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Desde a Antiguidade, as pessoas com deficiência eram desprezadas e sofriam pre- conceitos, já que não se encaixavam no padrão estipulado pela sociedade.

Com os surdos não foi diferente, eles também foram alvo dessa rejeição. Eram mal- tratados, rotulados como incapazes e não eram considerados humanos, mas imper- feitos.

Segundo Honora e Frizanco (2009), a Igreja Católica, na Idade Média, também con- tribuiu para essa discriminação. De acordo com o catolicismo, Deus criou o homem segundo sua imagem e semelhança, assim, as pessoas deveriam ser perfeitas e aquele que não se encaixava neste padrão era ignorado, não aceito pela população. Ainda nesta época existiam os feudos. Os nobres para não dividirem suas heranças, casavam-se entre si, o que resultou numa grande quantidade de surdos. A partir disto, começaram as primeiras tentativas de ensino para eles. Foram os monges enclausu- rados os primeiros a começarem estes ensinos. Isto porque, eles estavam em Voto de Silêncio e para não ficarem totalmente incomunicáveis criaram uma língua gestual para conversarem entre si.

No final da Idade Média começaram a surgir os primeiros propósitos de integrar os surdos na sociedade, porém, a visão inclusiva ainda era ausente.

Foram, então, aparecendo diversos nomes ao longo do tempo. Nomes estes que se dedicaram a estudar e a fazer algo pela comunidade surda.

Deu-se origem a Língua de Sinais; surgiram as primeiras escolas para surdos e as filosofias educacionais: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo. Vejamos o que são cada uma delas, de acordo com Honora e Frizanco (2009):

. Oralismo: Primeira tendência educacional para surdos que consistia em ensiná-los a compreender e a produzir a língua oral. Acreditava-se que a língua de sinais impedia este processo e, por isso, a mesma era proibida. Comunicação Total: Segunda ten- dência educacional que compreendia que toda forma de comunicação é válida: fala, gestos, mímicas, leitura orofacial, expressão facial e corporal, leitura, escrita e sinais. . Bilinguismo: Terceira tendência e a mais recente. Tem como princípio que o indivíduo surdo tenha como primeira língua a língua de sinais e como segunda a língua pátria. Nesta filosofia a oralização não é obrigatória, é uma opção.

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Todos esses acontecimentos ocorreram vagarosamente e durante todos os processos os surdos passaram por muitas dificuldades e sofreram preconceitos, o que ainda presenciamos nos dias atuais. Podemos citar alguns fatos que ocorreram ao longo da história:

. Os surdos foram considerados impensantes;

. Rotulados como doentes mentais e muitos foram internados em hospícios; . Considerados tolos e úteis apenas para o trabalho braçal;

. Proibiram a língua de sinais e tornaram a fala obrigatória;

. Forçaram-lhes a realizar diversos tipos de exames clínicos; entre outras barbáries. Atualmente é perceptível que a comunidade surda rompeu paradigmas e conquistou espaço dentro da sociedade, no entanto continua passando por dificuldades, já que a guerra entre os defensores do oralismo versus os defensores da língua de sinais ainda não cessou. Schneider (2006), em sua obra “Educação de Surdos – Inclusão no en- sino regular” comenta sobre este assunto:

Os primeiros criticam os defensores da língua de sinais argumentando a impossibili- dade de uma integração efetiva, na medida em que os surdos não dominam a língua utilizada pela maioria absoluta das pessoas de um país ou de uma comunidade lin- guística. Por sua vez, os defensores da língua de sinais como a primeira língua das comunidades surdas sustentam que o “oralismo” foi o responsável pela falta de su- cesso na escolarização e socialização dos surdos, por impor uma língua que, pelas próprias condições orgânicas dos surdos (o não ouvir), não poderia se constituir como sua primeira língua. (Schneider, 2006, p.32)

Assim como qualquer criança, com a criança surda também é preciso identificar qual é a sua melhor forma de aprendizagem. Devemos preservar seus direitos e permitir que ela se desenvolva da melhor maneira.

