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CAPÍTULO III – PARTE EXPERIMENTAL

3.2. Estudo 2 Desempenho funcional e social de amputados de membro

3.2.1. Introdução

3.2.3. Resultados 3.2.4. Discussão 3.2.5. Conclusões 3.2.6. Bibliografia

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3.2. Estudo 2. Desempenho funcional e social de amputados de membro inferior: estudo comparativo

3.2.1. Introdução

O futebol é um dos mais populares esportes do mundo. Entretanto, o futebol de amputados, apesar de praticado em diversos países desde 1985, tem sido pouco divulgado na mídia sendo pouco conhecido pelo público em geral (Gomes et al., 2005).

A Copa do Mundo de Futebol de Amputados foi criada em 1987 pela Ampute Soccer Interntional, com sede em Seatle – Estados Unidos da América (EUA). Hoje a entidade responsável pelos campeonatos mundiais de futebol de amputados é a World Amputee Footboll Federation (ABDF, 2010).

Atualmente 20 países estão ligados à Federação Internacional de Futebol de Amputados, a saber: Angola, Argélia, Argentina, Brasil, El Salvador, Estados Unidos, França, Georgea, Ghana, Haiti, Inglaterra, Irã, Japão, Libéria, Moldova, Rússia, Sierra Leoa, Turquia, Ucrânia e Uzbeksitão (ABDF; 2010).

A entidade responsável pela introdução do esporte para amputados no Brasil foi a Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (ANDEF), em 1989.

Posteriormente, a Associação Brasileira de Desporto para Amputados (ABDA),

fundada em 1990, atualmente denominada Associação Brasileira de Desporto

para Deficientes Físicos (ABDF), passou a organizar e administrar esse esporte. A ABDA tinha como finalidade desenvolver, organizar e administrar o esporte de amputados, entretanto teve sua atuação basicamente voltada para o futebol, já que as outras entidades nacionais já ofereciam outros esportes. A ABDA foi uma das entidades presentes na criação do Comitê Paraolímpico Brasileiro – CPB, em 1995, entretanto deixou de ser filiada a esse comitê por não ter vinculação internacional e ainda pelo fato de o futebol de amputados não ser esporte reconhecido oficialmente pelo IPC (Conde, 2006).

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O futebol praticado por indivíduos que sofreram amputações assemelha-se ao “futebol society”. As regras sofrem somente pequenas alterações (ver quadro 25).

Quadro 25: Resumo das principais regras do Futebol de Amputados. Aspectos do futebol

de amputados Regras

Sobre as partidas As partidas têm duração de 50 minutos, divididos em dois tempos de 25 minutos. Serão disputadas entre duas equipes compostas, cada uma, por um máximo de 7 (sete) atletas, um dos quais obrigatoriamente será o goleiro.

Sobre o campo O campo de jogo será um retângulo com comprimento máximo de 75 metros e mínimo de 60 metros, tendo largura máxima de 55 metros e mínima de 30 metros. O piso será construído de grama natural ou sintética, rigorosamente nivelado, sem decliveis nem depressões, prevenindo escorregões e acidentes.

Sobre os goleiros O goleiro deverá obrigatoriamente ser amputado ou lês autres do membro superior. Durante os jogos os goleiros não devem se afastar da área e o não cumprimento desta regra implica penalidade máxima.

Sobre os jogadores de linha

Os jogadores de linhas serão obrigatoriamente, atletas com amputação de perna acima ou abaixo do joelho, sendo vedada a utilização de próteses. Aos jogadores de linha será obrigatório o uso de muletas tipo canadense, com braçadeiras de plásticos e luvas nos punhos delas, ficando vetado o uso de muletas com apoio nas axilas. As muletas são consideradas uma extensão dos membros superiores e não devem ser utilizadas para tocar a bola. Caso venha a ocorrer o toque, caberá ao juiz avaliar se foi ocasional ou intencional.

