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Esta unidade encontra-se no 8.º piso e tem a lotação de 12 camas e em internamento os casos agudos mais frequentes são os diagnósticos de pneumonia, bronquiolite, agudizações de situações crónicas com necessidade de cuidados de RFR a crianças com diagnósticos de asma, fibrose quística e atrofia muscular espinhal tipo II, doença de Pompe e displasia broncopulmo- nar. Relativamente a situações crónicas de saúde que se encontram estáveis são seguidas em hospital dia.

Existe um grande número de crianças com diagnostico médico de FQ e de asma. A asma é a principal causa de morbilidade na infância e a doença crónica mais comum nesta faixa etária. A sua prevalência tem vindo a aumentar nas últimas décadas, especialmente nos países desen- volvidos. Segundo a Direção Geral de Saúde (DGS) (2014a), em Portugal, dos 6-7 anos esta patologia afeta 12,9% da população e dos 13-14 anos 11,8%, sendo uma causa frequente de internamento hospitalar (DGS, 2012). Em cerca de 90% dos doentes é possível controlar a asma, quer com medidas farmacológicas quer não farmacológicas, permitindo a minimização das exacerbações e a melhoria da qualidade de vida (DGS, 2012).

Os doentes desta unidade são crianças e jovens dos 0 aos 18 anos de idade com agudi- zações de situações crónicas com necessidade de cuidados de RFR.

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A hospitalização está vinculada a uma experiência negativa para as crianças, por estarem doentes e isoladas da vida exterior, longe dos amigos e das rotinas. No sentido de minimizar esta experiencia negativa, este serviço recebe a visita diária de pessoas que vêm contar histórias de encantar, adaptadas a cada faixa etária. Trata-se de um projeto, intitulado “nuvem vitória”, existe desde 2016 e constitui-se pelo conjunto de voluntários, organizados em associação com o mesmo nome, que voluntariamente contam histórias de embalar a crianças e jovens que estão em hospitais ou outras instituições, que por motivos de saúde (ou outros) as retirem, tempora- riamente, dos seus ambientes familiares. A nuvem vitória pretende estimular o envolvimento dos pais, familiares e pessoas de referência, na área da leitura e da narração oral, em diferentes contextos, procurando elevar o nível de literacia das populações bem como estreitar os laços familiares e com os cuidadores em geral (Nuvem Vitória ,2019).

Os pais e/ou pessoa significativa podem permanecer com a crianças/jovens das 9h00 às 22h00, no entanto, no período noturno apenas pode permanecer uma pessoa significativa. Atende-se e enfatiza-se a colaboração da pessoa significativa em todos os procedimentos de enfermagem, quando necessário.

Em termos de diagnósticos de enfermagem, os principais, existentes na população in- ternada foram a respiração comprometida, relacionada com infeção aguda respiratória; insufi- ciência respiratória crónica sob ventilação invasiva por traqueostomia; risco de limpeza das vias aéreas ineficaz, relacionada com a existência e aumento da quantidade e purulência das secre- ções brônquicas; défice no autocuidado alimentação, relacionado com o facto da ingestão de alimentos serem administrados via sonda nasogástrica (SNG) e/ou Gastrostomia endoscópica percutânea (PEG) (devido ao uso de SNG por prematuridade e/ou para diminuição do esforço respiratório e devido à incapacidade para alimentarem-se por via oral).

E os de cuidados de enfermagem de reabilitação mais frequentemente realizados foram os relacionados com a manutenção da permeabilidade das vias aéreas e a melhoria da perfor- mance dos músculos respiratórios; a drenagem de secreções, o treino de autonomia da alimen- tação por via oral, segura, prazerosa e eficaz no recém nascido pré-termo (RNPT), e a capaci- tação dos pais com conhecimentos para uma autogestão da doença eficaz dos filhos.

Este serviço é reconhecido pela excelente qualidade e diferenciação dos cuidados pres- tados a crianças com patologia respiratória e suas famílias, a equipa que a integra é perita nos cuidados de enfermagem pediátrica.

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No que respeita aos recursos humanos, a equipa multidisciplinar é constituída por 5 médicos especialistas em pneumologia pediátrica, por vinte e um enfermeiros (1 enfermeira chefe, 8 enfermeiros de cuidados gerais, 10 enfermeiros especialistas em saúde infantil e 2 en- fermeiros especialista em enfermagem de reabilitação – uma de horário fixo e outra escalada em rollemant) e 2 educadoras de infância. Integram a equipa 8 assistentes operacionais e duas assistentes administrativas. A par desta equipa, também colabora uma neurologista, uma fisia- tra, fisioterapeutas, uma psicóloga e uma assistente social.

Os cuidados de enfermagem de reabilitação são realizados, preferencialmente no turno da manhã e da tarde. Durante o período da noite, tenta-se evitar a presença de ruídos para pro- mover o sono das crianças e dos familiares. De acordo com Tembo, Parker & Higgins (2013), as intervenções de enfermagem noturnas levam a altos níveis de perturbação do sono, conclu- indo que uma redução das intervenções de enfermagem noturnas está positivamente associada à promoção do sono.

Relativamente às dotações, o rácio do serviço é de 1 enfermeiro para 4-5 crianças, sendo a distribuição realizada pelo enfermeiro chefe de cada turno, diariamente. Atende-se à especi- ficidade de cada criança e às necessidades de cuidados, sendo que poderá ser a dotação de 1 enfermeiro para 3, por exemplo. Existem 3 a 4 enfermeiros no turno da manhã, 2 enfermeiros no turno da tarde e turno da noite.

Nesta unidade a prestação de cuidados é orientada pelo método individual de trabalho. A distribuição dos clientes pelos enfermeiros é realizada, tendo em conta o número de horas de cuidados necessários, pela enfermeira chefe ou, em caso de sua ausência, por alguém que a substitui. O método individual de trabalho, permite a continuidade dos cuidados às crianças/jo- vens/Famílias durante o turno. O método de trabalho individual, consiste na distribuição de determinado número de clientes, de acordo com o grau de dependência, a cada enfermeiro, sendo este responsável pela prestação de cuidados aos que lhe foram atribuídos, durante o turno de trabalho (Frederico & Leitão, 1999).

Relativamente a vantagens, deste método de trabalho, como já foi referido são a indivi- dualização dos cuidados e conceção da criança/jovem numa visão holística; a continuidade dos cuidados; o aumento da responsabilidade dos enfermeiros e da sua capacidade de decisão (Fre- derico & Leitão, 1999). Emergem desvantagens, como as diferenças ao nível das competências individuais dos elementos prestadores de cuidados e diferentes níveis de conhecimento, que

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poderão levar a uma disparidade na prestação de cuidados e requererem uma maior dotação de pessoal (Parreira, 2005).

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