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VOCABULÁRIO CONTROLADO PARA RECUPERAÇÃO DA TEMÁTICA ÉTNICO RACIAL

3 A IMPORTÂNCIA DA ORGANIZAÇÃO E A REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

3.2 ONLINE PUBLIC ACCESS CATALOG (OPAC)

Os catálogos são considerados como uma das ferramentas mais antigas das bibliotecas. Um exemplo disso é “uma das mais antigas listas de livros de que se tem conhecimento com data de 2000 a.C. encontradas em um tablete de argila, com 62 títulos” (MEY, 1995, p. 12). Dessa forma, a preocupação com a organização (preservação) da informação não é novidade, posto que, por volta de 4.000 anos, os povos da Mesopotâmia já conservavam registros contábeis, ordenanças de governo, contratos e sentenças judiciais em tabuletas de argila.

Contudo, somente a partir do século XIX é que alcança a consolidação com certa cientificidade da conservação e do manuseio de documentos na Arquivologia e na Biblioteconomia. Orientando-nos pela definição, descrita por Moura (2006, p. 42), o catálogo representa “uma lista de tudo que existe no repositório físico de uma biblioteca seja material impresso ou multimeios”.

Mey (1995, p. 9) afirma que o catálogo “é um canal de comunicação estruturado, que veicula mensagens contidas nos itens e sobre os itens dos repositórios físicos, apresentando-se sobre a forma codificada e organizada, agrupadas por semelhanças aos usuários desses repositórios físicos”. O uso dos catálogos permite uma maior flexibilidade em suas funções de uso permitindo encontrar um item desejado através de pontos de acesso, palavra- chaves, nome do autor ou apenas pelo título da obra. Quanto aos tipos de catálogos, temos:

1) Catálogo de autor: reúne todas as entradas principais e secundárias de autor(pessoa, entidade, as remissivas e referências correspondentes) numa só ordem alfabética.

2) Catálogo de título: reúne as entradas principais e secundárias de título, as série, as remissivas e as referências relacionadas numa única seqüência alfabética.

3) Catálogo de autor e título: limita-se ás entradas de autor e título, remissivas e referências correspondentes a estas entradas.

4) Catálogo alfabético de assunto: utilizam-se várias referências e remissivas cruzadas ou recíprocas para cercar aspectos ou facetas do assunto e seus correlatos.

5) Catálogo dicionário: reúne as entradas de autor, título, assuntos e as remissivas e referências reunidas em uma só ordem alfabética.

6) Catálogo dicionário: dividido em duas partes para relacionar os autores e títulos e os assuntos.

7) Catálogo alfabético-sistemático: apresenta suas entradas arrumadas de forma sistemática.

8) Catálogo sistemático: e composto de um catálogo sistemático propriamente dito e o índice alfabético de assunto, chave do sistemático.

Na apresentação material, os catálogos podem ainda se apresentarem como:

9) Catálogos manuais: representados por ficha padrão de 7,5 x 12,5 cm e publicados em forma de livros.

10) Catálogos impressos: apresentados em forma de listas, permanecendo até a virada do século.

11) Catálogos semi-automatizados: englobam a forma manual, elétrica ou ótica. 12) Catálogos automatizados: registrados em suporte legíveis pelo computador.

Com as mutações socioculturais em diversos setores da sociedade da informação- conhecimento-aprendizagem, a forma de apresentação dos catálogos passa a granjear o espaço online. Desse modo, o OPAC (Online Public Access Catalog) é incorporado ao OrtoDocs correspondente a um Sistema de Automação de Bibliotecas criado há 27 anos, com sede na cidade de Campinas-SP. O OrtoDocs é “um programa especializado para o gerenciamento bibliográfico com o formato de intercâmbio MARC, o protocolo Z39. 50 e norma ISO 2709, que são instrumentos indispensáveis em todo software para automação de bibliotecas” (PONTES, 2006, p. 37).

Reconhecido também como catálogo automatizado com o propósito de facilitar a recuperação da informação, de um modo mais rápido e eficiente pelos usuários, o OPAC caracteriza-se como uma ferramenta que pode ser acessada por qualquer indivíduo cujo interesse esteja voltado para realização de pesquisas simples e apresente resultados satisfatórios. Essa modernização tecnológica permitiu que os materiais bibliográficos fossem

disponibilizados online, aperfeiçoando substancialmente a usabilidade de sua função e permitindo o acesso à informação, em qualquer lugar, de modo mais confortável e eficiente.

Diante dessa atualização, O OPAC serve para conservar os espaços das bibliotecas para outros usos e melhorar a prestação de seus serviços para aqueles que necessitam das bibliotecas. A maioria dos catálogos online oferece uma facilidade de busca por qualquer palavra do título, permitindo também diversas versões do nome do autor e recuperando um maior número de descritores no momento da busca.

Na visão de Paiva (2011, p. 3), o OPAC é “um modelo de catálogo automatizado que realiza a busca bibliográfica por intermédio de equipamentos ligados diretamente a computadores”, mostrando-se dinâmico na recuperação da informação. Ainda do ponto de vista desse autor, “o catálogo tem função essencial como meio de comunicação [...]” servindo como ponte de ligação da informação com o usuário de forma mais eficiente. Pontes (2006, p. 40) define o OPAC como “um módulo de pesquisa de acesso às bases de dados, fazendo parte de uma das funções de um sistema de automação de bibliotecas.”

O OPAC é uma das funcionalidades disponibilizadas por um software para automação de bibliotecas que “visa essencialmente, habilitar [os usuários] a identificar se a biblioteca possui determinado material de seu interesse, sua localização e disponibilidade.” (CARDOSO, 2002, p. 161). Para Gusmão (2001, p. 21), o “OPAC refere-se à disponibilização dos diversos catálogos da biblioteca e de ferramentas adequadas de busca para pesquisas e recuperação de informações através de browser Internet ou Intranet”. Já Rowley (1994, p. 56) conceitua o OPAC como “catálogo em linha de acesso público, que oferece uma interface com a base de dados catalográficos de modo que os usuários possam fazer a busca nessa base de dados.”

A relevância do OPAC para a organização e representação da informação étnico-racial é fundamental porque grande parte dessa informação não está armazenada nos repositórios físicos ou online das bibliotecas universitárias.Essa lacuna gera preocupação por parte de pesquisadores e estudantes negros que buscam viabilizar formas de inclusão da temática reconhecida apenas pelo seu valor cultural. Por conseguinte, há “necessidade de gerenciar e disseminar informações para a democratização do conhecimento” (PAIVA, 2011, p. 5), necessitando, conforme comenta Cardoso (2011), de

novas práticas que rompam silêncios e invisibilidade de memórias da população negra, possibilitada através de atitudes contra-hegemônicas, ou

seja, vendo a Biblioteca [Universitária] enquanto aparelho estatal que tome uma posição critica frente a história oficial e a cultura da elite e passe a acolher a memória de setores populares, voltando-se para questões étnico- raciais.

A biblioteca “sustentava um sistema de classificação, como ainda o faz, tornando-o material, físico e espacial. [...] Os catálogos das bibliotecas públicas e privadas, a organização das bibliografias [...] seguiam frequentemente a mesma ordem com poucas permutações e modificações” (BURKE, 2003, p. 88) nos processos de organização e representação da informação.