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Introdução à espectrometria de massas

No documento SÉRIE EM BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR (páginas 80-86)

A espectrometria de massas é uma ferramenta analítica capaz de identificar as composições, qualitativa e quantitativamente, de misturas complexas (incluindo a dis- tribuição isotópica de seus elementos), assim como permite analisar modificações pós- -traducionais como metilação, glicosilação, acetilação e fosforilação. A espectrometria de massas permite também determinar a seqüência de aminoácidos dos peptídeos, vi- sando à identificação das proteínas que constituem a amostra.

O espectrômetro de massas é um instrumento que determina a razão entre massa e carga (m/z) de íons em fase gasosa, sendo constituído pelos seguintes componentes: fonte de ionização (responsável pela introdução de cargas e vaporização da amostra), analisador (es) de massas (determina a relação m/z do analito) e detector de íons (detec- ta a presença do analito) (Figura 5.6).

vácuo

amostra

m/z

Inte nsid ade %

Espectro de massas ESI

MALDI TOF TOF

TridimensionaI IonTrap

Busca em bancos de dados e Identificação de proteínas Q TOF --- --- ORBITRAP-FT ICR-FT

Figura 5.6. Esquema dos componentes possíveis de um espectrômetro de massas utilizado em estudos proteômicos. ESI (Electrospray Ionization), MALDI (Matrix Assisted Laser

Desorption Ionization), ICR-FT (Ion cyclotron ressonance – Fourier transform), Q

(Quadripole) e TOF (Time of Flight) .

Basicamente, existem dois tipos principais de fonte de ionização que são utilizadas na análise de proteínas e peptídeos: ionização por eletrospray (ESI - Electrospray Ioni-

Computador

Fonte de Ionização

Linear Ion Trap

Linear Ion Trap Linear Ion Trap

Analisador de massas 1 Analisador de massas 2 Detector de Íons

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MÉTODOS EXPERIMENTAIS NO ESTUDO DE PROTEÍNAS

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zation) (Figura 5.7) e ionização por desorção a laser auxiliada por matriz (MALDI - Matrix

Assisted Laser Desorption Ionization) (Figura 5.8). Geralmente, estas fontes podem ser

combinadas de diferentes formas com os analisadores permitindo a construção de equi- pamentos híbridos de alto desempenho. Uma combinação que tem se mostrado eficien- te é da fonte de ionização MALDI com dois analisadores TOF (Time of Flight) em tandem (um atrás do outro; alinhados).

No espectrômetro MALDI TOF-TOF a amostra é misturada a uma matriz orgânica e aplicada a uma placa de aço inoxidável contendo microfissuras. À medida que os solven- tes da matriz e da amostra evaporam, ocorre uma co-cristalização destes. A placa então é submetida a tiros de laser, o que provoca a fotoionização dos analitos pela transferên- cia de carga dos íons da matriz para a amostra, e posterior dessorção, fazendo com que os íons do analito entrem em fase gasosa. Após entrarem em fase gasosa, os analitos são encaminhados ao analisador do tipo TOF, onde os íons são acelerados pela aplicação de uma diferença de potencial e percorrem um espaço livre (tubo de vôo) sob vácuo, até serem detectados. Os íons de m/z diferentes atingem o detector em tempos diferentes; os íons de maior massa levam mais tempo para atingir o detector, o que pode ser visuali- zado pela fórmula a seguir:

Assumindo os valores de e, U e L constantes;

Lembrando que na maioria das vezes z = 1. eà carga elementar Uà diferença de potencial tà tempo Là espaço percorrido mà massa zà carga do íon

Desta forma, os componentes individuais em uma mistura de íons são separados de acordo com as suas relações entre massa e carga (m/z), tornando possível a determina- ção da massa de cada proteína ou peptídeo intacto. Para este resultado dá-se o nome de espectro MS.

Os peptídeos previamente detectados durante o espectro MS (chamados de íons precursores) são então isolados e submetidos à fragmentação por colisão com molécu- las de um gás inerte, tal como argônio, nitrogênio ou hélio. O espectro obtido é chamado espectro de fragmentação ou MS/MS.

A identificação das proteínas é feita a partir dos resultados obtidos tanto do espec- tro MS, bem como dos espectros de fragmentação (MS/MS), através da comparação destes dados experimentais com dados de fragmentação teóricos, gerados in silico, de

INTRODUÇÃO À PROTEÔMICA

Cap. 5

todas as proteínas presentes em determinado banco de dados, utilizando ferramentas (softwares) específicas tais como Mascot ou Sequest. Estes programas reportam os resultados encontrados na forma de estimadores da confiabilidade de identificação. As- sim, quanto maior o valor do estimador, menor é a probabilidade de que este resultado seja fruto de uma “coincidência”, ou seja, uma identificação falso-positiva.

A identificação de proteínas de um determinado organismo através da busca em ban- co de dados é possível somente se este organismo possui o seu genoma seqüenciado e disponível. Em situação na qual o genoma de uma determinada espécie ainda não esteja completamente seqüenciado ou disponível, é necessário derivar a seqüência primária de aminoácidos de determinados peptídeos baseado única e exclusivamente nos dados obtidos por espectrometria de massas, isto é, sem recorrer aos algoritmos e a banco de dados. Esta técnica é denominada de seqüenciamento de novo (Steen & Mann, 2004).

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