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3.2 Controvérsias sobre o momento de pagamento

3.2.3 Intimação pessoal do devedor

Após o trânsito em julgado da decisão, o magistrado pode de ofício, determinar que o devedor seja intimado para que cumpra a decisão do julgado, porém não pode dar início a fase de cumprimento de sentença caso o devedor permanecer inerte. Mas o credor tem a faculdade de antecipar-se e requerer a intimação do devedor, para que pague no prazo legal, em caso de não pagamento seja expedido o mandado de avaliação e penhora dos bens, indicados pelo próprio credor, essa é a fase de execução, que pode ser requerida apenas pelo credor exequente.

No entendimento de Gonçalves (2010, p. 181):

A procuração dada ao advogado dá-lhe poderes para receber a intimação, salvo ressalva expressa, e estende os seus efeitos às fases de liquidação e de execução, meros prosseguimentos da fase anterior. Se o réu for defendido por curador especial, ou por órgãos públicos de assistência judiciária, como a Defensoria Pública e a Procuradoria do Estado, a intimação deverá ser

pessoal. E, se for revel, será desnecessária, correndo o prazo a partir da publicação em cartório.

Assim, quando o devedor for atendido por órgão público de assistência judiciária, deve ser intimado pessoalmente da sentença, e automaticamente está sendo intimado para que cumpra voluntariamente a decisão nela imposta, para evitar que o credor peça o cumprimento forçado da mesma e ainda acrescido da multa pelo inadimplemento.

Contudo, a jurisprudência do nosso Tribunal de Justiça Estadual, se posiciona de forma divergente quando o réu for atendido pela Defensoria Pública ou nomeado curador especial:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONDOMÍNIO. AÇÃO DE

COBRANÇA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. RÉU CITADO POR EDITAL. NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL. INTIMAÇÃO PESSOAL. ART. 475-J DO CPC. DESNECESSIDADE. Não é necessária a

prévia intimação pessoal do devedor para a fluência do prazo para cumprimento voluntário da sentença quando há citação ficta do réu e este é representado por defensor público que atua no exercício da curadoria especial. A dificuldade de localização do réu, que ensejou a

citação ficta, justifica a não exigência da renovação das diligências para localizá-lo, quando proferida sentença em seu desfavor. Precedente do STJ. NEGADO SEGUIMENTO ao recurso, por decisão monocrática. (RIO GRANDE DO SUL, Julgado em 18/07/2012, grifo nosso).

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO

ESPECIFICADO. RÉU REVEL. DETERMINAÇÃO DE INTIMAÇÃO PESSOAL PARA PROSSEGUIMENTO DA FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DESCABIMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 322 DO CPC. Não há necessidade de se insistir na intimação pessoal do réu revel

para dar sequência ao cumprimento de sentença, ao menos não enquanto

não se tratar de ato que exija essa formalidade, tal como a penhora (já efetivada) e eventual avaliação (§1° do art. 475-J do CPC). AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO, DE PLANO. (RIO GRANDE DO SUL, Julgado em 29/08/2012, grifo nosso)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE

SENTENÇA. PROCESSO CIVIL. Em consonância com entendimento jurisprudencial majoritariamente consolidado nesta Corte, há que se reconhecer a pertinência de que, para que tenha prosseguimento a fase de cumprimento de sentença contra o réu revel, notadamente para incidência das disposições do artigo 475-J do Código de Processo Civil, ocorra sua

intimação, ao menos, por edital, para que cumpra o julgado. Recurso a

que se nega seguimento. (RIO GRANDE DO SUL, Julgado em 17/07/2012, grifo nosso).

Assim, faz-se necessário analisar cada caso em concreto, pois a doutrina mostra que há necessidade de intimação pessoal do réu, caso citado de formar ficta e este não acompanhou os atos processuais na fase de conhecimento e nos casos em que for atendido por órgão público de assistência judiciária.

Já a jurisprudência pátria diverge nesse aspecto, eis que há dois posicionamentos no aspecto da intimação para o nosso Tribunal, dependendo da Câmara julgadora, deve-se intimar o réu, mesmo que por edital, para que cumpra o julgado, enquanto que outras Câmaras entendem que não há a necessidade de intimação do réu, para cientificá-lo da fase de cumprimento da sentença, já que não compareceu para acompanhar o feito na fase de conhecimento, ou seja, o processo transcorreu a revelia, igualmente se dará na fase de cumprimento de sentença.

