• Nenhum resultado encontrado

Intervenções de enfermagem

No documento Relatório de Estágio Elda Freitas (páginas 126-130)

QUEM FUI, QUEM SOU E QUEM QUERO SER

2. IMPACTO E VIVÊNCIAS DA DOENÇA ATUAL

2.3. Intervenções de enfermagem

As intervenções de enfermagem visam a promoção da saúde, ajudando a pessoa a quem se presta cuidados a conservar ou restabelecer a sua independência para dar resposta às próprias necessidades (Henderson, 2007). Para tal, no exercício da enfermagem deveremos procurar estabelecer uma relação de parceria com a pessoa e sua família, promovendo o projeto de saúde que ela vive e acredita, enfatizando a importância da readaptação após a doença (OE, 2004).

Perante as necessidades anteriormente destacadas questionei a Sra. Ana quanto à sua vontade em envolver a irmã, que é a pessoa de referência, uma vez que a acompanha nas intervenções de enfermagem a realizar junto de si, sendo que preferiu, pelo menos por enquanto, não a envolver para não a sobrecarregar e/ou preocupar.

A Sra. Ana demonstra conhecimento sobre a proposta terapêutica, mas mostra-se renitente à RT e possível toxicidade devido a informações transmitidas por outras pessoas acerca do tratamento. Neste sentido a abordagem foi na tentativa de esclarecimento, clarificação e desmistificação de conceitos. Para além disso, foi fundamental compreender de que modo a

16

família se encontra a vivenciar este período, sendo que de acordo com a Sra. Ana têm estado a apoiá-la, mas também devido à distância procura não falar muito no assunto para não intensificar as inseguranças associadas.

No seguimento da obtenção destes dados na consulta de 1ª vez procurei capacitar a Sra. Ana para lidar com as atividades de vida alteradas de forma autónoma, assim como para as potenciais dado as especificidades do tratamento e possível toxicidade aguda associada.

Desde logo houve uma empatia estabelecida e percebi que conseguira captar a confiança da Sra. Ana, fundamental para a promoção do seu bem- estar e consequentemente contribuir para a sua qualidade de vida ao longo do percurso terapêutico que se encontra a vivenciar.

Nesta perspetiva a intervenção de enfermagem na consulta de 1ª vez junto da Sra. Ana focou-se em alcançar os seguintes objetivos:

- Iniciar o estabelecimento de uma relação de ajuda, promovendo a escuta ativa, apoio emocional, demonstrando disponibilidade para ela e para as suas prioridades, dando espaço para a verbalização de sentimentos, emoções, medos, angústias, incertezas;

- Ajudar a percecionar o seu atual papel enquanto mulher, mãe, companheira, irmã, inserida numa sociedade e em processo de tratamento num ambiente estranho;

- Capacitá-la para manter a sua autonomia face às suas atividades de vida diárias e gestão da possível toxicidade aguda do tratamento;

- Promover a saúde através da realização de ensinos sobre a alimentação, cuidados cutâneos, uso de vestuário e acessórios, evitar fontes agressoras, repouso e exercício físico;

- Perceber como se encontra a vivenciar a sua sexualidade, visto que poderá manter relações sexuais, estando limitada apenas pela distância com o seu companheiro. No entanto, como pode receber alguma visita é fundamental o ensino para a lubrificação vaginal e a necessidade de higienizar adequadamente a região vulvar antes e após a prática sexual.

Na consulta de enfermagem subsequente (15ª fração) o objetivo foi: - Perceber como se encontra a tolerar o tratamento e o está a vivenciar, neste caso o pior fator por ela relatado é estar ausente da sua casa, do seu filho e do seu companheiro;

17

- Avaliar a possível toxicidade aguda presente, intervindo se for da nossa competência e/ou encaminhando para o médico em caso de necessidade. A Sra. Ana negou qualquer alteração. Foi realizada monitorização do peso corporal, não havendo alterações face ao peso inicial. Avaliada integridade cutânea que está mantida, tendo sido reforçados ensinos sobre higiene íntima, hidratação, vestuário e troca de penso higiénico;

- Validar o cumprimento das medidas preventivas, tal como realizar ajustes de acordo com as necessidades atuais;

- Agendar o seu acompanhamento de acordo com as suas especificidades.

O meu último contacto foi na 25ª fração, na consulta de alta de enfermagem de RTE, com o objetivo de:

- Perceber a vivencia do processo terapêutico associado à RT. Encontra- se animada e otimista quer pelo término do tratamento, quer pelo regresso a casa;

- Monitorizar a toxicidade aguda presente, intervindo se for da nossa competência e/ou encaminhando para o médico em caso de necessidade. Neste caso a Sra. Ana refere tenesmo, sem outras alterações ou queixas. Foi realizada monitorização do peso corporal, não havendo alterações face ao peso inicial. Avaliada integridade cutânea que está mantida, tendo sido reforçados ensinos sobre higiene íntima, hidratação, vestuário e troca de penso higiénico;

- Validar o cumprimento das medidas preventivas, tal como realizar ajustes de acordo com as necessidades atuais até término de RTE;

- Realizar ensinos dos cuidados a ter pós RT para a toxicidade aguda e tardia associada, promovendo a sua readaptação após os tratamentos;

- Esclarecer questões relacionadas com o tratamento da braquiterapia e procedimentos inerentes;

- Clarificar acerca do acompanhamento de acordo com as suas especificidades.

Posteriormente será realizada consulta de enfermagem pré braquiterapia e 2 semanas pós braquiterapia com a consulta de oncosexologia, terminando o acompanhamento presencial (visto a Sra. Ana ser dos Açores). Nesta, é fundamental realizar ensinos acerca da prevenção da estenose vaginal, nomeadamente a importância de reiniciar atividade sexual 2 semanas após o

18

tratamento e deverá ser mantida com regularidade. Se a frequência prevista e/ou impossibilidade seja inferior a 3x semana a Sra. Ana será capacitada para alternar atividade sexual com manobras de dilatação vaginal, bem como as posições mais adequadas e lubrificação para permitir mais conforto e satisfação na atividade sexual. Neste acompanhamento devem ser mobilizados os recursos multidisciplinares e de apoio necessários para dar resposta às necessidades da Sra. Ana e sua família.

19

3. GESTÃO DA DOENÇA E CONTINUIDADE DOS CUIDADOS

No documento Relatório de Estágio Elda Freitas (páginas 126-130)