Sobre o uso das muletas

As muletas deverão ter suas extremidades inferiores até uma altura de 40 cm, identificadas com as mesmas cores das usadas nos meiões, a fim de facilitar a visão e identificação da equipe por parte dos atletas e árbitros. É obrigatório o uso de proteção para todas as muletas que possuírem parafusos ou saliências de qualquer forma, que possam causar ferimentos nos atletas.

Sobre as substituições

Um atleta que tenha sido substituído poderá voltar à partida em substituição a outro.

Sobre as prorrogações

A duração de qualquer período da partida deverá ser prorrogado para permitir a execução de uma penalidade máxima, uma vez esgotado o tempo regulamentar.

Sobre a cobrança do lateral

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Apesar do futebol de amputados ser um esporte praticado em diversos países do mundo e em diferentes continentes, com campeonatos em nível mundial e nacional, poucos estudos envolvendo o futebol de amputados têm sido realizados.

Lowther et al., (2002), investigaram 15 jogadores de futebol masculino da equipe Inglesa durante a Copa do Mundo de Futebol de Amputados (The Amputee Soccer World Cup). A finalidade do estudo foi investigar os relacionamentos entre habilidades, auto eficácia e desempenho psicológico. Os resultados mostraram relacionamentos recíprocos entre auto eficácia e desempenho. Os autores sugerem que as intervenções para melhorar o desempenho poderiam envolver o ensino de habilidades de abrandamento aos jogadores de futebol, não somente durante as competições como também em sua formação.

Gomes et al. (2005), investigaram o estado nutricional de quatro jogadores de futebol de amputados, com idade entre 21 e 33 anos, participantes da Seleção Brasileira de Futebol de Amputados, e concluíram que os futebolistas amputados necessitam de orientação nutricional para corrigir os hábitos alimentares, observados no período pré-competitivo e para propiciar melhor desempenho atlético.

Parreiras (2008) procurou identificar e analisar os fatores que influenciam a qualidade de vida de atletas paraolímpicos de ambos os gêneros, de diferentes modalidades esportivas, coletivas e individuais, em ambientes de treinamento e competição. A amostra desse estudo foi composta por 144 atletas e dentre eles 11 atletas que praticavam futebol de amputados. O instrumento utilizado foi o World Health Organization Quality Of Life - braef (WHOQOL-bref) e o Questionário de Qualidade de Vida para Atletas - QQVA. A pesquisa concluiu que entre aos fatores que mais influenciam a qualidade de vida de atletas paraolímpicos em ambientes de treino e competição, podem ser destacados: o nível de condicionamento físico, a qualidade do sono e os intervalos adequados de descanso e recuperação psicológica. Entre os fatores percebidos como mais influenciadores, foram destacados: nível de autoconfiança, prazer nos treinamentos e competições e sentimentos positivos como alegria, satisfação e

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felicidade. No domínio social, os fatores de maior influência foram: o apoio familiar, o relacionamento com o treinador, equipe técnica e dirigentes, bem como a comunicação e o entrosamento entre os membros da equipe técnica treinamentos e competições.

Simim et al. (2010), procuraram analisar o stress em jogadores de futebol de amputados, com o objetivo de identificar e compreender a relação stress versus desempenho. A pesquisa ajudou a identificar as situações que influenciavam negativamente a performance dos atletas, como a falta de preparo físico e psicológico. Foi identificada como influência positiva a estabilidade financeira. Essa pesquisa concluiu que o estresse no atleta amputado está relacionado com

as perturbações psico-vegetativa e com os aspectos estruturais da modalidade.

Constata-se assim que, talvez em maior proporção que os outros esportes adaptados, o futebol de amputados vivencia uma grande carência de estudos científicos que possam não somente divulgar a prática desse desporto, mas principalmente comprovar a sua eficácia na vida dos sujeitos que o praticam, seja nos aspectos físicos e funcionais, seja nos aspectos psíquicos e emocionais, seja nas interações sociais, seja em qualquer área em que a prática do desporto venha beneficiar.

