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Cumprimento de sentença e a imprecisão do artigo 475-J do Código de Processo Civil

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Academic year: 2021

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UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

LOVANI INÊS REIS

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E A IMPRECISÃO DO ARTIGO 475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

TRÊS PASSOS (RS) 2012

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LOVANI INÊS REIS

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E A IMPRECISÃO DO ARTIGO 475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DEJ – Departamento de Estudos Jurídicos.

Orientador: MSc. Luiz Raul Sartori

TRÊS PASSOS (RS) 2012

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Dedico este trabalho à minha mãe, minhas irmãs, minha sobrinha e a todos que de uma forma ou outra me auxiliaram e me ampararam durante estes anos da minha caminhada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo, pela vida, força e coragem para concluir mais uma etapa de minha vida.

A minha mãe, irmãs, sobrinha, por ter sempre me apoiado nos momentos difíceis.

Ao meu irmão, avôs maternos, que me guiam e iluminam meus passos, de onde quer que estejam.

A meu orientador, Mestre Luiz Raul Sartori, pela paciência, dedicação, disponibilidade e profissionalismo que desempenha como educador.

Agradeço aos meus colegas de curso, em especial a colega Daiane Henkes, pelo companheirismo e amizade durante esses anos.

A todos que colaboraram de uma maneira ou outra durante a trajetória de construção deste trabalho, meu muito obrigado!

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“Ponto de grande importância, mas a cujo respeito guarda silêncio a lei, é o do termo inicial para a incidência da multa.”

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa monográfica faz uma análise da sentença, de que forma as espécies de sentenças se subdividem no sistema processual civil brasileiro, como passou a ser o procedimento do cumprimento de sentença com o advento da Lei nº 11.232, de 02 de dezembro de 2005, que acrescentou o artigo 475-J no Código de Processo Civil. Aborda as peculiaridades da fase de cumprimento de sentença, discutindo brevemente a fase inicial de cumprimento de sentença relativa à obrigação de pagar quantia certa, buscando compreender as medidas necessárias que o credor precisa providenciar caso o devedor não adimplir voluntariamente e abordando de forma sucinta as matérias que possam ser arguidas pela defesa, em sede de impugnação. Analisa, também, a controvérsia acerca da imprecisão do artigo 475-J, do Código de Processo Civil, com a citação de doutrinas e decisões do Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul, sobre a incidência da multa prevista no referido artigo, qual o momento adequado para a aplicação da mesma, quando pode ser considerado inadimplente o devedor e requerer o cumprimento da sentença do valor total acrescido da multa do referido artigo.

Palavras-Chave: Sentença. Fase de Cumprimento da Sentença. Sentença Condenatória Relativa a Pagar Quantia Certa. Multa legal. Momento de Pagamento.

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ABSTRACT

El presente trabajo de investigación monografica face una análiis de la sentencia, de cual configuracións los espécis de sentencia de subdivisión em el sistema processual civil brasileiro, así pasó a existir el procedimento del culplimiento de la sentencia com el advenimiento de la Lei nº 11.232 de 02 de diciembre de dos mil y cinco, así acrecentó el preãmbulo del artículo 475-J del Codigo del proceso civil. Aborda las peculiaridad de la fase del cumplimiento de la sentencia, debatir momentaneamente la fase inicial del cumplimiento de la sentencia relactiva a la obrigación de pagar quantidad cierto, investigando entender las dimenciones necessárias que el merecedor necesita disponer caso el deudor no adinplir espontaniamente y direccionanda sucintamente las lecturas que puede ser arguidas por protección, en sede de impugnación. La principal controversia aceca de la imprecisión del preâmbulo del articula 475-J, del ley del Proceso Civil, tratando de analizar las doctrinas y las decisiones del Tribunal del Estado del Rio Grande del Sur, de la incidencia de la multa prevista en el mencionado artículo, cual el momiento corecto para la aplicación de la misma, enfin conocer cuándo puede ser considerable atrasado el duedor y requerir el cumprimiento de la sentencia, no se importancia global acrecentando de la penalidade del mencionado artículo.

Palabros llanes – Sentencia. Fase del Cumprimiento de la Sentencia. Sentencia Condenatoria Relactiva la Pagar Coutidad Correcta. Multa Legal Sobre el Pago.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO...09 1 SENTENÇA ... 11 1.1Conceito de sentença ... 11 1.1.1 Espécies de sentença ... 13 1.2 Sentença condenatória ... 16

1.2.1 Sentença condenatória: obrigação de pagar quantia certa ... 17

1.2.2 Sentença condenatória: obrigação de entregar coisa ... 18

1.2.3 Sentença condenatória: obrigação de fazer ... 19

1.2.4 Sentença condenatória: obrigação de não fazer ... 20

2 FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ... 23

2.1 Fase inicial do cumprimento da sentença: relativa à obrigação de pagar quantia certa... 25

2.1.1 Memória de cálculo atualizada ... 27

2.1.2 Indicação de bens para penhora pelo exequente... 27

2.1.3 Das matérias passíveis de manifestação pelo exequente ... 29

2.1.4 Efeito suspensivo ... 33

2.1.5 Competência para o cumprimento de sentença ... 34

2.1.6 Prescrição intercorrente ... 35

3 MULTA LEGAL E MOMENTO DE PAGAMENTO ... 37

3.1 Multa legal ... 37

3.2 Controvérsias sobre o momento de pagamento ... 39

3.2.1 Automaticamente após o trânsito em julgado da sentença condenatória ... 40

3.2.2 Após o trânsito em julgado da sentença, há necessidade de nova intimação ao advogado ... 42

3.2.3 Intimação pessoal do devedor ... 44

CONCLUSÃO ... 50

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa propor um estudo sobre a sentença condenatória e a imprecisão do artigo 475-J do Código de Processo Civil Brasileiro. Para tanto, aborda-se primeiramente a sentença, para compreender os seus aspectos teóricos e entender que a mesma passou por várias concepções até alcançar o conhecimento atual.

É através da sentença que o jurisdicionado tem ou não reconhecido o seu pedido, pois é através dela que se decide ou não o mérito da causa. A sentença era conceituada anteriormente, como o ato processual que põe fim ao processo, independentemente de resolução do mérito da causa. Com a entrada em vigor da Lei nº 11.232, de 22.12.2005, surgiu a grande mudança conceitual de sentença civil brasileira, que passou a ser entendida como o ato do juiz que implicará em uma das situações previstas nos artigos 267 e 269, ambos do Código de Processo Civil.

Assim, quando a decisão do juiz for fundamentada no artigo 267 do Código de Processo Civil, haverá extinção do processo sem resolução de mérito, mas sem analisar o mérito da causa. Já pelo artigo 269 do mesmo diploma legal, haverá sentença com resolução do mérito, mas não há extinção da causa, neste caso, haverá atos processuais seguintes que deverão ser cumpridos pela parte sucumbente.

Se o ato do juiz por fim ao processo sem analisar o mérito, será considerada sentença terminativa, mas se o ato emitir uma ordem, neste ato o juiz estará apreciando o mérito da causa, consequentemente teremos a chamada sentença definitiva.

