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INTEGRAÇÃO DOS FRAMEWORKS DE MELHORES PRÁTICAS DE TI

4. RESULTADOS

4.3 APLICAÇÕES DOS METAMODELOS DA METODOLOGIA METAFRAME

4.3.4 INTEGRAÇÃO DOS FRAMEWORKS DE MELHORES PRÁTICAS DE TI

A integração dos frameworks de melhores práticas de TI é um dos desafios que podem ser superados com a aplicação dos metamodelos. Uma organização que queira usar concomitantemente os frameworks CobiT e eSCM poderá utilizar os seus metamodelos para descobrir quais são os seus pontos de integração ou conexão. Esta integração vai possibilitar uma utilização conjunta mais harmônica e efetiva dos frameworks.

A análise e comparação dos componentes e estrutura lógica dos metamodelos da metodologia MetaFrame orientam e suportam a integração dos frameworks de melhores de TI. A partir das análises e comparações descritas nos tópicos 4.3.1 e 4.3.3, é possível a construção do metamodelo de integração entre os

frameworks. O objetivo do metamodelo de integração é o de representar os

componentes e a estrutura lógica dos metamodelos que podem ser tratados como equivalentes ou semelhantes, ou seja, como conceitos sinônimos.

O esforço para integrar os diferentes frameworks através dos conceitos e estruturas semelhantes do metamodelo é compensado por vantagens para a organização, por exemplo, de uma maior efetividade na utilização de recursos e implantação de melhores práticas. Desta forma os gestores terão uma visão mais clara dos componentes e estruturas que podem ser compartilhadas pelos

frameworks integrados, orientando para uma implantação melhor planejada.

Por exemplo, tanto o CobiT quanto o eSCM requerem a utilização de diversos tipos de recursos para a implantação e manutenção dos seus processos e práticas. O metamodelo de integração mostra os recursos da organização, que terão de ser compartilhados pelas melhores práticas dos dois frameworks, como um componente único, contribuindo para a uma representação e uso mais efetivos dos recursos da organização.

Um outro exemplo de vantagem da integração dos metamodelos dos

frameworks é o da representação das melhores práticas de TI em um só

componente. Isto favorece a reutilização de práticas entre os diferentes frameworks, evitando a custosa redundância de atividades semelhantes.

O ponto de partida para a integração dos frameworks através dos metamodelos é a própria construção do metamodelo de cada framework que será integrado. O presente trabalho de pesquisa desenvolveu a metodologia MetaFrame

com o objetivo de orientar a integração dos metamodelos. Esta primeira etapa do processo de integração é descrita no tópico 4.1, que descreve a metodologia MetaFrame, e é exemplificada com os metamodelos dos frameworks CobiT 4.1 e eSCM (SP 2.01 e CL 1.1) nos tópicos 4.2.1 e 4.2.2.

O segundo passo para a integração é realizado através dos processos de análise e comparação dos metamodelos. Propostas das atividades de análise e comparação dos frameworks através dos metamodelos são descritas e exemplificadas nos tópicos 4.3.1 e 4.3.3. No processo de análise são estudados em detalhes os componentes e estrutura lógica dos relacionamentos de cada

framework. O processo seguinte, o de comparação entre os metamodelos, é

fundamental para descoberta dos componentes e estruturas lógicas equivalentes ou bastante semelhantes entre os frameworks. Portanto o processo de integração dos metamodelos depende totalmente da descoberta dos conceitos sinônimos, ou seja, dos conceitos equivalentes ou bastante semelhantes entre os frameworks, realizada no processo de comparação.

A listados componentes do metamodelo que serão comparados é sugerida na comparação CO3, descrita no quadro 29 e exemplificada no quadro 32. A comparação entre todos os componentes desta lista é sugerida na comparação CO5, descrita no quadro 29 e exemplificada no quadro 34. Para cada conceito e definição de tipo entidade de um metamodelo é feita a comparação com o conceito e definição do tipo entidade do outro metamodelo que se quer comparar.

Na comparação CO5, os componentes são classificados como sinônimos (conceitos diferentes mas com o mesmo significado ou significado muito semelhante), homônimos (conceitos iguais mas com diferentes significados) e componentes exclusivos de cada metamodelo. O quadro 34 fornece um exemplo desta comparação, usando os frameworks CobiT e eSCM, listando e justificando os componentes que são sinônimos e os exclusivos de cada framework. Não existem componentes homônimos neste exemplo.