Barbosa Moreira (2009, p. 199, grifo do autor), manifesta-se da seguinte maneira, sobre a intimação do devedor:

Em mais de um caso, pode surgir dúvida sobre o momento em que se configura a exeqüibilidade. Pense-se, por exemplo, na hipótese de coincidir esse momento com o trânsito em julgado (execução definitiva). Se do último recurso interposto não conheceu o órgão ad quem, v.g. por intempestivo, no rigor da técnica a decisão impugnada terá passado em julgado quando o recurso se tornou inadmissível: no exemplo, o termo final do prazo de interposição vencido in albis [...]. Existem ainda hipóteses em que não há unanimidade acerca da produção de efeito suspensivo pela apelação e, portanto, acerca da possibilidade de promover-se desde logo a execução (provisória) da sentença.

A interpretação acima exposta suscita, destarte, uma justificável incerteza acerca do começo da incidência da multa e, por conseguinte, do respectivo valor. Afigura-se preferir situar o dies a quo da incidência em momento inequívoco. Daí optarmos pela necessidade de intimar-se o executado – o que harmoniza, por sinal, com o disposto no art. 240, caput, a cuja luz, “salvo disposição em contrário, os prazos para as partes (...) contar-se-ão da intimação”.”

No mesmo sentido a jurisprudência pátria se posicionava quanto a esse assunto:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO

VOLUNTÁRIO DA SENTENÇA. ATO DA PARTE E NÃO DO ADVOGADO. INTIMAÇÃO DO PROCURADOR PELO DIÁRIO OFICIAL DO TRÂNSITO EM JULGADO QUE NÃO TEM O CONDÃO DE LIVRAR PRAZO PARA CUMPRIMENTO. ART. 475-J DO CPC.

TERMO INICIAL A CONTAR DA INTIMAÇÃO PESSOAL DO DEVEDOR. O prazo para cumprimento voluntário da sentença somente

passa a fluir da intimação pessoal do Devedor. Com efeito, o

cumprimento não é ato do Advogado, nem dele depende; é ato da parte e somente dela poderá ser exigido, e não de seu Advogado. E não havendo pagamento, a multa somar-se-á ao valor da condenação devida pela parte, e não por seu Advogado. Como assim é, a intimação do trânsito em julgado da sentença, que se faz ao Advogado, não tem o efeito de livrar o prazo para cumprimento. É que a intimação ao Advogado, pelo Diário Oficial, do trânsito em julgado da sentença não é instrumento hábil de comunicação da parte que tem o direito de saber do que se passa no processo, mormente quando sobre ela recai a multa pelo não cumprimento voluntário. Deveras, a essência do contraditório e da ampla defesa, princípios constitucionais do processo, supõe obediência a formas instrumentais adequadas de modo a que cada parte tenha ciência dos atos praticados ou dos atos que deva praticar, o que só se dá, por meio de intimação pessoal para que, condenada a pagar, a fazer ou deixar de fazer, cumpra o julgado independente da participação do Advogado, pena de sanção pecuniária. De levar em conta ainda, entrave de ordem prática que embora possa parecer prosaico, se mostra intransponível: sem o retorno do processo ao juízo de origem, como poderá a parte cumprir espontânea e voluntariamente o julgado no prazo de quinze dias? Deverá fazê-lo ainda no segundo grau, ou nas instâncias superiores onde se tenha operado o trânsito em julgado? Evidente que não, por absoluta impropriedade, não fosse rematado despropósito, seja por obrigar a parte, v.g., a deslocar-se até a sede dos Tribunais, seja por obrigar a estes instalar verdadeiro "Cartório" para processar guias de depósito judicial, mister que não é seu, mas do juízo da "execução". Então, por mais se revele incômoda, por representar obstáculo ao cumprimento mais célere da sentença e contrariar interesses de certas e conhecidas corporações, apresenta-se

absolutamente necessária a intimação pessoal da parte como termo inicial do prazo de quinze dias para cumprimento voluntário da sentença, só incidindo a multa se escoado "in albis". Agravo provido.

