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4.2 Materiais e Método

4.3.3 Aspectos profissionais do motoristas empregados no transporte rodoviário de

4.3.3.6 Intervalo Interjornada

Com relação ao tempo de intervalo interjornada a CLT trata da regulamentação desse instituto no CAPÍTULO II – Seção III – DOS PERÍODOS DE DESCANSO e a Lei n. 12.619/2012 inclui artigos específicos relacionados ao descanso dos motoristas empregados, conforme segue:

Art.235-C.A jornada diária de trabalho do motorista profissional será a estabelecida na Constituição Federal ou mediante instrumentos de acordos ou convenção coletiva de trabalho.

[...]

§ 2o Será considerado como trabalho efetivo o tempo que o motorista estiver à disposição do empregador, excluídos os intervalos para refeição, repouso, espera e descanso.

§ 3o Será assegurado ao motorista profissional intervalo mínimo de 1 (uma) hora para refeição, além de intervalo de repouso diário de 11 (onze) horas a cada 24 (vinte e quatro) horas e descanso semanal de 35 (trinta e cinco)

horas. [...]

§ 5o À hora de trabalho noturno aplica-se o disposto no art. 73 desta Consolidação. (BRASIL, 2012).

Seguindo o mesmo questionamento efetuado pela pesquisa “jornada legal”, perguntou-se aos motoristas de Ponta Grossa a respeito do tempo de repouso médio que cada profissional usufruía e abaixo estão demonstrados nos gráficos elaborados os resultados obtidos, de forma a possibilitar a comparação das informações prestadas pelos profissionais em ambas as pesquisas.

“A análise das horas de sono, sob a abordagem do vínculo jurídico, confirma as conclusões obtidas na observação das horas trabalhadas segmentadas pelo mesmo critério: os motoristas empregados são os que menos dormem.” (SOUZA; REIS; MORAES; 2012, p.20, grifo nosso). É este resultado que se apresenta na figura a seguir:

Gráfico 4.7 – Horas de sono dos empregados obtido na

Operação Jornada Legal – Diagnóstico das condições gerais de trabalho no setor do transporte rodoviário brasileiro sobre o meio de controle utilizado – 2012

Fonte: Diagnóstico das condições gerais de trabalho no setor do transporte rodoviário brasileiro, MPT e Polícia Rodoviária Federal, 2012.

Para efeitos de comparação distribui-se da mesma forma que a apresentada acima para as respostas obtidas em Ponta Grossa:

Gráfico 4.8 – Horas de sono informadas pelos motoristas

empregados no transporte de carga rodoviário no município pesquisados em Ponta Grossa – 2013

Fonte: Pesquisa de Campo, 2013.

Para melhor visualização das informações sobre as horas de sono dos motoristas pesquisados, a seguir são apresentadas as tabelas com a frequência de cada tempo informado e também os dados estatísticos obtidos a partir das respostas:

Tabela 4.18 – Distribuição percentual da horas de sono informadas

pelos motoristas empregados no transporte de carga rodoviário pesquisados no município de Ponta Grossa – 2013

Fonte: Pesquisa de campo, 2013.

Seguem abaixo os principais dados estatísticos calculados a partir das horas de sono:

Tabela 4.19 – Dados estatísticos sobre as

Horas de sono dos

motoristas empregados no transporte de carga

rodoviário entrevistados no município de Ponta Grossa – 2013

Fonte: Pesquisa de campo, 2013.

Finalizando o tema referente às horas de sono, cabe deixar registrado que a lei ainda prevê que:

Art. 235-C [...]

§ 5o À hora de trabalho noturno aplica-se o disposto no art. 73 desta Consolidação.

[...]

Art. 235-D. Nas viagens de longa distância, assim consideradas aquelas em que o motorista profissional permanece fora da base da empresa, matriz ou filial e de sua residência por mais de 24 (vinte e quatro) horas, serão observados:

III - repouso diário do motorista obrigatoriamente com o veículo estacionado, podendo ser feito em cabine leito do veículo ou em alojamento do empregador, do contratante do transporte, do embarcador ou do destinatário ou em hotel, ressalvada a hipótese da direção em dupla de motoristas prevista no § 6o do art. 235-E.

Art. 235-E. Ao transporte rodoviário de cargas em longa distância, além do previsto no art. 235-D, serão aplicadas regras conforme a especificidade da operação de transporte realizada.

§ 5o Nas viagens de longa distância e duração, nas operações de carga ou descarga e nas fiscalizações em barreiras fiscais ou aduaneira de fronteira, o tempo parado que exceder a jornada normal será computado como tempo de espera e será indenizado na forma do § 9o do art. 235-C.

§ 7o É garantido ao motorista que trabalha em regime de revezamento repouso diário mínimo de 6 (seis) horas consecutivas fora do veículo em alojamento externo ou, se na cabine leito, com o veículo estacionado. § 9o Em caso de força maior, devidamente comprovado, a duração da jornada de trabalho do motorista profissional poderá ser elevada pelo tempo necessário para sair da situação extraordinária e chegar a um local seguro ou ao seu destino.

transportado por qualquer meio onde ele siga embarcado, e que a embarcação disponha de alojamento para gozo do intervalo de repouso diário previsto no § 3o do art. 235-C, esse tempo não será considerado como jornada de trabalho, a não ser o tempo restante, que será considerado de espera. (BRASIL, 2012).

Além da disposição contida na CR, artigo 7º., inciso IX30, o trabalho noturno está regulamentado no CAPÍTULO II – SEÇÃO IV – DO TRABALHO NOTURNO na CLT, o qual garante ao motorista empregado que “A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos” (BRASIL, 1946, 2013) e “Considera- se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.” (BRASIL, 1946, 2013). Ainda que “o trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.” (BRASIL, 1946).

Vale a observação que esse direito foi garantido pelo Decreto-lei n. 9.666, em 1946, para grande maioria dos empregados, com exceção daqueles cuja jornada de trabalho fosse realizada por revezamento semanal ou quinzenal.

Resta ainda ressaltar que se “Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional noturno quanto às horas prorrogadas.” (COSTA, FERRARI, MARTINS; 2011, p.877), conforme exegese do item II da Súmula n. 60 do TST, ou seja, atendidas essas condições, tanto as horas de trabalho iniciadas antes das 22 horas, quanto as que ultrapassara as 5 horas da manhã, terão que ser acrescidas do adicional de 20% sobre o valor da hora diurna.