A descoberta dos componentes sinônimos é feita através da análise e comparação dos conceitos e definições presentes no dicionário de dados do metamodelo. O dicionário de dados contém as definições detalhadas de cada conceito significativo do framework na forma de componentes do metamodelo. Possui também, para cada componente, os conceitos e definições dos seus atributos e relacionamentos com outros componentes. Com todas estas informações

o dicionário de dados fornece os critérios para que sejam comparados e classificados os componentes do metamodelo. O quadro 34 contém seis exemplos de análise comparativa entre os conceitos ou componentes sinônimos dos

frameworks CobiT e eSCM.

As definições presentes nos dicionários de dados dos metamodelos são procedentes dos guias oficias dos frameworks de melhores práticas de TI, respeitando a metodologia MetaFrame. Mesmo para os componentes semelhantes de diferentes frameworks estas definições podem estar escritas em formatos e contextos diferentes. Portanto é fundamental, para que sejam percebidas as semelhanças entre os conceitos, que os profissionais responsáveis pela construção do metamodelo de integração tenham experiência no uso dos conceitos do domínio dos frameworks de melhores práticas de TI. Por exemplo, o conceito Processo e o conceito Prática podem ser definidos de forma diferente nos dicionários de dados do CobiT e eSCM, mas o profissional experiente no domínio dos frameworks de melhores práticas de TI sabe que ambos os conceitos representam o mesmo componente, ou seja, são as melhores práticas de TI de cada framework. Classifica- se deste modo que os dois conceitos são sinônimos e que podem ser integrados.

A questão da definição dos conceitos sinônimos e homônimos entre os

frameworks pode ser simplificada com o desenvolvimento de um dicionário comum

de conceitos dos frameworks de melhores práticas de TI, contendo quais são os conceitos sinônimos e homônimos. Este dicionário de conceitos de domínio seria baseado nos glossários que geralmente estão presentes nos guias oficiais de cada

framework. Porém, ainda não existe tal dicionário e este não é o objetivo desta

pesquisa. Isto não impede que uma comparação seja feita baseada nos conceitos definidos nos guias oficiais e nos seus glossários particulares.

Uma outra abordagem mais atual para minimizar os problemas dos conceitos sinônimos e homônimos, facilitando a integração de conceitos, é a da criação de uma ontologia para o domínio dos frameworks de melhores práticas TI. As ontologias representam uma especificação formal de conceitos compartilhados dentro de um domínio. São formadas por hierarquias de entidades, suas instâncias e seus relacionamentos, restrições, axiomas e terminologia associada. Porém, também não existe uma ontologia desenvolvida para o domínio, assunto ou área de conhecimento dos frameworks de melhores práticas de TI. Este estudo exige dos

pesquisadores o conhecimento dos conceitos de grande parte dos frameworks existentes.

Um dos resultados futuros da aplicação da metodologia MetaFrame em um grande número de frameworks de melhores práticas de TI será a criação de diversos dicionários de dados, que poderão ser integrados através das análises comparativas propostas neste trabalho de pesquisa. Deste modo se caminhará para a descoberta dos componentes comuns entre os frameworks e a criação de um metametamodelo, ou seja, um modelo com os conceitos formadores dos metamodelos. O metametamodelo é uma abordagem para a integração dos frameworks, que poderá surgir a partir da criação dos metamodelos com a metodologia MetaFrame. Nesta abordagem, cada framework de melhores práticas de TI é uma instância do metametamodelo.

No exemplo apresentado no quadro 34, os tipos entidade semelhantes são integrados em um único componente, cujo nome guarda os nomes dos componentes originais separados por uma barra “/”. Se os componentes originais possuírem o mesmo nome então o novo componente integrado recebe apenas um dos nomes (caso do tipo entidade Papel). O quadro 35, apresentado a seguir, apresenta um resumo dos componentes semelhantes ou sinônimos entre os dois

frameworks e seus relacionamentos com outros componentes.

Quadro 35: Componentes semelhantes dos frameworks CobiT e eSCM.

Tipos Entidade CobiT / eSCM 1. Processo de TI / Prática

2. Atividade Chave / Atividade Principal

3. Entrada e Saída genérica / Produto de Trabalho 4. Recurso de TI / Recurso

5. Papel

Tipos Relacionamento CobiT / eSCM

Tipo entidade 1 Tipo relacionamento Tipo entidade 2

Processo de TI / Prática requer e entrega / é requerida e entregue por Entrada e Saída genérica / Produto de Trabalho desenvolve / é criado por

Processo de TI / Prática é dividido em / compõe Atividade Chave / Atividade Principal contém / suporta,

documenta e implementa

Atividade Chave / Atividade Principal

é realizada por / é

responsável por Papel designa / é atribuído por

Para representar o metamodelo de integração também é utilizada a representação seguida pela metodologia MetaFrame, com a adição de áreas específicas para os frameworks e para a integração. Na organização do desenho do metamodelo de integração é criada uma área específica para cada metamodelo dos

frameworks e uma área para os componentes integrados. Portanto, o metamodelo

de integração de dois frameworks possuirá três áreas. O framework mais abrangente, de acordo com a comparação CO1 do quadro 29, aparece na parte superior do metamodelo de integração. A área de integração, com os componentes comuns dos frameworks, fica na parte central do metamodelo de integração. O

framework menos abrangente fica na parte inferior do metamodelo de integração.