Baseado, então, nessas reflexões, o presente estudo tem como objetivos:

! Identificar o nível de desempenho funcional de indivíduos adultos, amputados unilateral de MI, que praticam o futebol de amputados.

! Identificar o nível de desempenho social de indivíduos adultos, amputados unilateral de MI, que praticam o futebol de amputados.

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3.2.2. Material e Métodos

Amostra

A amostra foi constituída por 69 Indivíduos adultos, do sexo masculino, com amputação unilateral de MI que praticam futebol de amputados (GP) e 69 indivíduos com o mesmo tipo de sequela que não realizam nenhuma modalidade desportiva (NP). A idade média dos participantes do GP foi de 34 anos com desvio padrão de ±8.1 anos e do NP foi de 38 anos com desvio padrão de ±8.9 anos.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (Belém, Pará) com protocolo nº 065/09 (anexo 3).

Critérios de inclusão e exclusão:

- Critérios de inclusão:

! Ser do sexo masculino;

! Encontrar-se na faixa etária entre 16 a 60 anos;

! Possuir amputação unilateral de membro inferior há no mínimo 6 meses;

! Praticar futebol há no mínimo 6 meses (critério específico para o GP);

! Não praticar nenhum tipo de modalidade desportiva (critério específico

para o NP);

! Aceitar participar da pesquisa e assinar o Termo de Livre Consentimento

Esclarecido (TCLE) (anexo 5).

- Critérios de exclusão:

! Ser do sexo feminino;

! Possuir idade inferior a 16 anos ou superior a 60 anos; ! Possuir amputação dupla de MMII ou amputação de MMSS;

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! Praticar futebol há menos de 6 meses (critério específico para o GP); ! Praticar qualquer outra modalidade desportiva (critério específico para o

NP);

! Não aceitar participar da pesquisa e ou não assinar o TCLE.

A seleção oficial da amostra foi efetuada a partir do levantamento do número de amputados que praticam futebol no Brasil. Nesse levantamento, a partir de informações coletadas junto à Associação Brasileira de Desportos para

Amputados (ABDA), foi possível identificar que aproximadamente 180 atletas são

praticantes dessa modalidade desportiva (N=180), representando diversos estados brasileiros como Pernambuco, Pará, Paraná, Distrito Federal, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Considerando assim o número aproximado de sujeitos praticantes do futebol de amputados, definiu-se como amostra final um total de 140 indivíduos (n=140), sendo 70 amputados do grupo 1 (que praticam futebol) e 70 do grupo controle ou grupo 2 (que não realizam nenhuma atividade esportiva). Entretanto, devido à necessidade de buscar um mínimo de equilíbrio entre os dois grupos e atender aos critérios de inclusão, 2 entrevistas realizadas foram descartadas. Assim totalizou-se a pesquisa com uma amostragem total de 138 indivíduos (n=138), sendo 69 amputados do grupo praticante (GP) e 69 do grupo não praticante de desporto (NP).

Fizeram parte do GP sessenta e nove (69) sujeitos de 6 estados brasileiros e do Distrito Federal, sendo 17 sujeitos de São Paulo, 12 do Paraná, 10 do Rio de Janeiro, 9 de Minas Gerais, 9 do Pará, 7 de Goiás e 5 do Distrito Federal. Já o grupo NP foi composto de sessenta e nove (69) sujeitos de 5 estados brasileiros, sendo 40 do Pará, 12 do Amapá, 12 do Rio de Janeiro, 4 do Paraná e 1 do Rio Grande do Sul.

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Procedimentos

Local da Pesquisa: A coleta dos dados se deu, dentro do possível, em ambiente

privativo, onde buscamos reduzir ao mínimo a presença de perturbadores, de modo a facilitar a aplicação dos questionários.

