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3. BASES TEÓRICAS

5.4 Síntese dos resultados de qualidade das águas na bacia

5.4.2 IQA no rio São Miguel

O IQA transmite de forma simples informações importantes sobre a qualidade da água. Cada resultado dos 9 parâmetros monitorados foi inserido nas suas respectivas equações (que têm suas curvas correspondentes). Além disso, cada qual tem um peso que varia de acordo com sua importância relativa na composição do índice (APÊNDICE B). O produto dos resultados das qualidades de cada um deles gerou um resultado final para o trecho no mês, sendo dado em uma escala que varia de 0 a 100. Para facilitar a transmissão da informação é utilizada uma escala espectral, onde cada cor representa um intervalo de classe de qualidade, correspondente ao nível de qualidade obtido pelo valor numérico (APÊNDICE B).

O índice foi usado no trabalho para compor um quadro geral da qualidade da água no rio São Miguel no período do monitoramento (FIGURA 12). As tabelas contendo os resultados dos IQA’s dos parâmetros com os pesos e os resultados do IQA de cada mês e em cada ponto se encontram no APÊNDICE F. Os dados de OD de maio e junho foram complementados utilizando-se a média aritmética simples64 dos valores dos outros meses. Para a turbidez, nos meses de abril a junho, foi utilizada a mesma média, porém considerando somente os valores dos dias de coletas sem chuvas. Um fator de conversão de 0,6365 foi usado para os dados de condutividade elétrica - CE, obtendo-se uma estimativa de sólidos totais dissolvidos - STD (DANIEL et al., 1983 citado por LAMB, 1985).

Os resultados são mostrados na FIGURA 12. As linhas verticais coloridas em cada trecho representam o curso principal do rio São Miguel e as linhas retas horizontais demarcam os trechos monitorados. O IQA não esteve em nenhum momento em níveis de qualidade extremos (muito ruim ou excelente) e se manteve sempre entre as faixas de qualidade bom, médio ou ruim. Serão apontados os parâmetros que influenciaram significativamente na composição do IQA.

Do total de 60 avaliações (5 trechos em 12 meses), o nível Médio foi o mais freqüente com 37 ocorrências, seguido pelo nível Bom com 20 ocorrências e Ruim com apenas 3 ocorrências. O resultado é concordante com a média da avaliação do IQA nos anos de 2000 a 2004 na Estação Calciolândia, que sempre esteve neste nível (IGAM, 2005).

No monitoramento da pesquisa, os meses em que a qualidade da água esteve melhor conjuntamente em 4 trechos (exceção no ponto SM 03), classificados no nível Bom, foram maio e janeiro. Os resultados de maio devem ser vistos com ressalvas, pois o OD foi estimado, situando-se bem próximo de 70, número limite entre o nível Bom e o Médio (APÊNDICE F). Em janeiro, as concentrações de OD estiveram mais elevadas, conforme verificado na maior média mensal de OD em relação aos restantes dos meses, fato que se deve ao aumento da vazão e ausência de precipitação no dia de coleta (GRÁF. 1 e TAB.9).

Em alguns meses, é possível considerar a influência de um parâmetro em todos os trechos do rio, impondo o mesmo nível de qualidade da água. Assim, como notada na classificação dos usos da água nos trechos, em junho e agosto, as concentrações de PT impediram o nível de qualidade Bom em qualquer um dos mesmos.

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A média foi utilizada devido aos baixos valores do coeficiente de variação nos pontos (TAB. 8).

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FIGURA 12 - IQA no rio São Miguel – abril de 2005 a março de 2006

Em dezembro foram 2 parâmetros que determinaram os níveis de qualidade. A influência se deveu aos resultados da turbidez e das concentrações de CT, mostrando que os resultados do IQA também refletiram piora na qualidade conjuntamente nos dias de chuva. Estes mesmos parâmetros também foram determinantes para os resultados em março, sendo

que no trecho SM 01, a turbidez determinou o nível ruim. A piora do IQA com a estação das chuvas foi constatada por BILLICH e LACERDA (2005) no Distrito Federal e CARVALHO

et al. (2000) em São Carlos.

Nos trechos, as influências nas variações dos resultados finais do IQA quase sempre se deveram aos mesmos parâmetros já discutidos, porém eles possuem pesos diferentes na avaliação do IQA. O OD e CT possuem os maiores pesos, seguidos do PT, de peso intermediário, seguido da turbidez, de menor peso. Poucas vezes o pH, que tem peso intermediário, determinou o índice. Parâmetros como a DBO, nitratos, temperatura e a condutividade elétrica (sólidos totais dissolvidos) não influenciaram de forma relevante na avaliação final do IQA. O pH e os STD tiveram influência restrita nos resultados.

Nos trechos SM 01 e 02, a melhora na qualidade da água em novembro e janeiro (nível Bom), indica que o aumento da vazão nos trechos somados a ausência de chuvas implicaram em baixas concentrações de CT. Estes fatores conjuntamente ocasionaram condições melhores de aeração no rio provocando o aumento na concentração de OD. Em outubro, a maior influência para o mesmo nível de IQA foi notada somente no parâmetro pH. Neste mês, os valores de pH nos pontos estiveram mais próximos da neutralidade em relação aos meses anteriores (de junho a setembro) quando estiveram mais alcalinos (APÊNDICE C e F).

Entre os trechos SM 03 e 04, o nível da qualidade da água melhorou em 5 meses (maio, setembro, outubro, janeiro e fevereiro), atingindo o nível Bom, exceto em setembro (nível Médio). As melhoras se devem ao decaimento de CT e elevação de OD. Destaca-se o mês de fevereiro, quando uma queda brusca no número de CT provocou a transição direta entre os níveis Ruim e Bom (sem atingir o Médio) entre os 2 trechos.

O trecho SM 05 foi o mais freqüente no nível Bom e isto se deve às menores concentrações de CT, ao peso menor da Turbidez no cálculo do índice e ao STD. Deve-se considerar a contribuição a montante do ponto das águas do rio Candongas. Este drena em contexto litológico de embasamento cristalino, cuja maior resistência ao intemperismo quando comparada ao contexto das rochas carbonáticas dos outros trechos (FIG. 4), implica em menor quantidade de sais dissolvidos na água e resulta em valores inferiores de condutividade elétrica (menores valores de STD). Na elaboração do IQA, o STD tem relação indireta com a qualidade da água.

A avaliação pelo IQA confirmou o trecho SM 03 como aquele em que a água teve a pior qualidade. Isto se deve as avaliações dos parâmetros CT, PT e OD. Destacadamente, em setembro e fevereiro, os picos de CT e rebaixamento de OD foram superiores aos verificados

em outros meses e estabeleceu o nível Ruim de qualidade da água, poucas vezes verificado em todo o rio (apenas 5% do total). A avaliação do IQA, neste caso, confirma que o problema mais significativo de poluição do rio é o lançamento de esgotos urbanos.