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2. REVISÃO DA LITERATURA

5.3 Hemogasometria e dosagem de eletrólitos

5.5.3 Isolamento microbiológico e PCR a partir de amostras de órgãos

Dos seis bezerros do grupo 2 que receberam o inóculo de Salmonella Dublin, cinco vieram a óbito aos 4, 7, 14, 21 e 33 dias após a infecção experimental (animais número 5, 1, 6, 2 e 3) . No grupo 3, apenas um animal veio a óbito (animal número 2), 17 dias após a infecção experimental. Nos grupos 1 e 4 não foi registrado nenhum óbito. Foram realizados os exames necroscópicos dos seis animais que vieram a óbito. Entretanto somente foi realizada a colheita de amostras de órgãos de três animais (animais 1 e 5 do grupo 2 e animal 2 do grupo 3) para os exames microbiológicos, uma vez que as amostras para este exame devem ser colhidas em no máximo até 6 horas após o horário do óbito.

No que se refere ao isolamento microbiológico, foi detectada Salmonella em todas as amostras testadas do animal 1 e 5 do grupo 2, em pelo menos um dos caldos de enriquecimento utilizados, enquanto que no animal 2 do grupo 3 não foi detectada

Salmonella nas tonsilas, linfonodos submandibulares, linfonodos mesentéricos e nos

rins (Tabela 54).

Tabela 54. Detecção de Salmonella Dublin a partir de amostras de órgãos obtidos de bezerros

infectados experimentalmente com aproximadamente 108UFC de Salmonella Dublin (Grupo 2) e bezerros infectados experimentalmente com aproximadamente 108UFC de Salmonella Dublin e tratados com florfenicol (Grupo 3), pelo isolamento microbiológico.

Grupo 2 Grupo 3

Animal 1 Animal 5 Animal 2

Órgão SC TMK SC TMK SC TMK Tonsilas + + + - - - Linf. submandibular + + + - - - Pulmões + + + + + + Fígado - + + + + + Baço na na + + + + Duodeno na na + + + + Jejuno + + + + + + Íleo + + + + + + Linf. mesentérico + + + + - - Intestino Grosso + + + + + + Rins - + + + - - Total 7 9 11 9 7 7

Pela técnica da PCR foi possível detectar Salmonella Dublin em todas as amostras de órgãos testadas do animal 1 do grupo 2 (Tabela 55). No animal 5 do grupo 2 não foi detectada Salmonella nas tonsilas, linfonodos submandibulares, jejuno e no intestino grosso e no animal 1 do grupo 3 não foi detectada Salmonella nas tonsilas, linfonodos submandibulares, íleo e linfonodos mesentéricos (Tabela 55).

Como a Salmonella é microrganismo intracelular facultativo, pode sobreviver e multiplicar-se dentro de macrófagos, sendo subseqüentemente transportados aos linfonodos mesentéricos e a outros órgãos (WRAY & DAVIES, 2000).

Tabela 55. Detecção de Salmonella Dublin a partir de amostras de órgãos obtidos de bezerros

infectados experimentalmente com aproximadamente 108UFC de Salmonella Dublin (Grupo 2) e bezerros infectados experimentalmente com aproximadamente 108UFC de Salmonella Dublin e tratados com florfenicol (Grupo 3), pela PCR.

Grupo 2 Grupo 3

Animal 1 Animal 5 Animal 2

Órgão SC TMK SC TMK SC TMK Tonsilas + + - - - - Linf. submandibular + + - - - - Pulmões + + + + + + Fígado + + + - + + Baço na na + + + + Duodeno na na + - + + Jejuno + + - - + + Íleo + + - + - - Linf. mesentérico + + + + - - Intestino Grosso + + - - + - Rins + + + - + + Total 9 9 6 4 7 6

SC=selenito cistina; TMK=tetrationato Muller-Kauffmann; +=positivo; -=negativo; na=não avaliado

5.5.4 Comparação entre os resultados do isolamento microbiológico e PCR na detecção de Salmonella Dublin a partir de amostras de órgãos

No isolamento microbiológico tanto a utilização do caldo selenito cistina quanto do caldo tetrationato Muller-Kauffmann possibilitou a detecção de 25 amostras positivas para Salmonella Dublin. Pela técnica da PCR foi possível detectar 22 e 19 amostras

positivas para os caldos selenito cistina e tetrationato Muller-Kauffmann, respectivamente (Tabela 56).

Pelo teste de McNemar o isolamento microbiológico foi superior (P<0,05) à PCR na detecção de amostras positivas para Salmonella Dublin em amostras de órgãos somente com a utilização do caldo tetrationato Muller-Kauffmann. A concordância entre o isolamento microbiológico e a PCR foi considerada fraca (0,22 com o uso do caldo selenito cistina e 0,40 com o uso do caldo tetrationato Muller-Kauffmann) pelo teste estatístico Kappa.

Assim como na detecção de Salmonella Dublin a partir de suabes retais, o uso simultâneo das duas técnicas permitiu a identificação de maior número de amostras positivas para Salmonella.

Tabela 56. Detecção de Salmonella Dublin em amostras de órgãos de bezerros infectados

experimentalmente com 108UFC pelo isolamento microbiológico e PCR associados aos meios de enriquecimento seletivo selenito cistina (SC) e tetrationato Muller- Kauffmann (TMK).

