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CAPÍTULO III: A CANÇÃO É UMA POESIA AJUDADA?

3.3 INVEJOSO

Arnaldo Antunes/Liminha

O carro do vizinho é muito mais possante E aquela mulher dele é tão interessante Por isso ele parece muito mais potente Sua casa foi pintada recentemente

E quando encontra o seu colega de trabalho Só pensa em quanto deve ser o seu salário Queria ter a secretária do patrão

Mas sua conta bancária já chegou no chão Na hora do almoço vai pra lanchonete

Tomar seu copo d'água e comer um croquete Enquanto imagina aquele restaurante

Aonde os outros devem estar nesse instante Invejoso

Querer o que é dos outros é o seu gozo E fica remoendo até o osso

Mas sua fruta só lhe dá caroço Invejoso

O bem alheio é o seu desgosto Queria um palácio suntuoso mas acabou no fundo desse poço Depois você caminha até a academia Sem automóvel e também sem companhia Queria ter o corpo um pouco mais sarado Como aquele rapaz que malha do seu lado E se envergonha de sua própria namorada Achando que os amigos vão fazer piada Queria uma mulher daquelas da revista

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Uma aeromoça, uma recepcionista E quando chega em casa liga a tevê Vê tanta gente mais feliz do que você Apaga a luz na cama e antes de dormir Fica pensando o que fazer pra conseguir O que é dos outros

Querer o que é dos outros é o seu gozo E fica remoendo até o osso

Mas sua fruta só lhe dá caroço Invejoso

O bem alheio é o seu desgosto Queria um palácio suntuoso mas acabou no fundo desse poço

Essa canção faz parte do disco Iê Iê Iê, de 2009, que revisita o estilo musical oriundo dos anos 60, na qual eclodiu a grande produção musical brasileira que reúne na mesma época o Tropicalismo, a Jovem Guarda, e a Bossa-Nova que já figurava entre a música popular brasileira.

Para dar vazão à cantoria dos praticantes do iê-iê-iê, um novo programa foi criado sob o comando de Roberto Carlos e batizado de Jovem Guarda. Despidos de qualquer engajamento de ordem social ou política, esses novos músicos encadeavam acordes perfeitos em suas guitarras elétricas e retomavam, agora sob a égide do rock, a música para dançar. Ao mesmo tempo falavam de amor, estilo de vida e todos os assuntos considerados à época "alienados"141.

Quando falamos de canção popular brasileira, temos uma questão que determina o lugar que cada estilo musical deve ocupar a partir de uma noção social. A partir desse parâmetro, dizia-se que falar de amor e coisas do tipo era algo alienante e sem valor. Para alguns, música romântica até hoje é tachada como brega, roedeira ou música para curar dor de cotovelo. O que os críticos

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musicais não sabem e não tem controle é que há uma força popular oriunda de camadas inesperadas sendo capaz de transformar um cantor de músicas românticas ou de assuntos alienados em maior ícone da música brasileira, caso de Roberto Carlos, que até hoje é aclamado como "o Rei".

A separação entre o que é bom ou ruim é ditada pela mídia cultural brasileira. Arnaldo Antunes desconstrói esse mundo imaginário criado pelo cenário cultural brasileiro, que tenta ditar as regras do jogo, determinando o que é bom ou ruim, ao gravar canções de diversos artistas de variados estilos, dentre as quais Judiaria, de Lupicínio Rodrigues, representante legítimo do samba; Qualquer coisa, de Caetano Veloso, ícone da Tropicália, e o brega "Quando você decidir", de Odair José, legítimo representante do brega brasileiro. O material onde essas canções podem ser encontradas é citado no apêndice.

