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A inclusão tem sua origem no termo inglês “full inclusion” e é uma denominação recente que substituirá o conceito de integração. Para as pessoas que defendem a filosofia inclusiva como uma chave importante para democratizar a educação, elas sustentam que a inclusão é mais que integrar.

Para Gorgatti e Da Costa (2005, p. 19)

Participar de um processo inclusivo é estar predisposto a considerar e a respeitar as diferenças individuais, criando a possibilidade de aprender sobre si mesmo e

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sobre cada um dos outros em uma situação de diversidade de idéias, sentidos e ações.

Para Winnick (2004, p. 11) “O termo inclusão designa a educação de alunos portadores de deficiência num ambiente educacional regular”. Somente deve-se fazer presente, que a palavra, portador, já não é mais utilizada.

A premissa de base da perspectiva inclusiva propõe que crianças com deficiência sejam educadas na medida do possível, junto com crianças sem deficiência. Este movimento foi apoiado por pessoas que acreditam que a educação segregada não era igualitária e que o ambiente no qual se implantam programas educacionais constituem uma influência significativa sobre os resultados esperados. As experiências práticas na sua grande maioria validam esta hipótese.

Desta maneira se propõe um passo importante ao aceitar crianças na escola, como ocorria nos projetos de integração, sem adaptar as condições em níveis de desempenho e possibilidades de todos e de cada um deles, oferecendo distintas alternativas de trabalho. Significa aplicar corretamente uma metodologia inclusiva onde todos deveriam participar, porque haveria uma seleção adequada de tarefas motoras de acordo com todos os níveis de resposta de todos os estudantes, incluindo os de mais baixo e os de mais alto nível de desempenho e não só para a média do grupo, como ocorre geralmente.

Este desafio para os profissionais que trabalham em AMA inclui passar de um conceito em que “todos somos iguais” a “todos somos diferentes” e, portanto buscar uma transformação de práticas segregadoras a práticas inclusivas, especialmente na escola.

Em efeito as propostas de adaptação muitas vezes de maneira inconsciente, levam a utilizar metodologias, mas principalmente procedimentos avaliativos e resultados esperados em atletas com deficiência, muito perto aos resultados esperados em atletas sem deficiência.

De fato, nas aulas de educação física nas escolas, costumam ser muito poucas as crianças (sem deficiência) que praticam um esporte de maneira regular, principalmente por ser apresentado e dirigido por técnicos e professores como uma possibilidade “só para os que podem”.

Desta forma se perde uma oportunidade valiosa de utilizar a educação física escolar e os esportes na infância como uma potente possibilidade de inclusão, pelo

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contrário, seja por desconhecimento, por negligência ou carência de reflexão, a educação física escolar, muitas vezes e de maneira lamentável se transforma em uma instância de frustração, sofrimento e exclusão.

Para Daolio (2010, p. 89) “Somente os alunos mais habilidosos gostam das aulas de educação física e praticam algumas modalidades. Os menos habilidosos não tem chances nas aulas e, muitas vezes, acabam detestando os esportes”

Daolio (2010, p. 90) continua afirmando que a

A educação física tradicional parte da consideração que os alunos são todos iguais e procura destacar o diferente, o mais hábil entre todos. A educação física plural parte da consideração de que os alunos são diferentes e que a aula, para alcançar todos os alunos, deve levar em conta essas diferenças. A pluralidade de ações implica aceitar que o que torna os alunos iguais é justamente sua capacidade de se expressar diferentemente.

De acordo com Rodrigues (2006, p. 73):

As relações sociais estão intimamente fundadas nas concepções de mundo e de homem. A inclusão e a exclusão são situações que ocorrem em decorrência dos saberes que pautam as relações sociais. Pode-se afirmar então que a inclusão está imbricada no conhecimento que o ser humano tem de mundo e de homem.

Por isto é possível afirmar que as pessoas com deficiência têm o desafio diário de superar as dificuldades em sua relação com o meio ambiente, mas seu desafio maior tem que ver com as outras pessoas, com “os normais”, que dependentes da concepção de homem mundo e de sociedade, serão mais ou menos inclusivos.

Daolio (2010, p. 82 ) diz que:

Se a biologia diz que os homens são semelhantes a pesar de suas diferenças, a antropologia afirma que os homens são diferentes a pesar de suas semelhanças. A educação física poderia se valer de alguns conceitos de antropologia para resolver sua dificuldade histórica em lidar com as diferenças em suas aulas.

Finalmente e como resumo deste da revisão de literatura, pode-se destacar a importância e contribuições, ao longo da história, do modelo biomédico. Mas ao mesmo tempo, pode-se assinalar como um enorme passo ao futuro, as contribuições das ciências humanas, que têm ajudado a olhar desde outra perspectiva, as necessidades educativas especiais. Ou melhor entendido, nos ajudam a recordar o essencial, nos fazem lembrar que, antes de tudo, somos seres humanos.

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4 MATERIAL E MÉTODO

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Bioética da Universidade de Bio-Bio, Chile, na data de 25 de junho de 2012. Este estudo se caracteriza como descritivo, segundo Thomas e Nelson (2002, p. 280), que afirmam que “o seu valor está baseado na premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio da observação, análise e descrição objetiva e completa”.

Esta proposição é confirmada por Cervo e Bervian (2002), que citam que a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona feitos e fenômenos sem manipula-los, procurando descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características.

Hernández, Fernández e Baptista (2010, p. 80), assinalam que

[...] os estudos descritivos, buscam especificar as propriedades, as características e os perfis de pessoas, grupos, comunidades, processos, objetos ou qualquer outro fenômeno que se submeta a uma análise. Quer dizer, unicamente pretende medir ou recolher informação de maneira independente ou conjunta sobre os conceitos ou as variáveis a que se referem, isto é, seu objetivo não é indicar como se relacionam estas.

O método escolhido foi o survey, que é uma técnica que procura determinar práticas presentes ou opiniões de uma população específica (THOMAS; NELSON, 2002). No caso deste estudo, entende-se como populações específicas os professores que trabalham nas universidades, dirigindo a disciplina de Educação Física Adaptada.

Cervo e Bervian (2002) afirmam que os instrumentos para coletar dados mais utilizados neste tipo de estudo, são a observação, a entrevista, os questionários e formulários. Por sua parte, Thomas e Nelson (2007, p. 20), indicam: “A pesquisa descritiva faz referência ao “status”. A técnica de pesquisa descritiva mais prevalente é o questionário”. Neste caso foram utilizados questionários.

O desenho do estudo foi não experimental. Hernández, Fernández e Baptista (2010, p. 149), descrevem uma pesquisa não experimental, assinalando que “poderia definir-se como a pesquisa que se realiza sem manipular deliberadamente variáveis. Quer dizer, trata-se de estudos nos quais não se faz variar, em forma intencional, as variáveis independentes para verificar seu efeito sobre outras variáveis. O que se faz na pesquisa não experimental é observar fenômenos tais como se dão em seu contexto natural, para,

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posteriormente analisá-los”. Os desenhos não experimentais podem-se classificar em transversais ou longitudinais.

Para Hernández, Fernández e Baptista (2010, p. 151), um estudo transversal “coleta dados em um só momento, em um tempo único”. Seu propósito é descrever as variáveis e analisar sua incidência e inter-relação em um momento dado. É como tomar uma fotografia de algo que sucede.

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