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O estudo de caráter quali-quanti aborda a organização e a representação da informação étnico-racial visando preservar a memória dos africanos e dos afrodescendentes por meio do OPAC na Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba. Embora haja polêmica sobre a validade da abordagem quantitativa na investigação dos problemas sociais, Gaskell e Allum (2002) afirmam asseveram que não existe quantificação sem qualificação porque a mensuração dos fatos sociais é dependente da categorização do mundo social. Além disso, as atividades sociais devem ser divisadas antes que a frequência ou percentual seja atribuído a qualquer distinção.

Na abordagem quantitativa, a pesquisadora “lida com números, usa modelos estatísticos para explicar os dados [sem esquecer] que “não há análise estatística sem interpretação”, (GASKELL; ALLUM, 2002, p. 24). Estes autores afirmam, categoricamente, que a pesquisa qualitativa não tem o monopólio da interpretação e refutam a tese de que a pesquisa quantitativa alcança as suas conclusões quase que automaticamente, argumentando que “a polêmica sobre estes tipos de pesquisa é muitas vezes ligada ao problema da formalidade, e baseada na socialização metodológica do pesquisador” (GASKELL; ALLUM, 2002, p. 25). Portanto, o uso da pesquisa quantitativa é pertinente porque oferece mais confiabilidade e maior clareza na análise de quadros e tabelas apresentadas neste estudo.

Em contraste, a abordagem qualitativa é “determinada pela concepção epistemológica (forma de conhecer) acerca da relação entre o sujeito e o objeto” (GODOI; BALSDINI, 2006, p. 92). Derivada do pensamento compreensivo e hermenêutico, a abordagem qualitativa “preocupa-se com a compreensão interpretativa da ação social [e] ancora-se em diferentes bases disciplinares, metodológicas e paradigmáticas” (MINAYO et al, 1994, p 82). Ela “evita números, lida com interpretações das realidades sociais, é considerada soft” (GASKELL;

ALLUM, 2002, p. 22-23).

Do ponto de vista de Minayo (1994), a abordagem qualitativa se propõe a esclarecer o contexto dos diferentes sujeitos envolvidos na pesquisa ao assumir seu papel de julgar e tomar posição sobre o que ouve, observa e compartilha, tendo como foco as experiências humanas e o reconhecimento da complexidade das realidades humanas.

Abandonando a celeuma, que envolve o enfoque quali-quanti, este estudo caracteriza-se como predominantemente qualitativo, permitindo-nos descrever, analisar, argumentar, interpretar e refutar afirmações que não condizem com a realidade em que o objeto de estudo encontra-se inserido. Caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e exploratória. È descritiva porque se propõe a oferecer a possibilidade de estabelecer relações servindo para “analisar como é e como se manifesta o fenômeno estudado” (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p.112).Esta pesquisa é exploratória porque objetiva analisar um tema pouco estudado na Ciência da Informação e que desconhecemos.

A ida ao campo da pesquisa permitiu o contato direto com a realidade estudada e a liberdade da pesquisadora “ir para ver, ouvir, observar e comunicar-se” (DESLANDES, 2005, p. 157) com o OPAC/BC, sem obter a autorização oficial da chefia ou do gestor e efetuar a coleta do material de análise. Isso foi possível também porque com o advento das tecnologias da inteligência, não mais se encontra aprisionada ao território físico, mas possibilita acesso à informação, quando o usuário está conectado. Sendo assim, tomamos o OPAC/BC como campo da pesquisa, entendendo que Biblioteca Central tem como principais objetivos “selecionar, tratar, interpretar as informações em estado bruto, buscando extrair valores para as mesmas” (INFOBIBLIO, 2009).

A decisão pelo OPAC/BC como objeto da análise nesta pesquisa justifica por ser um sistema de informação reconhecido como a porta de entrada para todos aqueles desejosos de iniciar suas pesquisas nas universidades públicas, supondo que a informação está disponível nas bibliotecas universitárias, estando linhas de conexão abertas “à consulta remota por parte de qualquer interessado” (LEMOS, 1998, p. 364).

O material de análise referente a livros, monografias e dissertações etc está disponível para acesso e uso e indexado, sem critérios de padronização, uma vez que ainda não existe uma política de indexação na BC. Em torno dessa questão, Cellard (2008, p. 295) afirma que o material de análise (dados) “elimina, ao menos em parte, a eventualidade de qualquer influência a ser exercida pela presença ou intervenção do pesquisador”, pois as informações armazenadas, nessa coleta, não sofrem alteração. Neste tipo de pesquisa, é recomendável que a pesquisadora se preocupe em fazer uma análise pertinente considerando a validade do estudo, a credibilidade e a representatividade do material a ser analisado.

A organização e a representação do material de análise, coletado no sistema de informação, favorecem ao pesquisador uma “observação do processo de maturação ou de evolução de indivíduos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas, entre outros” (CELLARD, 2008, p. 295). A partir da interação com as tecnologias da inteligência, a pesquisadora tem acesso a documentos encontrados nos arquivos públicos, nos arquivos particulares e nas fontes estatísticas para analisar seus conteúdos com base no seu interesse de pesquisa: o “documento como objeto de investigação” (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009, p.5).

O foco de nossa atenção - o OPAC - é um catálogo automatizado para acesso público dos usuários que fornece o material de análise para respondermos às questões da pesquisa, sem nos determos na exaustividade horizontal ou extensão dos dados, mas, sim, na verticalidade aprofundada a partir da interação com os referenciais teóricos. Afirma Enfatiza Orlandi (62-63) que “a exaustividade almejada – que chamamos vertical - deve ser considerada em relação aos objetivos da análise e à sua temática”.

Em Análise de Discurso, o pesquisador não visa a exaustividade horizontal porque todo discurso se estabelece sobre um discurso anterior e aponta para outro discurso em extensão, nem a completude ou a exaustividade em relação ao objeto (ORLANDI, 1989). A autora afirma que “analisar o maior número de marcas e de dados não significa compreender melhor o processo discursivo em questão” (ORLANDI, 1989, p. 32).

O primeiro procedimento metodológico para assegurar uma maior interação entre o usuário e o OPAC exigiu a construção de um vocabulário controlado. Entendemos por vocabulário controlado uma “linguagem artificial constituída por termos organizados em estrutura relacional e elaborado para padronizar e facilitar a entrada e a saída de dados em um sistema de informação” (KOBASHI, 2008). Segundo esta autora, o vocabulário controlado é formado por macroestrutura, esquema temático global do vocabulário, que apresenta as categorias mais amplas dos campos de conhecimentos cuja abrangência é hierárquica.

Para fins de maior precisão e eficácia na comunicação entre o usuário e o OPAC, utilizamos um vocabulário controlado (Quadro 1) cuja função é controlar e representar a informação, indexar documentos e caracterizar conteúdos de documentos por meio dos descritores colocados em forma alfabética reconhecidos como as unidades do vocabulário ou microestrutura. (Esse dado deve ser levado em conta na construção das considerações)

Para busca e recuperação da informação étnico-racial, o vocabulário controlado foi formado por 13 (treze) descritores (Quadro 1) que mais caracterizam a informação étnico-