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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

5.6 IRRIGAÇÃO E SEUS CONFLITOS

A agricultura irrigada no País ocupa 5% a 6% das terras cultivadas, sendo responsável, no entanto, por 16% do volume da produção e 35% do valor arrecado com a comercialização dos produtos agrícolas.

A irrigação de culturas pode, por exemplo, acarretar salinização de solos, propiciar lixiviação de agroquímicos para a água subterrânea e carregamento de partículas de solo e fertilizantes para corpos d’água, bem como promover deteriorização da qualidade dos rios a jusante das captações pelo descarte de águas de drenagem.

Sérios conflitos têm sido causados em nosso país pela deterioração da qualidade das águas associada ao uso da água pela agricultura e pecuária.

A significativa demanda de água por unidade de área irrigada tem também acarretado uma série de conflitos entre irrigantes e da irrigação com outros setores usuários, principalmente nas com baixa relação disponibilidade/demanda.

Nas regiões onde ocorrem os conflitos, tem sido fundamental a atuação dos órgãos de gestão ambiental e de recursos hídricos, atuando por intermédio de estratégia de fiscalização e dos instrumentos do licenciamento ambiental e da outorga (REBOUÇAS, 2006).

As várias experiências vivenciadas em comitês, dá a noção do que ocorrem em algumas áreas de irrigação no Brasil:

a) Experiência CBH- Paracatu- MG

A área da Bacia concentra muitos conflitos, tendo como causa principal a irrigação. O rio atualmente diminuiu muito sua profundidade, as veredas estão exterminadas, as áreas de recarga estão comprometidas. O Comitê recebeu o Plano Diretor e constatado que o mesmo foi elaborado para atender os interesses dos

irrigantes. O CBH Paracatu foi criado em 1999, por iniciativa do governo. O processo de mobilização do Comitê aconteceu “de cima para baixo”, no início. Agora estão sendo feitas ações em termos de mobilização para maior envolvimento da sociedade: barqueadas, expedições pelo rio, etc. A bacia foi re-mobilizada para formação do Comitê. A bacia foi dividida em alto-médio baixo Paracatu, para iniciar trabalhos. Foi feito parcerias para realização dos seminários. Com esses eventos se conseguiu que a sociedade participasse do processo. Tudo isso nos mostrou que não há necessidade de nos remeter ao Estado para conseguir a mobilização. Apesar de a maioria esmagadora na região ser de irrigantes o Comitê está bem melhor. São um exemplo em termos de mobilização.

Os Conflito nas áreas agrícolas por mineração, barragens e outros impactantes, que está descrito abaixo, destroem até patrimônios históricos pelas suas atividades.

b) Atividades Impactantes da Bacia do Rio Salitre

A Bacia do Rio Salitre impactantes como o Agronegócio que utiliza de maneira descontrolada fertilizantes e defensivos agrícolas às margens do Rio.

Outro impactante é a Mineração com a extração de Mármore nos Municípios de Ourolândia e Mirangaba. As Mineradoras de Ourolândia movimentam 2 bilhões por ano de Reais.

O Turismo Ecológico não é deixa de ser impactante, ele tem como conseqüência a destruição de Sítios Paleontológicos. Um dos mais importantes Sítios Palenteológico do Brasil, a Toca dos Ossos, onde fora encontrado o esqueleto da Preguiça Gigante (que se encontra no Museu Nacional do Rio de Janeiro RJ), e tem mais de 10Km de galerias, esta sendo degradada pela Mineradoras que estão depositando rejeitos de mineração sobre a caverna.

Existe ainda a situação dos Barramentos existentes na Bacia do Rio Salitre. Um caso bastante conhecido e discutido é o Barramento de Ourolândia, localizado próximo a sede do Município do mesmo nome. O Barramento impede completamente o curso livre do rio que segundo os moradores locais, corria normal antes da construção. Após o Barramento de Ourolândia, o Rio só ressurge no Município de Campo Formoso já próximo com a divisa com Juazeiro.

A ausência de descarga de fundo impede a restituição da água, foi feito um canal lateral ao Barramento para permitir a passagem, porém, esta nunca alcançou cota suficiente para atingi-lo (Silva, 2007 – CBH do rio Salitre).

As Conseqüências são: a falta de definição do uso da água armazenada, má qualidade da água (salinização) e assoriamento dos Rios e Reservatórios; em sua maioria delegadadas aos cuidaddos da comunidade, que não dispõem de Recursos Técnicos e Financeiros, para assumir esses Encargos.

Um dos grandes motivos de conflitos pelo uso das águas na Bacia é a interrupção do curso do Rio Salitre pela construção de barramentos.

Alguns Estados estão se mobilizando para resolver seus conflitos na área de Irrigação. Para solucionar os problemas de conflitos na área de irrigação no Estado do Rio Grande do Sul, a Fundação do Estado para Proteção do Meio Ambiente adotou como mediada um plano e ações descrito abaixo, que podem dar solução para os outros tipos de impactos:

O Plano abrange licenciamento (novos procedimentos administrativos), licença de operação (ato administrativo com condições e restrições impostas ao empreendedor) e planejamento e gestão (definição de critérios).

O objetivo do Plano é o de regularizar a atividade de irrigação (considerada de alto e médio potencial poluidor), é necessário atender à demanda reprimida de processos e ampliar o licenciamento da atividade pelos empreendedores. O procedimento é realizado por técnicos habilitados (no caso da irrigação: engenheiro agrônomo, engenheiro agrícola, engenheiro florestal e biólogo). O licenciamento proporciona a inserção das varáveis ambientais na gestão do empreendimento.

Os quesitos avaliados: interferência nos corpos hídricos, verificação de áreas degradadas, cobertura vegetal (APP), obras civis (estradas, etc), georreferenciamento, armazenamento de combustíveis, embalagens e uso de agroquímicos, zona de amortecimento das Unidades de Conservação e visualização da propriedade como um todo (licença dada para o empreendimento e não para obra isolada).

As informações obtidas foram: dados cadastrais, dados da propriedade, recurso hídrico, utilização de agrotóxicos, processo de produção, sistema de cultivo e cobertura vegetal.

Apresentação de gráfico da estratificação por porte dos empreendimentos das Regiões Hidrográficas Litoral, Guaíba e Uruguai.

Foram obtidos gráficos da relação da distribuição em área total e da distribuição de números de empreendimentos no Estado. As informações obtidas contribuem para a gestão ambiental.

Dos 10.336 empreendedores cadastrados no sistema, 10.163 processos foram concluídos e dos 968.535.163 hectares de área irrigada em processo 943.103.883 já estão com licença – 2004.

Outra medida para solucionar a poluição por defensivos agrícolas, nas bacias hidrográficas é a agricultura orgânica, já em prática e conseguindo cada vez mais mercado.

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