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A criação de ovinos tem sido uma importante fonte de renda para o produtor rural devido a crescente demanda por seus produtos, principalmente a carne que, atualmente, é apresentada como um alimento exótico, tendo alto valor agregado pago pelo mercado consumidor. No entanto, é necessário fortalecer os elos da cadeia e manter a produção contínua durante o ano com carcaças de qualidade desejável.

O uso de pastos cultivados é uma estratégia para a alimentação de ovinos, pois contribui para a estabilidade de produção e redução de custos financeiros (SANTELLO et al., 2006), além disso, permite ainda aumentar os níveis de produção por hectare e por ano no Nordeste brasileiro (ARAÚJO FILHO et al., 1999).

Segundo Silva (2004) as plantas do gênero Brachiaria são caracterizadas pela sua grande flexibilidade de uso e manejo, e dentre as braquiárias, a Brachiaria

brizantha cv. Marandu adquiriu uma grande expressividade nas áreas de pastagens

cultivadas e, por essa razão, tornou-se uma das plantas forrageiras mais detalhadamente estudadas no meio científico nacional. Já as plantas do gênero Panicum são caracterizadas pelo seu grande potencial de produção de forragem. O seu uso é recomendável na forma de pastejo rotacionado.

Esta pode ser uma alternativa para a produção de carcaças precoces, com quantidade adequada de músculo, boa deposição de gordura e de menor custo para o produtor, pois geralmente pastagens cultivadas, quando manejadas adequadamente, apresentam valor nutritivo satisfatório. Entretanto, a grande variedade de cultivares disponíveis podem apresentar variações consideráveis em valor nutritivo, o que pode interferir no desempenho animal e consequentemente na qualidade da carcaça e da carne.

O estudo da carcaça é uma avaliação de parâmetros objetivos e subjetivos em relação à mesma, ou seja, deve estar ligado aos aspectos e atributos inerentes à porção comestível. Atualmente, a meta em ovinos de corte é a obtenção de animais capazes de direcionar quantidades de nutrientes para a produção de músculo, uma vez que, este tecido reflete a maior parte da porção comestível da carcaça (SANTOS & PÉREZ, 2000). De acordo com Gonzaga Neto et al. (2005) as principais características estudadas na avaliação da carcaça são: peso, estado de engorduramento e conformação, enquanto que os fatores que determinam a qualidade da carcaça são: genótipo, sexo, idade,

36 sistema de criação e sanidade. Outro ponto importante a ser avaliado na produção de carne ovina é a qualidade da carne, que inclui as características de cor, maciez, suculência e composição centesimal. Zapata et al. (2000) afirma que a raça do animal e o sistema de alimentação podem influenciar essas características.

A utilização da pastagem na alimentação dos animais produz uma carne com características mais saudáveis, em relação ao teor e a menor quantidade de gordura tornando-a mais desejável principalmente pela parcela mais idosa da sociedade que busca uma vida salutar. Gramíneas tropicais cultivadas na época das águas também são capazes de produzir animais mais precoces e consequentemente carnes mais macias que as pastagens nativas, por possuírem um maior aporte nutricional.

Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o desempenho, as características da carcaça e a qualidade da carne de cordeiros mestiços sem padrão de raça definido (SPRD) mantidos em pastagens de diferentes gramíneas tropicais cultivadas durante o período das águas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Caracterização do ambiente

O experimento foi conduzido na área do Grupo de Estudos em Forragicultura (GEFOR), situado na Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias – Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, em Macaíba, RN. A área experimental apresenta como coordenadas geográficas, latitude 5° 53' 35.12" sul e longitude . oeste. O experimento ocorreu entre os meses de abril e outubro de 2011, considerado como período das águas na região, com média pluviométrica de 140,28 mm, sendo o mês de junho caracterizado pela maior precipitação (281 mm) e o mês de outubro pela ausência de chuva (Fig. 1).

