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A partir da inserção do Grupo Kairós no Instituto de Educação Olavo Bilac, através do projeto Sentidos, Descrições e Possibilidades de Trabalho do Pedagógico:

o Trabalho dos Professores em questão surgiu o interesse em aprofundar o estudo

sobre o trabalho pedagógico dos/as diretores/as escolares, nesta instituição. Apesar deste estudo optar pela análise do período histórico de 1974 a 2017, considero importante conhecer, mesmo que de maneira mais geral, toda a sua historicidade, desde sua fundação até os dias atuais. Isso será importante para este trabalho, pois será possível perceber o movimento dialético do trabalho pedagógico dos/as diretores/as que trabalharam nessa instituição. Por isso, nessa seção, será estabelecido um diálogo, principalmente, com o estudo de Rosangela Montagner (1999) Ressignificando imagens/memórias de alunas do Instituto de Educação Olavo

Bilac: processos de formação de professoras (1929-1969), com o de Josiane Lara

Fagundes (2015) O trabalho pedagógico, as políticas públicas de universalização da

educação básica e o Curso Normal: entre cabotagens, naufrágios e travessias, além

de outros autores e pesquisadores, como, por exemplo, Belém (2000), Rechia (1999), Flôres (2009, 2017), que contextualizam aspectos históricos, sociais, educacionais e econômicos de Santa Maria, no período de 1974 a 2017. Esses diálogos serão fundamentais para o entendimento do lugar da educação, de maneira geral, e do Instituto de Educação Olavo Bilac, de maneira específica, no contexto de Santa Maria e região.

O primeiro trabalho discutiu questões relacionadas à organização e ao funcionamento do espaço educacional, buscando conhecer as escolhas de mulheres pela formação docente bilaquiana. Esse trabalho de Montagner (1999) está inserido no âmbito dos estudos sobre a história da educação feminina e foi construído a partir de narrativas de mulheres, ex-alunas do Curso de formação de professoras primárias do IEEOB, apresentando características importantes relacionadas à essa formação em articulação com a história da educação e com questões de gênero. A seleção deste tempo e espaço para a pesquisa deu-se, segundo a autora, frente à importância deste curso, no período de 1929 a 1969, para a educação das moças de classe média no interior do Rio Grande do Sul.

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O trabalho de Fagundes (2015) foi construído a partir das discussões e estudos desenvolvidos no Grupo Kairós e tem como perspectiva teórico-metodológica o Materialismo Histórico-dialético. Este trabalho foi produzido em meio a um contexto social de incertezas políticas, econômicas, sociais e educacionais e analisou, entre outros documentos, o Projeto Pedagógico do IEEOB, o Projeto Pedagógico e o Regimento Escolar do Curso Normal desta instituição, além das Políticas Púbicas de Universalização da Educação Básica no período de 1996 a 2015, foco do estudo de Fagundes (2015). Este período foi vasto em políticas públicas na área da educação e envolve desde a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/1996), Resolução CNE5/CEB nº 2 de 1999, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Docentes da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na modalidade Normal (DCN CN); Lei nº 10.172, de 2001, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE 2001) até a Lei nº 13.005, de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE 2014), além de outras resoluções e emendas. A autora procurou analisar em que medida os discursos dos professores sobre seu trabalho pedagógico no Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac (IEEOB), de Santa Maria – RS, evidenciam possibilidades e entendimentos de universalização da Educação Básica contidas nas Políticas Públicas Educacionais, a partir de 1996. Apesar da autora ter buscado conhecer o Trabalho Pedagógico em um período histórico determinado (1996 a 2015), ela se preocupou em conhecer como ele se constituiu em processo, analisando o momento presente como “evidência histórica” (FAGUNDES, 2015, p. 68), por isso, discutiu aspectos importantes da historicidade do IEEOB.

Com base nestes trabalhos, destaco que atualmente, no Estado do Rio Grande do Sul, há oitenta e seis Institutos Estaduais de Educação que, além do Ensino Básico regular, ofertam o Curso Normal, nos quais se inclui o Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac. Além dos Institutos, mais dezoito instituições educacionais ofertam essas modalidades de ensino, conforme é possível verificar no Gráfico 01.

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Gráfico 01 – Instituições escolares que ofertam Ensino Normal no Rio Grande do Sul, atualmente

Fonte: Autora (2017) com base dados obtidos junto à Secretaria Estadual de Educação do RS.

Durante os 116 anos, desde sua fundação em 1901, o IEEOB teve sua denominação modificada, devido a alterações nas legislações e nos níveis de ensino que ofertava. A partir dos documentos presentes no Acervo Histórico do Olavo Bilac16

(ANEXO A), destaco que esta instituição, inicialmente, denominou-se Colégio Distrital e ofertava o Ensino Elementar17 e Ensino Complementar18e foi criada através do

Decreto Estadual nº 397, de 27 de agosto de 1901, que instituiu dois Colégios Distritais, um em Santa Maria e outro em Cruz Alta. De acordo com reportagens de jornais que fazem parte do AHOB (ANEXO B) até a criação desse colégio a instrução pública em Santa Maria ofertava apenas o ensino primário e ainda de forma muito precária. Por isso, havia necessidade urgente de maior quantidade de colégios que dessem conta da demanda cada vez mais crescente por educação, que se dava pela presença da Estação Ferroviária na cidade. De acordo com João Belém, na obra História do Município de Santa Maria (2000), as famílias proletárias da cidade há tempos esperavam pela ampliação do número de escolas públicas que pudesse atender seus filhos. Diante dessa demanda, o Estado criou o Colégio Distrital com a condição de que o município pagasse o aluguel do prédio no qual funcionaria este colégio.

16 Doravante será empregada a sigla AHOB. 17 Correspondente ao ensino primário.

18 Preparação dos candidatos ao magistério público primário. Instituição voltada, especialmente, às filhas de

famílias de classe média alta (MONTAGNER, 1999).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Instituto Estadual de Educação Escola Estadual de Educação

Colégio Estadual Centro Estadual