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CAPITULO 2: JARDINS ZOOLÓGICOS E SUAS CARACTERÍSTICAS

2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO E DESIGN DOS JARDINS ZOOLÓGICOS

2.1.3 Jardins zoológicos contemporâneos: desenvolvimento de novas funções

As premissas elaboradas no conceito de imersão na paisagem permanecem em uso até a atualidade. No entanto, hoje em dia, o conceito de imersão na paisagem é denominado design imersivo (COE, 2012). Nos jardins zoológicos contemporâneos, além dos recintos baseados nesses conceitos, também são encontrados três variações de recintos inspirados na arquitetura moderna, porém, diferentes da época do Modernismo, sendo eles: o modernismo temático, o pós-modernismo e o modernismo escondido (COE, 2011).

a)

b) c)

Figura 2.6: Recintos inspirados na arquitetura contemporânea: a) modernismo temático no Zoológico de Los Angeles, USA; b) pós-modernismo no Santuário de Healesville, Austrália; c) modernismo escondido no Zoológico

de Brookfield, Chicago, USA. Fonte: Coe (2011).

A arquitetura dos recintos do modernismo temático é caracterizada pelo uso de temas, inspirados em objetos ou lugares, combinados com elementos e materiais de alta tecnologia. Um exemplo é a exposição de orangotangos do Zoológico de Los Angeles (Figura 2.6a), que

combina elementos temáticos tailandeses com uma moderna cobertura de malha metálica. Já o do pós-modernismo, é caracterizado pela inclusão de alegorias e fantasias que simbolizam elementos. Um exemplo dessa arquitetura é o recinto dos ornitorrincos, no Santuário de Healesville, Austrália (Figura 2.6b), onde a área de observação do recinto é inspirada em um ovo do animal. A arquitetura dos recintos com modernismo escondido é caracterizada pela implantação de edifícios funcionais, submersos na paisagem e frequentemente ocultados por vegetações. No Zoológico de Brookfield, por exemplo, a implantação do vidro de sentido único permite aos visitantes observar os lobos, enquanto os mesmos permanecem invisíveis para os animais (Figura 2.6c).

Quanto às funções, os jardins zoológicos contemporâneos se concentram em três direções: (1) conservação e pesquisa, (2) entretenimento e (3) educação (EBENHÖH, 1992; BARATAY & HARDOUIN-FUGIER, 2002; HANCOCKS, 2003), descritas a seguir.

2.1.3.1 Conservação e pesquisa

As primeiras instruções do uso de jardins zoológicos para conservação da vida selvagem e pesquisa surgiram em 1895, pela Sociedade Zoológica de Nova York, e logo foram apoiadas pela Associação Americana de Parques Zoológicos, criada em 1924 (BOYD, 1988). Contudo, os jardins zoológicos começaram a perceber seu verdadeiro potencial como uma força positiva e influente para a conservação da vida selvagem, utilizando o conceito ex situ, na década de 1950. De acordo com Primack (2004) a conservação ex situ pode ser definida como a preservação da diversidade biológica fora do seu habitat natural. Isso pode envolver a conservação dos recursos genéticos de uma espécie sob a forma de: (1) banco de germoplasma; (2) reprodução em cativeiro; e (3) manutenção de populações cativas em zoológicos, aquários, jardins botânicos, entre outros, para fins de pesquisa e educação.

A partir de 1960, os zoológicos foram incluindo de forma crescente a conservação como parte principal da sua função (WAZA, 2005). Hoje, são definidos como centros de conservação da natureza, e como parte dos seus esforços de conservação, é oferecida aos visitantes a oportunidade de aprender sobre os animais e seus ambientes. Em última análise, o objetivo é que o visitante seja conscientizado sobre as questões ambientais atuais, e isso o leve a um comportamento de conservação (PLOUTZ, 2012).

Muitas espécies de animais hoje em vida livre passaram por jardins zoológicos. Fioravanti (2011) destaca o mico-leão-dourado, o condor americano, o cervo da Oceania, o cavalo da Polônia, o diabo-da-tasmânia e o urso panda como animais que já estiveram em perigo iminente de extinção e que foram levados para zoológicos, onde conseguiram se

reproduzir e suas gerações futuras voltaram à vida livre. Muitas espécies dependem desse tipo de ambiente para continuarem ou mesmo voltarem a ser vistas em ambiente natural.

2.1.3.2 Entretenimento

Os jardins zoológicos proporcionam um ambiente organizado, tais como parques e praças, com comodidades e serviços que são utilizadas por um período de tempo relativamente longo, o que os torna recreativo por si só. Os jardins zoológicos permitem a participação e entretenimento de todos os membros de uma família e de todos os níveis socioeconômicos, e está é uma das razões pela qual eles estão entre as atrações mais visitadas ao longo do ano (EBENHÖH, 1992; SARIEGO, 1997).

Em muitos jardins zoológicos contemporâneos, a educação é usada como meio de entretenimento (GRAETZ, 1995; SARIEGO, 1997), o que faz estas duas questões estarem ligadas intimamente. Ainda que a maior parte do público visite o zoológico por entretenimento, não significa que não possa aprender algo de valor permanente durante a visita, enquanto se diverte (SARIEGO, 1997). O desafio é tornar uma visita a este espaço um processo em que o público simultaneamente se diverte e adquire importantes conhecimentos acerca de conservação da natureza.

2.1.3.3 Educação

Museus, jardins zoológicos, jardins botânicos, aquários, centros de visitantes em parques nacionais e instituições similares são locais de educação ambiental (EBENHÖH, 1992). A educação ambiental foi muito discutida pelos movimentos ambientalistas do final da década de 60 e início dos anos 70, mas somente na década de 80 o termo se popularizou e passou a fazer parte importante dos movimentos sociais (FONTANELA, 2001). Em 1977 foi realizada a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, conhecida como Conferência de Tbilisi, momento em que se consolidou o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA) e se estabeleceram os objetivos e estratégias para a promoção da educação ambiental.

A educação ambiental realizada nos jardins zoológicos combina conceitos de diferentes áreas, tais como zoologia, ecologia, botânica, fisiologia, podendo oferecer também oportunidades para o desenvolvimento do senso estético, ético e de participação comunitária. Assim, o conhecimento pode ser adquirido através da vivência com os animais vivos ou taxidermizados em exposição e pelo contato direto com os componentes relacionados do ambiente, o que faz do zoológico uma “sala de aula viva”, cujas experiências de aprendizado se tornam inesquecíveis (MERGULHÃO, 2001). A antiga mentalidade de

jardins zoológicos como apenas “vitrines de animais” tem sido mudada com a inclusão da educação ambiental na programação das exposições.

Os jardins zoológicos têm contribuído significativamente para o desenvolvimento de uma educação científica, pois oferecem aos visitantes a oportunidade de aprendizado sobre os animais, incluindo as espécies da fauna ameaçadas de extinção e seus habitats, mostrando a importância da biodiversidade e assim levando a um comportamento de conservação (MENEGAZZI, 2000; MILLER et al., 2004; WEMMER, 2006).