Unânime. (RIO GRANDE DO SUL, Julgado em 22/09/2010, grifo nosso).

Nessa linha, quando há incerteza quanto ao início da incidência da multa e quanto ao valor a ser pago ao exequente, faz-se necessária a intimação do executado para que este, cientificado da decisão e não cabendo mais qualquer tipo de recurso ou que esteja pendente de julgamento, pague no prazo de 15 dias, caso contrário, terá a incidência da multa de 10% sobre o valor total.

Há também o entendimento de que é ato do devedor e não do advogado deste, assim, é necessário à intimação pessoal do exequente para que pague o determinado, é o que previa a jurisprudência do TJRS:

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CUMPRIMENTO

VOLUNTÁRIO DA SENTENÇA. ATO DA PARTE E NÃO DO ADVOGADO. INTIMAÇÃO DO PROCURADOR PELO DIÁRIO OFICIAL DO TRÂNSITO EM JULGADO QUE NÃO TEM O CONDÃO DE LIVRAR PRAZO PARA CUMPRIMENTO. ART. 475-J DO CPC.

DEVEDOR. O prazo para cumprimento voluntário da sentença somente

passa a fluir da intimação pessoal do Devedor. Com efeito, o cumprimento não é ato do Advogado, nem dele depende; é ato da parte e somente dela poderá ser exigido, e não de seu Advogado. E não havendo pagamento, a multa somar-se-á ao valor da condenação devida pela parte, e não por seu Advogado. Como assim é, a intimação do trânsito em julgado da sentença, que se faz ao Advogado, não tem o efeito de livrar o prazo para cumprimento. É que a intimação ao Advogado, pelo Diário Oficial, do trânsito em julgado da sentença não é instrumento hábil de comunicação da parte que tem o direito de saber do que se passa no processo, mormente quando sobre ela recai a multa pelo não cumprimento voluntário. Deveras, a essência do contraditório e da ampla defesa, princípios constitucionais do processo, supõe obediência a formas instrumentais adequadas de modo a que cada parte tenha ciência dos atos praticados ou dos atos que deva praticar, o que só se dá, para ficar no caso, por meio de intimação pessoal para que, condenada a pagar, a fazer ou deixar de fazer, cumpra o julgado independente da participação do Advogado, pena de sanção pecuniária. De levar em conta ainda, entrave de ordem prática que embora possa parecer prosaico, se mostra intransponível: sem o retorno do processo ao juízo de origem, como poderá a parte cumprir espontânea e voluntariamente o julgado no prazo de quinze dias? Deverá fazê-lo ainda no segundo grau, ou nas instâncias superiores onde se tenha operado o trânsito em julgado? Evidente que não, por absoluta impropriedade, não fosse rematado despropósito, seja por obrigar a parte, v.g., a deslocar-se até a sede dos Tribunais, seja por obrigar a estes instalar verdadeiro "Cartório para processar guias de depósito judicial, mister que não é seu, mas do juízo da "execução. Então, por mais se revele incômoda, por representar obstáculo ao cumprimento mais célere da sentença e contrariar interesses de certas e conhecidas corporações, apresenta-se absolutamente necessária a intimação pessoal da parte como termo inicial do prazo de quinze dias para cumprimento voluntário da sentença, só incidindo a multa se escoado "in albis. Embargos desacolhidos. Unânime. (RIO GRANDE DO SUL, Julgado em 22/04/2009, grifo nosso).

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO

VOLUNTÁRIO DA SENTENÇA. ATO DA PARTE E NÃO DO ADVOGADO. INTIMAÇÃO DO PROCURADOR PELO DIÁRIO OFICIAL DO TRÂNSITO EM JULGADO QUE NÃO TEM O CONDÃO DE LIVRAR PRAZO PARA CUMPRIMENTO. ART. 475-J DO CPC. TERMO INICIAL A CONTAR DA INTIMAÇÃO PESSOAL DO DEVEDOR. O prazo para cumprimento voluntário da sentença somente passa a fluir da intimação pessoal do Devedor. Com efeito, o cumprimento não é ato do Advogado, nem dele depende; é ato da parte e somente dela poderá ser exigido, e não de seu Advogado. E não havendo pagamento, a multa somar-se-á ao valor da condenação devida pela parte, e não por seu Advogado. Como assim é, a intimação do trânsito em julgado da sentença, que se faz ao Advogado, não tem o efeito de livrar o prazo para cumprimento. É que a intimação ao Advogado, pelo Diário Oficial, do trânsito em julgado da sentença não é instrumento hábil de comunicação da parte que tem o direito de saber do que se passa no processo, mormente quando sobre ela recai a multa pelo não cumprimento voluntário. Deveras, a essência do contraditório e da ampla defesa, princípios constitucionais do processo, supõe obediência a formas instrumentais adequadas de modo a que cada parte tenha ciência dos atos praticados ou dos atos que deva praticar, o que só se dá, para ficar no caso, por meio de intimação pessoal para que,

