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CAPÍTULO 4 – NOÇÕES SOBRE UMA GESTÃO COORDENADA DE

4.5 Criação de novos produtos: a “destruição criativa”

4.5.1 Os investimentos em novas tecnologias

A tecnologia deve ser utilizada para propiciar melhorias e maior compatibilização

com o meio ambiente389. Os avanços tecnológicos permitem inclusive aumentar a

abrangência de proteção ambiental. Assim destaca AMARTYA SEN:

“O entendimento de que alguns direitos não são plenamente realizados, e podem mesmo nem ser totalmente realizáveis nas circunstâncias atuais, não implica, por si só, a conclusão de que esses não seriam, portanto, direitos, essa compreensão ética sugere a necessidade de se trabalhar no sentido de alterar as

      

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HART, Stuart. L. O capitalismo na encruzilhada. As inúmeras oportunidades de negócios na solução

dos problemas mais difíceis do mundo, 2006, p. 104. 387

HART, Stuart. L. O capitalismo na encruzilhada. As inúmeras oportunidades de negócios na solução

dos problemas mais difíceis do mundo, 2006, p. 104. 388

BRACONI, Joana; COSTA, Marília Magarão. Formulação da Estratégia de Logística Reversa, 2014, p. 75.

389

Há inclusive estudos que analisam estruturas da natureza para incorporar ao design e às funcionalidades dos produtos e dos processos de produção, o denominado design biológico - “biomimestismo”. Um exemplo são estudos que tentam reproduzir as fibras das aranhas para aumentar a durabilidade e torná-las insolúveis. (Capitalismo natural. Criando a próxima Revolução Industrial. 13. ed., 2010, p. 65-69).

133 condições existentes para tornar realizáveis os direitos não realizados, e por fim torná-los realizados390” (tradução livre).

Mas paralelamente se mostra imprescindível a reinvenção de produtos e

processos.391. A redução do consumo de matérias-primas e energia exige o investimento

em novas tecnologias. Isso como forma de as empresas se adaptarem a novas demandas392.

Para PAUL HAWKEN, AMORY LOVINS, L. HUNTER LOVINS não há

investimento mais lucrativo do que o desenvolvimento de novos designs393. A partir da

reformulação dos produtos é possível se adaptar o sistema econômico a todo o meio que o rodeia. Os autores, com base num exemplo de J. BALDIW, mencionam que qualquer alteração dentro do ecossistema exige uma “coevolução”, afinal as interações de todos os elementos, sejam socioeconômicos, ambientais ou culturais “espalham ramificações” em todo o sistema, que exigem um trabalhado conjunto de adaptação, com vistas a tornar as

relações mais eficientes e equilibradas394. A redefinição do design, portanto, não é um

mero aperfeiçoamento das coisas, mas uma ampliação de possibilidades395.

Um exemplo ilustrativo foi desenvolvido pela KX Industries, que desenvolveu um filtro de água para produzir de modo mais eficiente e econômico a purificação da água. O tratamento é tanto químico como biológico e independe do nível de contaminação. A produção desse filtro é bastante simples, exige baixos investimentos e permite melhorar as condições de saúde das populações mais carentes, reduzindo inclusive níveis de doenças, que se proliferam pela falta de tratamento da água. Essa empresa optou por desenvolver um produto diferenciado para um público também diferenciado - as camadas de menor renda econômica que até então estavam excluídas ao acesso de água potável. Com isso optou por explorar um novo nicho de mercado, a partir do desenvolvimento de uma nova

tecnologia mais adequada do ponto de vista socioeconômico e ambiental396.

      

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No original: “The understanding that some rights are not fully realized, and may not even be fully

realizable under present circumstances, does not, in itself, entail anything like the conclusions that these are, therefore, not rights at all rather, this ethical understanding suggests… the need to work towards changing the prevailing circumstances to make the un realized rights realizable, and ultimately realized” (Elements of

a Theory of Human Rights, Philosophy and Public Affairs, 2004, p. 348). 391

Já existem, por exemplo, produtos que são fabricados para substituir aqueles que não são renováveis, como o caso da fibra óptica, que substitui o fio de cobre. (HART, Stuart. L. O capitalismo na encruzilhada.

As inúmeras oportunidades de negócios na solução dos problemas mais difíceis do mundo, 2006, p. 67). 392

HART, Stuart. L. O capitalismo na encruzilhada. As inúmeras oportunidades de negócios na solução

dos problemas mais difíceis do mundo, 2006, p. 67. 393

Capitalismo natural. Criando a próxima Revolução Industrial. 13. ed., 2010, p. 104. 394

Capitalismo natural. Criando a próxima Revolução Industrial. 13. ed., 2010, p. 105. 395

Capitalismo natural. Criando a próxima Revolução Industrial. 13. ed., 2010, p. 100.   396

HART, Stuart. L. O capitalismo na encruzilhada. As inúmeras oportunidades de negócios na solução

134 Mas inovações tecnológicas também podem ser estendidas para uma infinidade de utensílios domésticos, como refrigeradores, que consumam menos energia, ou ainda

máquinas de lavar que sejam mais eficientes na utilização de água397.

O estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias também pode ser incentivado com auxílio do Poder Público e da educação ambiental. Estima-se que o desenvolvimento de tecnologias permite que o consumo de energia seja menor hoje do que em décadas anteriores. Um exemplo de estímulo nesse sentido foi criado pela Agência de Proteção Ambiental Americana – EPA, em 1992, o programa, de adesão voluntária, chamado “Energy Star”. Esse programa é voltado a estimular a redução do consumo de energia, como forma de fomentar uma política de proteção climática e a redução do efeito estufa. Esse programa visa à certificação de produtos que consomem menos energia como

forma de induzir produtos, práticas e serviços mais eficientes398.

No Brasil também foram criados, em 2005, pelo Inmetro, selos para certificar aos consumidores dos produtos dotados de maior eficiência energética, o selo Procel e o

Conpet, este último exclusivo para equipamentos domésticos a gás399. Já a certificação da

eficiência energética no âmbito industrial e comercial é feita pela ISO 50001.

Nesse sentido, pode-se citar ainda o Decreto 7.7.46/2012, que regulamenta o art.

3o da Lei 8.666/1993, estabelecendo critérios para a promoção do desenvolvimento

nacional sustentável nas contratações públicas federais. O art. 4o desse decreto prevê, por

exemplo, a preferência aos materiais que decorram de inovações que reduzam a utilização de recursos naturais, que causem menor impacto ambiental, que tenham maior eficiência energética e também no consumo de água, dotados de maior durabilidade e menores custos de manutenção. Os critérios de sustentabilidade aplicam-se não apenas aos produtos, mas também aos modos de construção. Essa regulamentação é um estímulo, sem dúvidas, ao desenvolvimento de novas tecnologias.

4.5.2 Os custos para implementação de novas tecnologias: o caso das externalidades