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ISBD(PM) – Norma Internacional de Descrição Bibliográfica para Música Impressa

CONCLUSÕES DA PARTE I

2. Normas e regras actualmente utilizadas para a catalogação de documentos musicais

2.1. ISBD(PM) – Norma Internacional de Descrição Bibliográfica para Música Impressa

2.1. ISBD(PM) – Norma Internacional de Descrição Bibliográfica para Música Impressa

A ISBD(PM) é uma das várias normas internacionais de descrição bibliográfica, das quais a primeira foi a destinada à descrição de monografias – ISBD(M). Visa descrever os documentos musicais impressos – partituras de qualquer tipo e partes cavas, os quais se destinam à execução – e ainda os métodos, os estudos, os exercícios as edições facsimiladas de manuscritos musicais. Esta norma não foi concebida para a descrição de manuscritos não obstante poder ser adaptada a essa função. Também não abrange tratados de teoria musical, manuais de solfejo e harmonia, manuais de auto-aprendizagem, manuais escolares da disciplina de música e livros sobre música, em geral. Estes devem ser descritos com auxílio da norma para monografias.

Esquematicamente, a ISBD(PM) apresenta a estrutura que se sintetiza no Anexo 7 deste trabalho. Nem esta nem qualquer das ISBD apresenta, de forma explícita, a lógica que lhe subjaz mas a análise da sua estrutura à luz do documento da IFLA – Mapping ISBD elements to FRBR entity attributes and

relationships – e da Declaração de Princípios Internacionais de Catalogação109, proporciona algumas pistas para a sua compreensão.

Para a criação de registos bibliográficos são consideradas “obras”, “expressões”, “manifestações” e “itens” cujas definições já demos atrás. Os registos bibliográficos reflectem, tipicamente, “manifestações”110 as quais podem incorporar “expressões” de “obras” ou de partes de “obras”, podem ocorrer em uma ou mais unidades físicas e podem ser representadas por um ou mais “itens”. Os registos bibliográficos criados segundo as ISBD descrevem “manifestações” mas essa descrição é sempre feita com base num “item” representativo da “manifestação”. As ISBD distribuem a informação descritiva por oito zonas ou áreas, cada uma das quais contém um conjunto de elementos, naturalmente relacionados entre si. Estas zonas apresentam-se, grosso modo, do abstracto

109 IFLA MEETING OF EXPERTS ON AN INTERNATIONAL CATALOGUING CODE, 1, Frankfurt, 2003 – Statement of

International Cataloguing Principles

110

para o concreto – na linguagem FRBR, da “obra” para o “item” – da seguinte forma:

A primeira zona é a Zona do Título e Menção de responsabilidade. Esta zona contém um conjunto de elementos que nos fornecem informações acerca de “obras” e de “expressões” de “obras” contidas no documento e dos seus autores ou responsáveis intelectuais (tradutores, compiladores, etc ), sempre na forma em que ocorrem na “manifestação”, ainda que essa forma não permita uma identificação (por exemplo, «por um admirador de Verdi»).

A segunda zona é a Zona da Edição. A maior parte das vezes, esta zona contém dados bastante lacónicos, do tipo «2ª ed.», mas é muito frequente fornecer informações do tipo «ed. revista por...», «ed. aumentada», «enriquecida com ilustrações de...», etc. informações que se relacionam inequivocamente com a “expressão” da “obra” ou das “obras” descritas na primeira zona e com os seus responsáveis intelectuais, mas também com a “manifestação” na medida em que corresponde sempre a uma dada materialização dessa “expressão”.

A terceira zona contém dados específicos de um tipo de material ou tipo de recurso. Estes são, essencialmente, dados próprios da “expressão” e consistem em convenções específicas de uma determinada linguagem técnica. No caso da música, a ISBD(PM) inclui nesta zona, apenas, a apresentação musical (tipo de partitura). Esta informação pode ser dada na forma como ocorre na “manifestação” (caso da apresentação musical) ou em forma normalizada (caso dos documentos cartográficos).

A quarta zona é a Zona da Publicação (designada nas RPC por Zona do Pé de Imprensa). Esta zona contém os elementos que fornecem informações especificamente relacionadas com os aspectos “funcionais”, por assim dizer, da “manifestação”: lugar de publicação (ou distribuição) e de impressão (ou fabrico), editor comercial (ou distribuidor) e impressor (ou fabricante, gravador, etc.), data de publicação (ou distribuição) e de impressão (ou fabrico).

A quinta zona é a Zona da Descrição Física (designada nas RPC por Zona da Colação). Esta zona também fornece informações relacionadas com os aspectos físicos, materiais da “manifestação”: a tipologia documental específica, o número de unidades materiais, as dimensões, as características materiais do suporte. Contém ainda dados relacionados com a “expressão” como a existência de ilustrações ou de material acompanhante.

A sexta zona é a Zona da Colecção, que integra o documento catalogado numa colecção editorial identificando a colecção e indicando o número que a “manifestação” apresenta na colecção.

A sétima zona é a Zona das Notas. Como é óbvio, as notas relacionam-se com todos os aspectos do documento, desde a “obra” ou “obras” nele contidas, ao exemplar ou “item” que se está a catalogar, passando por dados relacionados com os autores, com outros responsáveis, com outras “obras”, “expressões” e “manifestações” relacionadas e todo o tipo de informações que, não ocorrendo sempre, podem ser indicadas de acordo com a política de catalogação de cada biblioteca.

A oitava zona é a Zona do Número Normalizado e apresenta dados relacionados com o número internacional (ou outro número), que identificam univocamente a “manifestação”, mas também dados relacionados com a encadernação e o preço.

Desta brevíssima abordagem se pode concluir que, embora haja um certo padrão “geral – particular”, “abstracto – concreto”, “obra – item”, revelado pela predominância de dados de um certo tipo em cada uma das zonas, este padrão não é absolutamente regular, havendo em cada uma das zonas incursões de dados de outros tipos. Também é possível perceber como o material textual impresso tem um grande peso na estrutura da norma e como a maior parte dos elementos realmente relevantes na música impressa – género, dispositivo, tipo de

notação musical, etc. – não têm localização específica nas zonas descritivas, tendo de ser dados em notas.