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Para a resposta a este ponto do despacho foi entendimento do GT ter em conta o conteúdo do despacho nº 2976/2014, de 21.2, que procedeu à alteração da organização interna das ARS,IP, definindo o modelo das unidades funcionais que asseguram as suas novas atribuições em matéria de intervenção nos comportamentos aditivos e dependências, passando a integrar as unidades de intervenção local, nomeadamente, os centros de respostas integradas, as unidades de alcoologia, as unidades de desabituação ou as comunidades terapêuticas, salvaguardando as suas funções essenciais, reforçando a capacidade de intervenção e da disponibilidade dos meios necessários, explorando sinergias e maximizando a integração de esforços.

Estas unidades são responsáveis, dentro do seu âmbito territorial, e de forma articulada, pelas áreas de intervenção da prevenção, da redução de riscos e minimização de danos, do tratamento, e da reinserção de utentes com comportamentos aditivos e dependências de substâncias psicoativas lícitas ou ilícitas, de acordo com as orientações da respetiva Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (DICAD). Por sua vez, o despacho que determinou a constituição deste grupo de trabalho, atribuiu-lhe o objetivo de avaliar a situação da prestação de cuidados e das necessidades na área da saúde mental, atendendo à forma como os recursos se encontram distribuídos entre as várias regiões do País, entre o internamento e as respostas em regime ambulatório, incluindo problemas associados ao álcool e drogas e, em particular, estudar a forma de proceder e propor um calendário para a integração dos Centros de Resposta Integrados (CRI) na estrutura dos ACeS e das Unidades de Alcoologia e das Unidades de Desabituação em instituições hospitalares, sendo omisso em relação às comunidades terapêuticas.

Assim, o GT procurou aferir da possibilidade dessa integração, do seu modus faciendi, mas também proceder à análise e oportunidade da mesma, tendo sido elaborada uma análise SWOT e um calendário constantes em anexo a este relatório.

6.1. Centros de Respostas Integradas

No que aos Centros de Respostas Integradas respeita, a definição daquelas unidades constantes do artigo 3.º supracitado despacho, estabelece que são unidades a quem compete a execução dos programas de intervenção local, no que respeita à prevenção de comportamentos aditivos e dependências, bem à prestação de cuidados integrados e globais a utentes com comportamentos aditivos e dependências de substâncias psicoativas lícitas ou ilícitas, segundo as modalidades terapêuticas mais adequadas, em regime de ambulatório, com vista ao tratamento, redução de riscos, minimização de danos e reinserção, bem como à sua referenciação.

A análise efetuada pressupôs a validade do modelo de respostas integradas em Portugal para o tratamento dos comportamentos aditivos e dependências, avaliado por entidades externas e que colocou Portugal num lugar cimeiro a nível internacional nesta matéria. Sendo, pois, desejável a manutenção desta abordagem biopsicossocial multidisciplinar assente naquele modelo.

Por seu turno, sendo os CRI’s o vértice caraterizador e aglutinador do modelo, sem prejuízo das demais unidades (as de desabituação e alcoologia no domínio dos cuidados agudos, e as comunidades terapêuticas, no domínio dos cuidados de mais longa duração) concluiu o GT que o ponto fundamental da escolha a fazer quanto àquela integração nos ACeS seria o de garantir a preservação deste modelo, com a sua abordagem específica e que,

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sendo formalmente possível essa sua integração, o contexto atual não recomenda essa integração, tornando-a inoportuna.

Na verdade, aquela integração poder-se-ia implementar através da criação de novas unidades funcionais nos ACeS, porém, a recente integração nas ARS, com o um conjunto de processos de integração ainda em curso e consolidação, acompanhado da inexistência de recursos para as reproduzir em cada ACeS, a que se junta a redução da casuística a cometer a cada uma daquelas unidades tornaria a medida ineficiente. Com efeito, seriam necessários mais recursos que, porventura, seriam utilizados duma forma menos eficiente e com menos qualidade.

Determinante para esta conclusão, foi o risco identificado de possibilidade de desintegração da resposta assistencial. Não menos importante, é a circunstância de no atual estado de evolução civilizacional persistir ainda um significativo estigma social quanto aos doentes com comportamentos aditivos e dependências que pode limitar a efetividade da resposta pelas inibições provocadas nos utentes e por uma eventual resistência das unidades não especializadas no tratamento dos mesmos.

Não obstante essa conclusão, constatou o GT que existem oportunidades de melhoria no processo de integração assistencial e que podem ser adotadas, sem custos acrescidos e em benefício da harmonização da prestação dos cuidados de saúde de pessoas com comportamentos aditivos e dependências. Assim, analisado o estado, iniciativas e necessidades de aprofundamento da integração assistencial em curso, concluiu o GT pelo interesse em empoderar essas iniciativas, bem como harmonizá-las no contexto nacional e definir um calendário para as mesmas.

6.2. Unidades de Desabituação e de Alcoologia

Situação diversa terá as estruturas que incluam prestação de cuidados de internamento, seja de situações do âmbito da alcoologia, seja da dependência de substâncias psicoativas lícitas ou ilícitas.

Estas, devem articular-se com os CRIs, inseridos na respetiva rede de referenciação, mas deverão funcionar em estabelecimentos em que estejam garantidos todos os requisitos de eficiência e de segurança do doente, nomeadamente no que respeita ao apoio e responsabilidade técnicas.

Estes internamentos, configurando episódios em fase aguda da doença, à semelhança do que sucede com a área da saúde mental, deverão ocorrer, tendencialmente, em hospitais gerais, podendo, no entanto, estar localizados em estabelecimentos hospitalares especializados de psiquiatria, num e noutro caso constituindo unidades especializadas, tecnicamente autónomas.

Às unidades de alcoologia compete prestar cuidados integrados em regime de internamento, sob responsabilidade médica, a utentes com síndrome de abuso ou dependência de álcool, e apoiar a atividade de intervenção dos centros de respostas integradas na área de alcoologia, enquanto unidades especializadas.

Às unidades de desabituação compete realizar tratamentos de síndrome de privação em utentes dependentes de substâncias psicoativas lícitas ou ilícitas, sob responsabilidade médica, em regime de internamento.

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Merecedores de especial atenção são os internamentos de utentes que apresentam co morbilidades, de natureza física ou mental, os quais deverão ocorrer igualmente em estabelecimentos hospitalares em que estejam garantidos todos aqueles requisitos, mormente a assistência na ou nas especialidades em causa.

Questão importante será a conjugação do binómio proximidade/especialização, condicionada por razões de escala, cuja solução poderá passar pela existência em cada região de mais de uma daquelas unidades, e/ou o recurso a camas de internamento afetas a esta função, em serviços de psiquiatria ou de medicina, de hospitais gerais.

6.3. Comunidades Terapêuticas

Também distinta é a situação das comunidades terapêuticas destinadas a utentes dependentes de substâncias psicoativas lícitas ou ilícitas, às quais compete prestar cuidados aos que necessitem de internamento prolongado, com apoio psicoterapêutico e socio terapêutico, sob supervisão psiquiátrica, cuja natureza e duração do internamento, em geral voluntário, programado e longo, se enquadram no conceito de unidades de cuidados de longa duração (ou continuados), ainda que igualmente especializadas, a criar no âmbito da rede de cuidados continuados de saúde mental.

Em qualquer destes casos, estas unidades deverão estar inseridas na Rede de Referenciação / Articulação no âmbito dos Comportamentos Aditivos e das Dependências, por sua vez articulada com as Redes de psiquiatria e saúde mental (do adulto e da infância e adolescência).

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