Variáveis: Foram analisadas variáveis dependentes e independentes. As

variáveis foram do tipo qualitativas, categóricas e ordinais. - Variáveis independentes: A prática do desporto

- Variáveis dependentes: O desempenho funcional e social

Instrumento utilizado: Foi utilizado como instrumento de pesquisa um checklist

(anexo 1), baseado na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF (OMS, 2008).

A CIF é uma classificação extensa e complexa que abrange os aspectos da Função do Corpo, Estruturas do Corpo, Atividades e Participação, além dos Fatores ambientais. Por essa razão, optou-se então por selecionar dessa Classificação todos os itens que poderiam estar relacionados com o desempenho funcional e social de sujeitos que apresentam amputação unilateral de MI, visto que são o tema deste estudo. Assim construiu-se, a partir da CIF, um instrumento específico para esta pesquisa, denominado “Checklist do

Desempenho Funcional e Social para o Amputado de Membro Inferior - DFS”.

Validade e Confiabilidade do Instrumento: Trata-se de uma Classificação

publicada pela Organização Mundial da Saúde em 2001, que teve sua tradução ao português baseada na versão em língua inglesa e que foi aprovada pela 54ª Wold Health Endorsement of ICF for Internacional Use (Resolução WHA 54.21). Entendeu-se que a CIF já possuía validação internacional e nacional, assim como pesquisas a partir dela eram recomendadas. Entretanto, devido às necessidades de criar-se um checklist específico para os fins desta pesquisa,

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fez-se necessária, então, a validação desse instrumento. Esse processo foi discutido no estudo 1.

Organização dos Procedimentos Técnicos: Os procedimento tecnicos da

pesquisa foram divididos em quatro etapas: Preparação técnica para utilização da CIF, Seleção oficial da amostra, Coleta dos dados e Organização dos dados. Maior detalhamento dos procedimentos pode se encontrado no anexo 6.

Estatística

• Tratamento dos dados:

A análise estatística teve a finalidade de identificar as diferenças significativas quanto ao desempenho funcional e social entre os grupos GP e NP. Para atingir esse objetivo, foram aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. A estatística descritiva foi utilizada para apresentar as variáveis qualitativas por meio de distribuições proporcionais e as variáveis quantitativas foram apresentadas por meio de medidas de tendência central e de variação.

Como método de inferência estatística utilizado para comparar o desempenho dos grupos GP e NP foi aplicado o teste do Qui-quadrado, alternativamente, devido à restrição (npq < 5) foi aplicado o teste G, conforme recomenda Ayres et al., 2007. A comparação entre as variáveis quantitativas foi realizada pelo teste de Mann Whitney, visto que o teste de D’Agostino-Pearson indicou que as amostras não apresentavam distribuição gaussiana (Siegel; Castellan Jr, 2006).

Foi previamente fixado o nível alfa =0.01 para rejeição da hipótese nula, e ,dessa forma, pretendeu-se identificar quais os itens do questionário apresentaram as mais extremas diferenças entre os dois grupos que estavam sendo comparados. Todo o processamento estatístico foi realizado sob o suporte computacional do software BioEstat versão 5.2.

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3.2.3. Resultados

3.2.3.1. Comparação das características gerais entre os grupos praticantes do futebol (GP) e não praticantes (NP)

O presente estudo avaliou o perfil de dois grupos classificados conforme a prática do futebol de amputados.

O GP, formado por 69 praticantes do futebol de amputados, com idade em!34 ±8.1 tem 53.6% de seus componentes com o ensino médio completo, a mediana do tempo de amputação é de 13 anos, eles praticam futebol há 8 anos (mediana). A amputação de coxa ocorreu em 76.8% . Neste grupo predomina a profissão de serviços e vendas (46.4%) e a renda familiar predominante é menor que 3 salários mínimos (73.9%).