Percebe-se então que para Arnaldo Antunes essa separação de estilos musicais não existe e essa ruptura se faz presente para romper com esses paradigmas impostos por uma crítica musical que desabona os gostos populares. Sem entrar em questões de juízo de valor, a música ultrapassa os limites socioeconômicos e pode fazer com que intelectuais amem a música de Odair José, Reginaldo Rossi e Peninha, como também uma pessoa que não tenha tantas posses e cultura possa gostar de música clássica ou de um Chico Buarque. Isso não tem regra. Arnaldo Antunes corrobora isso quando diz:

Bem, as canções do Erasmo venho curtindo durante minha vida inteira, mas a fase específica da Jovem Guarda é uma coisa que marcou muito a minha infância (nasci em 1960). Eu ouvia no rádio, via o programa deles na TV, fazia álbuns com as fotos dos ídolos, ouvia os discos na vitrolinha, e tinha um fascínio pelos cabelos compridos, anéis de brucutus e medalhões.

Quando nós, dos Titãs, começamos nossa carreira, tínhamos o nome de “Titãs do Iê Iê Iê”, pois tínhamos uma referência forte daquele

137 universo, que queríamos traduzir para uma linguagem própria, no começo dos anos 80. 142

Diferentemente da Literatura que possui certo controle por parte de uma dita elite dominante, que dita o que deve ou não ser apreciado, dentre os quais se enquadram os acadêmicos, os professores, os pesquisadores que têm influência na formação de seus alunos, na música isso é impossível. Ela flui, chega aos ouvidos e, devido a impressão auditiva da primeiridade, conquista sem muito esforço pobre, rico, branco ou preto, pois ela é universal. São os ouvidos que farão a seleção natural das coisas.

A partir dessas discussões acerca da canção e suas relações com a sua difusão sociocultural, podemos retomar a canção e ver que o tema não é tão banal quanto parece. A discussão sobre a forma como as pessoas enxergam o mundo, os outros e as coisas dos outros é algo que gera discussões intermináveis. Ao observarmos a canção invejoso, percebemos que diferentemente do poema-canção cultura, há nele, sim, elementos narrativos que preenchem os elementos do quadrado semiótico greimasiano.

Compositor Invejoso Ouvinte

D1S D2

AO OP

O Desejo Coisas O outro

de ser e ter dos outros as coisas dos outros

Podemos perceber nesse esquema acima que o compositor Arnaldo Antunes quer mostrar como é a realidade de uma pessoa que vive com inveja

142 ANTUNES, Arnaldo. In: IÊ- IÊ- IÊ. Entrevista por Rosane Queiroz. Revista Vogue: 2009.

Disponível em:< http://www.4shared.com/office/QRhDECX3ba/2009_revista_Vogue.html> Acesso em 19 jan. 2015

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das outras. Essa mensagem tem o propósito de ser transmitida para nós, os ouvintes da canção. O objeto que é o foco do invejoso são as coisas que os outros possuem, e seu único aliado nesse processo é o desejo de um dia poder ter aquelas coisas ou aquele estilo de vida. Em oposição a todo esse desejo está justamente o outro, aquele que é o antagonista do desejo do ser que possui a inveja.

Ao trazer à tona um dos sete pecados capitais, Arnaldo Antunes mexe no íntimo de muitos dos que ouvem a canção, pois como nossa sociedade se baseia na ideia do capital em que se pode mais quem ganha mais, é bastante provável que as pessoas não consigam observar apenas de fora aquilo que está sendo dito e que acabem se identificando em alguma passagem da canção.

Essa primeira passagem que está representada nos diagramas 08 e 09 mostra uma apresentação da forma de pensar do invejoso (sujeito) pelo compositor (destinador) para nós (ouvintes). Ao afirmar que o carro, a esposa e a casa do vizinho são, respectivamente, "muito mais" possante, interessante e potente, o destinador nos coloca diante de um estado de espírito em que é improvável que se pense o contrário do que está sendo dito, pois esses quatro primeiros versos da canção são categóricos.

A partir desse pensamento, podemos afirmar que, além de percebemos que as notas se mantêm muito próximas em seus semitons, não há nenhuma grande alteração capaz de causar um desconforto ou um indício que o texto que vem sendo cantado sofra alguma alteração rítmica ou melódica.