condenada a pagar, a fazer ou deixar de fazer, cumpra o julgado independente da participação do Advogado, pena de sanção pecuniária. De levar em conta ainda, entrave de ordem prática que embora possa parecer prosaico, se mostra intransponível: sem o retorno do processo ao juízo de origem, como poderá a parte cumprir espontânea e voluntariamente o julgado no prazo de quinze dias? Deverá fazê-lo ainda no segundo grau, ou nas instâncias superiores onde se tenha operado o trânsito em julgado? Evidente que não, por absoluta impropriedade, não fosse rematado despropósito, seja por obrigar a parte, v.g., a deslocar-se até a sede dos Tribunais, seja por obrigar a estes instalar verdadeiro "Cartório para processar guias de depósito judicial, mister que não é seu, mas do juízo da "execução. Então, por mais se revele incômoda, por representar obstáculo ao cumprimento mais célere da sentença e contrariar interesses de certas e conhecidas corporações, apresenta-se absolutamente necessária a intimação pessoal da parte como termo inicial do prazo de quinze dias para cumprimento voluntário da sentença, só incidindo a multa se escoado "in albis. Agravo desprovido. Unânime. (RIO GRANDE DO SUL, Julgado em 27/05/2009).

Nesse sentido, há quem defende a necessidade da intimação pessoal do devedor, pois não é ato do advogado da parte, mas sim, exclusivamente ato do devedor. A intimação da sentença ao advogado não vincula o devedor, assim, necessariamente precisa o credor requerer a intimação do devedor para que cumpra a sentença.

Portanto, de acordo com esse posicionamento, o credor após o trânsito em julgado da sentença, deverá apresentar o demonstrativo de cálculo atualizado, e requerer a intimação do devedor para que pague no prazo de 15 dias, sob pena de acréscimo de multa de 10%, honorários advocatícios e custas processuais.

Somente a partir dessa nova intimação, é que vincula o prazo para adimplemento obrigacional, eis que é dever do devedor e não do seu procurador pagar o quantum fixado em sentença.

Mas o posicionamento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, sendo atualmente o posicionamento majoritário também no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul é no sentido de que a multa incidente somente é exigível após o transcuro do prazo da intimação para pagar em 15 dias, sendo que essa intimação é realizada através do procurador constituído nos autos pelo devedor.

CONCLUSÃO

Diante do estudo realizado, objetivou-se compreender o significado da sentença no Processo Civil Brasileiro, bem como o seu cumprimento, a fim de verificar que, com as mudanças trazidas pelas Leis nº 10.444/2002 que adicionou o art. 461-A no CPC e pela Lei 11.232, de 22.12.2005, o cumprimento de sentença passou a ser de forma simplificada.

A sentença antes do advento das referidas Leis, era considerada como aquele ato que põe fim ao processo, mas passou a ser considerada pelo seu conteúdo e não pela força que ela tem em por fim a um processo.

Atualmente a sentença é considerada como o ato do juiz, que põe termo ao provimento jurisdicional, julgando ou não o mérito da causa. Esse ato do magistrado pode ser definitivo ou terminativo, ou seja, com ou sem resolução de mérito, enfim, dependendo da causa de pedir e pedido de cada caso em concreto.

Essa mudança de concepção surgiu para acompanhar a nova sistemática do cumprimento de sentença, que passou a ser de forma sincrética, sendo processada nos mesmos autos da ação principal, a qual deu origem a decisão exequenda.

A sentença poderá ser de diversas espécies, que variam de acordo com o pleito buscado pelo jurisdicionado, quais sejam, sentença meramente declaratória, mandamental, constitutiva, executiva ou condenatória.