O grupo formado por 69 amputados que não praticam futebol tem idade de 38 ±8.9 anos e 31.8% de seus componentes não concluíram o ensino fundamental. Neste grupo a mediana do tempo de amputação é 8 anos e 65.2% tem amputação de coxa. Eles trabalham e 46.4% atua na função de vendas e serviços, com renda menor que 3 salários mínimos (76.8%).

A comparação entre os grupos mostrou que não houve diferença estatisticamente significante na variável renda familiar (p=0.4480). Entretanto houve características que foram significativamente diferentes: Escolaridade (p<0.0001), tempo de amputação (p=0.0015) e nível de amputação (p=0.0005).

A diferença de nível de amputação GP (76.8% amputação de coxa) e NP (65.2% amputação de coxa) mostra que os participantes do GP apresentam nível mais grave de amputação.

Maior detalhamento do perfil de ambos os grupos pode ser encontrado no anexo 8. !

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3.2.3.2. Comparação do Desempenho funcional e social entre os grupos praticantes do futebol (GP) e não praticantes (NP), por domínios: Resultados Resumidos.

Dentro de cada um dos cinco domínios foi aplicado o teste qui-quadrado para comparar os grupos em relação a cada item do domínio.

No Domínio 1 (Aspectos Orgânicos) ocorreu diferença estatisticamente significante (p<0.05) em todos os itens. Referente à Função do Corpo: b7101 (Mobilidade de várias articulações), b7301 (Força dos músculos de um membro), b7401 (Resistência de grupos musculares).

Referente a estrutura do Corpo: S7500 (Estrutura da coxa), S7501 (Estrutura da perna), S7502 (Estrutura do tornozelo e pé).

No Domínio 2 (Atividades Cotidianas) identificou-se diferença estatisticamente significante (p<0.05) em 29 dos 35 itens. Relacionados as Tarefas e Exigências Gerais: d2301(Gerir a rotina diária), d2400 (Lidar com responsabilidades), d2401 (Lidar com o estresse).

Relacionados a Aquisição do Necessário para Viver: d6200 (Comprar).

Referente as Tarefas Domésticas: d6300 (Preparar refeições simples, d6400 (Lavar e secar roupa), d6401 (Limpar a cozinha e os utensílios), d6402 (Limpar a habitação), d6403 (Utilizar aparelhos domésticos).

Com relação ao Cuidar dos Objeto da Casa e Ajudar os Outros: d6501 (manutenção da habitação e dos móveis), d6504 (Manutenção dos dispositivos de auxílio).

Relacionado ao Autocuidado: d5101 (Lavar todo o corpo), d5200 (Cuidar da pele), d5204( Cuidar das unhas dos pés), d5400 (Vestir roupa), d5401 (Despir roupa), d5402 (Calçar), d5403 (Descalçar), d5702 (Manter a própria saúde).

Com relação ao Andar e Deslocar-se: d4500 (Andar distâncias curtas), d4501 (Andar distâncias longas), d4502 (Andar sobre superfícies diferentes), d4503

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(Andar contornando obstáculos), d4600 (Deslocar - se dentro de casa), d4601 (Deslocar- se dentro de edifícios que não a própria casa), d4602 (Deslocar- se fora da sua casa e de outros edifícios), d465 (Deslocar -se utilizando algum tipo de equipamento).

No que se refere ao Deslocar-se Utilizando Transporte: d4702 (Utilizar transporte público) e 4751 (Dirigir veículos motorizados).

No Domínio 3 (Componentes do Desempenho) de um total de 18 itens, identificou-se diferença estatisticamente significante (p<0.05) em 17. Com relação a Mudar e Manter a Posição do Corpo: d4100 (Deitar-se), d4101 (Agachar-se), d4102 (Ajoelhar-se), d4103 (Sentar-se), d4104 (Levantar-se), d4105 (Inclinar-se), d4106 (Mudar o centro de gravidade do corpo), 4154 (Permanecer de pé), d4200 (Transferir-se enquanto sentado).