37 Fig. 1- Precipitação mensal observada na área experimental (Abril a Outubro de 2011)

2.2. Animais e tratamentos

Foram utilizados 32 borregos SPRD, obtidos de rebanhos do Estado, com peso vivo (PV) médio de 24,5±DP kg, distribuídos aleatoriamente em quatro tratamentos. A área experimental tinha 2,88 ha, dividida em 4 piquetes de 0,72 ha, onde cada piquete consistia de uma cultivar e era dividido em 6 parcelas de 0,12 ha, onde os animais permaneciam sob pastejo rotacionado. Os tratamentos constituíram de quatro gramíneas tropicais, sendo duas cultivares de Brachiaria brizantha, Marandu e Piatã; e duas de

Panicum maximum, Aruana e Massai. O período de adaptação aos piquetes foi de sete

dias. No início do experimento os animais foram pesados, identificados com brincos plásticos e colares coloridos, e tratados contra endoparasitas. Os cordeiros foram soltos nos piquetes às 8 horas e recolhidos às 16 horas, onde retornavam às baias coletivas de chão batido, divididas com tela campestre, cobertura de telha de amianto e equipadas com bebedouros automáticos. Durante o tempo de pastejo os animais tinham livre acesso ao suplemento mineral Ovinofós® com monensina e água. No pré-pastejo foram coletadas amostras do pasto para caracterização da composição química (Tab. 1). Os teores de matéria seca, matéria mineral, proteína bruta, extrato etéreo e lignina dos alimentos oferecidos foram determinados conforme metodologias descritas por Silva & Queiroz (2002). A Fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) dos alimentos foram determinadas segundo metodologia descrita por Van Soest et al. (1991).

38 Tabela 1- Composição química dos cultivares experimentais utilizados

Composição química

Brachiaria brizantha Panicum maximum

Marandu Piatã Aruana Massai

MS (%) 27,23 24,91 38,79 28,72 MM (% MS) 6,49 6,75 7,32 7,58 PB (% MS) 9,72 9,67 6,67 6,47 EE (% MS) 1,81 2,02 2,05 1,77 FDN (% MS) 68,41 67,09 76,31 71,51 FDA (% MS) 31,82 33,55 39,92 42,07 LIG (% MS) 4,24 4,08 5,84 3,82 NIDN (% MS) 0,37 0,29 0,40 0,19 NIDA (% MS) 0,02 0,04 0,06 0,08 NDT 58,83 59,48 54,20 57,06 ED 2,59 2,62 2,39 2,50

MS - matéria seca; MM - matéria mineral PB - proteína bruta; EE - extrato etéreo, FDN - fibra em detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; LIG – lignina; NIDN – nitrogênio insolúvel em detergente neutro; NIDA – nitrogênio insolúvel em detergente ácido; NDT - nutriente digestível total; ED – energia digestível

Os pastos foram manejados com altura de pré-pastejo de 50 cm e de pós-pastejo de 25 cm. Os animais foram pesados a cada sete dias para o acompanhamento do desenvolvimento ponderal. O critério de abate foi o peso, por isso cada cultivar teve um período de pastejo diferente. As cultivares Aruana, Marandu, Massai e Piatã foram pastejadas durante 129, 133, 142 e 143 dias, respectivamente, até os cordeiros atingirem o peso de abate.

2.3. Características de carcaça

Ao atingirem aproximadamente 32 kg de peso vivo (PV) os animais foram avaliados subjetivamente quanto a condição corporal por meio de escores que variavam de 1 (ausência de gordura) a 5 (excesso de gordura e musculo lombar muito volumoso) com subdivisões de 0,5 pontos obtidos pela palpação da região lombar, para verificar a deposição de gordura e músculos na vértebra, de acordo com o descrito por Siqueira et al. (2001). Também foram tomadas as seguintes medidas biométricas: comprimento corporal, alturas de dorso, de garupa e de tórax, perímetros torácico, de garupa e perna,

39 larguras de peito, tórax, e garupa e comprimento da perna. Após jejum de sólidos de 16 horas e dieta hídrica os animais foram pesados para obtenção do peso ao abate (PA).

Os abates ocorreram de forma humanitária na Fazenda São Joaquim, situada no município de Macaíba-RN. Nesse momento, os animais foram insensibilizados por concussão cerebral, seguido de sangria por secção da artéria carótida e veia jugular. Após a esfola e evisceração (retirada dos órgãos e vísceras, com exceção dos rins e da gordura perirrenal para posterior avaliação visual), foram retiradas a cabeça (secção na articulação atlas-occipital) e as extremidades das patas (secção nas articulações carpo e tarso-metatarsianas), registrando-se a seguir os pesos das carcaças quentes (PCQ), que foram utilizados para estimar o rendimento de carcaça quente (RCQ = PCQ/PA x 100). O peso do corpo vazio (PCVZ) foi determinado através da diferença entre o peso de abate e o peso do conteúdo do trato gastrointestinal (PCVZ = PA – CTGI). O rendimento biológico (RB) foi obtido a partir da razão entre o peso da carcaça quente e o peso de corpo vazio (RB = PCQ/PCVZ x 100). Após o abate as carcaças foram levadas a câmara de resfriamento onde permaneceram durante 24 horas a uma temperatura de ± 4°C. Posteriormente a esse período as mesmas foram novamente pesadas registrando-se o peso da carcaça fria (PCF)utilizado para estimar o rendimento da carcaça fria (RCF = PCF/PA x 100). O percentual de perda de peso pelo resfriamento foi obtido pela fórmula: PR= ((PCQ-PCF)/PCQ) x 100.

