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Diversos autores enfatizam a importância da relação jogo e matemática, especialmente na educação infantil. Por meio da utilização do jogo como estratégia de ensino é possível criar uma aprendizagem significativa para a criança, pois o jogo oferece a oportunidade de explorar espaços, descobrir elementos da realidade, além da vivência de novas situações.

O jogo no ensino da matemática deve ter como objetivo o auxílio dos conteúdos, sendo capaz de levar a criança a construir o conhecimento.

Em vista das dificuldades observadas dos próprios educadores é necessário que se estabeleçam, conforme apontam Kamii e DeVries (1992), objetivos sócio-emocionais e objetivos cognitivos, também para o ensino da matemática.

Para que seja possível estabelecer objetivos sócio-emocionais, o educador necessita respeitar a autonomia de criança, permitindo, sempre que possível, deixá-la exercitar sua vontade, visando desenvolver uma relação afetiva com a criança, em um contexto de respeito mútuo, afeição e confiança, na tentativa de se estabelecer um equilíbrio emocional, necessário para o desenvolvimento. Também não se deve esquecer de que, em grande parte, a atividade depende da motivação.

Em relação aos objetivos cognitivos, verifica-se a necessidade do surgimento de idéias, questões e problemas interessantes, além da importância de os alunos notarem semelhanças e diferenças nas situações e objetos apresentados a eles.

Segundo estabelecem Kamii e DeVries (1992) enquanto os objetivos sócio- emocionais acentuam a iniciativa da criança e o conteúdo de suas idéias, o objetivo cognitivo acentua o processo de abstração reflexiva.

Verificando esses aspectos, surge a consciência da importância da contribuição do jogo para o desenvolvimento e aprendizagem, no caso de estudo, da matemática, na pré- escola.

Os jogos servem, particularmente, para promover o desenvolvimento da cooperação, porque as crianças são motivadas pelo divertimento do jogo a cooperar voluntariamente (autonomamente) com outros, seguindo as regras. Jogos requerem em grande parte, adequação e coordenação interindividual e as crianças são motivadas a usar sua inteligência para compreender como jogar bem o jogo.

Dentro de um contexto de jogo, Kodama (2004) observa que, quando um sujeito participa ativamente sobre o seu saber, ocorre a valorização de pelo menos dois motivos. O primeiro se refere ao fato da oportunidade oferecida às crianças de estabelecer com a apropriação do conhecimento relações positivas. E o segundo motivo enfatiza a possibilidade do desenvolvimento do raciocínio da criança.

Os jogos são instrumentos para exercitar e estimular um agir-pensar com lógica e critério, condições para jogar bem e ter um bom desempenho escolar. Esses aspectos, entre outros, são exigências que o jogo impõe àqueles que querem vencer e também fazem parte das condições para aprender bem as disciplinas escolares. (KODAMA, 2004, p. 141)

Quando as atividades com jogos são bem planejadas e aplicadas como recurso estratégico para o ensino verifica-se que elas desempenham um papel fundamental para que a criança desenvolva habilidades de raciocínio, concentração e organização, indispensáveis para um aprendizado significativo da matemática e para a resolução de problemas.

É importante, segundo a autora citada anteriormente, que se levem em consideração alguns aspectos na aplicação de jogos na educação, como:

A) Capacidade de se constituir um fator de auto-estima para o aluno e condições psicológicas favoráveis: quando o jogo é muito fácil, ou muito difícil, se encontra além da capacidade do aluno, pode ocorrer o desinteresse ou uma sensação de baixa auto-estima ou fracasso.

B) Condições Ambientais: o ambiente é fator fundamental, devendo haver um aspecto adequado e propício para a manipulação de peças, além da organização do material e de uma higiene adequada.

C) Fundamentos técnicos: o jogo deve ser bem explicado, ter começo, meio e fim e a posição dos alunos deve ser bem estabelecida.

Moura (2002, p. 80) revela que na educação matemática o jogo, quando considerado promotor de aprendizagem, passa a ter caráter de material de ensino. Quando situações lúdicas são colocadas para as crianças, elas aprendem a estrutura matemática existente.

Kishimoto (2002) verifica que psicólogos e pedagogos, em especial no campo da educação infantil, têm demonstrado uma grande atenção quanto ao significado do jogo na construção das representações mentais e seus efeitos no desenvolvimento da criança, principalmente entre zero e seis anos de idade.

É importante ressaltar que quando se faz referência à intervenção com jogos, torna-se necessário ter muito cuidado para não utilizá-los como uma prática indevida no contexto escolar, sendo muito importante que seus objetivos sejam bem definidos.

Os jogos podem ser muito úteis como um recurso para tornar mais interessante e positivo o ensino-aprendizagem da matemática.

A análise da literatura nos mostra psicólogos e psicopedagogos, alguns como Kamii e DeVries (1991), incentivando a intervenção com jogos de grupos; Morgado (1998), analisando a formação do conceito de número através de experimentação com jogos; Brenelli (1996), mostrando que é possível a construção de noções lógicas e aritméticas por meio de jogos; Macedo (1995), defendendo e expondo o valor dos jogos no ambiente escolar, valorizando sua importância psicopedagógica, e até, apresentando-os como instrumentos importantes na formação sócio-cultural dos aprendizes.

Nenhum dos autores citados no parágrafo anterior é especificamente matemático... No entanto, estão fazendo intervenções no processo ensino-aprendizagem da Matemática por meio de jogos, seguindo a orientação construtivista de Piaget. (BRITO, 2001, p. 131)

Ao se pensar em aquisição do conhecimento, deve-se ter bem claro que tipo de jogo deve ser utilizado, em que momento ele deve ser inserido em sala de aula e qual é a melhor maneira de se realizar a intervenção.