No que se refere ao transportar mover e manusear objetos: d4300 (Levantar objetos), d4301 (Transportar nas mãos), d4302 (Transportar nos braços), d4350 (Empurrar com os membros inferiores), d4351 (Dar pontapés), d4551 (Subir/descer), d4552 (Correr), d4553 (Saltar).

No Domínio 4 (Participação Social) identificou-se diferença estatisticamente

significante (p<0.05) em 14 itens. Referente aos relacionamentos interpessoais particulares: d7700 (Relacionamentos românticos), d7702 (Relacionamentos sexuais)

No que se refere a educação: d810 (Educação informal), d820 (Educação escolar), d830 (Educação de nível superior).

Nos itens que envolvem o Trabalho: d8450 (Procurar emprego), d502 (Trabalho em tempo integral), d8500 (Trabalho independente).

Na Vida Comunitária Social e Cívica: d9201 (Praticar esportes), d9101 (Associações formais), d9200 (Jogar), d9202 (Arte e cultura), d9102 (Cerimônias),d9300 (Religião organizada).

Por fim, no Domínio 5 (Fatores Ambientais) foi possível observar diferença estatisticamente significante (p<0.05) em somente 4 itens. No que se refere aos

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Produtos e tecnologias: e1401 ( Produtos e tecnologias de apoio para atividades culturais, recreativas e esportivas).

Quanto aos apoios e relacionamentos: e325 (Conhecidos, companheiros, colegas, vizinhos e membros da comunidade).

Referente aos Serviços, Sistemas e Políticas: e5150 (Serviços relacionados com a arquitetura e a construção), e5900 (Serviços relacionados com trabalho e emprego).

Em suma, ressalta-se que dos 108 itens avaliados 70 (64,8%) apresentaram real diferença entre os grupos (p<0.01). Os itens com diferença altamente significante foram contados e apresentados proporcionalmente dentro de cada domínio: D1 (100%), D2 (82.4%), D3 (94.4%), D4 (45.2%) e D5 (22.2%), conforme resume o quadro 26.

Quadro 26: Demonstrativo do número de itens significantes em cada domínio do checklist. Domínios Total de itens

por domínio

Nº de itens significantes p-valor< 0,01

%

D1. Aspectos Orgânicos 6 itens 6 100%

D2. Atividades Cotidianas 35 itens 29 82,8%

D3. Componentes do Desempenho 18 itens 17 94,4%

D4. Participação Social 31 itens 14 45,2%

D5. Fatores Ambientais 18 itens 4 22,2%

Total de Itens 108 70

Os dados apresentados de forma resumida acima expressam os principais resultados encontrados na comparação do desempenho funcional e social entre os grupos GP e NP. A partir deste ponto serão apresentados de forma mais detalhada todos os resultados já descritos, utilizando-se quadros e gráficos. Caso o leitor deseje, poderá passar diretamente para o tópico 3.2.4 (DISCUSSÃO).

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3.2.3.3. Comparação da Desempenho funcional e social entre os grupos praticantes do futebol (GP) e não praticantes (NP), por domínios: Resultados Detalhados.

Domínio 1 - Aspectos Orgânicos

Este primeiro domínio, composto de 6 itens das ações distribuídos em duas divisões, aborda as Funções do Corpo e as Estruturas do Corpo. Na primeira divisão, buscou-se identificar a percepção do sujeitos quanto ao seu nível de deficiência ou não nos aspectos físicos (mobilidade articular, força e resistência muscular), que são a base para o desempenho de atividades, sejam de cuidados pessoais, locomoção, trabalho, lazer, assim como para diversas atividades sociais. Na segunda divisão, buscou-se identificar a percepção do sujeitos quanto ao seu nível de deficiência estrutural no membro inferior afetado.

