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6.5 APRESENTAÇÃO DAS ENTREVISTAS COM OS CONSUMIDORES DA GANG

6.5.2 Interação com a Gang

Berry, Carbone e Haeckel (2002) afirmam que as experiências ocorrem mediante o encontro dos indivíduos com produtos e serviços de uma empresa. Considerando-se tal definição, quando questionados em relação ao tempo em que interagem com a marca e compram produtos da Gang, todos os entrevistados afirmaram que foi uma relação construída desde a infância, dizendo que compram na Gang há vários anos. Em cidades em que há mais de uma loja, a maior parte dos entrevistados escolhe uma ou duas delas, como sendo as de sua preferência, tanto em relação ao atendimento quanto à localização, preferindo as lojas mais próximas de sua casa e trabalho. Em relação aos entrevistados residentes em cidades em que ainda não há uma loja da Gang, as compras são realizadas em cidades vizinhas, conforme verbaliza a entrevistado 10:

A minha única reclamação é que não tem Gang na minha cidade, porque eu adoro, sempre gostei, há muito tempo que eu compro, existia uma vez Gang aqui, mas isso não é um grande problema, pois eu vou muito pra Santo Ângelo, o meu marido consulta lá, e eu vou sempre na Gang, já comprei no shopping também, mas mais perto é Santo Ângelo (ENTREVISTADO 10).

Já, quando indagados sobre a frequência de compra, observou-se, em as suas exposições, que a compra, na maioria das vezes, não é planejada. Geralmente, eles estão passando pela frente da loja quando algum produto lhes chama atenção, ou, ainda, já existe um ritual de compra construído, de ir à loja de tempos em tempos para conhecer e avaliar as novidades, conforme se constata nas verbalizações a seguir:

“Não tem uma frequência, quando eu preciso de alguma coisa, ou quando eu preciso

comprar algum presente, ou quando estou passando na frente e acho alguma coisa

“Olha se eu estou em Santo Ângelo eu sempre passo na Gang e compro alguma coisa,

ou eu levo um presentinho, porque a minha irmã adora, sempre tem uma blusinha baratinha pra comprar então eu compro muito seguido, da umas duas vezes por mês em média” (ENTREVISTADO 10).

“Sempre que eu estou passando ali no calçadão, aí entro e sempre olhos as roupas e se eu gosto, eu entro ali e eu compro” (ENTREVISTADO 2).

Um fator que incentiva os consumidores a irem até a loja são as promoções que a Gang oferece, o que muitas vezes proporciona, aos consumidores, a efetivação da compra sem

ela ser planejada, é o que afirma o entrevistado 6: “Olha praticamente eu vou todos os meses,

dou uma olhada e vou lá comprar, porque eles estão sempre com promoções, então às vezes tu

já queria comprar uma coisa e ela entrou em promoção, isso facilita” (ENTREVISTADO 6).

Avaliando-se a frequência de compra assinalada nos questionários, mesmo os consumidores que marcaram a opção de frequência anual, durante a etapa de entrevistas, afirmaram que compram mais de uma vez ao ano, mesmo que não precisem de algum produto.

Ao se analisar de que modo os entrevistados efetivam a compra, a maior parte deles dirige-se à loja acompanhada pelos pais - por serem, em sua maioria, ainda dependentes deles - ou junto com amigos, realizando as compras em grupo. Os entrevistados afirmam que levam em consideração a opinião dos pais, amigos namorados (as) e a dos funcionários da loja em relação à escolha dos produtos que venham a comprar, o que pode ser mais bem compreendido na afirmação a seguir:

Eu geralmente vou com a minha mãe, não só na Gang, mas em outras lojas também, vou com ela, ela me ajuda, ela sabe mais do que eu, o que eu preciso. Também vou com meus amigos do colégio quando estamos no shopping, aí a gente acaba ajudando um ao outro, dando opinião (ENTREVISTADO 7).

Um dos pontos de destaque das entrevistas é a importância que os entrevistados dão à opinião e dicas dos funcionários das lojas, que, muitas vezes, agem na condição de

consultores de moda e estilo: “Eu gosto de ouvir a opinião dos atendentes da Gang, eles são

ligados em moda, sabem o que está rolando, e sempre me ajudam, são educados, não ficam empurrando as coisas, na maioria das vezes, eu escuto a opinião deles” (ENTREVISTADO 11).

“Eu não gosto muito que fiquem me empurrando as coisas, eu tenho que gostar e no

final se eu gostar eu levo, a opinião final é minha, mas na Gang eles são legais, respeitam esse limite entre ajudar e ser chato” (ENTREVISTADO 3).