As carcaças foram avaliadas visualmente quanto à conformação de acordo com Colomer-Rocher et al. (1988), atribuindo-se valores de um a cinco, segundo a distribuição dos planos musculares nas mesmas. Quanto ao acabamento, as carcaças foram avaliadas pela distribuição harmônica da gordura na carcaça, também pontuadas de um a cinco, desde extremamente magra até extremamente gorda, conforme Cañeque & Sañudo (2000). A gordura perirrenal foi avaliada pelo estado de engorduramento dos rins, pontuada de um a três (1=pouca gordura, 3=excesso de gordura), avaliados com escala de 0,5 pontos.

As carcaças foram divididas longitudinalmente, na altura da linha média, em dois antímeros, seccionando-se a meia-carcaça esquerda em cinco regiões anatômicas: pescoço (refere-se às sete vértebras cervicais, obtido por corte oblíquo entre a sétima cervical e a primeira torácica), paleta (região que compreende a escápula, o úmero, o rádio, a ulna e o carpo), costilhar (envolve as 13 vértebras torácicas, com as costelas correspondentes e o esterno), lombo (compreende a região das vértebras lombares,

40 obtido perpendicularmente à coluna, entre a 13a vértebra torácica-primeira lombar e última lombar-primeira sacra) e perna (base óssea que abrange a região do ilíaco (ílio), o ísquio, o púbis, as vértebras sacrais, as duas primeiras vértebras coccígeas, o fêmur, a tíbia e o tarso, obtida por corte perpendicular à coluna entre a última vértebra lombar e a primeira sacra). Os cinco cortes foram pesados individualmente e calculados seus rendimentos em relação ao peso da meia carcaça fria reconstituída.

Entre a 12ª e a 13ª vértebras torácicas, foi realizado um corte para expor a secção transversal do músculo Longissimus dorsi, sobre o qual foi traçada a área de olho do lombo (AOL) em película transparente. Com o auxílio de uma régua traçou-se duas retas sobre a imagem, onde uma media a distância máxima do músculo no sentido médio lateral (medida A) e a outra perpendicular a anterior (medida B). O cálculo da AOL foi determinado pela fórmula: AOL = (A/2 x B/2) x π, onde π = 3,1416. A espessura de gordura da AOL e a medida GR (espessura máxima de gordura de cobertura sobre a superfície da 13ª costela), aferida a 11 cm da linha média, foram determinadas utilizando-se de paquímetro.

Foi realizada a dissecação das pernas para a separação dos músculos, ossos e gorduras subcutânea, pélvica e intermuscular, as quais foram quantificados segundo procedimento estabelecido por Mccutcheon et al. (1993) para determinar a composição tecidual. A porcentagem de músculos, ossos, gorduras e suas relações, foram realizadas com base no peso da perna reconstituída, pois no momento da dissecação ocorreram perdas de líquidos durante o processo de descongelamento. Após a separação dos tecidos o índice de musculosidade da perna proposto por Purchas et al. (1991) foi calculado utilizando o peso dos cinco músculos que envolvem o fêmur (Bíceps femoris,

Semimembranosus, Semitendinosus, Adductor femoris e Quadriceps femoris), através da

seguinte fórmula:

Em que:

IMP = índice de musculosidade da perna;

PM5 = peso dos 5 músculos que envolvem o fêmur (g), e; CF = comprimento do fêmur (cm).

41 2.4. Qualidade da carne

As carcaças foram conduzidas para câmara fria aonde permaneceram durante vinte e quatro horas a uma temperatura de aproximadamente 4°C. Decorrido esse tempo as carcaças foram divididas longitudinalmente, na altura da linha média, em dois antímeros. Nas meias carcaças esquerda foram retirados os lombos para as análises

O lombo foi dissecado e separado o músculo Longissimus dorsi para as análises físico-químicas (pH, temperatura, cor, perdas por cocção e força de cisalhamento) no Laboratório de Avaliação de Produtos de Origem Animal (LAPOA) do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Agrárias, Campus II da Universidade Federal da Paraíba.

