A MEDIAÇÃO PELO OLHAR DA SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
150interações entre atores do mundo do direito que foram baseados em observações das práticas
desse mundo, a partir de uma perspectiva antropológica.
O viés interdisciplinar do trabalho nos permitiu identificar aspectos da mediação e de suas formas de apropriação pelos atores do campo que só foram percebidos e problematizados porque nos desafiamos a efetivar a interação entre os saberes sociológico, jurídico e antropológico, tarefa que deu novos contornos à abordagem proposta.
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ACERCA DE PRECARIZAÇÃO, JUDICIÁRIO E POLÍTICAS PÚBLICAS TRABALHISTAS - BRASIL.
1MARQUES, Maria Celeste Simões Professora Doutora Adjunta no Núcleo de Políticas Públicas em
Direitos Humanos da UFRJ – NEPP-DH. Coordena o Grupo de Estudos Direitos Humanos e Justiça – GEDHJUS/NEPP-DH e participa do Grupo de pesquisa do Laboratório Interdisciplinar de Estudos e Intervenção em Políticas Públicas de Gênero - LIEIG/NEPP-DH, sob a coordenação da Prof.ª Drª. Lilia G. Pougy.
e-mail: mcelmarques@gmail.com
RESUMO
A proposta de pensarmos uma hipotética Política Pública de Enfrentamento à Precarização do Trabalho, desde o combate ao trabalho escravo contemporâneo até as mais sutís outras formas de redução do trabalhador, como diretriz de Direitos Humanos, na cultura popular e institucional de um país, requer, minimamente, uma prática efetiva de todos os agentes envolvidos no processo, quer da sociedade civil ou dos Poderes Públicos.
No caso brasileiro, note-se que os Poderes de Estado, Executivo e Legislativo têm produzido intervenções, de fato, práticas continuadas de uma “reforma trabalhista” em curso, além de se configurarem como promotores da prática de terceirização. A situação não é menos gravosa, inclusive, pelo comportamento do Poder Judiciário, que, demonstra a ausência de conformidade entre o STF e o TST. Mesmo na Justiça Especializada Trabalhista, identificamos alguns julgados que permanecem vinculados ao legalismo e positivismo banalizadores quanto às graves precarizações.
A partir de casos pesquisados, especialmente no que tange a interpretação do princípio da dignidade no trabalho, partimos da premissa da necessidade imperiosa da formação transversal dos agentes judiciários aplicadores das conquistas de Direitos Humanos e na efetivação de Políticas Públicas de Enfrentamento à Precarização no Trabalho, para que seja possível a geração de estratégias capazes de consolidar outro “ethos” na esfera judiciária. Assim, apresentaremos nosso “olhar” para alimentarmos o debate.
Palavras-chave: Precarização; Poder Judiciário2; Políticas Públicas3; Trabalho4; Direitos Humanos5.
INTRODUÇÃO
O GEDHJUS – Grupo de Estudos Direitos Humanos e Justiça, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é um grupo do NEPP-DH – Núcleo de Estudos em Políticas Públicas em Direitos Humanos, integrante do CFCH – Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, que se coaduna com a proposta de uma
1 Tema apresentado no 5º Seminário Interdisciplinar em Sociologia e Direito, UFF/RJ, de 14 a 16 de outubro de 2015, em mesa-redonda. O presente ensaio se configura como uma análise preliminar de experiências e observações no campo sócio jurídico, desenvolvidas a partir do GEDHJUS, do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas em Direitos Humanos - Suely Souza de Almeida (NEPP-DH), integrante do Centro de Filosofia e Ciência
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