Considerando o objetivo geral e os objetivos específicos apresentados
anteriormente, a delimitação do estudo a um grupo específico, sobre um fenômeno
de natureza social, passível de observação, e em contínua execução, optou-se pela
utilização de estudo de caso para a realização da pesquisa, complementado por
estudo exploratório-descritivo.
A motivação para esta opção foram as considerações de Yin (2001) sobre
a utilização de estudo de caso e as formas possíveis de complementação deste
estudo. O autor compara cinco estratégias de pesquisa - experimento, levantamento,
análise de arquivos, pesquisa histórica e estudo de caso, e expõe que para a
escolha de uma estratégia, suas vantagens e desvantagens, devem ser
consideradas três condições:
- a primeira refere-se ao tipo de questão de pesquisa proposto, o qual
pode utilizar palavras da conhecida série: “quem”, “o que”, “onde”, “como” e “por
que”. Mas, conforme Yin (2001) esclarece, a escolha não se limita somente à
palavra utilizada, mas, também, ao tipo de informações que se deseja captar. As
questões do tipo “como”, podem ser atendidas por experimento, pesquisa histórica
ou estudo de caso, sendo este último a estratégia preferida para questões deste
tipo; e
- as outras duas condições referem-se ao controle sobre os eventos
comportamentais efetivos da amostra pesquisada, ou seja, se o pesquisador pode
manipular com experimentos o comportamento dos pesquisados de forma direta,
precisa e sistemática, e, por fim, ao foco em acontecimentos históricos ou
contemporâneos.
No estudo ora desenvolvido, a questão principal se concentra em “como”
se desenvolve atualmente a comunicação científica dos pesquisadores em uma
determinada instituição, com a preocupação de captar as interferências
dificultadoras e facilitadoras, como também, as preferências destes pesquisadores.
É evidente o foco contemporâneo da pesquisa, visto que é feita sobre os
fatos dos dias de hoje, e isto elimina a estratégia com pesquisa histórica. Não há
qualquer manipulação sobre o ambiente dos pesquisados com o intuito de colocá-lo
em diferentes situações que envolvam a comunicação científica, para identificar os
vários comportamentos adotados, sendo que a pesquisa é feita sobre o ambiente
em curso. Desta forma, elimina-se também a estratégia com experimento,
permanecendo a estratégia com estudo de caso como a mais aplicável para o
estudo em questão.
Esta escolha é reforçada por Yin (2001, p.28) quando resume que a
vantagem que distingue a estratégia com estudo de caso das demais é quando
“faz-se uma questão do tipo ‘como’ ou ‘por que’ sobre um conjunto contemporâneo de
acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle”. E,
também, quando o autor descreve que é uma estratégia utilizada em investigação
empírica, sobre um contexto da vida real, e que contribui “de forma inigualável, para
a compreensão dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos”.
(YIN, 2001, p.21).
Mcgarry (1999) explica que perguntas do tipo “como” geralmente são
utilizadas para identificar as origens dos processos, ou origens das experiências
sobre processos ou, ainda, identificar a utilidade de um processo. Neste estudo, o
processo é a comunicação científica.
De acordo com o previsto por Yin (2001, p.63) esta pesquisa
enquadra-se no tipo de estudo de caso único, com fundamento pelo “caso revelador” ou “de
natureza reveladora”, considerando que “essa situação ocorre quando o pesquisador
tem a oportunidade de observar e analisar um fenômeno previamente inacessível à
investigação científica”, ou seja, não houve oportunidade anterior de investigação
neste assunto de comunicação científica, na abrangência em que esta pesquisa está
se apoiando.
O estudo de caso foi complementado por estudo exploratório-descritivo
seguindo a própria recomendação de Yin (2001), que abre esta possibilidade para
os estudos de caso.
A característica do estudo exploratório, conforme apresentam Marconi e
Lakatos (1999, p.22 e 87), está vinculada à “descoberta de idéias e discernimentos”,
e, desta forma, proporciona uma maior compreensão do assunto em análise, com
vistas a torná-lo explícito, “aumentar a familiaridade do pesquisador com o ambiente,
fato ou fenômeno”, envolvendo levantamento por intermédio de bibliografia
especializada, análises de exemplos que permitam a incorporação de conceitos que
subsidiem a pesquisa futura.
Esta modalidade de estudo foi necessária por permitir a compreensão em
literatura especializada, de teóricos sobre o assunto central da pesquisa, que é a
comunicação científica e todos os elementos que a compõem, apresentados na
revisão da literatura. Também, para possibilitar a análise de outros estudos similares
para o aproveitamento de sugestões e experiências, o que viabilizou certo domínio
das questões abordadas para a formulação da coleta e análise dos dados.
Justifica-se também o caráter exploratório por tratar-se de uma
abordagem de pesquisa não contemplada anteriormente na instituição-base do
estudo.
A característica do estudo descritivo, ainda de acordo com Marconi e
Lakatos (1999, p.22 e 87), está no fato de que ele “delineia o que é”, abordando
aspectos de “descrição, registro, análise e interpretação de fenômenos atuais,
objetivando o seu funcionamento no presente”, e ainda, “descrevem um fenômeno
ou situação, mediante um estudo realizado em determinado espaço-tempo”. As
descrições podem ser tanto quantitativas quanto qualitativas.
Este formato de estudo foi adotado por ser totalmente aplicável aos
objetivos ora desenvolvidos, visto que há uma delimitação da pesquisa, no espaço
(incluindo o escopo) e no tempo; e, a descrição, análise e interpretação dos
resultados são necessárias para a compreensão de como se desenvolve a
comunicação dos cientistas da instituição pesquisada. Permite também o enfoque
qualitativo e quantitativo da análise feita.
No documento
UMA ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E ENSINO
(páginas 67-70)