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Introdução do conceito

2.5 O TURISMO RESPONSÁVEL

2.5.1 Introdução do conceito

O TR teve origem no trabalho de Jost Krippendorf, em 1987, em seu texto ―The Holiday Makers–Understanding the Impact of Leisureand Travel‖, que define o movimento do Turismo Responsável (GOODWIN, 2016). Ele apresentou fatores que auxiliam no desenvolvimento do turismo, apresentando estratégias de planejamento e gestão, que estão relacionados ao envolvimento das comunidades locais, o controle do turismo de massa e da taxa desse desenvolvimento, e da importância da educação para a conscientização do turista pelos seus impactos (KRIPPENDORF, 1987)

Segundo Wheeller (1990), em um seminário sobre Turismo Alternativo realizado pela Organização Mundial de Turismo 1989 na Argélia, o conceito de turismo responsável foi relacionado a todas as formas de turismo, com relação ao ambiente natural construído, ao ambiente cultural e aos interesses de todas as partes envolvidas, ou seja, anfitriões, visitantes, indústria de turistas, governos e outros.

O Livro Branco da África do Sul de 1996 sobre 'O Desenvolvimento e Promoção do Turismo' reconheceu o papel vital da indústria do turismo no alívio da pobreza, que afeta principalmente a população historicamente desfavorecida (DEAT, 1996). Com isso, o turismo responsável foi reconhecido como o principal princípio norteador do desenvolvimento nacional do turismo (REPÚBLICA DA ÁFRICA DO SUL, 1996).

Embora a ideia de TR tenha evoluído desde 1987 por Jost Krippendorf, foi após a Declaração da Cidade do Cabo (2002) que obtiveram diretrizes e estruturas abrangentes (KEJZAR e VIDIC, 2014).

A primeira Conferência Internacional sobre Turismo Responsável foi realizada na Cidade do Cabo na África do Sul em agosto de 2002, como evento paralelo da Cúpula Mundial de Johanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável (GOODWIN et al., 2013). O Departamento de Turismo da Cidade do Cabo (2002) definiu-o como ―turismo que cria lugares melhores para as pessoas morarem e lugares melhores para as pessoas visitarem‖.

A Declaração da Cidade do Cabo identificou principais características para a definição do turismo responsável. Alista proposta pela conferência internacional de turismo responsável nos destinos ou ICRTD (2002), encontra-se abaixo:

19  Gerar mais benefícios econômicos para a população local e melhorar o bem-

estar das comunidades anfitriãs, melhorando também as condições de trabalho e o acesso à indústria;

 Envolver a população local em decisões que afetam suas vidas;

 Contribuir para a conservação do patrimônio natural e cultural;

 Proporcionar melhores experiências aos turistas por meio de conexões mais significativas com a população local e uma maior compreensão das questões culturais, sociais e ambientais locais;

 Proporcionar acessibilidade a pessoas com deficiência físicas;

 Manter a sensibilidade cultural, gerar respeito entre turistas e anfitriões e criar orgulho e confiança locais.

A OMT (Organização Mundial do Turismo) criou também em 2003 o manual do turista responsável, para que os viajantes tenham consciência de seu papel e de seus potenciais impactos, através práticas adequadas recomendadas (GABRIELLI, 2017).

A África do Sul foi o primeiro país a adotar uma estratégia de Turismo Responsável explicitamente, desafiando as partes interessadas a assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento de formas de turismo que beneficiariam o país (GOODWIN et al., 2013). Assim, a África do Sul é um modelo de promoção do turismo responsável, onde seu Departamento de Turismo e Meio Ambiente desenvolveu estratégias para a aplicação do turismo responsável, buscando metas econômicas, sociais e ambientais (STATE e BULIN, 2016).

2.5.2 O Conceito

O Turismo Responsável pode ser amplamente interpretado como um termo globalizante (WHEELLER, 1991). O conceito se sobrepõe significativamente aos conceitos relacionados de turismo sustentável, turismo ético, turismo pró-pobre e turismo integrado (CHETTIPARAMB e KOKKRANIKAL, 2012). Para Camilleri (2015), outros termos sinônimos foram usados no passado para descrever hoje o Turismo responsável. Segundo Manente et al. (2012), pode-se afirmar que todas essas formas alternativas de turismo podem ser consideradas como uma maneira responsável de viajar se forem incluídas na ampla definição de turismo responsável.

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O Turismo Responsável, segundo Spenceley (2008), está integrado ao discurso da sustentabilidade, e segundo Weeden (2013), entrelaça também os outros diversos conceitos presentes no turismo. Para Budeanu (2005), o turismo responsável é classificado como uma forma de turismo sustentável, que busca atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável. Mesmo havendo semelhança entre os conceitos do turismo Responsável e o Turismo Sustentável, o turismo responsável transfere a responsabilidade para indivíduos, organizações e empresas (FARMAKI et al., 2014). Dessa forma, exige que operadores, hoteleiros, governos, pessoas locais e turistas assumam a responsabilidade, tomem medidas para tornar o turismo mais sustentável (GOODWIN, 2017). Dependendo assim, de todas as partes interessadas para desempenhar responsabilidades diferentes, mas interdependentes (Departamento de Turismo da Cidade da Cidade do Cabo, 2002). Qualquer forma de turismo pode ser responsável se as partes interessadas se responsabilizarem (GOODWIN, 2011).

O turismo responsável é mais amplo que uma alternativa, sendo uma maneira de incorporar melhores práticas em todos os setores do mercado (STANFORD, 2008). Sendo considerado por Husbands e Harrison (1996) uma maneira de fazer turismo e não um produto ou marca de nicho turístico.

Segundo Stanford (2000), o turismo responsável refere-se a todas as formas de turismo que respeitam os ambientes naturais, construídos e culturais do anfitrião, bem como a todas as partes interessadas

Com relação às esferas (social, econômica e ambiental) interligadas a pratica do TR, Musarò (2014) sustenta que:

Para alcançar um equilíbrio entre essas três dimensões, o turismo responsável deve fazer uso cuidadoso dos recursos ambientais para garantir a manutenção dos processos ecológicos essenciais e a conservação do patrimônio natural e da biodiversidade. Além disso, o turismo responsável deve respeitar a autenticidade sociocultural das comunidades anfitriãs, preservando suas estruturas típicas de construção, sua herança cultural e valores tradicionais, e cooperando para uma melhor compreensão intercultural. Essa forma de turismo deve apoiar operações economicamente viáveis e duradouras, com benefícios econômicos adequadamente distribuídos a todas as partes interessadas; e promover emprego estável e a possibilidade de benefícios e serviços sociais para hospedar comunidades, contribuindo para a redução da pobreza (MUSARÒ, 2014, p. 102).

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Assim, o conceito de Turismo Responsável surgiu como uma abordagem benéfica à gestão do turismo (CHAN e TAY, 2016).

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