• Nenhum resultado encontrado

ITEM A CONSIDERAR: HARMONIA, INTERFERÊNCIA E INCOMPATIBILIDADE COM BEHAVIOR SETTINGS.

40.8. O COMPORTAMENTO INDIVIDUAL NOS BEHAVIOR SETTINGS Eu devo retornar, rapidamente, ao “veio” E-psi que corta o território da

40.10.3. ITEM A CONSIDERAR: HARMONIA, INTERFERÊNCIA E INCOMPATIBILIDADE COM BEHAVIOR SETTINGS.

Os habitantes dos behavior settings se encontram, simultaneamente, sob pressão para que (a) se engajem nas ações que lhes são devidas, como componentes, pelo ambiente ecológico Eépsilon, e para que (b) se engajem em ações pessoais por seus próprios sistemas psicológicos, Epsi. Algumas dessas pressões duais convergem e levam a ações harmoniosas. A senhora Madge Metcalf, que recepciona os clientes do Vista Café, dá boas-vindas “oficiais” aos clientes, e os acompanha às mesas; ao mesmo tempo, a amigável Madge Metcalf interage pessoalmente com as pessoas, com os clientes. Essas ações são recíprocas, operam dentro de uma esforçada a harmonia, reforçam-se. Podemos ter uma enorme diversidade de combinações e harmonias possíveis entre componentes de Eépsilon e Epsi - inclusive com desarmonias previsíveis, ou com desarmonias resultantes do variável desempenho pessoal de cada componente, de cada pessoa habitante no behavior setting.

Em seu diário, Samuel Pepys relata muitas atividades que ocorrem dentro dos

behavior settings de seu cotidiano. Vejamos o que ele registrou sobre o dia 3 de

“Na igreja [um behavior setting], onde eu ouvi um bom sermão pronunciado

pelo Sr. Plumes [ações esperadas no behavior setting, perpetradas por Pepys e pelo

citado Sr. Plumes] e me deliciei com a visão acidental da bela gordinha morena, da

minha paróquia [ação pessoal de Pepys].”

Sem dúvidas, ao apreciar deliciado a sua bela paroquiana, morena e cheinha, Pepys não deve ter prestado sua melhor atenção ao sermão – e vice-versa, se foi percebido na contemplação -, mas esses dois comportamentos não são incompatíveis entre si. Podemos ter pressões contraditórias, com origem no behavior setting, e com origem na psicologia individual, que levam a situações de incompatibilidade. Algo assim ocorreu no caso de Madge Metcalf quando, no papel de recepcionista, viu a pressão do behavior setting sobre ela – para que bem recebesse os clientes do Vista Café – contraditar a pressão pessoal por manter-se quieta e descansar, martirizada por seu calcanhar machucado. De fato, o Vista Café teria que colocar a sra. Madge Metcalf como um componente humano, substituí-la por um par de duas, até que o tratamento médico a ela imposto a curasse.

Nós não investigamos a ocorrência relativa da convergência, da divergência e da oposição, dentro de behavior settings. Mas duas observações gerais sugerem que a convergência é comum. Quando há um elevado grau de convergência, tanto os behavior

settings quanto seus habitantes se beneficiam, e os behavior settings sobrevivem. A

reação de um componente humano a um behavior setting que lhe traz satisfação, onde alcança seus objetivos, é sair do setting quando não mais dele necessidade, e voltar sempre que dele precisar. Mas a resposta de um behavior setting a uma pessoa que se conduz mal, que não desempenha as ações que dele se espera, é iniciar a expulsão dessa pessoa. Os componentes humanos são essenciais para a continuidade e sobrevivência dos behavior settings. Assim, é essencial que haja ajuste, que ocorra harmonia entre a pessoa e o behavior setting, em aspectos mínimos, essenciais, para que ocorra satisfação e para que o behavior setting perdure. Em nossa pesquisa, testemunhamos a ascensão e queda de diversos behavior settings, e ao longo de uma década, vimos 61% dos

behavior settings de Oskaloosa e Leyburn sobreviverem (Barker & Schoggen, 1973, pg.

68).