Para melhor compreensão do assunto, será realizado um estudo sobre as espécies de sentença, que podem variar, dependendo do pedido inicial formulado pelo autor da causa, que

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poderá ser de natureza declaratória, constitutiva, mandamental, executiva lato sensu ou ainda condenatória, assim o jurisdicionado, terá ao final uma dessas espécies de sentença.

Objetiva-se, também, com a presente pesquisa, após um estudo sucinto das espécies de sentenças, abordar de forma mais especificamente a sentença condenatória que se subdivide em obrigação de pagar quantia certa, de entregar coisa, de fazer ou de não fazer.

Pode-se afirmar que é através da sentença condenatória que o juiz profere, declara e constitui o direito pretendido pelo jurisdicionado, resultando na formação de um título executivo judicial, concedendo a possibilidade de valer-se da sanção executiva, caso necessário para tornar real a pretensão buscada.

O trabalho contempla de um modo geral a alteração trazida com o advento da Lei n° 11.232 de 22.12.2005, sendo que com a entrada em vigor da referida lei os procedimentos tornaram-se simplificados e a prestação jurisdicional mais ágil. Consequentemente contribuiu para a credibilidade da justiça e maior efetividade da tutela ao crédito do exequente, eis que o Código de Processo Civil permite a partir delas o cumprimento da sentença judicial sem a necessidade de um novo processo de execução.

Justifica-se ainda, pela intenção de estudar os posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais acerca da imprecisão do artigo 475-J do Código de Processo Civil, mudança trazida pela Lei nº 11.232, de 22.12.2005. Com a entrada em vigor do referido artigo, todas as sentenças passaram a ser executadas nos mesmos autos, sem a necessidade de uma ação autônoma. Neste caso, caso o devedor não adimplir voluntariamente com a decisão preferida na sentença, o credor que passara a exequente poderá requerer nos próprios autos, o cumprimento forçado da mesma, com a incidência da multa prevista no referido artigo.

Por fim, saber o exato momento do transcurso in albis do prazo para o cumprimento voluntário da mesma, caso não efetivado no prazo de quinze dias, prosseguir-se-á com o cumprimento forçado do montante da condenação, acrescido da multa no percentual de dez por cento.

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1 SENTENÇA

O juiz representando o Estado, com base na Lei e nos fatos profere a decisão buscada no litígio entre autor e réu, resolvendo assim a pretensão buscada, essa decisão é chamada de sentença.

A sentença poderá ter conteúdo declaratório, constitutivo, mandamental, executiva ou ainda, condenatória, que terá necessariamente relação com o pedido exposto na inicial da ação, impetrada pelo autor da demanda, em face do réu.

Ao final dos atos processuais o juiz ao prolatar a sua decisão, devidamente fundamentada, proferirá sentença com ou sem resolução de mérito, devendo ter correlação com o pedido inicial da demanda.

1.1 Conceito de sentença

O conceito de sentença passou por inúmeras modificações desde o Código de Processo Civil de 1973, entre as quais, a mais importante, segundo Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2008. p. 1), “foi a que conceituou a sentença como ato que põe fim ao processo, decidindo ou não o mérito da causa”, no entanto esse conceito não é mais utilizado nos tempos atuais.

Com o advento da Lei n° 11.232, de 02 de dezembro de 2005, o conceito de sentença passou a ser definido como:

O ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta lei. O art. 267 cuida da extinção do processo sem resolução de mérito. Sempre que o juiz, sem examinar o pedido, puser fim ao processo, proferirá sentença, [...]. Mas o art. 269 não fala em extinção. Diz apenas que, nas hipóteses nele mencionadas, haverá resolução de mérito. (GONÇALVES, 2008, p. 1).

A sentença é definida pelo seu conteúdo e não pela força que ela tem de encerrar um processo, pois o juiz pode proferir sentença em relação a um dos pedidos e prosseguir quanto aos demais. Assim, pode-se ter processo que terá mais de uma sentença, sendo julgado um dos pedidos da petição inicial em cada sentença.

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Segundo Alexandre Freitas Câmara (2009, p. 409) sentença pode ser definida “como o provimento judicial que põe termo ao ofício de julgar do magistrado, resolvendo ou não o objeto do processo.”

Ainda, segundo Gonçalves (2008, p. 3):

A modificação do conceito de sentença faz parte de um plano maior do legislador: o de transformar o processo de conhecimento e de execução em fases de um processo único, que teria início o aforamento da demanda, e só se encerraria com a satisfação do julgado. A sentença deixa de ser o ato capaz de pôr fim ao processo.

Já para Câmara (2009), as modificações ocorreram apenas para adaptar o texto do CPC1 ao novo modelo da execução de sentença, que agora tem continuação no mesmo processo em que foi proferida a sentença.

Sentença é o ato do juiz que põe fim ao seu ofício de julgar, resolvendo ou não o mérito da causa. Se preferir, adotando-se uma terminologia que parece adequada ao atual sistema do CPC, sentença é o ato do juiz que põe fim a um módulo processual (em primeiro grau de jurisdição), resolvendo ou não o mérito da causa. (CÂMARA, 2009, p. 411).

Desse modo, haverá sentença com ou sem resolução mérito, ou seja, se a sentença põe fim ao processo sem analisar o mérito ela é considerada sentença terminativa, mas quando o juiz emite uma ordem ele aprecia o mérito da causa, são as chamadas sentenças definitivas.

Na definição de sentença para Arruda Alvim (2005, p. 530):

A sentença é o ato culminante do processo de conhecimento. Na sentença, o juiz, na qualidade de representante do Estado, dá, com base em fatos, na lei e no Direito, uma resposta imperativa ao pedido formulado pelo autor, bem como à resistência oposta a esse pedido, pelo réu, na defesa apresentada. Mesmo não havendo defesa, e tendo sido o réu revel, não fica liberado o Estado-juiz o dever de resolver a pretensão, o que é feito essencialmente pela sentença.

Contudo a sentença deve ter relação com o pedido formulado na inicial, que segundo Gonçalves (2008, p. 17, grifo do autor):

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Pode ser de natureza declaratória, constitutiva ou condenatória. Acolhido o pedido, a tutela terá a natureza da pretensão [...] ainda a existência de duas outras espécies de tutelas jurisdicionais: a mandamental e a executiva latu

sensu. Não passam, porém, de subespécies de tutela condenatória, embora

dispensem a fase autônoma de execução e se cumpram automaticamente, sem necessidade e nova citação do obrigado.

Portanto, a sentença no Processo Civil Brasileiro pode ser com ou sem resolução de mérito e, de acordo com o pedido, poderá por fim ou não no processo, sendo que terá a natureza de sentença declaratória, constitutiva, mandamental, condenatória e executiva, o que se passara a analise de cada uma.

1.1.1 Espécies de sentença

Dependendo do pedido formulado na inicial, o jurisdicionado terá na sentença o seu provimento efetivado, que poderá ser de natureza meramente declaratória, constitutiva, mandamental, executiva lato sensu ou condenatória, sendo uma dessas espécies de sentença.