FUNÇÕES DO CORPO

A avaliação da distribuição da função do corpo, realizada internamente em cada grupo, mostrou que nos três itens dessa divisão houve diferença estatisticamente significante entre as respostas do GP e do NP (p-valor <0.0001*); no primeiro grupo, o número de sujeitos que referiu não ter nenhuma

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Quadro 27: Distribuição das categorias do Domínio AO – Aspectos Orgânicos, componente

Funções do Corpo em dois grupos: GP – Grupo de Praticantes (n=69) e NP – Grupo de não Praticantes (n=69). Nível de Deficiência b7101 b7301 b7401 GP NP GP NP GP NP Nenhuma 83%* 49% 64%* 30% 58%* 22% Leve 9% 16% 19% 19% 19% 14% Moderada 6%* 22% 12%* 30% 16%* 36% Grave 1% 9% 1%* 13% 3%* 14% Completa 0% 4% 1% 6% 1% 7% Não Especificadas 0% 0% 0% 1% 0% 6% Não aplicável 1% 0% 3% 0% 3% 0% p-valor (qui-quadrado) <0.0001* <0.0001* <0.0001* Fonte: Protocolo da pesquisa.

b7101: Mobilidade de várias articulações b7301: Força dos músculos de um membro b7401: Resistência de grupos musculares

! Figura 9: Frequências relativas (%) das categorias do Domínio AO – Aspectos Orgânicos,

componente Funções do Corpo em dois grupos: GP – Grupo de Praticantes (n=69) e NP – Grupo de não Praticantes (n=69).

ESTRUTURAS DO CORPO

Assim como na divisão anterior, a avaliação da distribuição, realizada internamente em cada grupo, mostrou que nos três itens dessa divisão, houve diferença estatisticamente significante entre as respostas do GP e do NP (p- valor <0.0001*); no primeiro grupo, o número de sujeitos que referiu não ter

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nenhuma deficiência foi consideravelmente superior ao segundo, o que pode ser verificado no quadro 28 e na figura 10.

Quadro 28: Distribuição das categorias do Domínio AO – Aspectos Orgânicos, componente

Estruturas do Corpo em dois grupos: GP – Grupo de Praticantes (n=69) e NP – Grupo de não Praticantes (n=69).! S7500 S7501 S7502 Nível de Deficiência GP NP GP NP GP NP Nenhuma 49%* 22% 52%* 19% 49%* 14% Leve 19% 17% 13% 13% 13% 10% Moderada 16% 20% 12% 16% 12% 13% Grave 13% 25% 6% 28% 6%* 32% Completa 1%* 16% 13%* 23% 16% 28% Não Especificadas 1% 0% 1% 0% 1% 1% Não aplicável 0% 0% 3% 1% 3% 1% p-valor (qui-quadrado) <0.0001* <0.0001* <0.0001* Fonte: Protocolo da pesquisa.

S7500: Estrutura da coxa S7501: Estrutura da perna

S7502: Estrutura do tornozelo e pé

! Figura 10: Frequências relativas (%) das categorias do Domínio AO – Aspectos Orgânicos,

componente Estruturas do Corpo em dois grupos: GP – Grupo de Praticantes (n=69) e NP – Grupo de não Praticantes (n=69).

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Domínio 2 - Atividades Cotidianas

Este segundo domínio objetivou avaliar o desempenho dos sujeitos em diversas atividades do cotidiano. É composto de 35 itens de ações distribuídos em 2 divisões e em 7 ações.

TAREFAS E EXIGÊNCIAS GERAIS

Nesta ação, comparou-se o nível de autonomia ou independência para algumas tarefas gerais das atividades cotidianas, entre os dois grupos. Observou-se que nos três itens desta ação houve diferença estatisticamente significante entre as respostas do GP e do NP (p-valor <0.0001*), mostrando que o grupo praticante apresentou maior nível independência e autonomia para as atividades avaliadas (ver quadro 29 e figura 11).

Quadro 29: Distribuição das categorias do Domínio AC – Atividades Cotidianas, componente

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