Observamos que o poder exercido pelos behavior settings sobre seus habitantes não é percebido como tal por essas pessoas. Essa ausência de percepção ocorre quando as pressões pessoais e do behavior setting coincidem. Isso pode ser ilustrado pelas experiências do remador Nathan Rabin, que conta a sua solitária viagem pelo Rio Mississipi. Ele relata a sua passagem em um trecho do rio:

“O bote parecia escorrer sobre a superfície perfeita do rio... por mais de uma

milha, a água parecia polida como prata limpa. Não havia a menor perturbação sobre o rio, que parecia parado, o barco é que o levava consigo. Mas o grande poder do rio se mostrou logo a seguir, surpreendentemente, em corredeiras que pareciam ter saído do nada. De repente a água ferveu entre as pedras, e milhares de chicotes pareciam

bater nas rochas emersas, levantando uma espuma de água gelada”. (Rabin, 1981, pg.

Nesse caso, a força física do rio, Eépsilon, passou a coincidir completamente com a força psicológica de Rabin, Epsi, com seu intenso desejo de acompanhar as águas através das corredeiras. A água e Rabin moviam-se em sincronia, se considerarmos sua perspectiva vis-a-vis a massa líquida que o cercava: não havia movimento, parecia que não havia forças em operação. As forças eco-comportamentais dos behavior settings parecem ser igualmente invisíveis, obscuras, na medida em que as pressões das necessidades das pessoas e as pressões do funcionamento do setting coincidem. Ocasionalmente, as correntes do rio silencioso interrompem a tranqüilidade, perturbam a paz. É o caso do estudante que se comporta mal na sala de aula, o jogador de bridge que tenta trapacear, o beato que arenga com o padre, o cantor do coro que desafina feio, por exemplo. Todos esses participantes agiram de forma dissonante, reprovável, com respeito ao programa de seus respectivos behavior settings, e diferentemente das corredeiras que eventualmente voltam a desaparecer depois de outra milha de turbulência, essas pessoas são, mais cedo ou mais tarde, “chamadas à atenção”. Os mecanismos para lidar com esses problemas são parte integral dos programas de muitos

behavior settings. Nas salas de aula os alunos perturbadores são convidados e se retirar;

nos jogos de bridge os trapaceiros são punidos; nos coros, os desafinados são obrigados a ensaiar com dedicação.

Apesar de ocorrer um alto grau de convergência entre as forças dos behavior

settings e as forças pessoais, também ocorre uma constante tensão – e flutuação – entre

o grau relativo dessas configurações de convergências, bem como seu local, no tempo e no espaço – e também para a divergência, para a oposição de forças. Como resultado, os

behavior settings e seus componentes humanos mudam continuamente, e algumas

dessas mudanças passam a fazer parte dos settings, passam a ser aprendidos e adotados pelas pessoas – e ambos, pessoas e behavior settings tornam-se permanentemente modificados. Para muitos dos membros da Unidade de Extensão Doméstica (Home

Extension Unit), o requisito – pressão do behavior setting – de que cada um deles reveze

a outro na tarefa de ler um certo texto, de proferir uma pequenina conferência, é uma fonte de ansiedade e de resistência – pressão pessoal – ao longo de seu treinamento. Mas esses mesmos membros, com o tempo, relatam crescente satisfação com suas tarefas, na medida em que as cumprem corretamente. Vários de nossos estudos descobriram que justamente aqueles behavior settings que fazem maiores pressões sobre seus participantes são os que parecem gerar as mais intensas e favoráveis conseqüências para eles (Gump & Friesen, 1964; Wicker, 1968). Esse é um ponto a ser levado adiante por mais pesquisas.

O problema da identificação de behavior settings cujo quadro de ações tenha efeitos favoráveis sobre os sistemas psicológicos – e sobre o comportamento – de seus participantes é de grande valor, pois muitos trabalhos de recuperação social (de delinqüentes) operam através de behavior settings (em escolas, instituições correcionais, colônias de férias, etc), com base no pressuposto de que as ações de manutenção dos

settings, e as condições por detrás dessas ações, não apenas alterarão o comportamento

atual dessas pessoas, mas também alterarão os sistemas psicológicos de seus participantes, de forma consistente.

40.10.4. ITEM A CONSIDERAR: AS QUALIDADES DOS AMBIENTES

Documentos relacionados