As mensurações do pH e temperatura foram realizadas a 45 minutos e 24 horas após o abate, por meio de instrumento de medição pH/temperatura, provido de eletrodo de vidro, calibrado com solução tampão pH 7,0 e pH 4,0, segundo procedimentos da AOAC (2000).

A determinação da cor foi realizada numa amostra do músculo Longissimus

dorsi, através do aparelho Minolta Chrome Meter (modelo CR-10, MINOLTA®,

Japão), empregando o sistema CIELAB, determinando-se as coordenadas L*- luminosidade, a*- índice de vermelho e b*- índice de amarelo (MILTENBURG et al., 1992). Foram feitas fatias de 2,5 cm de espessura do músculo e embaladas em papel alumínio. As amostras foram desembaladas e expostas durante 50 minutos ao ar atmosférico para que ocorresse a reação da mioglobina do músculo com o oxigênio do ar, formando a oximioglobina, principal pigmento responsável pela cor vermelho brilhante da carne (RENERRE, 1990). Para avaliação da cor, foram obtidas três leituras de cada amostra (região medial, central e lateral), sendo calculada a média de cada coordenada posteriormente.

Para determinação das perdas por cocção (PPC) foram retiradas do músculo

Longissimus dorsi fatias de 2,5 cm de espessura, pesadas e assadas em grill, marca

Fisher® (modelo Star), pré-aquecido a 150ºC, até que a temperatura interna (centro geométrico das amostras) atingisse 71 °C, mensurado com termômetro digital (Delta OHM modelo HD 9218, Caselle di Selvazzano, Itália). Em seguida as amostras foram resfriadas em temperatura ambiente e novamente pesadas. As perdas de peso por cozimento foram calculadas pela diferença de peso das amostras antes e depois de

42 submetidas ao tratamento térmico e expressas em porcentagens (g/100g) segundo a metodologia de Wheller et al. (1995).

Para as determinações da força de cisalhamento, indicativas de dureza da carne, foram utilizadas as mesmas amostras para as determinações de PPC. Foram retirados três cilindros da parte central de cada amostra, no sentido da fibra, com auxilio de um molde cilíndrico de 1,27 cm de diâmetro. O cisalhamento foi feito perpendicularmente as fibras, utilizando-se um texturômetro TA-XT2 (Surrey, England), equipado com uma lâmina tipo Warner Bratzler, operando a 20 cm/min conforme metodologia descrita por Duckett et al. (1998). Vale ressaltar, que cada uma das amostras foi cisalhada no centro longitudinal do cilindro, para evitar erros devido a um maior endurecimento que ocorre nas superfícies externas diretamente submetidas ao calor (RAMOS & GOMIDE, 2007). O pico da força do cisalhamento foi registrado, sendo o resultado expresso em Kgf/cm2.

A determinação da composição centesimal da carne (umidade, cinzas, proteína e lipídeos) foi realizada no Laboratório de Bromatologia, Departamento de Nutrição do Centro de Ciências da Saúde (CCS) - Universidade Federal da Paraíba.

Foram utilizadas amostras do Longissimus dorsi de cada um dos 32 animais em estudo. Os músculos foram triturados individualmente em multiprocessador Arno® e acondicionados em recipientes de plástico semirrígido armazenados em freezer a -18°C até a utilização. As análises foram realizadas em duplicata e os resultados foram expressos na base úmida.

O teor de umidade da carne foi determinado em estufa da marca TECNAL® modelo TE397/4, operando a 105°C ± 2°C até peso constante. Já a quantidade de cinzas foi determinada pelo método gravimétrico, em que as amostras foram incineradas em mufla a 550°C ± 10°C (FORNITEC®, modelo 1557). Para a determinação quantitativa de proteína bruta foi realizada utilizando-se o método de Kjedhal, utilizando-se um digestor (FANEM®, modelo TE0007) e um destilador (TECNAL®, modelo TE036/1). O teor de proteína foi calculado utilizando-se o fator de 6,38 para a conversão do nitrogênio proteico. As análises de umidade, cinzas e proteína foram determinadas segundo os procedimentos analíticos da AOAC (2000).

