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II. CAMINHO A SEGUIR

II.1. Potencialidades do mercado

II.1.1 Investigação sobre as necessidades sentidas

Do ponto de vista editorial há inúmeras lacunas no que toca às necessidades do mercado. Chegou-se a esta conclusão através de inquéritos que permitiram auscultar a opinião dos diversos públicos-alvo do mercado livreiro escutista.

Segundo uma investigação de Francisco (2013: 2), a propósito do CNE, “identificaram-se dezasseiscategoriasprincipaisdestakeholders:Pais(PAI),Escuteiros (ESC), Antigos Escuteiros (AES), IgrejaCatólica(IGR),AgênciasGovernamentais(GOV),Autarquias(AUT),Parceiros(PAR),Patroci- nadores (PAT)Beneméritos(BEN),Fornecedores (FOR),Funcionários(FUN), DirigentesUnidade (DUN), Dirigentes Executivos (DEX), Representantes (REP), Organização Mundial do Escutismo (OME),Congéneres(CON).”Paraestainvestigação,consideram-serelevantesquatrotiposdepúbli- co-alvo–Paiserestantesociedade105,Escuteiros e Antigos Escuteiros, Dirigentes eFuncionários106 e outras organizações escutistas107 –, considerando que as edições escutistas devem satisfazer necessidades destes quatro tipos de público, com especial destaque para Escuteiros e Dirigentes.

Neste âmbito, foi elaborado um inquérito que teve como objetivo descobrir a perceção que estes dois últimos grupos têm da realidade editorial escutista e que necessidades sentem, contando-se com 425 respostas válidas. Com a mesma finalidade, foi elaborado outro inquérito destinado a Encarregados de Educação, onde se obtiveram 101 participações válidas. As respostas obtidas nos dois inquéritos permitem retirar, à partida, algumas conclusões gerais108.

Relativamente ao inquérito destinado a escuteiros e dirigentes, a maioria dos inquiridos pertence à faixa etária entre os 26 e os 50 anos (72,1% das respostas pertence a dirigentes investidos), sendo que cerca de 55,1% é do sexo masculino. A maioria dos inquiridos é escuteira desde a infância ou adolescência. Todas as regiões estão representadas, havendo apenas cinco núcleos e um agrupamento no estrangeiro em que não se obtiveram respostas. Os inquiridos desenvolvem a sua atividade de forma equitativa nas secções (perto de 25%), sendo que apenas no caso da Primeira secção as respostas envolvem abaixo de 20% de inquiridos (19,5%). Dois terços (61%) possuem responsabilidades a outro nível, dentro do CNE, sendo que, na sua maioria, estas responsabilidades se situam a nível do Agrupamento ou a nível regional/de núcleo.

Noquetocaàperceção sobre o mercado livreiro escutista, a maioria dos inquiridos considera que o CNE edita um número adequado de publicações (72%) e que estas estão, no geral, adequadas

105 Aqui se englobam os grupos IGR, GOV, AUT, PAR, PAT, BEN, FOR definidos por Francisco, 2013. 106 Agrupam-se aqui os públicos FUN, DUN, DEX, REP definidos por Francisco, 2013.

107 Aqui encontramos os públicos OME, COM definidos por Francisco, 2013. 108 Uma análise mais aprofundada aos inquéritos efetuados encontra-se no Anexo 5.

aos tempos de hoje (78%). No entanto, mais de metade dos participantes pensa que o CNE não oferece, nos DMFs, publicações de outras editoras capazes de suprir lacunas existentes (53,8%).

Relativamente aos preços praticados pelo CNE, as opiniões dividem-se, com 51,2% dos inquiridos a considerar que os livros são baratos, contra 48,8% que os consideram caros. A maioria compraumoudoislivrosporano e não despende muito nessa compra: mais de 50% dos inquiridos gasta entre 6 a 30 euros anuais em publicações escutistas (destes, 20,3% gasta entre 16 e 20 euros).

No que diz respeito aos públicos-alvo da Associação, a maioria dos inquiridos pensa que o CNE não tem suficientes publicações destinadas à formação dos seus adultos (62,4%) e aos pais/Encarregados de Educação (83,7%). O contrário verifica-se relativamente às publicações destinadas às crianças/adolescentes/jovens, em que 56,7% dos inquiridos consideram que são suficientes. As propostas de publicações são inúmeras e abrangem vários temas:

- para os Encarregados de Educação, relacionam-se com informação básica e essencial sobre o Escutismo e o CNE, com o método educativo do Movimento Escutista (especificamente com a forma como tal é aplicado no CNE), com a explicitação da forma como se trabalha dentro da Associação, com a Educação para os Valores e com questões de parentalidade;

- para os Dirigentes, estão relacionadas com a gestão e formação de adultos, a relação educativa entre dirigente e escuteiro e as famílias, aspetos psicológicos e pedagógicos do trabalho com escuteiros, a relação com a sociedade civil e temas escutistas relacionados com a animação de atividades e dinâmicas de grupo, o método educativo do Escutismo e a Espiritualidade;

- para os Escuteiros, relacionam-se com a educação para os valores, a relação com o meio social e ambiental (incluindo aqui as novas tecnologias) e aspetos especificamente escutistas, como o sistema de patrulhas, técnicas escutistas, mística e simbologia, sistema de progresso, método do projeto, animação, Espiritualidade, Programa educativo e História do CNE/Escutismo.

