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A abertura da economia brasileira teve seu início marcado pelas empresas de grande porte, mas não demorou muito para que as empresas de pequeno porte inspiradas nas outras empresas seguissem o mesmo caminho da internacionalização. Segundo o Brasil Global Net (2011), concomitante a essa expansão sem precedentes do volume de Investimentos Brasileiros Diretos (IBDs), o Brasil tem assistido a importantes modificações nas características de seus investimentos, em termos de número, setor de atuação e dimensão das empresas brasileiras investidoras.

Na avaliação de diplomatas brasileiros, há até poucos anos falar de investimentos na agenda bilateral significava apenas tratar do fluxo que o Brasil recebia dos estrangeiros. Hoje, os interesses nacionais na Europa são considerados como estratégicos para os planos das multinacionais brasileiras (Brasil Global Net, 2011).

O Anuário das Pesquisas sobre as Micro e Pequenas Empresas desenvolvido pelo SEBRAE em 2011 mostra que o número de micro e pequenas empresas exportadoras brasileiras em 2010 foi de 11.858, as quais foram responsáveis por exportações de US$ 2,0 bilhões, o que significou um valor médio exportado por empresa de US$ 170,9 mil (Anuário das Pesquisas Sobre as Micro e Pequenas Empresas 2011, 2012). Estes dados demonstram uma forte evolução na internacionalização das micro e pequenas empresas brasileiras, porém apenas no que diz respeito a exportação, isso porque de acordo com Campos, Lima, Júnior, e Alves (2010), o foco central da atuação do SEBRAE é orientar micro e pequenas empresas em ações de planeamento para exportação bem com colaborar para o cumprimento da burocracia necessária para exportar. Ou seja, do ponto de vista do SEBRAE, internacionalizar é exportar.

Atualmente no Brasil além do SEBRAE existem várias instituições e organizações que auxiliam as empresas nos processos de exportação, como a Associação de Comércio Exterior no Brasil (AEB), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social (BNDES), entre outros. Isso não quer dizer que a exportação seja a única opção de modo de entrada em um país estrangeiro para os brasileiros, também existem empresas que optam por outros modos de entrada diante da internacionalização, porém estas não recebem a mesma assessoria e benefícios que as empresas que optam por exportação.

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Outro motivo que faz com que a maioria das empresas brasileiras optem pela exportação como modo de entrada está relacionado com o critério de classificação das micro e pequenas empresas através da receita bruta anual. Enquanto empresas exportadoras, elas correm menor risco, possuem benefícios e assessorias e conseguem controlar a receita bruta mensalmente através daquilo que exportam. Quando a receita bruta anual excede o que é proposto pelo Simples Nacional, elas deixam de ser micro e pequenas empresas e perdem todas as vantagens deste sistema de tributação.

De acordo com Blank e Palmeira (2006), a falta de estrutura nas micro e pequenas empresas, em relação às ações de incentivos e a burocracia do governo ao acesso destas ações, travam o desenvolvimento e crescimento das micro e pequenas empresas e, consequentemente, do nosso país. Isso ocorre porque mesmo diante de tantos benefícios, as micro e pequenas empresas são muito frágeis no que diz respeito a tecnologia e também possuem recursos financeiros mais limitados.

Para Svetlicic, Jaklic, e Burger (2007), as grandes empresas parecem ser mais aptas para otimizar custos em um nível global, e as empresas pequenas parecem ser mais orientadas para o nicho, para qual o conhecimento específico é mais importante do que os custos.

Blank e Palmeira (2006) ainda afirmam que as limitações financeiras restringem suas possibilidades de investir recursos para penetrar em mercados externos com seus produtos tais como: pesquisa de mercado, visitas comerciais a clientes no exterior, contratação de especialistas, etc. E não só, porque quando se trata de internacionalização, os gastos com matéria-prima e mão-de-obra também são maiores, pois a necessidade de suprir a procura vai além do mercado doméstico.

Para Zain e Ng (2006), através das redes de relacionamento, mesmo as micro e pequenas empresas de países desenvolvidos que encaram alguns problemas de dificuldade nos seus esforços para a internacionalização, como por exemplo o problema da imagem negativa do país de origem, podem superar seus problemas se o seu gerente puder encontrar um parceiro de rede em outro mercado menor e similar, este mecanismo é utilizado como um trampolim para mercados alvo ou eventualmente maiores.

Lu e Beamish (2006) afirmam que no relacionamento entre a internacionalização e o crescimento da empresa, as empresas com maior tempo de existência no mercado nacional podem apresentar efeitos moderadamente negativos, as internacionalizações que ocorrem mais cedo podem alcançar maiores taxas no crescimento da empresa do que as internacionalizações tardias. Ou seja, não é necessário alcançar a maturidade do produto no próprio país para pensar

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em internacionalizar, quanto mais cedo ocorrer o processo de internacionalização independentemente do tamanho e tipo da organização, mais rápido o produto ficará mundialmente conhecido e as chances do retorno financeiro positivo serão muito maiores.

Diante de um estudo sobre a motivação para a internacionalização das empresa brasileiras desenvolvido pela Fundação Dom Cabral (2002, pág. 10), descobriu-se que os principais motivos que impulsionam as grandes empresas brasileiras a internacionalizar suas atividades são (figura 3):

• Busca de economia de escala – marcante para os produtores intermediários e os produtores de bens finais –; varia de acordo com o porte das empresas;

• Desenvolvimento de competências para atuar em mercados internacionais – mais necessário quanto menor o porte da empresa;

• Exploração das vantagens de localização no Brasil; • Saturação do mercado brasileiro.

Figura 2: Principais Motivos Para Internacionalizar-se

Fonte: (Fundação Dom Cabral, 2002)

Diante dos processos de internacionalização das empresas brasileiras, Macadar (2009) afirma que, uma vez que o ambiente interno e externo se tornou propício à internacionalização,

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um número cada vez maior de empresas brasileiras se dispôs a realizar investimentos diretos no exterior.