Podemos observar melhor essas inflexões melódicas nos diagramas representados abaixo:

139 Diagrama 08 – Invejoso– Sequência 1

carro do vizinho é muito

mais ssan aquela mulher dele é tão te san

po te e in res is le re pouco O te por so e pa ce um mais tente po

Diagrama 09 – Invejoso– Sequência 2

sua ca foi ta cen mente

sa pin da re te

A harmonia que acompanha o tema melódico é acompanhada por instrumentos harmônicos como guitarra, contrabaixo e teclado, como também os percussivos, como a bateria. O que salta aos nossos ouvidos é o som do violão que é bastante marcante em toda sua música. Ao ouvir as batidas do violão, somos levados a uma memória musical que relembra os grandes sucessos do rock feito pelo pessoal da Jovem Guarda no inicio da década de 60, com Erasmo Carlos, Roberto Carlos e outros.

A aproximação com essa característica referencial da música de Antunes também é provocada pelos timbres utilizados pelo teclado que em

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muito se assemelha aos grandes solos das canções de Roberto e Erasmo Carlos como "Quando", "Quero que vá tudo para o inferno" e "As curvas da estrada de Santos".

Propositalmente feito para rememorar esse período da música brasileira, a canção Invejoso é a que melhor representa essa releitura do chamado período do Iê Iê Iê. Por não haver grandes alterações na linha melódica (5 semitons de diferença para a região aguda e 2 semitons para a região grave), o trecho presente nos diagramas 08 e 09 começa a dar pistas de que a canção é tematizada. Embora tenha essa característica, vamos observar no decorrer dos diagramas que há também na canção, a presença da passionalização, em que o sujeito é levado o tempo inteiro para o limiar de suas emoções passionais e em determinados pontos também a figurativização, onde encontraremos partes que se assemelham ao discurso da fala.

Diagrama 10 – Invejoso– Sequência 3

quando encontra o seu colega

de ba só pensa em quanto deve ser o tra lho seu lá

E sa rio queri ter se tá do trão

a a cre ria pa

Temos agora no diagrama 10 um movimento em que o sujeito começa a aumentar seu foco pelo desejo de possuir o que não tem. Há nessa passagem o princípio competitivo em que a sociedade capitalista nos compele todos os

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dias a sentir, de que para ser bem sucedido na vida o outro não pode ser, como também o início de negativa da sua relação profissional. Ao afirmar que o invejoso "queria" ter a secretária do patrão, Antunes começa a brincar com a semântica, não das palavras e sim a social, pois em uma primeira audição, muitos ouvintes vão interpretar pelo sentido de desejo sexual, de querer poder ter condições de conquistar a secretária do chefe, porém, pode-se atribuir ao trecho a ideia de que ele queria estar no lugar de seu chefe e ter uma secretária que o servisse.

Para dirimir qual sentido seria o mais adequado, no próximo diagrama, há logo em seu início uma conjunção adversativa que diz que aquele desejo é improvável devido a sua conta bancária estar no "chão", dando a impressão de que o desejo de ter a secretária fosse mais ligado a sua prestação de serviços profissionais. Mantém-se nesse trecho a mesma diferença melódica (5 semitons pra a região aguda e 2 para a grave), consolidando a ideia de que trata-se mesmo de uma canção em que a tematização faz parte de sua base.

Embora a tematização seja a característica que mais represente melodicamente a canção Invejoso, a partir do diagrama 11 começamos a perceber onde a figurativização começa a se apresentar. Na expressão acima, os versos dão a informação de que o sujeito não possui dinheiro, devido à falta de um bom emprego e descreve como é o almoço diário dessa pessoa, em que ele apenas se alimenta de um simples croquete e de um copo d'água. A recorrência desse ato se comprova como sendo algo diário devido à utilização do pronome possessivo seu, pois ao afirmar isso o compositor deixa marcado textualmente que este é um hábito do sujeito cuja vida ele está descrevendo.

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O peculiar desse trecho é que essa informação é dada em uma mesma tonalidade com apenas uma diferença de 1 semitom para a região aguda e 2 para a grave, aproximando assim a palavra cantada da forma como as pessoas falam, talvez na tentativa de demonstrar a real situação em que vive o ser dotado de inveja, quando não está pensando em ter para si as coisas e a vida dos outros.