Se o autor pleitear no judiciário, sentença meramente declaratória requererá apenas que declare um direito seu, enfim, a declaração ou não da existência de uma relação jurídica.

Se buscar uma sentença constitutiva, busca-se não um título executivo, mas sim a resolução de uma situação indesejada, pois ela tem o objetivo de constituir, extinguir ou modificar uma relação jurídica.

Já a sentença mandamental é uma decisão na qual o Estado-juiz reconhece o direito do autor, a mesma constitui título executivo judicial, na qual haverá sanção prevista para o caso do devedor não cumprir com o determinado.

A sentença executiva assim como a mandamental e a condenatória, não necessita de uma fase autônoma para ser cumprida, neste caso o Estado cumprirá no lugar do réu, isso só ocorrerá caso este não cumprir voluntariamente a decisão prolatada.

Por fim, a sentença condenatória é aquela em que impõe ao vencido determinada relação jurídica, podendo ser de fazer ou não fazer, de dar ou pagar quantia certa, caso o devedor não cumprir com o determinado, o vencedor poderá nos próprios autos requerer o seu cumprimento forçado, ou seja, o processo de conhecimento e de execução desenvolvem-se nos mesmos autos. Portanto com o advento das leis acima referidas, não há mais necessidade de promover a execução em autos apartados, mas sim, em simples requerimento, pedindo o prosseguimento da decisão proferida.

Foi abordado de forma especifica a sentença que ordena ao pagamento de quantia certa, sendo que independe da origem do crédito, mas que será cumprida através de pagamento de certa quantia em valor, caso não cumprido passa-se a fase de cumprimento de sentença.

A fase de cumprimento de sentença é requerida pelo exequente, que apresentará o demonstrativo de cálculo e a intimação do executado para que cumpra o determinado no prazo de 15 dias, poderá indicar desde logo os bens passíveis de penhora e expropriação.

O exequente por sua vez, poderá impugnar o cumprimento da sentença, mas as matérias que podem ser alegadas em defesa são as previstas em lei, tão somente. Num primeiro momento a impugnação não gera efeito suspensivo no curso da execução, salvo quando o magistrado verificar que poderá ocorrer lesão grave de difícil ou incerta reparação, se isso ocorrer pode o exequente prestar caução idônea e prosseguir no feito executório.

Será competente para o processamento do cumprimento da sentença o juízo no qual foi proferida a decisão ou do local onde os bens passíveis de expropriação estão localizados ou ainda o domicílio do executado, podendo optar pelo foro que melhor convier ao exequente.

Mas a problemática do estudo é saber qual o momento adequado para a incidência da referida multa, eis que há divergência doutrinária e jurisprudencial a esse respeito, que poderá ser automaticamente após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o credor deverá requerer nova intimação ao advogado da parte após o trânsito em julgado da decisão ou ainda intimação pessoal do devedor.

Após análise das possibilidades, conclui-se que, que o posicionamento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça e seguido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, é no sentido de que a multa prevista é exigível após o transcurso do prazo de quinze dias após a intimação para cumprir voluntariamente a sentença.

No entanto, apesar de saber que a corrente mais seguida atualmente, é que há necessidade de nova intimação e que somente após o transcurso do lapso temporal e se permanecer o devedor inadimplente, terá a aplicação da referida multa, concluo a pesquisa, divergindo desse entendimento. Pois, tendo em vista o princípio da celeridade processual e que os procuradores das partes são intimados do inteiro teor da decisão, o prazo para cumprir voluntariamente a decisão é automaticamente após o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Portando pelo estudo realizado, conclui-se que a incidência da multa prevista no art. 475-J do CPC, terá aplicação pela corrente majoritária, nos casos em que o devedor não adimplir a sua obrigação após nova intimação ao advogado do devedor a requerimento do credor que passará a exequente, que apresentará o demonstrativo de cálculo atualizado, acrescido da multa de 10% e honorários advocatícios, da indicação de bem passível de penhora e intimação do devedor na pessoa de seu procurador, para que pague o quantum fixado em sentença.

REFERÊNCIAS

ALVIM, Arruda. Manual de direito processual civil: processo de conhecimento. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, v. 2.

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