Se o autor ingressar com a ação apenas para ver declarado um direito seu, terá uma sentença meramente declaratória, nas palavras de Alvim (2005, p. 538):

Pela ação e sentença declaratória o que se objetiva é, exclusivamente, a declaração do direito, sendo que a sentença declaratória vale como autêntico preceito, disciplinador das relações jurídicas (ou relação jurídica) das partes, ou do conflito de interesses retratado na lide e questões a ela agregadas. Acrescenta-se à sentença declaratória o atributo da coisa julgada, pelo que ela não poderá absolutamente ser desrespeitada.

Segundo o entendimento de Câmara (2009) a sentença declaratória, em seu conteúdo, apenas exporá a existência ou inexistência de uma relação jurídica ou da autenticidade ou falsidade de um documento, pois de regra, não se admite a declaração de um fato, pois a sentença tem a finalidade de conferir certeza sobre as dúvidas que pairavam sobre determinada relação jurídica, utilizando como exemplos a ação de investigação de paternidade, a ação de usucapião e ação de consignação em pagamento.

Entre todas as sentenças possíveis, a mais simples é a sentença declaratória, pois por meio dela pretende-se a declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica, sendo que no entender de Gonçalves (2008, p. 17):

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As sentenças declaratórias são mais simples que as demais [...]. O que se pretende obter é uma certeza jurídica sobre algo que, até então, era fonte de dúvidas, incertezas ou insegurança. A sentença declaratória não impõe obrigação aos contentores, por isso não constitui um título executivo, mas torna certa uma situação jurídica que, embora já existisse, não era reconhecida.

A declaração pode ser positiva ou negativa, dependendo da situação jurídica. Ela será positiva quando o juiz reconhecer a pretensão jurídica e negativa se concluir pela inexistência.

Assim como a sentença declaratória a constitutiva também não forma um título executivo, ela tem a função de constituir, extinguir ou ainda modificar uma relação jurídica, ou seja, uma situação indesejada.

Duas situações podem ensejar o seu ajuizamento: a existência de um litigio a respeito de relação jurídica, que uma das partes quer constituir ou desfazer, sem o consentimento da outra; ou a exigência legal do ingresso no Judiciário, para que determinada relação jurídica possa ser modificada, mesmo quando há consenso dos envolvidos.

As sentenças constitutivas podem ser positivas ou negativas. As primeiras são as que criam relações jurídicas até então inexistente; as segundas, as que as desconstituem. Há, ainda, as modificativas, que alteram as relações. (GONÇALVES, 2008, p. 18-19).

No ensinamento de Câmara (2009) pode-se utilizar o exemplo da ação de divórcio e a ação de anulação de casamento, para melhor entender a sentença constitutiva.

A sentença mandamental é uma espécie de sentença condenatória, pois nela o juiz reconhece o direito postulado pelo autor e aplica uma sanção caso o devedor não cumprir com o determinado, constituindo título executivo judicial, é o que nos ensina Gonçalves (2008, p. 22):

Nas mandamentais, o juiz emite uma ordem, um comando, que lhe permite, sem necessidade de processo autônomo de execução, tomar medidas concretas e efetivas, destinadas a proporcionar ao vencedor a efetiva satisfação de seu direito.

Já a sentença executiva lato sensu mesmo que o réu não cumpra voluntariamente a decisão, ela não necessita de uma fase autônoma para ser cumprida, pois o próprio Estado cumprirá no lugar do réu, pois segundo Gonçalves (2008, p. 22):

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Assim que transitada em julgado, a sentença se cumpre desde logo, com a expedição de mandado judicial, sem a necessidade de um procedimento a mais, em que o réu tenha a oportunidade de manifestar-se ou defender-se. São exemplos desse tipo de ação as possessórias e as de despejo.

Assim, sentença executiva é cumprida mediante a expedição de mandado judicial logo após o trânsito em julgado da sentença, sem a necessidade da manifestação das partes litigantes. Ainda, segundo Gonçalves (2008, p. 23) “não havendo cumprimento espontâneo da obrigação, o próprio Estado, no lugar do réu, a cumprirá. Assim, se o réu não devolve a coisa, é expedido mandado que a retire do poder deste, e a entrega ao autor.”

A sentença condenatória pode ser definida por Câmara (2009, p. 426):

Como aquela que impõe ao vencido o cumprimento de um dever jurídico (de dar, fazer ou não fazer), através de um comando cuja atuação forçada depende do exercício da atividade jurisdicional complementar, seja de execução forçada propriamente dita (através de atos de sub-rogação, como a expropriação de bens ou o desapossamento), seja através de meios de execução.

Ainda, segundo o ensinamento de Câmara (2009) com o advento da Lei n° 10.444/2002 que criou o art. 461-A do CPC, fez com que a execução da sentença que condena ao cumprimento de obrigação de entregar coisa, fazer ou não fazer, passasse a ser promovida nos mesmos autos em que a sentença foi proferida. Conforme a Lei n° 11.232/05 ordena que a execução da sentença que condena ao pagamento em dinheiro seja dada no mesmo processo em que a sentença é proferida, o processo de conhecimento e de execução desenvolve-se em um só processo.

Segundo Humberto Theodoro Júnior (2009, p. 18, grifo do autor):

Com a reforma arquitetada pela Lei n° 11.232, de 22.12.2005, todas as sentenças passaram a um regime único de cumprimento e nenhuma delas dependerá mais de ação executiva separada para ser posta em execução.

Ainda, sob a ótica do autor (2007, p. 215, grifo do autor):

a) sempre que o credor reclamar, no processo de conhecimento a entrega de coisa o juiz lhe concederá a tutela específica, fixando, na sentença, o prazo para cumprimento da obrigação (art. 461-A, caput);

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b) independentemente de nova citação, aguardar-se-á o transcurso do prazo assinado na sentença, cuja contagem será a partir do respectivo trânsito em julgado;

c) comunicado nos autos o transcurso do prazo sem que o devedor tenha cumprido a obrigação, expedir-se-á em favor do credor mandado para sua realização compulsória por oficial de justiça: o mandado será de busca e apreensão, se se tratar de coisa móvel; e de imissão de posse, se o bem devido for coisa móvel (art. 461-A, § 2º). No primeiro caso, o oficial toma fisicamente posse da coisa e a entrega ao credor; no segundo, os ocupantes são desalojados do imóvel, para que o credor dele se assenhoreie. A diligência, portanto, se aperfeiçoa com a colocação do exeqüente na posse efetivas e desembaraçada do imóvel disputado.

No que se refere essa temática é necessário observar o ensinamento de Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Oliveira. (2007, p. 418, grifo do autor):

Há execução sempre que se pretender efetivar materialmente uma sentença que imponha uma prestação (fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia), pouco importa a natureza desta prestação [...], que a execução da sentença de fazer e de não fazer dar-se-á segundo os termos do art. 461 do CPC; a da sentença de entrega de coisa, de acordo com o art. 461-A; e a da sentença pecuniária, de acordo com as regras do cumprimento da sentença, previstas nos arts. 475-J e seguintes.