Diagrama 11 – Invejoso– Sequência 4

cho um

Mas sua conta bancária já chegou no chão na hora do almoço vai pra lan nete tomar seu copo d'água e comer croquete

Diagrama 12 – Invejoso– Sequência 5

res rante aonde os outros devem estar neste tante tau ins

Enquanto imagina aquele

Esse diagrama acima encerra o pensamento trazido por Antunes nas três primeiras estrofes e mantém o tema melódico do diagrama anterior. Há

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nele agora uma única alteração de 4 semitons para a região aguda. Há nessa passagem uma declaração sobre o estado do sujeito em que ele pensa na comida de um restaurante, onde seus colegas de trabalho almoçam em contrapartida ao seu simples lanche realizado em uma lanchonete.

Esse sentimento demonstra uma constatação da dura realidade em que hipoteticamente esse sujeito vive e o quanto a ausência de recursos pode ocasionar frustração em quem é desprovido dele. A partir dessa ideia, o destinador, após apresentar a situação psicológica do sujeito a que está se referindo, cria a expectativa para que o ouvinte confirme a ideia de se trata de um sentimento de inveja, observadas nas sequências 6 (diagrama 13) e 7 (diagrama 14).

Diagrama 13 – Invejoso– Sequência 6

In rer que é ou é o jo que o dos tros

so seu go fi re en té

ve zo e ca mo do a o os su fru só dá ço so mas a ta lhe caro

Na passagem abaixo, além da verbalização de que o sujeito narrativo é um invejoso, temos três ideias passadas: querer as coisas dos outros, remoer as histórias até o último instante e o resultado amargo desses sentimentos. Melodicamente, agora temos a nota inicial de um verso mais agudo até o

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momento e a maior diferença intervalar descendente que sai do lá agudo até o ré mais grave.

Diagrama 14 – Invejoso– Sequência 7

In bem lhei é seu jo o a o o

so desgos ri um lá sun

ve to que a pa cio tuo a bou fun des so mas ca no do se po ço

Nessa segunda parte do refrão, há um espelhamento da parte melódica com a nuance na última nota que em vez de ir para a nota aguda mi, desce para a região grave do dó. Em relação à forma, mantém um desenho melódico que garante que a canção seja considerada como tematizada. O tema central é a inveja e o quanto esse sentimento leva o sujeito para um processo de euforia no campo do conteúdo.

Agora o invejoso é pego pela noção do desgosto por causa do sucesso alheio que provoca nele um sofrimento passional muito grande, pelo desejo de morar em um palácio suntuoso, ou uma mansão com carros possantes, como acredita que as outras pessoas possuem; por fim, novamente, o verso melódio se coaduna com a frase verbal afirmando que ele acaba no fundo de um poço por causa de seus sentimentos de inveja.

145 Diagrama 15 – Invejoso– Sequência 8

pois você caminha até

ca mi sem automóvel e também sem de a com hi

De a a pan a queri ter cor pou mais rado a o po um co sa

Há uma dura crítica feita por Arnaldo Antunes nessa primeira parte da canção. Ele mostra que a não observação das suas próprias coisas em detrimento do eterno desejo de ter a vida do outro é algo que é incutido na vida das pessoas desde a infância. Essa competitividade é algo que não é benéfico, pois enquanto o sujeito que pauta toda a sua vida na inveja fica remoendo ossos, lidando com caroços e no fundo do poço, aquele cujo modelo de vida é desejado consegue ser muito mais bem sucedido, porque tem outras preocupações além de focar nas coisas e na posição social que o outro ocupa.