Utilizando-se a comparação CO5 do quadro 29 são encontrados seis tipos entidade semelhantes entre os frameworks CobiT e eSCM. A maioria destes tipos entidade possuem nomes diferentes mas com significados semelhantes, ou seja, podem ser tratados como nomes ou conceitos sinônimos. No metamodelo de integração os tipos entidade semelhantes formam um único tipo entidade. O nome deste novo tipo entidade é composto dos nomes dos tipos entidade originais para que seja facilmente identificado quais os tipos entidade estão sendo integrados.

No trabalho de comparação também foram considerados os atributos e tipos relacionamento associados aos seis tipos entidade semelhantes. Constata-se a presença de atributos e tipos relacionamento semelhantes entre os tipos entidade semelhantes dos frameworks. No metamodelo de integração, para uma melhor representação da riqueza semântica dos componentes, foram mantidos os tipos relacionamento sinônimos de cada framework. O quadro 35 resume os tipos entidade e tipos relacionamento semelhantes encontrados na comparação.

De acordo com o processo de integração explicado anteriormente é representado na figura 48 o metamodelo de integração dos frameworks CobiT 4.1 e eSCM (SP 2.01 e CL 1.1).

Figura 48: Integração dos metamodelos do CobiT e eSCM . Fonte: o Autor.

Pode-se observar, a partir do metamodelo de integração, que os frameworks de melhores práticas de TI, CobiT e eSCM, possuem entre si importantes componentes comuns. Os processos/práticas, atividades, papéis, níveis de maturidade/capacidade, produtos e recursos destes frameworks são vistos de forma integrada, podendo trazer, dentre outras, as seguintes vantagens para a organização:

• Melhor gerenciamento dos recursos utilizados.

Melhor visão da colaboração entre os frameworks através de seus componentes comuns.

Melhor visão de oportunidades de adaptação dos frameworks para otimizar a sua utilização.

• Melhor mapeamento e utilização dos processos/práticas, atividades e produtos que são equivalentes ou semelhantes, evitando a redundância de implementação.

• Atribuição de papéis mais efetiva.

O mapeamento entre os componentes dos metamodelos dos frameworks, realizado no processo de comparação, pode ser considerado como um mapeamento de alto nível (nível do metamodelo). O presente trabalho de pesquisa utiliza este mapeamento para orientar a integração dos frameworks através do metamodelo integrado.

As organizações, criadoras de frameworks como o CobiT e o eSCM, ainda não incluem em seus guias oficiais os metamodelos dos seus frameworks, muito menos um metamodelo de integração. Encontram-se, nos guias oficiais destes

frameworks, apenas o mapeamento de baixo nível (nível do modelo) ou detalhado.

No mapeamento detalhado entre estes dois frameworks temos a lista de práticas do eSCM, agrupadas em áreas de capacidade, que são atendidos pelos processos do CobiT. No quadro 14 do tópico 2.3.4, temos um exemplo deste tipo de comparação ou mapeamento detalhado entre os processos do CobiT e as práticas do eSCM-SP, agrupadas por área de capacidade.

A combinação da comparação ou mapeamento de alto nível dos componentes do metamodelo com a comparação ou o mapeamento detalhado (nível

do modelo) fornecido pelos guias oficiais, possibilita a uma orientação top-down para alcançar uma integração mais efetiva entre os frameworks.

A comparação de alto nível, fornecida pelo metamodelo de integração, orienta para as adaptações e integrações na estrutura lógica e semântica dos frameworks. A comparação detalhada contribui orientando para uma implementação mais otimizada das instâncias dos componentes do metamodelo (geralmente os processos/práticas), procurando a colaboração entre os frameworks através da reutilização destes componentes. Por exemplo, as práticas do eSCM que já são atendidas pelos processos do CobiT não necessitariam ser implementadas.

Recomenda-se que a integração de dois ou mais frameworks de melhores práticas de TI em uma organização sigam ordenadamente os seguintes passos:

1. Criação dos metamodelos de cada framework segundo a metodologia MetaFrame.

2. Comparação entre os metamodelos de cada framework. 3. Criação do metamodelo de integração dos frameworks.

4. Mapeamento detalhado dos elementos ou instâncias dos componentes comuns do metamodelo de integração dos frameworks.