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3.4 FORMAS DE APROPRIAÇÃO DAS MÍDIAS SOCIAIS PELO JORNALISMO

3.4.3 Interação

Por fim, Rost (2012) traz a interação como outro enfoque do uso jornalístico das mídias sociais. Neste caso, sites e aplicativos como Facebook, Twitter e Instagram são vistos como um ambiente de comunicação entre os veículos e imprensa, leitores, fontes e outros jornalistas.

Para Hermida (2012), a colaboração e participação do público na produção de conteúdo é um dos pontos fortes do uso das mídias sociais no jornalismo. A profissão, que até então era marcada por uma cultura profissional de produção fechada por parte dos próprios atores do campo jornalístico, além de um grande sistema de controle editorial, se vê diante de uma natureza onde o público divide o mesmo poder. “Os jornalistas precisam ser capazes de aprender e entender como as notícias e a informação funcionam em um meio ambiente de

57 O termo foi cunhado, em 2005, pelo pesquisador australiano Axel Bruns para descrever um novo modelo de seleção noticiosa, onde as audiências têm papel ativo na escolha e construção das notícias por meio da atividade de curadoria e avaliação das informações fornecidas.

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Si los medios transmiten sus noticias en forma unidireccional a sus audiencias, los gatewatchers redistribuyen la información a una comunidad de seguidores. Los que tienen mayor influencia se convierten en aliados fundamentales para los sitios de noticias debido a que su participación permite incrementar las visitas.

59 So while a media outlet can increase its reach, this does not necessarily result in a financial return as the activity takes place on a third party rather than on its own web space.

redes sociais, em vez de simplesmente aplicar normas e práticas estabelecidas que podem não ser mais eficazes na comunicação” (HERMIDA, 2012, p.310, tradução nossa60

).

Dentre as três abordagens propostas: recepção, difusão e interação, Rost (2012) considera essa última como a mais inovadora, mas também a mais complexa de se aplicar nas práticas jornalísticas.

É a mais inovadora porque as redes sociais permitem um grau de interatividade comunicativa que reduziu as distâncias entre mídia e leitores, de um lado, e entre fontes e leitores, de outro. O contato com jornalistas e fontes está a um clique de distância e todas as menções no Twitter ou comentários no Facebook tornam mais visível para os leitores, mesmo que isso não garanta uma resposta (ROST, 2012, p.4, tradução nossa)61.

A interatividade nas mídias sociais também é complexa porque faz com que se mudem os modelos de relacionamento com os leitores. Até então, os meios de comunicação mantinham com o público uma interação unidirecional, quase não havia diálogo entre as partes. No contexto das mídias sociais, a relação é diferente, por que o público também tem voz, e, além de deter a informação, tem acesso aos meios para divulgá-la. A interatividade é, assim, mais dialógica, multidirecional e mais ágil.

O autor identifica pelo menos três modelos de interação nas mídias sociais, que mudam de acordo com o grau de reação ou resposta no intercâmbio comunicativo:

a) Modelo unidirecional: Neste caso, o veículo jornalístico difunde de forma unilateral o conteúdo nas redes sociais, mas não responde nenhuma das interações feitas pelos usuários. Como exemplo, temos um perfil jornalístico no Twitter que permite que os usuários respondam seus tweets, mas não interage com essa resposta.

b) Modelo reativo: No caso reativo, o veículo difunde conteúdo e responde os usuários apenas quando este interage em uma menção ou na caixa de comentários, voltando ao caso do perfil jornalístico no Twitter, neste modelo, o veículo responde ao tweet feito pelo usuário.

c) Modelo interativo: Neste modelo, o veículo difunde conteúdo, responde aos comentários e busca de forma proativa uma interação com seu público, através de

60Journalists need to be able to learn and understand how news and information work in a social media ecosytem, instead of simply applying established norms and practices that may no longer be effective in communicating. 61

Es la más novedosa porque las redes sociales permiten un grado de interactividad comunicativa que ha acortado las distancias entre medios y lectores, por un lado, y entre fuentes y lectores, por el otro. El contacto con periodistas y fuentes está a un clic y cada mención en Twitter o comentario en Facebook vuelve más visibles a los lectores, aunque esto no asegure una respuesta.

perguntas, convites para que os usuários participem das pautas, dentre outras ações de interatividade.

No decorrer deste capítulo, foi dissertado diversos pontos a respeito das mídias sociais da internet, com um destaque para as apropriações pelo jornalismo desses espaços de comunicação e interação. As discussões a respeito dos três enforques dos usos das mídias sociais pelo jornalismo são essenciais para entender como ele se apropria das mídias sociais de imagens instantâneas, em especial o Snapchat e Instagram Stories. Essa relação é explorada no capítulo 5, que expõe as narrativas em formato de Stories, suas características e usos pelos veículos jornalísticos. Antes, no capítulo 4, são exploradas as características das ferramentas Instagram e Snapchat.

4 APLICATIVOS DE MÍDIAS SOCIAIS DE IMAGENS INSTANTÂNEAS

O presente capítulo tem o objetivo de explorar as características dos aplicativos de mídias sociais de imagens instantâneas, com foco nos dois apps que são objetos de estudo desta dissertação: o Snapchat e o Instagram. Primeiramente, é introduzido o contexto da cultura dos aplicativos, para entender como o jornalismo têm se inserido no contexto de grande consumo de apps pelos usuários de dispositivos móveis, valendo-se, principalmente, das considerações de Barbosa (2013), Belochio et al. (2017) e Rublescki et al. (2013).

A segunda parte trata, especificamente, dos aplicativos de mídias sociais de imagens instantâneas, trazendo um histórico do surgimento do Snapchat, o pioneiro do tipo, até a consolidação da ferramenta Instagram Stories, no Instagram, segundo os estudos de Barros (2017). É abordada, ainda, a questão da efemeridade no jornalismo de forma geral e como característica dessas duas mídias sociais, a partir das pesquisas de Groth (2011), Fidalgo (2004), Barros (2017) e Vasconcelos (2017). Por fim, explora-se as formas de funcionamento das Stories no Snapchat e Instagram, mostrando as possibilidades e limites das apropriações do jornalismo nestes espaços, aspectos tratados de forma aprofundada a partir da análise empírica dos objetos.