Pelo estudo feito sobre as espécies de sentenças no sistema processual civil brasileiro, pode-se concluir que o título executivo, deve englobar todas as sentenças que reconheçam a existência de obrigação de pagar quantia, entregar coisa e fazer ou não fazer. É o que se passará a análise individual de cada uma.

1.2 Sentença condenatória

Segundo o ensinamento de Câmara (2009), a sentença condenatória pode ser definida como a obrigação imposta ao vencido, seja de dar, fazer, não fazer ou pagar quantia, cujo cumprimento pode se dar de forma voluntária ou forçada. O cumprimento voluntário da sentença se concretiza sem a necessidade de intervenção jurisdicional complementar já o cumprimento forçado necessita dessa intervenção, seja através da expropriação de bens, desapossamento ou ainda através da execução.

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É aquela que resulta da formação de um título executivo judicial. Ao proferir uma sentença condenatória, o juiz não apenas declara a existência do direito em favor do autor, mas concede a ele a possibilidade de valer-se da sanção executiva, tornando realidade concreta aquilo que lhe foi reconhecido. Como toda sentença, a condenatória também tem um conteúdo declaratório, pois o juiz reconhece em favor do autor a pretensão por ele buscada. Mas vai além, ao fornecer-lhe os meios (sanção) para a efetivação do seu direito. A sentença condenatória é a única que institui um título executivo judicial em favor do autor. Por isso, ela não deixa de ter, também, um caráter constitutivo, criando uma situação jurídica até então inexistente, consubstanciada no título.

Mas ela, por si só, não concede ao autor a satisfação do seu direito. Se o devedor não cumprir espontaneamente a obrigação, será preciso que o credor promova uma execução, pedindo ao Estado que realize atos materiais concretos de realização do direito. A ação com pedido condenatório tem por objetivo não a satisfação plena do direito postulado, mas a formação do título que permita aplicar a sanção executiva.

Desse modo, Gonçalves nos ensina que apenas declarar e reconhecer o direito do autor sem ser cumprida a obrigação não é o suficiente para ver concretizado o seu direito, sendo que o réu pode não satisfazer essa pretensão espontaneamente, mas nesse caso a sentença condenatória é um título executivo judicial em favor do autor.

No entendimento de Alvim (2005, p. 542, grifo do autor):

Tal como nas demais sentenças, também na condenatória declara-se o direito. Todavia, não é tal declaração que a caracteriza. O que a marca, precipuamente, é a sanção. Obtida a sentença condenatória, adquire o autor um instrumento jurídico destinado a satisfação efetiva do seu direito. Geralmente, com o trânsito em julgado da condenatória (v.g., na hipótese de condenação em quantia certa, líquida e exigível), a sentença é o próprio

título executivo judicial [...], que habilitará o credor a solicitar ao juízo o

ingresso no patrimônio do devedor, para a satisfação do seu direito.

Assim, a sentença condenatória, pode ser de obrigação de pagar quantia certa, de entregar coisa, de fazer ou não fazer, podendo ser cumprida voluntariamente pelo devedor ou caso não cumprido, pedir o cumprimento forçado da mesma.

1.2.1 Sentença condenatória: obrigação de pagar quantia certa

Na condenação por quantia certa, segundo Theodoro Júnior (2007, p. 237), “não importa que a origem da dívida seja contratual ou extracontratual, ou que tenha como base material o negócio jurídico unilateral ou bilateral, ou ainda o ato ilícito.”

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Ainda, sob a ótica do autor (2009, p. 48):

Obrigação por quantia certa é aquela que se cumpre por meio de dação de uma soma de dinheiro. O débito pode provir de obrigação originariamente contraída em torno de dívida de dinheiro (v.g., um mútuo, uma compra e venda, em relação ao preço da coisa, uma locação, em relação ao aluguel, uma prestação de serviço, no tocante à remuneração convencionada etc.); ou pode resultar da conversão de obrigação de outra natureza no equivalente econômico (indenização por descumprimento de obrigação de entrega de coisa, ou de prestação de fato, reparação de ilícito etc.).

O cumprimento da sentença não depende de uma ação nova, mas para que seja cumprido o determinado na sentença, dependerá do pedido do credor. Este deverá providenciar e preparar a atividade executiva, com a devida atualização e apresentação da memória de cálculo, pois com base neste cálculo o devedor realizará o pagamento, e caso não realize, será procedida à penhora de bens.

Para Theodoro Júnior (2009, p. 50), “na inércia do credor, o devedor, para evitar a multa legal, pode tomar a iniciativa de calcular o montante atual da condenação, e depositá-la em juízo, liberando-se, assim, da obrigação.”

Após a intimação da penhora ao devedor, proceder-se-á, caso permaneça a inércia do devedor, à expropriação dos bens, para a satisfação do cumprimento da obrigação imposta em sede de sentença.

1.2.2 Sentença condenatória: obrigação de entregar coisa

A sentença que ordena a entrega de coisa é cumprida em uma única relação processual, quando o credor a reclamar no processo de conhecimento. O juiz fixará na sentença o prazo que o devedor terá para cumprir o determinado. O prazo para o seu cumprimento está previsto no art. 461-A do CPC.

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.

§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo

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ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.

§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.

[...].

É indiferente se a obrigação de entregar é de coisa certa ou incerta, pois o procedimento é o mesmo para ambos. Segundo José Carlos Barbosa Moreira (2009), o devedor sempre terá um prazo para que possa cumprir voluntariamente a obrigação, caso a obrigação não seja satisfeita no prazo, ou seja, o devedor não entregar a coisa no prazo fixado na sentença, caberá ao Estado-juiz efetivar a obrigação imposta, mediante a expedição de mandado de busca e apreensão ou de imissão de posse, dependendo respectivamente se for coisa móvel ou imóvel.

Mas caso o executado cumprir com sua obrigação no prazo fixado ou depois de tomadas às medidas necessárias para tanto, será declarada extinta a obrigação.

1.2.3 Sentença condenatória: obrigação de fazer

A sentença condenatória obrigação de fazer é a que declara uma obrigação do devedor em prol do autor, considerada positiva no ensinamento de Theodoro Júnior (2009, p. 25, grifo do autor):

As de fazer são típicas obrigações positivas, pois concretizam-se por meio de “um ato do devedor”. A res debita corresponde normalmente a prestação de trabalho, que pode ser físico, intelectual ou artístico. Pode também assumir maior sofisticação, como no caso de contratar, cuja prestação não se resume a colocar a assinatura num instrumento; mas envolve toda a operação técnica da realização de um negócio jurídico (um contrato), em toda sua complexidade, e com todos os seus efeitos.

São exemplos comuns de obrigação de fazer a contratação da pintura de quadro, da reforma de um automóvel, da construção de uma casa, da realização de um espetáculo artístico, da demolição de um prédio e tantos outros de criar coisas ou fatos novos. Às vezes a pretensão de fazer é

personalíssima, outras vezes não, conforme só deva ser cumprida

pessoalmente pelo devedor, ou admita a respectiva execução indistintamente pelo devedor ou por outra pessoa. Nessa última hipótese, a obrigação de fazer é considerada fungível, e no primeiro caso, ela se diz infungível.