Nº de amostras positivas para S. Dublin

Método SC TMK Total de amostrasexaminadas

Isolamento

microbiológico 25Aa 25Aa 31

PCR 22Aa 19Ab 31

Valores seguidos de letras maiúsculas iguais na mesma linha e letras minúsculas iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de McNemar (P>0,05)

5.6 Exame necroscópico e histopatologia

O exame necroscópico do animal 1 do grupo 2 revelou pulmão com padrão marmóreo e tabuleiro de xadrez e áreas de hepatização vermelha nos lobos médios. O baço apresentava-se pálido, à semelhança do fígado, dos rins e dos intestinos. A bile apresentava-se espessada. No exame histopatológico foi observada presença de infiltrado mononuclear disperso e necrose de vilosidades no intestino delgado. Nos pulmões verificou-se congestão, edema alveolar, áreas de hemorragia alveolares,

necrose da parede alveolar, infiltrado inflamatório disperso e exsudato nas vias aéreas. No fígado foi observada esteatose centrolobular, necrose de hepatócitos e presença de trombos. Também foi observada congestão no baço.

O exame necroscópico do animal 2 do grupo 2 revelou pneumonia fibrino- purulenta grave, áreas de hepatização cinza nos lobos pulmonares e presença de aderências entre pulmão e pleuras visceral e parietal. Na traquéia foi observada a presença de líquido espumoso. Também foi observada enterite discreta. Os rins apresentavam-se ligeiramente pálidos. No exame histopatológico foi observada congestão e áreas focais múltiplas de necrose no baço, pneumonia fibrinosa com necrose da parede alveolar e enterite.

O exame necroscópico do animal 3 do grupo 2 revelou pneumonia abscedativa e áreas de hepatização vermelha nos lobos pulmonares. Na traquéia foi observada a presença de líquido espumoso. Também foram observadas abomasite, enterite catarral e aumento no tamanho das tonsilas e linfonodos mesentéricos. No exame histopatológico foi observada pneumonia fibrinosa com necrose da parede alveolar, linfadenite e congestão nos linfonodos mesentéricos e enterite fibrinosa.

O exame necroscópico do animal 5 do grupo 2 revelou áreas de hepatização vermelha nos lobos pulmonares, com algumas áreas de aspecto marmóreo nos lobos caudais, e presença de aderências entre pulmão e pleura visceral. Nos brônquios foi observada a presença de espuma. O fígado e os rins apresentavam-se pálidos. As mucosas e serosas do jejuno, íleo e intestino grosso apresentavam áreas hemorrágicas e pálidas. No exame histopatológico foi observada enterite e pneumonia fibrinosa com necrose da parede alveolar. Nos rins verificou-se nefrite intersticial e degeneração tubular. No fígado foi observado infiltrado inflamatório portal e megalocitose de hepatócitos.

O exame necroscópico do animal 6 do grupo 2 também revelou áreas de hepatização vermelha e presença de pequenos abcessos nos lobos pulmonares, áreas de aspecto marmóreo no lobo caudal direito e aumento no tamanho dos linfonodos traqueo-brônquicos. Na traquéia foi observada a presença de líquido espumoso, muco e pus. Também foi observado timo hemorrágico, abomasite, pequena área enegrecida

no parênquima hepático, enterite catarral, aumento no tamanho dos linfonodos mesentéricos e presença de grumos no conteúdo da vesícula biliar. No exame histopatológico foi observada enterite e pneumonia fibrinosa com necrose da parede alveolar. No fígado foi observado infiltrado inflamatório portal e angiomatose.

O exame necroscópico do animal 2 do grupo 3 revelou a presença de pequenos abcessos nos pulmões e áreas de hepatização vermelha nos lobos craniais e caudais. As mucosas do abomaso, jejuno e íleo apresentavam-se avermelhadas. Na traquéia foi observada a presença de líquido espumoso, sangue e placas de pus. No exame histopatológico foi observada pneumonia fibrinosa com necrose da parede alveolar e enterite. No fígado foi observada presença de infiltrado inflamatório portal discreto e esteatose.

Os principais achados necroscópicos e histopatológicos são mostrados nas Figuras 50 a 54 e são compatíveis com os descritos na literatura (NAZER & OSBORNE, 1977; WRAY & SOJKA, 1981; WRAY & DAVIES, 2000).

Figura 50. Exame necroscópico de bezerro experimentalmente infectado com 108 UFC de

Figura 51. Fotomicrografia de intestino delgado de bezerro experimentalmente infectado com

108 UFC de Salmonella Dublin. Note destruição de vilosidades e infiltrado inflamatório. Coloração HE. Objetiva 20x.

Figura 52. Fotomicrografia de pulmão de bezerro experimentalmente infectado com 108UFC

de Salmonella Dublin. Note infiltrado inflamatório, necrose e edema alveolar. Coloração HE. Objetiva 20x.

Figura 53. Fotomicrografia de intestino grosso de bezerro experimentalmente infectado com

108 UFC de Salmonella Dublin. Note destruição de vilosidades e infiltrado inflamatório. Coloração HE. Objetiva 20x.

Figura 54. Fotomicrografia de fígado de bezerro experimentalmente infectado com 108UFC de Salmonella Dublin. Note degeneração de hepatócitos e congestão. Coloração HE.

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