Nesse início dessa segunda parte, dividida em três estrofes, temos nessa sequência uma repetição do modelo melódico utilizado no diagrama 08. Há nessa parte inicial uma interlocução do destinador-cantor com o destinatário-ouvinte, pois ao empregar o pronome você no verso, percebemos que o sujeito a quem Antunes se referia como invejoso agora é direcionado a nós, ouvintes, como parte de uma presentificação enunciativa em que inclui o ouvinte naquela situação cotidiana. A partir dessa construção verbal, o vocativo traz o ouvinte para dentro do que está sendo dito. Há nesse momento uma

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autoavaliação por parte de quem ouve se aquilo que está sendo dito acontece ou não com ela.

Ao relatar que "caminha até a academia", o poeta representa o sujeito como um solitário e mal sucedido. Enfatiza a ideia de que, para suprir essa ausência, ele precisa entrar em forma, e, para piorar a situação dessa pessoa que não consegue manter a forma e acha que é algo impossível, ele contrapõe o triste desejo de se adequar aos padrões de beleza exigidos pela sociedade ao sucesso obtido pelo rapaz que pratica exercícios na academia.

Diagrama 16 – Invejoso– Sequência 9

Como aquele rapaz que malha do lado

seu

É importante salientar que esses desejos criam uma crise entre a noção de espera e surpresa no que se diz respeito à relação entre o sujeito e o objeto. Para Luiz Tatit143, "tudo ocorre como se nossa vida afetiva fosse do já ao não

ainda - ou vice-versa - modulando os adiamentos e os atrasos de acordo com a capacidade do sujeito tolerar o inesperado e programar a espera."

Percebe-se claramente com essa afirmação que o sujeito da canção, que agora também pode ser nós, os ouvintes, lida diariamente com a frustração de não gostar da própria vida e a indignação de não conseguir ao menos que

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as coisas que ele almeja se assemelhem com a vida das pessoas que ele acredita ser um modelo melhor. Isso interfere não apenas na vida profissional, mas em sua vida amorosa e como ele enxerga suas próprias escolhas na visão da sociedade.

Diagrama 17 – Invejoso– Sequência 10

mo zer E se envergonha de sua própria na piada

rada achando que os amigos vão fa da vista

queria ma lher que re u mu da la

Diagrama 18 – Invejoso– Sequência 11

quando chega em casa e liga te

a vê tanta gente mais feliz que vê você cep nista e Um e mo ma cio do a a ro ça u re

Os diagramas acima (17,18) confirmam o pensamento do parágrafo anterior em relação ao quanto o medo da não aceitação atrapalha na vida da pessoa que sofre do mal da inveja. Percebe-se também que aquele sujeito que em teoria seria tachado como vilão da história, por ser dotado de um sentimento negativo, traça uma curva na trajetória e deixa rastros de que na

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verdade há nele um sentimento de vergonha da própria vida. Arnaldo Antunes quebra a expectativa de quem ouve a canção transformando no decorrer dela um sujeito aparentemente asqueroso e mesquinho em um ser cada vez mais humano, que apenas deseja encontrar a felicidade que tanto pregam.

Na segunda parte, ao trazer o ouvinte para o lugar da personagem criada, o destinador demonstra que aquela história não é exclusiva de invejosos e que pode acontecer com qualquer um por ser tratar de sentimentos humanos.

São esses sentimentos que levam Antunes a afirmar que, por causa dessas tamanhas exigências, o sujeito tem vergonha da pessoa que ama, temendo piadas dos amigos, que, nesse caso, aconteceria apenas por uma característica física e não pelo caráter pessoal e intelectual, provocando novamente um desejo inalcançável de desejar uma mulher com padrões de beleza estereotipados como aeromoças e recepcionistas.

Ao citar como modelo de beleza mulheres que possuem essas profissões, o destinador faz uma crítica ao nosso sistema social atual que preza valores como beleza física em detrimento de sua capacidade intelectual. Há um acordo interno, velado, de que essas profissionais precisam ter boa aparência para exercer o cargo e em muitos desses casos, esse pré-requisito já consta na descrição de oferta de empregos como podemos ver na imagem abaixo:

149 IMAGEM 28

O que se percebe na imagem acima é que a capacidade da pessoa para exercer a função é um fator que sempre vem atrás do quesito boa aparência e

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