Está previsto no art. 644 do CPC que na sentença que tenha a obrigação de fazer será cumprido de acordo com o art. 461 do CPC. Já o art. 461 do CPC reza que na ação que tenha

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por objeto o cumprimento de obrigação de fazer, se procedente o pedido, o juiz fixará as medidas necessárias que assegurem o adimplemento da obrigação.

Art. 644. A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se de acordo com o art. 461, observando-se, subsidiariamente, o disposto neste Capítulo.

[...].

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

O devedor terá prazo fixado para cumprir com a sua obrigação, caso não o faça, o credor poderá executar o determinado em sede de sentença, devendo o réu arcar com as despesas, ou caso queira o credor, poderá converter em perdas e danos, nos moldes da execução por quantia certa.

Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização.

Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.

Ainda, sob a ótica de Theodoro Júnior (2009, p. 27):

Os poderes do juiz para fazer cumprir especificamente a obrigação de fazer não ficam restritos à autorização para que o credor realize ou mande realizar por terceiro o fato devido. Pode o juiz adotar outras providências que, mesmo não sendo exatamente o fato devido, correspondam a algo que assegure o resultado pratico equivalente ao do adimplemento.

Diante disso, o credor pode valer-se da prerrogativa que o juiz lhe concede, de poder fazer pessoalmente a obrigação ou mandar que faça por terceiro, sendo que o devedor arcará com todas as despesas advindas para o adimplemento da obrigação imposta.

1.2.4 Sentença condenatória: obrigação de não fazer

A sentença condenatória de não fazer, declara uma obrigação na qual o devedor não poderá fazer algo, ou seja, deverá se abster, mantendo-se omisso. Nas palavras de Theodoro Júnior (2009, p. 25) “é pela inércia que se cumpre a obrigação devida. Se fizer o que se obrigou a não fazer, a obrigação estará irremediavelmente inadimplida.”

(22)

Para Moreira (2009, p. 227, grifo do autor):

A prestação negativa pode ser instantânea (exemplos: obrigação de não perturbar certa manifestação, de não passar pelo local x, em dia e hora determinados, de não se exibir no espetáculo teatral ou no programa de televisão marcado para o próximo domingo) ou permanente (exemplos: obrigação de não explorar determinado ramo do comércio, de não erguer construção, de não impedir a passagem de animais alheios pelo próprio terreno). A distinção é relevante no que concerne às conseqüências do inadimplemento: uma vez descumprida a obrigação de prestação negativa instantânea, é impossível cogitar de desfazer-se o que foi feito, de modo que o credor só poderá haver uma reparação pecuniária; já quando contínua a prestação, torna-se viável, em regra, a exigência de que cesse a violação ou se desfaça o que se fez descumprindo a obrigação.

No CPC está a previsão legal da obrigação de não fazer, sendo que os artigos 642 e 643 preveem o seguinte:

Art. 642. Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo.

Art. 643. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos.

Parágrafo único: Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos.

O devedor será intimado para não fazer, mas caso já praticou o ato, o exequente poderá pedir ao juiz para que fixe prazo para ser desfeito, caso seja ainda possível, mas se o devedor se recusar em cumprir com o determinado ou não cumprir no prazo fixado em sentença, será mandado fazer por outra pessoa, sendo que arcará o devedor com as despesas, além de responder por perdas e danos.

Ainda segundo Theodoro Júnior (2009, p. 35):

Tornando-se impossível o completo desfazimento do evento contrário à obrigação de não fazer, dar-se-á sua conversão em perdas e danos e o cumprimento da sentença processar-se-á nos moldes da execução das obrigações por quantia certa.

Se o devedor cumpriu com a obrigação, encerra-se o processo executivo, neste caso, não há o que falar em perdas e danos.

(23)

Caso o devedor não cumprir com a obrigação imposta, seja de pagar, de entregar coisa, fazer ou não fazer, é necessário para ver concretizado à satisfação do autor, realizar a fase de cumprimento de sentença.

Tendo em vista o exposto, a fase de cumprimento de sentença será abordada no próximo capítulo, com apontamentos sobre a fase inicial, a memória de cálculo que deve ser apresentada pelo autor e a respectiva indicação de bens para penhora. Ainda, será feita uma abordagem sobre as matérias passíveis de manifestação pelo exequente, se a referida fase pode gerar efeitos suspensivos, por fim, a jurisdição competente para o cumprimento da sentença e a prescrição intercorrente.

(24)

2 FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

A fase inicial do cumprimento da sentença, dependendo do pleito buscado via judicial, poderá ser de fazer, não fazer, pagar quantia ou de dar coisa. Não necessita de um processo de execução autônomo, pois tem continuação nos mesmos autos da ação principal, consequentemente não haverá nova citação ao réu.

No ensinamento de Gonçalves (2010, p. 4), a execução de título judicial constitui uma fase subsequente à cognitiva, formando um processo sincrético, sendo assim, não há dois processos distintos e sucessivos, mas sim, duas fases, a cognitiva e a executiva, em um único processo. Sincrético, pois terá o desenvolvido da atividade cognitiva e satisfativa.

O Estado-juiz substitui-se ao devedor, no cumprimento da obrigação. O Estado, sem nenhuma participação do devedor, satisfaz o direito, no seu lugar. [...]. Se ele não entregar voluntariamente a coisa, determina que um oficial de justiça a tome, e a entregue ao credor. (GONÇALVES 2010, p. 4).

Segundo Theodoro Júnior (2009), o art. 475-I do CPC, dispõe que o cumprimento de sentença processar-se-á de duas formas, se for obrigação de fazer ou não fazer e de entregar coisa, será o procedimento de cumprimento forçado previsto nos art. 461 e 461-A CPC, já a obrigação por quantia certa, se processará na forma da execução, previsto nos art. 475-J e seguintes do CPC, ou seja, na forma do cumprimento da sentença.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

[...].

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.

[...].

Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.

[...].

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

(25)

O cumprimento da sentença será realizado num único processo, ou seja, em uma só ação, se a relação processual não foi satisfeita voluntariamente pelo devedor, a jurisdição terá duas funções, quais sejam, o conhecimento e a execução.

Segundo Gonçalves (2010, p. 105):

Para a classificação das diversas formas de execução tradicional, o Código de Processo Civil valeu-se da obrigação, adequando o procedimento àquilo que pretende o credor. Na execução por quantia certa, grande parte do procedimento tem por fim a tomada de bens do devedor, para garantia de sua futura expropriação, e conversão em pecúnia, para pagamento do credo.

Ainda, Theodoro Júnior (2009) ensina que logo após o trânsito em julgado da condenação de fazer e não fazer, as determinações expostas na sentença devem ser postas em prática, por meio de mandado dirigido ao devedor ou por meio de autorização para que terceiro sob direção do credor ou este cumpra. Na sentença que condena à entrega de coisa, o juiz fixará um prazo para que o condenado cumpra a obrigação, caso ultrapassado o prazo para a entrega sem ter voluntariamente a realizado, será expedido mandado para cumprimento forçado da sentença.

