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2. Nação e Etnia

2.2. A Realidade Balcânica e a crise das identidades

2.2.3 Integração Europeia dos Balcãs

Durante muito tempo, desde o início do séc. XIX, os Balcãs representam uma parte específica do continente europeu, uma região com tempo histórico confuso. A península fica longe de importantes processos na Europa, como por exemplo, o Renascimento, o aparecimento da ideia do Estado-Nação, a criação dos modernos Estados-Nação da Europa, a Revolução Industrial, etc. Este atraso no

desenvolvimento dos povos balcânicos marcou toda a história deles nos últimos dois séculos.

O caminho dos povos balcânicos para a época moderna passa pela fundação de Estados-nação. Por esta razão a comunidade internacional considerou um facto normal o aparecimento de novos estados na região no final do séc. XX e no início do séc. XXI. A questão é se hoje a criação de Estados-Nação tem o mesmo significado que nos séculos XVIII e XIX.

O desmembramento dos estados multinacionais, como a Republica Jugoslava e a URSS foi seguido pelo reconhecimento de novos Estados dentro das já existentes fronteiras administrativas. Estas fronteiras não seguem nenhum princípio etno- nacional, mas foram criadas com objectivos políticos. Assim as novas fronteiras internacionais foram inaceitáveis para muitos povos e isto provocou a criação de novos estados dentro dos já existentes.

Num momento quando as Comunidades Europeias se estavam a transformar em União Europeia, quando se estava a consolidar o princípio supra-nacional, nos Balcãs apareceu uma nova onda nacionalista. No dinamismo das mudanças apareceu uma falta de sincronia entre o nacionalismo não vivido e o novo princípio europeu.

No mesmo momento em que os países da Europa Ocidental concediam cada vez mais poderes a estruturas supranacionais, os países balcânicos tornavam-se cada vez mais soberanos e nacionalistas.

Assim mais uma vez os Balcãs não conseguiram inserir-se no tempo histórico concreto e perderam uma oportunidade de se integrar às tendências dominantes da Europa a tempo. A Europa Ocidental também tomou medidas para prevenir a penetração de problemas balcânicos, que podiam pôr em causa o projecto de unificação da Europa. Tudo isto tornou mais difícil o processo de integração europeia.

Depois de certos receios em relação aos Balcãs, a UE decidiu, nos anos 90 do século passado, dar “perspectivas europeias” aos países da região. Assim foi criado o Pacto de Estabilidade da Europa Sudeste.

Apesar das dúvidas e receios da UE, no contexto de transformações radicais no sistema internacional, foram realizadas grandes mudanças na parte mais agitada e

com mais conflitos no continente. As reformas políticas e económicas em diferentes países, as novas tendências no desenvolvimento da situação da região, garantem que está a ser ultrapassada a fama passada da região e a consolidação da perspectiva da sua transformação em parte integral das estruturas europeias.

Não há dúvida que sem a integração dos Balcãs no projecto europeu, ele não vai ser terminado. A europeização dos Balcãs é um facto. Todas as mudanças na região, a aplicação dos assim chamados princípios e normas europeus com a sua integração no Conselho de Europa, o alargamento da UE com a integração da Eslovénia, da Bulgária e da Roménia. A Croácia, a Turquia e a Macedónia têm o estatuto de países candidatos. O Processo de Estabilização e Associação dos países dos Balcãs Ocidentais também está a avançar, sendo que todos os países da região estão constantemente a declarar a sua vontade de serem membros da UE.

Por outro lado, depois do Conselho Europeu em Salónica em 2003, a UE também está a confirmar as suas obrigações em relação à futura integração da região, caso os países candidatos cumpram as condições necessárias.

Apesar das tendências positivas, os diferentes países encontram-se em etapas diferentes no seu caminho para a integração na EU. Alguns dos países ainda têm economias fracas, o poder do estado é frágil, pouca eficiência na assimilação das ajudas financeiras. Existem muitas razões para insegurança. Ainda existe a possibilidade de Europa ser balcanizada. A última guerra na Europa estava a acontecer precisamente nos Balcãs. Existiam protectorados e países com estatutos ainda não esclarecidos como é o caso do Kosovo.

Os receios em relação à integração da Turquia também são um ponto muito delicado na integração dos Balcãs, visto que a UE não pode aplicar o mesmo tipo de negociações com este país como com os outros países da região, seja por razões estratégicas, históricas, culturais ou religiosas.

Sem dúvida a maior prova para a UE são os processos na ex-Jugoslávia. É paradoxal, mas a UE, que é o portador do princípio supranacional, compromete-se com a consolidação de novos Estados Nacionais na Europa.

Por outro lado a cada vez maior importância da região da Europa Sudeste e do Mar Negro do ponto de vista energético pressupõe uma maior interdependência nesta parte do mundo.

Neste momento na política de cooperação regional de todos os países da Europa Sudeste domina a orientação europeia. Todos estão de acordo que para diminuir os riscos na região é preciso aumentar a sua compatibilidade com o que está a acontecer no espaço comum europeu. Segundo a Declaração de Sófia de Boa Vizinhança, Estabilidade, Segurança e Cooperação nos Balcãs, assinada pelos ministros de assuntos exteriores dos países de Europa Sudeste em Julho de 1996 na capital búlgara, a cooperação entre os países da região é o caminho para a sua integração plena nos processos europeus.

Desde a desagregação da ex-Jugoslávia que a estabilidade dos Balcãs Ocidentais constitui um importante objectivo da UE. De acordo com Javier Solana, um dos principais objectivos estratégicos da União consiste em contribuir para a “estabilidade e boa governação da nossa imediata vizinhança”. Este compromisso, combinado com a entrada da Eslovénia na UE em Maio de 2004 e o reconhecimento da Croácia e da Macedónia como países candidatos à adesão (Junho de 2004 e Novembro de 2005, respectivamente), encorajou as aspirações destes estados em tornarem-se futuros membros da UE.