A esmagadora maioria dos inquiridos considera que o CNE deveria oferecer alternativas ao livro em papel, através da edição eletrónica (88,1%), e diversificar os materiais didáticos que oferece (97,1%). Entre as sugestões dadas, destaca-se, por ser referida por 74,2% dos participantes, a oferta de jogos físicos. Muitos são também os que escolhem a criação de aplicações para telemóvel (42%). Outras sugestões dadas envolvem a criação de aplicações específicas, a criação de

sites que funcionem como repositório de informação, o desenvolvimento de ferramentas digitais,

sugestões de jogos físicos e de livros com temas específicos e a criação de objetos variados.

As observações dos participantes chamam a atenção, entre outras coisas, para o cuidado a ter com as ofertas a nível informático e para a necessidade de o CNE fazer algumas mudanças no que toca à sua política editorial.

Já o inquérito aos pais foi menos representativo no que toca às Regiões e Núcleos (obteve- -se respostas de cerca de metade das regiões de Portugal e de apenas alguns Núcleos). Os inquiridos são, na sua maioria do sexo feminino e situam-se na faixa etária dos 36-50 anos de idade. A maioria possui um ou dois filhos nos escuteiros, distribuídos sobretudo pelas três primeiras secções (a IV Secção está menos representada, correspondendo a 10,6% das respostas).

Noquediz respeito à perceção que os Encarregados de Educação têm da realidade editorial escutista, sobressai um grande desconhecimento em relação à mesma. De facto, relativamente às questões sobre se há suficientes publicações destinadas às crianças/adolescentes/jovens e aos Encarregados de Educação dos escuteiros, mais de metade das respostas indicam desconhecimento da situação (respetivamente 49% e 53% com a resposta ‘Não sei’.). No que toca às questões sobre o número adequado de publicações do CNE e a sua adequação ao mundo de hoje, a situação é mais equilibrada (para a primeira destas questões 44,4% para a resposta ‘Não sei’– quase empatado com a resposta ‘Sim’, que obteve 42,4% – e 50,5% para a resposta ‘Sim’ no caso da segunda questão).

Relativamenteàssugestõesdadas,e ainda que algumas respostas revelem desconhecimento sobre a oferta editorial existente, tornou-se claro que as preocupações dos pais, no que diz respeito aos seus educandos, se centram em áreas relacionadas com a transmissão de valores, a harmonia do desenvolvimento pessoal e os comportamentos (de risco, ambientais, sociais) manifestados, sendo que alguns sugerem também a edição de mais livros sobre questões escutistas.

Já no que toca às publicações destinadas a Encarregados de Educação, a esmagadora maioria revela vontade de conhecer melhor o meio escutista, o que vai ao encontro de uma lacuna que se verifica: há, de facto, pouquíssima informação publicada cujo público-alvo podem ser os Pais. Para além disto, é ainda relevante o número de respostas referente à relação educativa dentro da família e à transmissão de valores. Há ainda Encarregados de Educação que sugerem livros relacionados com o desenvolvimento físico e com a relação com o meio, havendo também respostas que indiciam desconhecimento sobre o que existe (ou não existe) para este público.

Apesardestedesconhecimento,dois terçosdosinquiridosassume tercompradolivrosao CNE, havendo alguma equidade nas razões para tal: 42,9% fê-lo a pedido dos educandos e os restantes fizeram-no por recomendação de dirigentes, por acharem a temática interessante e para conhecerem melhor o Escutismo ou o CNE. Na sua maioria (95,2%), os livros destinaram-se aos educandos, havendo uma pequena fatia de Encarregados de Educação que comprou publicações para si mesma ou para outras crianças/adolescentes/jovens. Note-se que ninguém comprou livros por recomendação de outro Encarregado de Educação ou para oferecer a outros adultos, o que indicia que não há interação entre Encarregados de Educação dentro do mercado livreiro escutista.

Relativamente às compras efetuadas, metade dos inquiridos (52,3%) compra, em média, um livro por ano ao CNE, sendo que 28,6% compra dois e os restantes 19,1% compram entre três a cinco publicações anualmente. O preço pago pela maioria (40,3%) rondou entre seis a dez euros, mas 19,4% pagaram entre onze e quinze euros ou o que foi necessário. Para isto, contribui o facto de uma larga fatia dos Encarregados de Educação (32,6%) considerar as publicações baratas (a maioria (51,1%), contudo, revela não ter consciência se as são baratas ou caras).

Por fim, 81,5% deste público-alvo considera que o CNE deveria oferecer alternativas ao livro em papel, referindo, em especial, os jogos físicos (papel, plástico, etc.) e as aplicações para telemóvel. Também se sugere a criação de uma loja online (nota-se desconhecimento relativamente às que já existem em algumas regiões) e uma maior divulgação das publicações escutistas.

II.1.2 O Business Model Canvas e o Value Proposition Canvas