Por serem extremamente visuais, a língua de sinais permite que o surdo se desen- volva com mais facilidade e eficácia. Contudo, esta língua precisou ultrapassar muitas barreiras dificultando a educação dos surdos, já que durante muito tempo o seu uso foi proibido.

Ao longo da história, muitos foram contra a língua de sinais e, em 1878, ocorreu em Paris o I Congresso Internacional de Surdos-mudos, em que ficou acordado que a leitura labial e o uso dos gestos nas séries iniciais são os melhores métodos para os surdos. Logo depois em Milão, em 1880, aconteceu o II Congresso Mundial de Sur- dos-mudos, que instituiu que o método oral é a melhor maneira para educar a pessoa surda, impedindo o uso de sinais.

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A abolição dos sinais durou aproximadamente 80 anos e os insucessos foram per- ceptíveis nesse tempo. Não percebiam que para muitos surdos a imposição do ora- lismo não era possível organicamente. Os surdos passavam anos na escola com poucas aquisições e sem oportunidades para o trabalho.

O uso da língua sinalizada só voltou a ser aceito em 1970 com o surgimento da Co- municação Total, que já mencionamos anteriormente. Com uso desta filosofia, foi-se percebendo que a língua de sinais é muito mais significativa para a educação dos surdos, trazendo-lhes mais resultados e benefícios.

Surgiu, então, o Bilinguismo, também citado nos parágrafos acima, que coloca a lín- gua de sinais como língua materna dos surdos. O Bilinguismo é a tendência mais utilizada nos dias atuais, entretanto, ainda há pessoas que defendem que o oralismo é a melhor forma para educar o surdo. Não pretende com tal afirmativa recriminara tendência oralista, é necessário compreender que a condição da fala não é possível a todos os surdos. É um fator que depende das características de cada indivíduo e, além disto, é optativo por ele, ou seja, não podendo ser forçado e obrigatório.

A lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, reconhecendo-a como meio legal de comunicação e expressão. A partir desta lei, a Libras tornou-se mais acessível, facilitando deste modo o seu uso.

Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e ex- pressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gra- matical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. (Parágrafo único do artigo 1º da Lei nº 10.436)

Para regulamentar esta lei, no dia 22 de dezembro de 2005 foi publicado o decreto 5.626. Tal decreto traz especificidades diante da lei 10.436 e discorre sobre muitos direitos a pessoa com surdez. Dentre eles podemos citar aqueles que são mais rele- vantes para este artigo, como:

. A formação de professores especializados para atender tal deficiência;

. A difusão da Libras como disciplina curricular em determinados cursos de formação superior e profissional;

. O uso e a difusão da Libras;

. O direito a uma educação de qualidade as pessoas surdas ou com deficiência audi- tiva.

Percebe-se de acordo com o histórico descrito que diversos foram os movimentos, as leis e as iniciativas para incluir os alunos surdos no ambiente escolar e, posterior- mente, na sociedade. Mas ainda hoje encontramos fragilidades que precisam ser ana- lisadas e refletidas, conforme aprofundaremos a seguir.

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Justificativa

A inclusão da pessoa com deficiência é um tema bastante discutido entre os profissi- onais da Educação. Entretanto, o que mais se discutiu até hoje está relacionado a falta de preparação dos profissionais e a desestruturação das escolas para recepcio- nar estes indivíduos.

De certo, as instituições educacionais de nosso país ainda tentam transpassar barrei- ras para que a educação oferecida tanto para as pessoas com deficiência quanto para as pessoas sem deficiência seja de qualidade.

O tema exposto neste artigo, A inclusão da criança com surdez na sala de aula regu- lar: novos caminhos para uma educação global colocam em discussão a importância e os benefícios da convivência da criança com deficiência, neste caso focando a sur- dez, com outras crianças, a exploração de um mesmo universo e a troca de experiên- cias.

