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Investimentos na educação

No documento Estud. av. vol.15 número42 (páginas 70-72)

No ano passado, R$ 370 milhões forjam repassados para o livro didático e R$ 450

milhões diretos para as escolas, aquele dinheiro que vai direto para as APMs ou Conselhos Escolares. Com relação ao livro didático, para se ter uma idéia, nunca se investiu tanto em livros didáticos neste país. Em 1995 eram distribuídos apenas para

1ª a 4ª séries. Estendemos para 5ª a 8ª séries. Estabelecemos algumas coisas mínimas para a escola, não é o ideal ainda, como dicionários, enciclopédia, globo, atlas, além de uma coleção da literatura básica brasileira, de que a escola deve dispor. Chama-se Biblioteca Básica da Escola. Houve um investimento e foi universal, para todas as escolas públicas brasileiras. Esse investimento foi alto, é o maior programa de livro didático do mundo. Nem a China tem igual. Está no Guiness, no Anuário da Unesco, no Anuário da OCDE. Se ele ainda for insuficiente, nunca vai ser suficiente, sempre as necessidades são diferenciadas. Mas é avaliado internacionalmente, inclusive pela Unesco. Ele tem a vantagem de respeitar a liberdade de escolha dos professores,

coisa que não ocorre na China, por exemplo, nem no México ou em Cuba, que adotam livro único. Nem em outros países muito menores, como o Chile, que também tem livro único. Há um sistema de avaliação do livro didático, que orienta a escolha e descarta aquilo que não presta, para não entrar na nossa lista de compra. A compra só é centralizada porque os estados da Federação que tentaram descen- tralizar não conseguiram alcançar o preço que o MEC obtém, porque ele tem um ganho de escala, comprando 85% da produção do livro didático do país. Assim, um livro sai por R$ 2,50 – ninguém consegue comprar livros por um valor tão baixo.

Para a merenda escolar os recursos vêm diretamente da COFINS, uma contribuição social. Na merenda escolar, no ano passado, investimos R$ 960 milhões. A previsão para este ano é de R$ 1.200.000 no orçamento.

LISETE

– Permite um aparte, entra com

15%, se você está falando de município, estado é outra coisa. Ele não está mais nos 25% da educação. O município gasta 85%

em recursos próprios para fazer isso. Não se trata de volume de recursos do MEC. Na minha avaliação de como isso repercute no município como o livro didático, o material é pedagógico, ele faz parte dos 25%. O município pode ficar numa situação bastante delicada se a questão da universalização da merenda, sem fonte específica para tanto. O que vocês repassam para o município significa 15% do custo da merenda. O município, para além disso, terá de buscar em recursos próprios essa complementação.

MARIAHELENA – 15% dos custos de Diadema ou de outros municípios. Em

muitos municípios não representa 15%. O livro didático é universal e a merenda também é universal. Todos os sistemas de ensino estaduais e municipais recebem o equivalente a 15% do valor da merenda e recebem o livro didático, que é comprado de forma universal.

VERACABRAL – Considerando o tema proposto: Municipalização do Ensino

Fundamental, Financiamento e Salário de Professores, vou apresentar algumas informações provenientes de uma recente e abrangente pesquisa sobre a implementação do FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvovimento do Ensino fundamental e de Valorização do Magistério) no Estado de São Paulo, realizada pela FUNDAP

(Fundo do Desenvolvimento Administrativo), da qual eu fui coordenadora, além de dados de diversas outras fontes.

A educação pública, no Brasil, é financiada pelas três esferas de governo. Tomando com base dados de 1997, verifica-se que a esfera estadual é a responsável pela maior parcela da despesa realizada em educação, correspondendo a 48,4% do total; a municipal, por 29,6% e a Federal, por 22,0%. Esses dados têm como fonte pesquisa realizada por Biasoto, Semeghini, Lopreato e Polo. Verifica-se, ainda, que essas participações são relativamente estáveis entre 1995 e 1997.

MARIAHELENA – Vera, um aparte. Essa pesquisa foi atualizada no ano passado.

Você já viu o relatório? Esse é um estudo que vem sendo feito continuadamente, inclusive o INEP está envolvido nesse trabalho junto com o Biasoto, o Semeghini etc. Montamos, no INEP, junto com o Instituto de Economia da Unicamp, um sistema

para ser alimentado continuamente para se ter os dados de financiamento e gasto da educação, porque isso é uma coisa que não tínhamos. Foi muito difícil montar a metodologia porque dependemos dos dados das contas nacionais e dos balanços. Tivemos de fazer um trabalho com o IBGE que foi muito complicado porque ele é muito lento na análise dos balanços e das contas nacionais, que são nossa fonte primária de informações para definir isso. Tanto é que só no ano passado conseguimos analisar os dados de 98 – o primeiro ano do FUNDEF. E em 98 já observamos uma mudança no comportamento da despesa realizada, porque já há um crescimento dos municípios que passam a arcar com 32%, se não me engano, do total das despesas, e uma queda ligeira do nível estadual. O federal fica mais ou menos no mesmo patamar, cresce um pouquinho só. O estadual diminui, o federal cresce pouquíssimo e o municipal tem um crescimento sinalizador. A partir deste ano, 2001, já estaremos com o sistema implantado no INEP, que terá uma coordenação específica, chamada Coordenação de Financiamento e Gasto da Educação. Esse sistema vai estar na Internet, como o censo escolar. Todos poderão acessar essas informações, porque agora, finalmente, conseguimos limpar as bases de dados e ter um sistema de alimentação permanente que, se depender do IBGE, sempre vai sofrer algum atraso. Mas não podemos reclamar, porque quando apresentamos nossos dados na Unesco e na OCDE, eles acharam ótimo, porque os países ricos demoram ainda mais. Eu sempre reclamo do IBGE, mas ele não é tão lento assim. Quero agradecer, e o endereço da página do INEP é www.inep.gov.br. Visitem, se houver alguma dúvida, temos um sistema de atendimento ao usuário que funciona agora razoavelmente bem porque temos seis megas de memória. Temos tido em média 18 mil consultas/dia.

No documento Estud. av. vol.15 número42 (páginas 70-72)