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5 SISTEMAS DE GESTÃO NA INDÚSTRIA

POSIÇÃO NO RANKING INDÚSTRIA

5.1.10 Investimentos em ganhos de eficiência energética

Melhorar a eficiência energética nas indústrias através da gestão da energia é importante devido ao potencial de benefícios econômicos que podem ser identificados e implantados nos processos de produção. No entanto, para apoiar a implantação de medidas de EE é necessário entender as barreiras que impedem e afetam as decisões nos diferentes segmentos industriais. O potencial técnico das medidas que podem melhorar a eficiência energética é limitado por políticas (públicas e empresariais) que incentivam a sua implantação, tecnologias dos processos disponíveis para aplicação, rotinas internas e o fluxo de informações nos processos de tomada de decisão, como também as limitações financeiras e as definições de prioridades que restringem os investimentos em EE.

A Figura 5.14 apresenta um ranking de barreiras que afetam as decisões de investimentos em projetos de eficiência energética, conforme a perspectiva de 263 empresas da Alemanha e de especialistas em energia consultados por Wohlfarth et al.(2018).

Fonte: Elaboração própria com base em Wohlfarth et al.(2018)

Figura 5. 14 - Barreiras que dificultam a realização de projetos de EE na indústria

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Priorização de outros investimentos Indisponibilidade e falta de tempo Restrições financeiras Medidas consideradas não lucrativas Dificuldades para implantar Dificuldades para motivar O custo com energia é pequeno no total da produção Não há gerenciamento de energia (SGEn) Dificuldades para convencer (departamentos) Dificuldades para convencer (gestores) Falta de informação ou visão geral do mercado Fornecimento da tecnologia requerida

Segundo Wohlfarth et al.(2018), as questões financeiras se destacam entre as principais barreiras para a implantação de melhorias na eficiência energética. Esse aspecto envolve, normalmente, a falta de priorização de recursos para os investimentos em projetos de EE, limites baixos para os prazos de payback dos projetos, dificuldades burocráticas para obter financiamentos para estes projetos, ou a falta de autonomia para tomar decisões sobre a priorização dos investimentos nestes projetos. No entanto, uma análise mais detalhada pode identificar oportunidades de melhorias na eficiência energética dos processos produtivos, ou da área de Utilidades da empresa que proporcionam aumentos na rentabilidade e lucratividade para o negócio. Para atenuar as barreiras que dificultam a implantação de melhorias na eficiência energética sugerem-se as seguintes ações:

i. Obter informações com empresas pioneiras na implantação de SGEn e divulgar os resultados obtidos;

ii. Implantar medidas de eficiência energética de fácil execução com o pessoal próprio e, com os resultados obtidos, incentivar os investimentos em outras melhorias que possam trazer mais rentabilidade para o negócio;

iii. Promover auditorias na gestão da energia (manutenção da certificação) e diagnósticos energéticos adequados ao segmento industrial em que a indústria atua, e implantar ferramentas de auto avaliação do consumo de energia; e

iv. Incentivar os gestores da produção a mudar os critérios de decisão quanto às prioridades e a viabilidade dos investimentos em eficiência, considerando tanto os benefícios tangíveis como os intangíveis para melhorar a produtividade e competitividade.

Conforme indicado na Figura 5.15, elaborada com base em levantamento da CNI (2015), investimentos visando melhorias no processo produtivo atual e no aumento da capacidade produtiva atual representaram 61% do total de investimentos planejados pela indústria brasileira em 2015.

Fonte: Elaboração própria com base em CNI (2015)

Figura 5. 15 - Objetivos dos investimentos planejados pela indústria no Brasil em 2015

Investimentos focados diretamente em ganhos de eficiência energética estão diluídos no pequeno grupo denominado “Outros” na Figura 5.15. Evidentemente, investimentos em melhorias no processo produtivo atual e na introdução de novos processos produtivos devem produzir melhorias na eficiência energética das empresas envolvidas, mas estas melhorias frequentemente nem são estimadas quando as empresas não possuem algum sistema de gestão de energia.

Ainda segundo a CNI, os recursos necessários para o financiamento e a execução dos investimentos em 2014 tiveram como fontes recursos próprios e financiamentos disponíveis na rede bancária, com uma participação de 62,2% e 35,8%, respectivamente. Em anos de crise na economia, com redução da utilização da capacidade instalada das indústrias, ocorre uma redução nos investimentos com recursos próprios. Concomitantemente, devido às incertezas na condução da recuperação na economia, o mercado financeiro também reduz a disponibilidade de capital para investimentos. Esta diminuição nas duas fontes de investimentos pode comprometer a competitividade dos produtos manufaturados.

A análise da viabilidade econômica dos projetos que propiciam ganhos de eficiência energética deve ser feita com base no ciclo que vida dos equipamentos e instalações envolvidos. O custo total de um projeto deste tipo pode ser calculado pela Equação 5.1.

= + + + + + + + (5.1) onde: 36,1% 25,1% 17,8% 15,7% 4,2% 1,0% Melhoria no processo produtivo atual Aumento da capacidade da linha atual Introdução de novos produtos Manutenção da capacidade produtiva Introdução de novos processos produtivos Outros

- CTLCC = custo total considerando o ciclo de vida dos equipamentos e instalações;

- CI = custo inicial (preço de compra dos equipamentos e acessórios);

- CM = custo da montagem e comissionamento;

- CE = custo com energia;

- CO = custo com a operação (operadores);

- CMAN = custo com a manutenção (peças de reposição e mantenedores);

- CP = custo com as perdas programadas na operação (down time);

- CA = custo com aspectos ambientais;

- CD = custo com o descomissionamento do equipamento.

Sá (2010) observa que o componente do custo com energia, na Equação (5.1), pode representar de 70% a 80% do custo total ao longo da vida útil.

Um dos dilemas associados com investimentos em eficiência energética diz respeito à demonstração das oportunidades e os ganhos financeiros correspondentes. Para identificar os ganhos, é necessário executar um diagnóstico energético, seguido de uma campanha de M&V do desempenho energético que ateste os ganhos obtidos. Para diminuir as incertezas e o custo do diagnóstico, inicialmente podem ser selecionados alguns sistemas consumidores de energia e programada a execução do diagnóstico em “equipamentos piloto”. Após a consolidação dos resultados com a aplicação da metodologia em alguns sistemas operacionais, o diagnóstico pode ser estendido para outras unidades operacionais da instalação.

Segundo Fleiter et al. (2013), os critérios adotados nas análises da atratividade dos projetos podem afetar as decisões dos investimentos em medidas e tecnologias para melhorar a eficiência energética na indústria. A Tabela 5.8 apresenta exemplos destes critérios.

Tabela 5. 8 - Exemplo de critérios adotados na avaliação de investimentos em eficiência energética na indústria

Fonte: Elaboração própria com base em Fleiter et al.(2013)