A importância da educação regular se dá justamente na troca de experiências e na convivência de crianças com realidades, crenças e histórias distintas. Cabe neste mo- mento a indagação: a criança em uma escola especial recebe aporte para a convivên- cia na sociedade global?

Este relacionamento é favorável para todos, alunos e docentes, que muito além da educação formal tornam-se cidadãos responsáveis, completos e capazes de lidar com as barreiras do cotidiano.

Não devemos ocultar e deixar de discutir a falta de preparo das escolas, já que ainda existem muitos profissionais que não se reciclam e não se qualificam, pois, parecem não acreditar na inclusão. Mesmo com a importância de colocar este assunto nova- mente à tona, discutindo a importância da formação continuada para os profissionais da Educação, também é necessário olhar para a inclusão com outro foco, colocando em ênfase os pontos benéficos dessa convivência, destacando sua relevância, já que o primeiro passo de uma educação inclusiva qualificatória é que todos acreditem neste sistema de ensino. Logo, podemos discutir: a escola está estruturada fisicamente e o corpo docente recebe preparo, formação e apoio do poder público para que a inclusão se consolide?

Segundo o Governo do Estado (1990), a lei 8.069 dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente decretada e sancionada no mesmo ano, em seu artigo 4º descreve

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que é garantido para a criança e para o adolescente através da família, da comuni- dade, da sociedade em geral e do poder público a segurança e efetivação de diversos direitos, que dentre eles está a educação.

Além desta lei, que dá aporte à pessoa com surdez, temos o decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a lei 7.853, de 24 de outubro de 1989, que está direcionada para a pessoa com deficiência, que em seu artigo 2º assegura o exercício dos direitos básico, inclusive o da educação. Em seu capítulo VII, seção II, se discorre sobre a responsabilidade das entidades da administração pública em garantir todos os direitos à estas pessoas, colocando a obrigatoriedade da matricula em ensino re- gular, a capacitação dos recursos humanos e da adequação dos recursos físicos. Diante de todas estas cláusulas, nos perguntamos: o direito a educação para a pessoa com surdez é garantido pelas entidades públicas? A sociedade e as famílias possuem conhecimento sobre as leis e acompanham a prática das mesmas? Existe um meio eficaz de garantir e cobrar que as leis sejam, de fato, cumpridas? Como se vê, existem muitas indagações sobre a temática pesquisada, muitos assuntos e pontos a serem colocados em discussão. Aprofundaremos desta forma, nas questões colocadas an- teriormente, em busca de estudos e vertentes que visem a melhoria da Educação e a inclusão global da pessoa com surdez.

A Estrutura da Escola e a Importância da Formação dos Docentes

Segundo o Ministério da Educação – MEC (2012), na última década, entre os anos de 2000 e 2010, houve um aumento de 933,6% de alunos com algum tipo de deficiência matriculados no Ensino Superior. Este dado nos remete a uma afirmativa: estes alu- nos que deram início à vida universitária passaram por nossas escolas. Desta forma retornamos o nosso pensar ao questionamento que fizemos anteriormente neste ar- tigo: a escola está estruturada fisicamente e o corpo docente recebe preparo e apoio do poder público para que a inclusão se consolide?

Não sabemos como se deu a educação básica de um desses alunos com deficiência que estão buscando a formação específica, porém é possível imaginar que muitos deles encontraram uma série de obstáculos ao longo de seus anos escolares, dentre eles podemos exemplificar: professores despreparados para recebê-los, escolas pouco estruturadas, materiais pedagógicos e infraestrutura precários, entre outros fa- tores que podem deixar marcas indeléveis e fragilizar a educação e, consequente- mente, a formação do estudante.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990), em seu artigo 53 garante o direito a uma educação de igualdade, que vise o desenvolvimento, o preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Além disso, específica que todos devem ser respeitados por seus docentes e que devem ter acesso à escola pública e gratuita próxima a sua residência.

