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2 FORMULAÇÕES, MANEJOS E DOSES DE GLYPHOSATE APLICADOS EM

3.1 Introdução

As plantas daninhas afetam o potencial produtivo das culturas comerciais, como o milho, por meio da competição por nutrientes, água, espaço físico e luz, ou ainda, liberando substâncias alelopáticas. Isto ocorre devido a diversas características adaptativas das plantas daninhas, que proporcionam a elas capacidade para suportar condições adversas e se propagar, enquanto que as culturas como o milho, por meio do melhoramento genético perderam esta agressividade e melhoram a produtividade (ALBRECHT; ALBRECHT; VICTORIA FILHO, 2013).

O controle adequado de plantas daninhas é uma prática de primordial importância para a obtenção de altos rendimentos em qualquer atividade de produção de grãos na agricultura. Os métodos normalmente utilizados para controlar as plantas infestantes são o preventivo, mecânico, biológico, químico e o cultural, quando possível, sendo aconselhável utilizar a combinação de dois ou mais métodos (CONSTANTIN, 2011; VICTORIA FILHO, 2008).

Com relação ao método químico, sua grande aceitação é atribuída ao fato de que o controle das plantas daninhas por herbicidas proporciona facilidades e vantagens ao produtor rural. Entre elas destaca-se: menor dependência da mão-de- obra (cada vez mais cara e escassa); a eficácia no controle de plantas daninhas na linha de semeadura e o fato de não afetar o sistema radicular das culturas; permite o cultivo mínimo ou semeadura direta; pode controlar plantas daninhas de propagação vegetativa; permite semeadura a lanço e/ou, alteração no espaçamento, entre outros fatores (SILVA et al., 2009; VICTORIA FILHO, 2008).

É importante destacar que nos últimos anos as culturas RR promoveram o uso repetitivo e em grande escala do glyphosate. Assim, surgiram e continuam a surgir vários registros de plantas daninhas resistentes a este herbicida. O aparecimento de biótipos de plantas daninhas resistentes ao glyphosate está diretamente relacionado ao desenvolvimento e expansão das culturas RR, pois com o uso continuado deste herbicida, ocorreu uma maior pressão de seleção destes biótipos (ALBRECHT; ALBRECHT; VICTORIA FILHO, 2013; HEAP, 2013). Mas também são registrados mais casos, a cada ano, de plantas daninhas resistentes a herbicidas pertencentes a outros mecanismos de ação.

O Brasil possui um total de 35 biótipos identificados como resistentes, representados por 23 espécies, dos quais 8 casos possuem resistência múltipla (HEAP, 2016). No mundo, hoje se tem registradas 32 espécies de plantas daninhas resistentes ao glyphosate, sendo que os Estados Unidos da América, o precursor das culturas RR, apresentam 15 espécies de plantas daninhas resistentes ao glyphosate; a Austrália apresenta 10; e a Argentina e o Brasil apresentam sete espécies resistentes ao glyphosate (HEAP, 2016).

Resultados de Shaner (2000) já alertavam que embora os cultivos tolerantes ao glyphosate fossem uma importante ferramenta no controle de plantas daninhas, o uso intensivo de glyphosate nas culturas RR acarretaria em problemas, principalmente na seleção de biótipos resistentes.

Visando um melhor controle de plantas infestantes e também a prevenção da seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes, a utilização de dois ou mais mecanismos de ação é uma ação recomendável. Neste mesmo sentido, é importante a utilização de novas tecnologias que conferem a tolerância a diferentes herbicidas, proporcionando assim condições favoráveis para a rotação de mecanismos de ação (RIAR et al., 2013; BARROSO et al., 2015).

Sem dúvida, a associação de herbicidas trata-se de uma importante ferramenta no manejo de plantas daninhas de difícil controle e diversos trabalhos relatam suas aplicações, vantagens e desvantagens (AZEVEDO, 2015). A pesquisa de Gazziero (2015), que entrevistou produtores rurais e profissionais da área, concluiu que para 97% dos entrevistados a mistura em tanque é uma prática usual, em 95% das vezes variando de dois a cinco produtos e 72% dos entrevistados afirmaram desconhecer ou consideraram insuficientes as informações sobre misturas em tanque, mesmo sendo uma prática comum.

A associação de herbicidas é objeto de estudo de diversos autores com intenção de verificar, principalmente, o controle de plantas daninhas de difícil manejo e também a presença de infestantes com resistência a um determinado herbicida amplamente utilizado (AZEVEDO, 2015; GEMELLI, et al., 2013; MELO et al., 2012). Mas não se pode deixar de lado o estudo da seletividade das culturas, submetidas a estas diversas associações de produtos, pois mesmo que o controle das plantas daninhas seja eficaz, nada adianta se a cultura de interesse econômico for afetada negativamente pelos produtos aplicados.

Com a expansão do milho RR2/LL, passaram a surgir dúvidas relacionadas as associações do glyphosate, amônio-glufosinato e destes com outros herbicidas, que eram amplamente utilizados no milho antes da inserção dos eventos transgênicos, pois, dependendo da combinação, pode-se causar fitointoxicação na cultura, e ainda comprometer a eficácia de controle das plantas daninhas (C.VALE, 20152– informação verbal).

Estas dúvidas comprovam mais uma vez a necessidade de pesquisas nesta área, principalmente pelo fato de que em regiões agrícolas brasileiras são visualizados casos de antagonismos em associações de produtos aplicados em culturas, como a soja e milho. Em algumas situações, se associa o glyphosate com outros herbicidas e outros produtos fitosanitáricos como inseticidas, fungicidas, adjuvantes e fertilizantes, apresentando fitointoxicações visíveis nas lavouras (C. VALE 20152, – informação verbal).

Partindo-se do pressuposto que a associação de alguns herbicidas pode apresentar efeitos indesejáveis mesmo em culturas RR2 e/ou LL, para as quais é considerado seletivo, destaca-se que, segundo Taiz e Zeiger (2013), estresses acarretam em efeitos negativos sobre o crescimento e desenvolvimento normal das espécies vegetais.

Quando levamos em consideração o fato da utilização recente do milho RR2/LL pelos agricultores brasileiros (BORÉM; GALVÃO; PIMENTEL, 2015), recomenda-se cautela, pois faltam informações concretas sobre possíveis efeitos deletérios que o glyphosate e o amônio-glufosinato, isolados ou associados entre si

2Informações fornecidas pelos técnicos de campo da C. Vale Cooperativa Agroindustrial, em 2015,

sobre a utilização pelos agricultores de associações contendo herbicidas, aplicadas em pós- emergência nas culturas da soja e milho.

e com outros herbicidas, podem causar a esta cultura, sob as condições edafoclimáticas brasileiras.

Infere-se que, diante da literatura disponível, dentro desta linha de estudo, pouco se sabe efetivamente sobre as reais respostas do milho RR2/LL submetido à aplicação de herbicidas, em pós-emergência, no território brasileiro. Assim, o objetivo da presente pesquisa foi avaliar os efeitos da aplicação, em pós-emergência, de herbicidas isolados e associados no milho apresentando as tecnologias RR2/LL.

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