Os lipídeos totais foram determinados por extração em mistura de clorofórmio- metanol (2:1), seguindo-se de evaporação em estufa (TECNAL® modelo TE397/4), operando a 105°C ± 2°C até peso constante, de acordo com a metodologia descrita por Folch et al. (1957).

43 2.5. Análise estatística

O delineamento utilizado no experimento foi inteiramente casualizado com 4 tratamentos, cada um representado por uma cultivar, sendo 8 animais em cada, totalizando 32 parcelas. Foi realizada análise de variância dos dados e quando necessário, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o pacote estatístico SAS (1997), segundo o modelo estatístico a seguir: Yij = µ

+ ti + eij; em que: Yij = observação do tratamento Ti, na repetição j; µ = Média geral; ti =

efeito do tratamento (i = aruana, massai, piatã, marandu); eij = erro aleatório associado a

cada observação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Características biométricas

Não houve influência das dietas (P>0,05) sobre as características biométricas avaliadas, o que pode estar relacionado ao critério de peso escolhido para o abate, 32 kg (Tabela 2).

44 Tabela 2 - Características biométricas e coeficiente de variação (CV) de cordeiros SPRD em pasto de gramíneas tropicais

Variável B. brizantha P. maximum CV(%)

Marandu Piatã Aruana Massai

Peso ao abate (kg) 31,67ª 32,17a 32,32ª 30,57ª 4,38 Comprimento Corporal (cm) 63,12ª 62,75ª 64,87ª 60,62ª 4,85 Altura de cernelha (cm) 68,25ª 69,25ª 71,87ª 68,75ª 3,98 Altura de garupa (cm) 72,50ª 75,12ª 75,37ª 73,25ª 3,73 Largura de garupa (cm) 21,62ª 24,37ª 21,00a 25,12ª 14,55 Largura de peito (cm) 17,37ª 18,00a 17,75ª 16,87ª 6,13 Perímetro torácico (cm) 91,62ª 93,62ª 91,50ª 91,75ª 3,58 Perímetro de coxa (cm) 40,00a 34,87ª 40,12ª 38,12ª 14,02 Perímetro de garupa (cm) 86,00a 88,25ª 85,75ª 86,50ª 4,02 Comprimento da Perna (cm) 34,37ª 35,50ª 34,75ª 34,12ª 3,86 Escore de Condição Corporal (1 a 5) 2,50a 2,62ª 2,43ª 2,37ª 16,08 Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

3.2. Características e rendimentos de carcaça

Apesar dos pesos vivo (PV) e de abate (PA) não terem apresentado diferença significativa (P>0,05) entre as cultivares por causa da fixação do PA, houve diferença significativa (P<0,05) para a variável peso de carcaça quente (PCQ), que foi superior quando a dieta foi a base de capim Piatã e menor quando foi de Massai. O mesmo fato ocorreu com o peso de carcaça fria (PCF) (Tabela 3).

45 Tabela 3 - Características e rendimentos de carcaça médios de cordeiros SPRD em pasto de gramíneas tropicais

Variável B. brizantha P. maximum CV (%)

Marandu Piatã Aruana Massai

Peso Vivo (kg) 33,88a 34,99a 34,03a 32,72a 4,78 Peso ao Abate (kg) 31,67a 32,17a 32,24a 30,42a 4,35 Peso de Carcaça Quente (kg) 12,17ab 12,82a 12,55ab 11,40b 7,62 Peso do Corpo Vazio (kg) 23,78ab 24,45a 24,35a 21,90b 5,91 Conteúdo do TGI (kg) 7,89a 7,72a 7,89a 8,51a 11,37 Peso de Carcaça Fria (kg) 11,69ab 12,21a 12,04ab 10,93b 7,75 Rendimento de Carcaça Quente (%) 38,43a 39,86a 38,91a 37,45a 5,61 Rendimento de Carcaça Fria (%) 36,89a 37,96a 37,12a 35,63a 5,80 Perdas por Resfriamento (%) 4,01a 4,73a 4,59a 4,88a 21,76 Rendimento Biológico (%) 51,17a 52,38a 51,53a 52,04a 2,92 Compacidade da Perna (kg/cm) 0,53a 0,45a 0,55a 0,47a 17,18 Compacidade da Carcaça (kg/cm) 0,18a 0,19a 0,19a 0,17a 10,09 Escore de Conformação (1 a 5) 2,12a 2,37a 2,31a 2,12a 26,19 Escore de Acabamento (1 a 5) 1,93a 2,18a 1,75a 2,00a 30,63 Escore Pélvico-Renal (1 a 3) 1,50a 2,00a 1,50a 1,68a 29,83 CV – coeficiente de variação; TGI – trato gastrointestinal; Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem estatisticamente pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