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O ECA (1990) relata que todos devem ter “igualdade de condições para o acesso na escola”, isso significa que todos incluem as pessoas com deficiência. Deste modo, se faz necessário que a escola se adapte à tendência inclusiva, que está se implantando em nossas escolas a cada dia.

Schneider (2006) em sua obra comenta sobre a Declaração de Salamanca:

A Declaração de Salamanca de 1994 ressalta a necessidade de as escolas se modi- ficarem para que possam atender à diversidade, o que se constitui num desafio para os sistemas de ensino. Há a necessidade de a escola inclusiva desenvolver uma pe- dagogia centrada na criança e capaz de educar todos com sucesso. (Schneider, 2006, p.191)

Atendendo a esta declaração, a escola deve acolher todas as crianças, independente de suas condições físicas, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Conforme nos alerta Schneider (2006), devem também acolher crianças com deficiências e dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou- nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidos.

Entretanto, a instituição escolar deve ter claro o que de fato é a inclusão. Incluir não é apenas ceder uma vaga à pessoa com deficiência, mas é inseri-la em todos os âmbi- tos escolares, permitindo que esta participe de tudo àquilo que o sistema educacional oferece.

Não se deve incluir o aluno surdo por piedade, entendendo que este é inferior aos demais, nem aceitar apenas porque está determinado em alguma lei. Deve-se incluí- lo pensando em ética, na ética com o outro.

Cortella (2011) discorre sobre a ética, sobre a convivência humana e sobre a nossa conduta de, muitas vezes, nos colocarmos acima do outro, esquecendo-se de que somos iguais, possuímos as mesmas necessidades, os mesmos direitos e os mesmos deveres.

A nossa humanidade é compartilhada. Ser humano é ser junto. Isso significa que é preciso que saibamos que a nossa convivência exige uma noção especial da nossa igualdade de existência, o que nos obriga a afastar do ponto de partida qualquer forma de arrogância. (Cortella, 2011, p.117)

Assim, a escola ao optar pela inclusão, deve-a fazer com qualidade, acreditando que este processo será benéfico a todos, não optar apenas pela obrigação, mas internali- zar a ideia da inclusão adaptando os projetos da escola para que atenda a todos. É preciso modificar o contexto da aprendizagem e a própria prática educativa, a orga- nização da escola, da sala de aula, tendo presente a importância do clima afetivo ou

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emocional para que o aluno aprenda e se desenvolva adequadamente. Significa, por- tanto, que a escola e o professor devem estar preparados para educar na diversidade, não somente na presença de crianças deficiências. (Schneider, 2006, p.53)

Diante de todas essas colocações, entende-se que a escola e toda a sua extensão - todos aqueles envolvidos na prática escolar, devem se adaptar ao aluno e, não o aluno se adaptar a escola.

Pensando no âmbito escolar, chegamos ao ponto central da Educação: o corpo do- cente. Os professores por vezes constroem uma imagem distorcida do aluno surdo que acaba refletindo em sua prática pedagógica, agindo, de certa forma, contra a in- clusão, não por intenção ou vontade própria, mas por não receber o apoio necessário para trabalhar com tal aluno, compreender seus anseios e suas necessidades. É extremamente necessário que o professor se adeque as necessidades do aluno, contudo para que isso aconteça o primeiro passo é que este profissional aceite a di- versidade. Assim, voltamos novamente à ética, já que o docente deve atender com ética qualquer aluno.

O corpo docente precisa estar em constante formação para atender as mudanças da Educação de nosso país, entre elas a implementação da inclusão. É dever do poder público oferecer ao professor formações para que este possa atender com qualidade qualquer criança, independente de suas características.

O docente é um dos fatores mais importantes do processo educativo. Por isso, seu desenvolvimento profissional é considerado como um componente de qualidade de primeira ordem no sistema educativo. É impossível falar de melhoria na educação sem atender ao processo de formação dos professores. (Fernández, González, Ruiz e Ha- rada, S/D, p. 106)

O aluno surdo incluído em uma sala de aula regular não é sinônimo de aprendizagem. É necessário, como citado acima, que o educador esteja preparado para tal tarefa, caso contrário, a escola estará apenas cumprindo a ordem de aderir à inclusão, que neste caso a palavra exclusão seria mais adequada. Incluir é garantir todos os direitos e o pleno desenvolvimento do aluno com deficiência.

