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4. Resultados

5.1 Caracterização da Turma Participante

5.1.1 Interesse pela escola e pela disciplina de biologia

No geral, o interesse dos alunos pela escola é reduzido, apesar de alguns manifestarem o seu interesse pelos estudos. Apresentam como maiores obstáculos ao seu dia a dia na escola e nas aulas, os problemas de concentração. Referem também como tendo algum peso, o horário, o relacionamento com os colegas e as dificuldades que apresentam a algumas disciplinas.

A investigadora considera que, no global, os alunos têm demonstrado desagrado relativamente a aspetos de funcionamento da escola, apontando problemas, como por exemplo, as regras estabelecidas para a saída nos intervalos, os horários dos serviços, a limpeza dos sanitários, a estrutura das salas de aula e o funcionamento dos computadores. No geral, têm mostrado que vir para a escola é um “mal necessário”. Alguns alunos

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referiram, por vezes, a vontade de desistir, apontando as dificuldades em atingir resultados satisfatórios. Referiram também a falta de interesse pela área de estudos. Relativamente às suas aspirações para o futuro, cerca de metade dos alunos tem como objetivo trabalhar após a conclusão do 12º ano, ou pelo menos trabalhar durante um tempo. A outra metade tem como objetivo ingressar no ensino superior, havendo a preferência por cursos da área da saúde. Nas conversas estabelecidas em sala de aula nem sempre manifestaram interesse pela área da saúde referindo, no entanto, poder ser uma boa área em termos de saídas profissionais, o que lhes poderá dar motivação. Assim, apesar de não manifestarem interesse pela escola, reconhecem a importância de prosseguir os estudos.

Dizem ter interesse pela ciência, apesar de mais de ¼ dos alunos referir ter um interesse mais baixo do que elevado. A maioria dos alunos identifica a existência da relação entre a ciência e a sociedade, referido a sua importância no aumento de conhecimentos, o facto de se relacionar com tudo, de evoluir e de poder melhorar a qualidade de vida das pessoas. Considera, no entanto, que a compreensão das pessoas relativamente à ciência pode variar. Referem as dificuldades que as pessoas podem ter em compreender o interesse e utilidade dos assuntos apresentados. A investigadora salienta que quando surgiram discussões em sala de aula sobre um tema específico, porque, por exemplo, um aluno colocou uma questão, ou se lembrou que já tinha ouvido falar do assunto na televisão ou noutro contexto, houve alguma dificuldade em aprofundar os temas devido à falta de conhecimentos base demonstrados. Apesar disso, notou-se que os alunos sentiam-se satisfeitos por haver esses momentos em sala de aula.

Relativamente ao trabalho de sala de aula mostram maior preferência pelas disciplinas da componente de formação técnica do curso. Apenas um aluno aponta a disciplina de biologia como sendo a preferida. Apesar de nenhum dos alunos referir que tem um interesse baixo ou muito baixo pela disciplina de biologia, mais de 1/3 das respostas menciona o interesse pela disciplina mais baixo do que elevado. Como tendo conteúdos mais difíceis, o módulo em que foi estudado o DNA é referido por um maior número de alunos, apresentando como temas mais fáceis a evolução e o estudo do corpo humano. As escolhas relacionam-se com os resultados obtidos nos módulos em que os

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conteúdos foram estudados. O módulo A4 (onde se estuda a renovação celular) foi o que um maior número de alunos deixou em atraso. A maioria dos alunos considera que os assuntos estudados na disciplina de biologia têm utilidade, no entanto, em 1/3 das respostas aprecia-se o interesse da disciplina mais baixo do que elevado ou baixo. A maior parte dos alunos é da opinião que realiza um bom trabalho nas aulas de biologia e refere que a disciplina tem interesse. Mais de ¼ dos alunos considera que o seu trabalho é mais baixo do que elevado. A investigadora salienta que os alunos afirmam, com alguma frequência, não gostar de estudar, nem de estar nas aulas, reclamando o excesso e dificuldade do trabalho. Relativamente às aulas de biologia não se têm manifestado de forma negativa, mas referem, por vezes, que são um “bocado seca”, transmitindo ao professor a sensação que não querem ser muito incomodados durante as aulas. Apesar disso têm colaborado nas atividades solicitadas.

Antes da aplicação das atividades segundo o método APP, as aulas tinham habitualmente introduções essencialmente teóricas, com o apoio de Power Point, em que se exploram imagens e outros dados, havendo sempre a tentativa de envolver os alunos na discussão sobre os assuntos em causa. Às aulas teóricas costumam seguir-se atividades de avaliação formativa e a aplicação de testes de avaliação. Sempre que possível foram realizados trabalhos laboratoriais/práticos.

Relativamente às possíveis metodologias utilizadas nas aulas de Biologia, os alunos manifestam maior interesse pela visualização de filmes/documentários, trabalhos de grupo e trabalhos de pesquisa, no entanto relacionam a visualização de documentos em Power Point e a elaboração de resumos como sendo as metodologias que facilitam mais a aprendizagem. Mais de ¼ dos alunos refere que gostaria que a professora de biologia desse um maior número de aulas práticas. Apresentam ainda outras sugestões como a redução das aulas teóricas, a realização de mais pesquisa, de mais trabalho em grupo e sugerem que sejam fornecidos mais apontamentos. A investigadora considera que nas aulas práticas os alunos têm revelado maior entusiasmo, apresentando, no entanto, muita dificuldade em elaborar relatórios de qualidade e em cumprir os prazos estabelecidos.

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Neste ponto apresentam-se ainda informações que resultaram de dados obtidos através da aplicação do questionário elaborado com base na escala quadri-dimensional (EAE – 4DE), desenvolvida por Veiga (2013) relativos a afirmações sobre o envolvimento emocional e comportamento dos alunos na escola. Estes dados são interessantes, na medida em que acrescentam informações sobre o interesse e comportamento dos alunos relativamente à escola e não à sala de aula, fazendo, por isso, mais sentido incluir neste tópico e não no do envolvimento em sala de aula.

Questões/afirmações:

– Questão 6 – A minha escola é um lugar onde me sinto excluído(a). (Q6) – Questão 7 – A minha escola é um lugar onde faço amigos com facilidade.(Q7) – Questão 8 – A minha escola é um lugar onde me sinto integrado(a). (Q8) – Questão 9 – A minha escola é um lugar onde me parece que os outros gostam

de mim.(Q9)

– Questão 10 – A minha escola é um lugar onde me sinto só. (Q10) – Questão 11 – Falto à escola sem uma razão válida. (Q11)

– Questão 12 – Falto às aulas estando na escola. (Q12)

Foi considerado o número total de respostas de:

 Total desacordo

 Bastante em desacordo

 Mais em desacordo do que em acordo

Figura 5.1. Envolvimento emocional dos alunos na escola.

Com base no gráfico a maior parte dos alunos respondeu que não se sente só, no entanto, muitos alunos consideraram que se sentem excluídos, não se sentindo integrados e achando que os outros não gostam deles. A maioria dos alunos referiu que não falta às

0 5 10 15 20 Qprévio 13 6 5 7 14 13 15 Q1 11 8 6 8 15 14 16 Q2 15 10 6 8 16 14 16 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 Q12

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aulas. A investigadora assinalou a existência de alguns problemas de assiduidade mas sobretudo de pontualidade.