O peso do corpo vazio (PCVZ) variou de acordo com a dieta (P>0,05), sendo os capins Aruana e Piatã responsáveis pelos maiores pesos e o Massai pelo menor. O que pode ser explicado observando o conteúdo do trato gastrointestinal (CTGI) que, embora não significativo, apresentou-se superior quando a dieta foi a base de capim Massai tornando o PCVZ mais leve, levando-nos a inferir que a concentração da fibra em detergente neutro, bem como sua digestibilidade podem estar relacionadas à menor taxa de desaparecimento ruminal.

Os rendimentos de carcaça quente, fria e biológico, as perdas por resfriamento, as compacidades da perna e da carcaça e os escores de conformação, acabamento e gordura pélvico-renal não apresentaram diferença significativa (P>0,05) para as diferentes gramíneas tropicais.

46 Resultados aproximados de PCQ (13,01 kg) e PCVZ (23,2 kg) foram relatados por Arquimède et al. (2008) quando trabalharam com carcaças de ovinos Martinik alimentados com pastagem cultivada de gramíneas tropicais (Digitaria decumbens e

Brachiaria decumbens). Já Costa et al. (2009) em experimento com ovinos Corriedale

em pastagem cultivada de Lolium multiflorum (Azevém) e Trifolium repens (Trevo Branco) encontraram resultados de PCQ (14,70 kg) e PCF (13,66 kg) superiores aos encontrados nesta pesquisa. Esta diferença era esperada por se tratar de animais de genótipo mais especializado em produção de carne e de gramíneas de clima temperado, onde a disponibilidade de nutrientes da planta é maior do que as de clima tropical, por isso o maior aproveitamento pelos animais.

As medidas morfométricas das carcaças de cordeiros SPRD encontradas neste estudo foram semelhantes (P>0,05) para as gramíneas estudadas (Tabela 4).

Tabela 4 – Características morfométricas médias das carcaças de cordeiros SPRD em pasto de gramíneas tropicais

Variável B. brizantha P. maximum CV

(%) Marandu Piatã Aruana Massai

Comprimento Interno de Carcaça (cm) 64,37a 63,62a 61,37a 62,12a 5,06 Profundidade do Tórax (cm) 28,00a 27,75a 29,00a 28,00a 4,10 Perímetro (cm) Tórax 70,25a 70,00a 70,00a 71,12a 3,37 Garupa 55,62a 54,87a 54,87a 53,00a 4,90 Coxa 34,62a 35,25a 35,25a 32,87a 10,13 Largura (cm) Tórax 21,62 a 23,62a 23,62a 22,87a 9,39 Garupa 16,75a 19,62a 19,62a 17,12a 12,80 Comprimento da perna (cm) 35,62a 37,00a 34,87a 36,75a 5,65 CV – coeficiente de variação; Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem estatisticamente pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Ovinos Santa Inês terminados em pastagem nativa enriquecida com capim buffel (Cenchrus ciliaris L. cv. Biloela) apresentaram mensurações de carcaça (comprimento interno, comprimento de perna, profundidade de peito e perímetro de perna) inferiores as encontradas nesta pesquisa (DANTAS et al. 2008). Isso nos indica que animais terminados em pastagem nativa, ainda que enriquecida, desenvolvem carcaça de menor

47 comprimento e com perímetro de peito e perna menor do que os terminados em pasto cultivado com gramíneas tropicais.

Houve diferenças significativas para os pesos dos cortes da meia carcaça para a paleta e perna, onde o cultivar Massai apresentou as menores médias. Quando avaliados os rendimentos médios dos cortes das carcaças dos cordeiros desta pesquisa, as médias obtidas foram: paleta (18,83%), pescoço (11,62%), lombo (12,07%), perna (33,03%) e costilhar (24,38%). A perna foi o único corte que diferiu estatisticamente (P<0,05) entre as dietas. A cultivar Aruana proporcionou o maior rendimento enquanto que as gramíneas Piatã e Massai tiveram os menores percentuais para o corte acima citado (Tabela 5). Tonetto et al. (2004) encontraram rendimento da perna de cordeiros de 31,35% em pastagem cultivada de azevém (Lolium multiflorum Lam), inferior ao observado neste trabalho.

Autores como Clementino et al. (2007) em pesquisa com mestiços Dorper x

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