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O jornalismo político é responsável pela divulgação de notícias e informações deste ramo. Isso não significa defender ou contrariar candidatos ou partidos. Entre as premissas do jornalismo, inclusive o político, está a credibilidade. Para Franklin Martins, na obra Jornalismo Político (2005, p. 12), “a maior preocupação da cobertura é informar o leitor, e não convencê-lo a adotar determinadas ideias”, afinal, o posicionamento pode comprometer a credibilidade de uma notícia ou um veículo.

Maria Estrela Ramos Serrano, no artigo A dimensão política do jornalismo (2006), ressalta que o jornalismo constitui um quarto poder, que seria um equilibrador dos outros três poderes – executivo, judiciário e legislativo. Serrano (2006, p. 64) explica que “a ideia foi introduzida no século XVIII com a evolução das formas modernas de democracia, em que era suposto a imprensa funcionar como guardiã da democracia e defensora do interesse público”.

35 ESTADÃO. Imprensa é alvo de Bolsonaro no Twitter a cada 3 dias. 2018. Disponível em:

<https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,imprensa-e-alvo-de-bolsonaro-no-twitter-a-cada-3- dias,70002750823>.Acessado em: 19 mai 2019.

36 FENAJ. Novo governo desrespeita jornalistas e ameaça liberdade de imprensa. 2019.

Disponível em: <http://fenaj.org.br/novo-governo-desrespeita-jornalistas-e-ameca-liberdade- de-imprensa/>.Acessado em: 26 mai. 2019.

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No século XXI, o jornalismo segue atuando com grandes forças econômicas e sociais. O autor Ciro Marcondes Filho destaca, em sua obra O capital da notícia (1989, p. 11), que o jornalista é “ao mesmo tempo a voz de outros conglomerados econômicos ou grupos políticos que querem dar às suas opiniões subjetivas e particularistas o foro de objetividade”. São esses alguns dos motivos do porquê o jornalismo está tão relacionado ao meio político.

O jornalismo político tem importante ligação com o jornalismo investigativo, principalmente no que diz respeito às eleições e escândalos de corrupção. Lage (2011) destaca que o investigativo demanda um grande levantamento de informações, caso contrário, o jornalista pode transformar uma matéria em um compilado de crenças ou teorias não comprovadas, “transformando a informação em opinião, diante da qual o receptor poderá apenas concordar ou discordar” (LAGE, 2011, p. 137).

Bistane e Bacellar (2008) destacam também que para executar o jornalismo investigativo é necessário ter conhecimento jurídico. É necessário pesquisar delegacias e tribunais, investigar boletins de ocorrência, denúncias e inquéritos. De acordo com as autoras, essa intimidade com as leis ajuda na apuração de materiais sobre corrupção, principalmente.

Em relação à função de equilibrador do jornalismo, Marcondes Filho (1989) concorda que as notícias servem como meio de venda de uma mercadoria e também como forma de amenizar o desequilíbrio real dos poderes. Dessa forma, ele acredita que seria impossível pensar a imprensa sem o capitalismo, já que

contra a voz da maioria dominada e despossuída da população, cujo agir social organizado representa de fato uma forma de manifestação pública de sua insatisfação, aparecem as vozes, em si reduzidas e poucas, mas ampliadas e tornadas genéricas, da imprensa (MARCONDES FILHO, 1989, p. 11).

No livro A mídia nas eleições de 2006 (2007), Alessandra Aldé, Gabriel Mendes e Marcus Figueiredo argumentam que os jornalistas recorrem a algumas ações de rotina com o objetivo de garantir a credibilidade que o público espera. Entre os itens a serem cumpridos para que não se explicite a expressão de uma opinião, se destacam:

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a) apresentação de possibilidades conflituais, ou seja, os famosos dois lados da questão ou contraditório;

b) a apresentação de provas auxiliares, utilizando fatos expressivos que justifiquem as avaliações apresentadas;

c) o uso judicioso das aspas, que permite transferir a terceiros, personagens ou especialistas a responsabilidade pela avaliação, pela interpretação ou pela posição;

d) a estruturação da informação numa sequência apropriada, hierarquizando através dos atributos formais da notícia, do título ao lead, que deve dar destaque aos aspectos mais importante em cada matéria.

De acordo com os autores, obedecendo a essas normas, os jornalistas ofereceriam “sua interpretação de mundo como legítima e objetiva, escapando à tomada explícita de posição” (ALDÉ; MENDES; FIGUEIREDO, 2007, p. 67).

No jornalismo político muito se fala sobre a parcialidade, já que muitas vezes, de forma equivocada, é associado ao partidarismo. Conforme Aldé, Mendes e Figueiredo (2007, p. 66), essa discussão remete a “questões tanto teóricas, sobre o papel da imprensa e da mídia de massa na democracia; como históricas, sobre a construção social das rotinas produtivas do jornalismo e da própria noção de objetividade”. Eles reforçam justamente a ideia social e consideram que o discurso jornalístico foi incorporado dessa forma e está naturalizado. Ou seja, para os autores (2007), o posicionamento jornalístico está atrelado à objetividade e a processo de produção do conteúdo.

Os autores (2007) ressaltam que

a politização da imprensa não é, em si, condenável ou louvável. O posicionamento em relação a temas e projetos de pauta pública contribui para alimentar o repertório disponível aos cidadãos para que formem opiniões e tomem decisões. No entanto, o democrático é que haja uma pluralidade de informações e opiniões à disposição do público. Esse pluralismo deve ser interno - quando cada veículo pretende trazer todas as versões e interpretações para as notícias - ou externo - quando várias empresas jornalísticas dividem público de acordo com suas opiniões políticas, oferecendo linhas editoriais explicitamente diferentes (ALDÉ; MENDES; FIGUEIREDO, 2007, p. 84).

Para Aldé, Mendes e Figueiredo (2007), a imprensa deve ser plural e dinâmica, o que é fundamental para a saúde da democracia. Também sobre este assunto, Martins (2005, p. 90) ressalta aos jornalistas que “o importante é cobrir os

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acontecimentos das campanhas com equilíbrio e rigor, compreendendo que a sociedade está dividida e o agudo choque de opiniões é inevitável”.

No âmbito do jornalismo político, principalmente, é importante ressaltar a veracidade dos fatos. Sendo assim, “o que consegue ser visto, entendido e organizado é o que será divulgado para a audiência” (CURADO, 2002, p. 169). A autora Olga Curado complementa, ainda, que alguns jornalistas podem ser mais verdadeiros que outros, não dependendo apenas do veículo em que estão inseridos. Isso significa que é preciso que o receptor esteja atento ao comportamento do jornalista e ao funcionamento da televisão. É preciso observar se um veículo demonstra seus posicionamentos e entender se o jornalista segue a linha editorial do mesmo, ou não.

Além da questão da veracidade, no jornalismo político está muito presente o gênero opinativo. De acordo com Franklin Martins (2005), nas últimas décadas do século XX, os leitores buscavam comprar jornais que seguissem seus ideais políticos, ou que se aproximasse a isso, já que tanto grandes como pequenos jornais “pulavam a cerca entre a informação e a opinião com a maior sem-cerimônia” (MARTINS, 2005, p. 17). Para ele, foi a partir do século XXI que a imprensa passou a ter maior preocupação com a separação nítida do que é informação e do que se trata de opinião.

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