos que não somos geradores de chorume. São mais de dez toneladas de resíduos orgânicos não se tornaram um resíduo ambiental. Agora estamos num projeto de controle de impressões jogadas fora no rascunho, tem muito desperdício, aí estamos pensando numa marca d’agua para controlar quem imprimiu para orientar os servidores a cuidar das suas impressões. Aqui nós chamamos de “cagaço pedagógico”. [...] Assim as pessoas vão pensar duas vezes antes de imprimir uma receita de bolo e esquecer, isso é dinheiro público né. (Entrevistado E-G1)

[...] temos a composteira que todo resíduo orgânico vai para compostagem[...] Projeto de captação de aguda da chuva, mas isso poderia ser algo institucionalizado para novos projetos, de ter na estrutura a captação da água da chuva. [...] Antes no cardápio

tinha pescado, tinha de espécies proibidas, por exemplo o peixe Cação, aí mudamos isso. (Entrevistado B-G2)

Ações básicas como tornar a sustentabilidade parte integrante das operações, planejamento, projetos e compras, com destaques as práticas de economia de recursos, reciclagem e compras foram previstas por Cortese (2003) e Lozano (2006) como estratégias da dimensão operação no campus. Reconhecidas como ações de um campus universitário sustentável e ambiente saudável segundo Alshuwaikhat e Abubakar (2008).

No decorrer das entrevistas, alguns representantes das comissões revelaram que no processo de reciclagem e separação de resíduos, assim como nas campanhas, o campus não faz uso de todas as cores de coleta seletiva conforme preconizado pela instituição. Conforme relatos a seguir, as lixeiras estão acordo com as cores adotadas pelo campus.

[...] temos só duas lixeiras no campus, rejeitos e recicláveis, nós adotamos essas duas apesar de não ser orientação institucional. porque na prática não faz sentido ter mais lixeiras pois era inviável coletar. (Entrevistado B-G2)

[..] fizemos muitas coisas, temos por exemplo as duas lixeiras para reciclável e rejeitos, tem as coloridas nos corredores, tinha cinco, mas a gente diminui para três , rejeito, reciclável e orgânico. São muitas cores que confundem. (Entrevistado C-G2) [...] nós temos duas lixeiras apenas, trocamos o padrão de lixeira do campus, ninguém sabe as cores, é muita informação. No campus tem a verde e marrom, tudo que vem da terra é na marrom e a verde é a reciclável, fizemos etiquetas que explicam o que vai nos lixos, fica na frente da lixeira para pessoa ler rapidamente em qual lixo vai. (Entrevistado E-G1)

[...] temos a separação do lixo em três etapas: rejeito, lixo orgânico e reciclável. (Entrevistado D-G2).

Na análise dos relatos, não há como identificar se as alterações das cores e das quantidades de lixeiras são reflexos das limitações e resistências às mudanças, conforme constatado por Bizerril, Rosa e Carvalho (2018). Ou reflexo da inexistência de conexão entre o método de implementação e a ferramentas de avaliação e acompanhamento da gestão da sustentabilidade (POPESCU; BELEAUA, 2014; AMARAL; MARTINS; GOUVEIA, 2015, BIZERRIL; ROSA; CARVALHO, 2018).

No decorrer das entrevistas ocorreram críticas com relação as iniciativas, exemplos: falta de apoio, orientação e capacitação, acompanhamento das ações e comissões, ações isoladas e falta de pessoas para fazer ações estratégicas, conforme ilustram as falas a seguir:

[...] atualmente não tem uma orientação específica, mas nós atendemos o que existe. (Entrevistado A-G2)

[...] a gente meio que não pratica, estamos trocando seis por meia dúzia.[...] no trabalho do PAT, se preocupa com o valor do projeto, quanto vai ser executado, os coordenadores dos projetos não dão importância para os objetivos, as iniciativas estratégicas, [...] a gente não está capacitado para isso, a gente não tem uma boa capacitação para saber os objetivos na teoria e não prática no que se realiza no campus. (Entrevistado A-G1)

Eu não sei te dizer [..].eu sei que foi feito uma licitação para retornar as lâmpadas, mas deu deserta...então eu vejo que se tenta fazer as ações, mas a burocracia não ajuda. (Entrevistado D-G2)

[...] antes tinha uma comissão central, e nosso campus foi bem atuante no início. Hoje não tem mais acompanhamento, a comissão central eu não sei quem é. Devido a demanda de trabalho, e como não foi se reciclando, a efetividade da comissão foi acabando. [ ...] a gente não tem mais equipe para fazer ações estratégicas, são ações isoladas, hoje não tem equipe fim para as ações. [...] eu não sei se foi extinta a comissão central, antes tinha uma [...], mas a falta de ações cotidianas, caiu no esquecimento e deixou de ser prioritário. Outros fatores também interferiram, como por exemplo, os cortes, tivemos que dar mais atenção para as reduções dos contratos para manter o campus em funcionamento e a sustentabilidade ficou de lado. Isso na minha percepção. [...] antes as reuniões dos chefes DAM era tema de pauta os casos de sucessos, mas agora não falamos mais [...], mas as ações básicas como a reciclagem e a coleta de óleo usado se manteve, porque tinham pessoas envolvidas. (Entrevistado A-G2)

Os relatos citados apenas reforçam o entendimento de que a falta de integração entre as partes estratégicas do sistema da IES pode ser uma das razões pelas quais a gestão da sustentabilidade ainda está longe se tornar uma prática perene (POPESCU; BELEAUA, 2014; AMARAL; MARTINS; GOUVEIA, 2015) no IFSC.

Entretanto, observa-se de um modo geral, pela percepção das comissões, que a dimensão Operações do campus foi integrada na gestão da sustentabilidade do IFSC, em harmonia com algumas ações citadas por Cortese (2003), Lozano (2003), Lozano et al. (2013), Disterheft et

al. (2016), Guerra et al. (2018) e Berchin (2017) exemplos: racionamento da energia,

gerenciamento dos resíduos sólidos, racionamento e reutilização da água, compras de alimentos com processos sustentáveis, redução de documentos impressos, programas de incentivo para redução de resíduo e construção de edifícios sustentáveis.