Quanto aos fatores que consideram relevantes ao optar pela Gang em relação a outras marcas, os mais citados durante as entrevistas foram a marca, a qualidade do produto, o preço e o atendimento, conforme verbalizações a seguir:

A marca, a qualidade das roupas, a qualidade dos produtos é muito bom, e também tem o preço, por que em relação às outras marcas, é um produto bom, bonito e barato. Pode se dizer assim, tem lojas que o preço é um absurdo e os produtos não são bons, e lá o preço é bom e os produtos são bonitos (ENTREVISTADO 2). Em Santo Ângelo eu adoro o atendimento das gurias, sabe aquela loja que tu vai só pra dar um oi pra elas, porque elas são muito queridas e eu acho que o preço, porque se tu for em outro lugar, vamos dizer assim em um shopping, e eu estou passeando eu vou na Gang porque é barato, eu adoro o preço (ENTREVISTADO 10).

“Por causa dos atendentes, tem mais variedades também. Tem lojas que tem só um

tipo de produto, na Gang não, na Gang tem vários outros tipos de produtos, e os atendentes

estão sempre ali: aí não tem esse, mas tem aquele, estão sempre nos ajudando”

(ENTREVISTADO 8).

Quando questionados em relação à compra de outras marcas além da Gang, os entrevistados, de modo geral, afirmam que a Gang é sempre a primeira opção. Caso não encontrem o que necessitam na loja, eles partem em busca de outras marcas — Renner, C&A, lojas Marisa, Trópico, Hering, Dzarm, e lojas multimarcas de suas respectivas cidades. Ao serem questionados em relação ao fato de buscarem outras marcas, os entrevistados afirmam que só as procuram quando não encontram os produtos desejados na Gang, ou por opção de seus pais, que compram produtos em outras lojas e preferem que as compras para toda família sejam realizadas em apenas uma loja.

Ao avaliar a loja virtual da marca, alguns entrevistados desconhecem o serviço oferecido pela marca para realizar a compra pela internet e receber o produto em suas casas. A maior parte dos entrevistados assume ter receio em comprar produtos através da internet, tanto pelo medo de fornecerem seus dados quanto por preferirem ver o produto pessoalmente, podendo tocá-lo e experimentá-lo, conforme citação a seguir: “eu não gosto de fazer compras pelo site, de nenhum produto e nenhum lugar, eu gosto de presenciar, ter certeza do que eu

estou pagando, que eu vou receber o meu produto de volta, não arrisco” (ENTREVISTADO

4).

Durante as entrevistas, houve apenas dois casos em que os entrevistados afirmaram já terem comprado produtos da Gang através da loja virtual, e, nestes casos, o resultado final foi

positivo, conforme se constata a seguir: “Comprei, andei comprando, comprei uma camiseta e

minha irmã comprou uns acessórios, umas correntinhas, umas coisas assim, e no final deu tudo certo, chegou direitinho na minha casa, e no prazo estipulado” (ENTREVISTADO 2).

Quanto à proposta de comunicação da marca, os entrevistados a percebem adequada ao seu perfil, por utilizar imagens coloridas, linguagem informal, e em meios convergentes ao utilizados por eles — a internet — dizem os entrevistados 6, 2 e 5:

Eu acho legal porque já vi varias propagandas, várias campanhas, inclusive algumas usaram até o Orkut pra ti enviar fotos, coisas assim, pra poderem colocar as modelos que tiraram as fotos, acho muito legal, porque tem um foco bem jovem (ENTREVISTADO 6).

“Diferente das outras lojas que ficam naquela mesmice de sempre, é um jeito que te

chama atenção, te faz procurar, coisas que estão em evidência, eles buscam pelo jeito deles, tipo um jeito mais jovem de chamar o público, eles conseguem bem, eu acho” (ENTREVISTADO 2).

“Acho a comunicação, as campanhas deles bem legais, falam a língua do jovem, o que eles querem falar, está adequado ao que a gente pensa” (ENTREVISTADO 5).

Alguns entrevistados, principalmente os que residem no interior, chamam a atenção da marca para que, em suas campanhas, se adapte ao contexto da cidade onde eles vivem, conforme verbalização a seguir:

“É bem jovem, acho legal, são coloridas, imagens de jovens, o que eles poderiam

melhorar, é fazer coisas específicas aqui da minha cidade, tipo, divulgar na revista que é

daqui, no jornal que é daqui, isso seria interessante” (ENTREVISTADO 11).