No ensinamento de Theodoro Júnior (2009, p. 22-23, grifo do autor):

[...] o cumprimento da sentença é a evidente sujeição do obrigado à realização da prestação reconhecida e imposta pelo juízo, tanto que a lei marca um prazo para tal, cominando multa para a eventualidade de faltar à diligência determinada [...].

É bom lembrar que se a execução forçada figura no sistema do Código como uma faculdade de que o credor pode livremente dispor, ao devedor a lei civil reconhece não apenas o dever de cumprir a obrigação, como também o

direito de liberar-se da dívida [...] o devedor oferecerá o pagamento

diretamente ao credor, dele obtendo a quitação, que será juntada ao processo; ou oferecerá em juízo o depósito da soma devida para obter do juiz o reconhecimento da extinção da dívida e consequentemente encerramento do processo. Em sua petição, fará incluir o demonstrativo de atualização de débito, se o credor ainda não tiver tomado iniciativa em tal sentido.

Assim, o juiz para satisfazer a pretensão do credor de quantia certa determinada em sentença, após a condenação precisa transformar o bem do devedor em dinheiro, para ser utilizado no pagamento forçado da prestação não cumprida. Essa expropriação denomina-se execução.

(26)

Não se trata, obviamente, de conservar a ação de execução de sentença, mas apenas de utilizar os meios processuais executivos necessários para consumar o fim visado pelo cumprimento da sentença, em face do objeto específico da dívida. Há, pois, execução por quantia certa, mas não ação de execução por quantia certa, sempre que o título executivo for sentença. (THEODORO JÚNIOR, 2009, p. 47).

Desse modo, são expropriados bens do patrimônio do devedor e transformados em dinheiro, para satisfazer o crédito do exequente, tudo através da atividade jurisdicional, mas poderá haver a adjudicação do bem expropriado, satisfazendo o direito do credor.

Theodoro Júnior (2007) ainda ensina que, o cumprimento da sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer e de entregar coisa, praticamente se resume, na expedição de mandado, que após cumprido, encerra o processo e consequentemente o arquivamento dos autos, sem maiores formalidades. Já a sentença que condena a pagar quantia certa, tem o seu procedimento mais complexo, sendo que para o credor ter satisfeito o seu direito, é necessário a afetação e avaliação de determinados bens do devedor, que serão expropriados e transformados em dinheiro ou adjudicados pelo credor, para então o órgão judicial satisfazer a pretensão do credor.

2.1 Fase inicial do cumprimento da sentença: relativa à obrigação de pagar quantia certa

Caso não cumprido voluntariamente a decisão que condenou o devedor a pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da sentença, caberá ao credor para ver satisfeito a sua pretensão, requerer o cumprimento da sentença, se for necessário e previsto na sentença, com o comprovante da ocorrência da condição ou termo e com o demonstrativo do débito atualizado.

Segundo Theodoro Júnior (2007, p. 574):

Caso o credor não requeira a execução no prazo de seis meses contados da sentença exequível, o juiz mandará arquivar os autos. Isto, contudo, não prejudicará seu crédito, já que a qualquer tempo, terá o direito de promover o desarquivamento do feito e dar início ao procedimento de cumprimento forçado da condenação.

(27)

Portanto, o credor tem a faculdade de requerer, no prazo de seis meses contados da sentença, o cumprimento da obrigação imposta, caso permaneça inerte os autos serão arquivados, com a possibilidade de desarquivamento a qualquer tempo. Mas caso queira prosseguir com o feito, deverá apresentar a memória de cálculo atualizada do débito.

Mas há dois posicionamentos quanto ao impulso do andamento processual. De um lado, o que defende que a fase executiva somente pode ser requerida pela parte credora e do outro lado, defende que o juiz pode requerer a intimação do devedor para que cumpra o determinado na sentença, mas tão somente para que cumpra, caso não cumprido é o credor que precisa requerer o cumprimento da execução.

Assim, segundo Didier Jr., após o trânsito em julgado da decisão, o magistrado pode de ofício determinar que o devedor seja intimado para que cumpra a decisão do julgado.

Essa intimação do executado pode ser determinada ex officio; a exigência de provocação do exequente restringe-se à instauração da fase de execução forçada, após o inadimplemento do executado. Assim, transitada em julgada a decisão, pode o magistrado intimar o devedor para seu cumprimento, requerendo, se for o caso, que o contador judicial providencie a elaboração dos cálculos de atualização da dívida. (DIDIER JR, 2007, p. 452, grifo do autor).

Enquanto que Theodoro Júnior (2009, p, 50, grifo do autor) defende que:

Embora não dependa a execução de instauração de uma nova ação (actio

iudicati), o mandado de cumprimento da sentença condenatória, nos casos de

quantia certa, não será expedido sem que o credor requeira. É que lhe compete preparar a atividade executiva com a competente memória de cálculo, com base na qual o devedor realizará o pagamento, e o órgão executivo procederá, à falta de adimplemento, à penhora dos bens a expropriar.

Na mesma linha de raciocínio e completando o entendimento anterior, Barbosa Moreira (2009, p. 196):

Justifica-se a subordinação do começo dessa fase à vontade do exequente. Pode acontecer que lhe pareça inútil intentar a execução quando não haja perspectiva concreta de resultado frutífero, v.g. por inexistência de bens sobre os quais ela possa recair. Além disso, se vingar a eventual impugnação do executado, ou vier a ser reformada ou anulada a sentença exequenda, o exequente terá que ressarcir os danos causados àquele, e esse é o risco que ele talvez não se disponha a correr.

(28)

Assim, o posicionamento mais seguido atualmente, é no sentido de que o exequente deve requerer o cumprimento da sentença, com o pedido de intimação e a juntado do demonstrativo do débito, tendo o juiz apenas a possibilidade de impulsionar o andamento processual, requerendo que o devedor cumpra a decisão, caso não cumprido, é dever do credor pedir o cumprimento forçado da sentença.

2.1.1 Memória de cálculo atualizada

Caso o devedor não cumprir voluntariamente a obrigação de pagar quantia certa, caberá ao credor requerer o seu cumprimento apresentando memória de cálculo atualizado do débito, segundo Theodoro Júnior (2009, p. 48):

Caberá ao credor requerer a medida, em simples petição formulada no processo em que a condenação foi proferida, a qual será instruída com o demonstrativo do débito atualizado (art. 614, II), e, se for o caso, com o comprovante de que já ocorreu a condição ou o termo, se tais elementos foram previstos na sentença.

Assim, o credor precisa requerer a expedição de mandado, juntamente com a apresentação da memória de cálculo, pois é com base no demonstrativo que o devedor fará o pagamento e caso contrario prosseguir-se-á com a penhora dos bens a serem expropriados.

2.1.2 Indicação de bens para penhora pelo exequente

O exequente poderá indicar em seu requerimento os bens a serem penhorados, todavia não exclui o direito do executado de substituir a penhora se caracterizado alguma hipótese do art. 656 CPC.

Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora I – se não obedecer à ordem legal;

II – se não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento;

III – se, havendo bens no foro da execução, outros houverem sido penhorados;

IV – se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de gravame;

V- se incidir sobre bens de baixa liquidez;

(29)

VII – se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se referem os incisos I a IV do parágrafo único do art. 668 desta Lei.

§ 1o É dever do executado (art. 600), no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 14, parágrafo único).

§ 2o A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, mais 30% (trinta por cento).

§ 3o O executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição caso o requeira com a expressa anuência do cônjuge

Segundo Theodoro Júnior (2007, p. 575), “ao executado cabe apenas o direito de controlar a escolha feita pelo exequente, para evitar que se desvie dos parâmetros legais.”

Art. 475§, 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias.

§ 3o O exequente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados.

§ 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo.

Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora: I - se não obedecer à ordem legal;

II - se não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento;

III - se, havendo bens no foro da execução, outros houverem sido penhorados;

IV - se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de gravame;

V - se incidir sobre bens de baixa liquidez;

VI - se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou

VII - se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se referem os incisos I a IV do parágrafo único do art. 668 desta Lei.

Ainda sob a ótica de Theodoro Júnior (2007), o oficial de justiça lavrará o auto de penhora e avaliação e, após a juntada aos autos, o executado será intimado através de seu advogado constituído, na forma dos art. 236 e 237 CPC. Caso não haja advogado do devedor nos autos, a intimação será feita pessoalmente à parte ou a seu representante legal, por mandado ou pelo correio.

(30)

Art. 236. No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios, consideram-se feitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial.

§ 1o É indispensável, sob pena de nulidade, que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados, suficientes para sua identificação. § 2o A intimação do Ministério Público, em qualquer caso será feita pessoalmente.

Art. 237. Nas demais comarcas aplicar-se-á o disposto no artigo antecedente, se houver órgão de publicação dos atos oficiais; não o havendo, competirá ao escrivão intimar, de todos os atos do processo, os advogados das partes: I - pessoalmente, tendo domicílio na sede do juízo;

II - por carta registrada, com aviso de recebimento quando domiciliado fora do juízo.

Parágrafo único. As intimações podem ser feitas de forma eletrônica, conforme regulado em lei própria.

Caso o oficial de justiça não possua conhecimento técnico para avaliar o bem penhorado, assim que encerrado o auto de penhora, será nomeado avaliador e assinando-lhe prazo, para a entrega do laudo.

Após a intimação do devedor da penhora e avalição, terá o prazo de quinze dias para impugnar e terá caráter de decisão interlocutória.

2.1.3 Das matérias passíveis de manifestação pelo executado

As matérias passíveis de ser arguidas em sede de impugnação ao cumprimento da sentença são restritas, pois não cabe mais discutir o mérito da causa e a solução dada ao litígio torna-se lei entre as partes. Mesmo nos casos em que há pendência de recurso sem eficácia suspensiva, ou seja, quando a execução for provisória, o juiz da causa mandará que seja cumprido a sentença e não se permitirá rever, alterar ou suprir o que já esta decidido. Em regra, nenhum juiz, mudará o que já decidiu relativamente a mesma causa, fazendo cumprir o princípio da preclusão pro iudicato, conforme Theodoro Júnior (2007).

A impugnação pode ser manifestada por simples petição nos próprios autos e não haverá citação do credor, mas Theodoro Júnior (2007, p. 585) nos mostra que será permitido o “contraditório, ouvindo-se a parte contrária e permitindo-se provas necessárias à solução da impugnação.”

Os possíveis fundamentos da impugnação estão indicados taxativamente no art. 475-L do CPC:

(31)

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II – inexigibilidade do título;

III – penhora incorreta ou avaliação errônea; IV – ilegitimidade das partes;

V – excesso de execução;

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.

§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.

§ 2o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação.

Segundo Barbosa Moreira (2009) e Theodoro Júnior (2007) o artigo acima citado pode ser exemplificado da seguinte forma:

Na falta ou nulidade da citação inicial (inciso I), é o único defeito dessa fase invocável para impugnar a execução, pois para configurar-se, é imprescindível que o devedor não haja oferecido defesa no prazo legal, nem passado a atuar depois no processo, por meio de procurador voluntariamente constituído, pois se o fez, considera-se suprida a falta de citação, consequentemente não gera a nulidade dos atos processuais.

Segundo Theodoro Júnior (2007, p. 577):

Os pressupostos específicos da execução forçada são o título executivo e o inadimplemento do devedor [...]. Não se pode, portanto, manejar validamente a ação executiva sem que esteja em mora o devedor, isto é, sem que seja exigível a dívida. A inexigibilidade, no caso do título judicial, pode decorrer da pendência de recurso de efeito suspensivo ou de subordinar-se o direito do credor a termo ainda não alcançado ou a condição não verificada [...].

Desse modo, a inexigibilidade do título (inciso II), ocorre quando há pendência da condição ou termo, se o exequente esta inadimplente com sua obrigação não poderá exigir o implemento da obrigação do outro, ou seja, é requisito para a execução, o título executivo e o inadimplemento do devedor, caso ainda não há pendência de recurso com efeito suspensivo

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ou o direito do credor esta subordinado a termo ou a condição ainda não alcançado, não há que se falar em título líquido, certo e exigível.

Art. 572. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o credor não poderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou que ocorreu o termo.

Ocorre a penhora incorreta (inciso III) não apenas nos casos em que há falta de formalidade essencial (v.g., a feita por um único oficial de justiça, na hipótese do art. 661 CPC), mas também nos casos em que a penhora recai sobre bem impenhorável, ou seja, a penhora deve recair em bens legalmente penhoráveis, devendo respeitar o montante da dívida. Já na avaliação errônea, não importa se o erro foi do oficial de justiça ou do avaliador nomeado pelo juiz (art. 475-J, § 2 CPC), o executado tem o direito de reclamar do erro, pois se permanecer inerte poderá causar-lhe perda indevida pela adjudicação do bem ou ainda causar expropriação em hasta pública.

Art. 661. Deferido o pedido mencionado no artigo antecedente, dois oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando portas, móveis e gavetas, onde presumirem que se achem os bens, e lavrando de tudo auto circunstanciado, que será assinado por duas testemunhas, presentes à diligência.

Por ilegitimidade das partes (inciso IV), ativa ou passiva, entende-se que a execução foi promovida por quem não estava autorizado (art. 566 e 567 CPC) ou quem não tinha responsabilidade executiva (art. 568 e 592 CPC), pois a ilegitimidade deve ocorrer antes da fase de cumprimento, sendo que não caberá revisão do que já estava decidido antes do julgado da causa. Sendo a legitimidade ad causam apurada na fase de conhecimento, em regra não cabe reapreciação da matéria após o julgado, só em caso de ocorrência de fato superveniente poderá afetar a titularidade do crédito após a sentença, por exemplo, nos casos de sucessão, cessão entre outros.

A ilegitimidade pode ser ad causam ou ad processum, devendo ser observado se for quanto à titularidade ou a capacidade de agir em juízo. E nos casos de incapazes, necessita-se da representação do representante legal e do Ministério Público, sob pena de nulidade.