É preciso modificar o contexto da aprendizagem e a própria prática educativa, a orga- nização da escola, da sala de aula, tendo presente a importância do clima afetivo ou emocional para que o aluno aprenda e se desenvolva adequadamente. Significa, por- tanto, que a escola e o professor devem estar preparados para educar na diversidade, não somente na presença de crianças com deficiências. (Schneider, 2006, p.51) Uma das formações essenciais para o professor é a formação em Libras. A língua de sinais é um dos meios de se garantir uma educação de qualidade aos surdos, já com a utilização da mesma, o aluno com surdez pode participar das atividades propostas,

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ter a oportunidade de compreender os conteúdos expostos, participar da aula colo- cando suas opiniões e esclarecendo suas dúvidas, interagir com o professor, tendo assim uma relação afetiva, que é fator importante para efetivar a aprendizagem. O direito do aluno surdo à educação através da língua de sinais está assegurado na Declaração de Salamanca, no artigo 19, artigo este não incorporado nos documentos que regulam a inclusão do aluno surdo no sistema regular de ensino em nosso país. Assim, o que se vê, na prática, são professores tentando se comunicar com os alunos surdos de qualquer jeito, sem mesmo acreditarem na afetividade de tal procedimento. (Silva e Pereira, 2003, p.176)

Quando o aluno não aprende através da Libras sua educação fica comprometida. Como citado, é comum ver alunos surdos matriculados na rede regular tendo aulas com professores que não conhecem a língua de sinais e, muito menos sabem como acontece o processo de aprendizagem destes discentes. Assim, é fundamental a for- mação dos professores e necessário que eles saibam se comunicar com seus alunos da maneira correta. Deixemos claro que, o professor saber Libras não impede a pre- sença de um intérprete na sala de aula. É também assegurado no decreto 5.626 de 2005 a presença de um intérprete em locais públicos, incluindo a escola.

A importância do relacionamento inclusivo na escola de ensino regular

A educação inclusiva tem se tornado um assunto cada vez mais polêmico. A revista Nova Escola, em uma de suas edições de 2005, publicou uma entrevista realizada com a educadora Maria Teresa Égler Mantoan, em que a mesma em uma de suas respostas comenta o que é a inclusão:

É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro. (Revista Nova Escola, 2005)

De tal forma, integrar é contribuir para um melhor desenvolvimento e para uma socia- lização abrangente, com maior rendimento e desempenho nos processos de aprendi- zagem. Schneider (2006) comenta sobre a importância da interação, baseada nas teorias do mais influente pensador da Pedagogia Interacionista: Vygotsky.

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As interações desempenham um papel fundamental na vida das pessoas, razão por que é preciso considerá-las. Segundo Vygotsky (1988), as interações são determinan- tes para a aprendizagem e para o desenvolvimento, ao contrário da ênfase da homo- geneidade, por priorizar os contatos com pares diferenciados. Esse contato com ex- periências e situações diferentes desencadeia a busca da apropriação de conheci- mento por parte do indivíduo com deficiência, despertando nele a curiosidade e os desejos limitados pela monotonia da condição em que se encontra.

A inclusão dos alunos com deficiência no ambiente da sala de aula regular traz inú- meros benefícios, não somente para tal parcela de alunos, mas para todos os envol- vidos com a escola: alunos, professores, gestores, colaboradores, famílias e a comu- nidade do entorno.

É a partir desta interação com a diversidade que se busca uma sociedade mais soli- dária, pois a vivência com o outro e a troca de experiência resulta em aprendizagem. Todos aprendem a viver em ambientes integrados, a compreender, lidar e a aceitar

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