Art. 566. Podem promover a execução forçada: I - o credor a quem a lei confere título executivo; II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.

(33)

I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;

II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por ato entre vivos;

III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. Art. 568. São sujeitos passivos na execução:

I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;

III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo;

IV - o fiador judicial;

V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria. [...].

Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens:

I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;

II - do sócio, nos termos da lei;

III - do devedor, quando em poder de terceiros;

IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida;

V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.

Quando o exequente busca valor superior ao do título, ter-se-á o excesso de execução (inciso V), segundo Moreira (2009, p. 201), “o excesso de execução consiste em pleitear o exequente quantia superior à do título, caso em que cumpre ao executado declarar de imediato o valor que entender correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação”. Assim, é o executado que deve declarar imediatamente o valor que entender ser o correto, ocorre ainda, quando a execução recai sobre coisa diversa da declarada em sentença, sob pena de rejeição liminar da impugnação.

Já quando houver causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à penhora (inciso VI) e posteriormente á sentença, refere-se a alguma causa impeditiva da execução e não da obrigação, como a falência do devedor. As causas modificativas ou extintivas servem apenas como enumeração legal, ou seja, exemplificativas. Ainda, não há ocorrência superveniente de causa impeditiva de obrigação, pois se a sentença reconhece a existência desta, ou repeliu a alegação de fato impeditivo, ou tal alegação não foi feita esta estará preclusa. Desse modo não se reabre a discussão acerca do conteúdo da sentença, pois se for anterior a esta, estará preclusa a possibilidade de alegar, portanto somente afetam o direito do credor posteriormente a condenação, impedindo a execução ou modificando a exigibilidade.

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2.1.4 Efeito suspensivo

Em princípio, a impugnação não produz o efeito de suspender o curso da execução, mas o juiz tem a faculdade de atribuir-lhe o efeito da suspensão caso verificar que o prosseguimento da execução pode causar ao executado dano grave e de difícil ou incerta reparação, é o que está previsto não art. 475-M, CPC, vejamos:

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

§ 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos. § 2o Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos apartados.

§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação.

Nas palavras de Barbosa Moreira (2009, p. 201) de regra a impugnação não terá efeito suspensivo, mas poderá o juiz caso achar necessário, atribuir-lhe o efeito de oficio, mas desde que relevante seu fundamento e caso prosseguir na execução do feito, poderá causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

Caso a execução seja suspensa, a impugnação será instruída e processada nos mesmos autos, caso contrário, será processada em autos apartados, pois a execução terá seu prosseguimento normal a fim de não interferir no andamento da execução.

A decisão que acolher ou rejeitar a impugnação é recorrível por agravo de instrumento, salvo quando acarretar a extinção (total) da execução, hipótese em que caberá apelação. No primeiro caso, ter-se-á típica decisão interlocutória; no segundo, verdadeira sentença. (BARBOSA MOREIRA, 2009, p. 201-202).

É lícito ao exequente requerer o prosseguimento do feito, mas para tanto, deverá prestar, nos próprios autos, caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz. No ensinamento de Theodoro Júnior (2007, p. 585), se a impugnação for processada sem efeito suspensivo, a execução terá seu prosseguimento normal podendo até chegar à alienação dos bens penhorados. Caso ao final a decisão seja favorável ao executado, o exequente arcara com os prejuízos advindos do processo. É por isso que, mesmo não ocorrendo a suspensão por força

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da impugnação, o juiz antes dos bens penhorados serem levados a praça, poderá exigir caução, mas analisando as circunstâncias de cada causa.

2.1.5 Competência para o cumprimento de sentença

A competência para o cumprimento de sentença tem previsão expressa no art. 475-P do CPC:

Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I – os tribunais, nas causas de sua competência originária;

II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição;

Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exequente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

Segundo o ensinamento de Gonçalves (2010), a regra para o cumprimento da sentença é a do juízo no qual a ação cognitiva foi proposta e proferida, mas tem o credor a possibilidade de optar por outros foros concorrentes. A competência é absoluta, mas o exequente poderá escolher entre o juízo onde foi proferida a sentença, do local onde se encontram os bens sujeitos a expropriação ou ainda do atual domicílio do executado.

Assim, o credor pode optar pelo foro que melhor lhe convier, mas se formular o requerimento em um foro diferente, o juiz deste, de ofício, determinará a remessa ao juízo que proferiu a sentença. Desse modo, o credor não pode escolher livremente o foro, pois a ele apenas é facultado à opção entre as possibilidades previstas na lei.

Ainda, Gonçalves (2010, p. 19) afirma que se o credor optar em requerer o cumprimento não no juízo onde foi proferida a sentença, mas em diverso deste, seja porque os bens do devedor estão localizados em outro foro, ou porque o devedor atualmente nele esta residindo, neste caso, o juiz receberá o pedido desacompanhado dos autos, se concluir pela sua competência e se presentes os requisitos, solicitará a remessa dos mesmos para a tramitação no foro de opção do credor.

É para facilitar o processamento em outros juízos, que a lei criou os foros concorrentes, é nesse sentido que Gonçalves (2010, p. 19) fala:

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[...] permitindo que ela se processe onde seja mais fácil localizar a pessoa do devedor, ou seus bens, evitando, com isso, a multiplicidade de cartas precatórias.

Feita a solicitação ao juízo de origem, este só pode recusar a remessa dos autos se verificar que não estão preenchidos os requisitos [...], caso em que deve suscitar conflito positivo de competência.

[...]

Se o processo é de competência originária da primeira instância, a execução será proposta em primeiro grau, ainda que tenha havido recurso e ele tenha sido provido.

Após o recebimento, o cumprimento será realizado nos próprios autos, sem a formação de novo processo, que ao final devidamente cumprido com as obrigações nele impostas, serão arquivados no juízo do cumprimento, pois não serão restituídos ao juízo de origem.

2.1.6 Prescrição intercorrente

Outra questão importante que precisa ser analisado é quanto à prescrição da pretensão executiva do credor, eis que uma vez interrompida a prescrição pelo despacho do juiz, no qual determina a citação do devedor, na fase cognitiva do procedimento, o prazo somente voltará a fluir a partir do último ato em que o andamento processual foi interrompido.

Mas, supondo que após o trânsito em julgado da sentença, o devedor não pague espontaneamente a sua obrigação e o credor deixe passar muitos anos, para só então requerer a expedição de mandado de avaliação e penhora, neste caso não haveria encerramento do processo, nem recomeço do prazo prescricional.

É justamente para evitar que o credor alastre por muitos anos o procedimento jurisdicional e para garantir a segurança jurídica processual e evitar a inércia do titular do direito, que se aplica a prescrição intercorrente.

A contagem do prazo prescricional inicia-se, de acordo com o ensinamento de Didier Jr. (2007, p. 454):

[...] a partir do momento em que restasse configurado o inadimplemento do devedor. E isso somente ocorre após o escoamento do prazo de 15 dias para pagamento espontâneo. Vale observar que, a partir daí, o curso do procedimento dependerá de ato a ser praticado pelo credor (pedido de expedição de mandado de avaliação e penhora). Sendo assim, a partir do

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